sábado, 28 de abril de 2018

Poemas durienses, de António Cabral


Palestra, por António Fortuna e Henrique Morgado

Dia 23 de abril, Dia mundial do livro


O evento constituiu uma homenagem a António Cabral, escritor transmontano, antigo docente da Camilo.

Contou com a presença da viúva do escritor, a Dra. Alzira Vilela Cabral, e a participação dos alunos do 12º E e G e do 11º J, que partilharam com os presentes a leitura de extratos dos Poemas durienses

A palestra contou ainda com a presença de António Alberto Alves, da livraria Traga-Mundos, que preparou para a ocasião uma pequena mostra de livros sobre António Cabral.




Palestra: Poemas durienses, de António Cabral by Slidely Photo Gallery







"Poemas Durienses" é geralmente reconhecido como o livro mais representativo do poeta e escritor António Cabral. Neste livro, como nos diz o poeta A. M. Pires Cabral, os poemas “estabeleceram uma fronteira clara entre quem «cantava» o Douro paisagístico, natural, telúrico, olímpico e quem, como António Cabral, ergueu um altar ao homem, o grande obreiro do Douro”. Com este livro, como o consideram importantes críticos e estudiosos, António Cabral inscreveu para sempre o seu nome na História da Poesia Portuguesa. O livro é ainda enriquecido com os linóleos de Nuno Barreto.(FNAC)


LEONOR

A Leonor continua descalça,
o que sempre lhe deu certa graça.

Pelo menos não cheira a chulé
e tem nuvem de pó sobre o pé.

Digam lá se as madames do Alvor
são tão lindas como esta Leonor.

Um filhito ranhoso na mão,
uma ideia já podre no pão.

Meia dúzia de sonhos partidos,
a seus pés, como cacos de vidros.

Diga lá se as madames do Alvor
são tão lindas como esta Leonor.

António Cabral


"Mas o passo decisivo para a compreensão integral do Douro veio-me com a leitura da poesia duriense. António Cabral acima de tudo, que por essa altura publicava os seus Poemas Durienses. A odisseia humana do Douro só então se me representou em toda a sua desconformidade. E então o Douro passou a ser uma entidade dupla para mim: o rio e a região. Distintos, porém inextricáveis. Qualquer deles uma coisa de meter respeito. Foi pois em António Cabral, que vi tão de chofre como numa revelação, que o Douro região não apareceu ali como bandeja por um deus bonacheirão (qual Baco nem meio Baco), mas foi levantado à custa de muito sangue, suor e lágrimas, que perdoe o velho Winston." - CABRAL, A. M. Pires – Memórias – o meu Douro. Revista da bienal da prata. Lamego, N.º 2 (outono 2001), pag. 11

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