terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Agora nasce tu

 





O NATAL DEIXA-NOS COM UM PRESENTE NAS MÃOS: CONFIA-NOS UM VERBO PARA TODOS OS DIAS DO ANO. E ESSE VERBO É NASCER

C

omeço pedindo palavras à escritora Nélida Piñon, essa extraordinária narradora da nossa condição. Em “Livro das Horas” ela escreveu: “Cada qual narra a história da sua solidão. A que se está condenado mesmo quando cercado de familiares, tribos, séquitos, leis universais.” O Natal representa isso para nós. Talvez sedentos, talvez disfarçando um embaraço que nos mói, sentindo-nos incrivelmente sós, mesmo se acompanhados por pessoas, comidas e símbolos, aproximamo-nos da manjedoura e perguntamos: “Porque estamos aqui?”, “Como interseta a nossa vida o mistério que aqui se conta?”, “Que podemos secretamente esperar de tudo isto?” Porventura a única razão válida para estarmos aqui é uma que nos custa reconhecer: precisamos de um salvador. Cada um de nós precisa de ser salvo dessa solidão fundamental, ontológica e irremovível de que falava Nélida. A vida necessita de resgate. Sem isso a nossa travessia seria apenas inacabamento, uma espécie de ferida em aberto, uma pergunta sem resposta. Seria como se tivéssemos insistido junto de uma porta que continuou fechada ou de uma noite que não chegou a conhecer a metamorfose auroral.

Mesmo a quem não crê a manjedoura repete o seu anúncio: que Deus nos deu um salvador. E di-lo numa linguagem que universalmente se pode perceber. Na verdade, este salvador toma a nossa carne, assume em si as nossas trajetórias, partilha as nossas esperanças e desalentos, pisa este mundo, vibra com ele, ama, sofre e, como qualquer ser humano, é muitas vezes ferido. “Hoje, em Belém da Judeia, nasceu-vos um salvador” — revelam as narrativas evangélicas aos pastores. Estamos a dois mil anos deste anúncio e tão longe da Judeia, mas nestes dias, qualquer que seja a estação existencial em que nos situemos, esta palavra se revela verdadeira. E a chegada de um salvador opera um sobressalto. A nossa vida não só passa a valer mais: transforma-se também noutra coisa. Alcança um sentido, ganha uma força, recebe um entusiasmo que só Deus é capaz de inscrever. Agora o que somos não é só a sofrida indecisão, o balanço irresolúvel entre bondade e imperfeição, entre o que desejamos e o que não conseguimos.

Há, claro, uma desproporção na forma como esta revelação nos é apresentada. As escrituras dizem, por exemplo, que o mal será erradicado, que o arsenal de guerra será ultrapassado, que toda a violência se extinguirá como cinza e que nós o veremos. “Mas como?” — justamente interrogamos. E resposta não podia ser mais desconcertante: “Porque um menino nasceu para nós. Um filho nos foi dado.” Deus atua, de facto, de forma surpreendente e paradoxal. Conta com a fragilidade como força, explica-nos que não se vence a violência com a violência, nem a opressão com outra opressão. É daqui que devemos partir: de um nascituro indefeso deitado numa manjedoura. Precisamos, para isso, de acreditar mais na potencialidade que tem a vida frágil, a vida nua. Deus ilumina e relança a vida na sua condição mais pequena, a vida mínima, a vida que apenas nasce, a vida estreme, sem retoques, sem ornamentos, a vida apenas. O desafio é acreditar nas possibilidades que esta vida desencadeia em nós.

O Natal deixa-nos com um presente nas mãos: confia-nos um verbo para todos os dias do ano. E esse verbo é nascer. Um acontecimento que normalmente colocamos no princípio da vida e do qual pensamos que ocorre uma única vez. Ora, o Natal entrega-nos o verbo nascer como um programa de vida, um mapa sempre em aberto, sempre a ser refeito. O menino que o Natal celebra diz a cada um: “Agora nasce tu.”

José Tolentino Mendonça. Que coisa são as nuvens, Expresso Semanário#2617, de 23 de dezembro de 2022 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Media - guia de boas práticas

 

“É justamente pelo facto de a violência doméstica ser tão contraintuitiva que os media precisam de continuar a relatar estas histórias. Mas nós, jornalistas, precisamos de formação para não continuarmos a cometer os erros do costume. Não podemos aceitar que jornalistas examinem o comportamento de uma mulher para explicar por que foi assassinada ou ferida. Não podemos aceitar que jornalistas apresentem desculpas para homens que mataram as suas famílias, como se tivessem sido pressionados a fazê-lo.” 
- Jess Hill, jornalista do The Guardian
















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A forma como os crimes de violência contra as mulheres e violência doméstica são tratados pelos órgãos de comunicação social é determinante para o modo como estes são entendidos e interpretados pelo público. A frequência com que os incidentes são noticiados, o destaque que lhes é dado, as informações incluídas ou omitidas, as palavras utilizadas para descrever o sucedido – todos estes fatores fazem a diferença na compreensão social da violência. 

O papel dos órgãos de comunicação social no domínio da violência contra as mulheres e violência doméstica é decisivo não só porque torna visível crimes que, ainda hoje, são muitas vezes erradamente considerados como pertencendo à esfera privada e relacional, mas também porque influi sobre as possibilidades de reação e construção de uma sociedade mais justa, mais segura, mais atenta. A pessoa que foi informada do crime está mais capaz do que antes de reconhecer os sinais de violência se se deparar com estes? Sabe o que fazer? Compreende melhor as dinâmicas de escalada da violência e as formas de a prevenir? 

A tolerância para com os comportamentos violentos e para com a pessoa agressora é zero e a mensagem que urge veicular é a de total apoio às mulheres e crianças vítimas. Sabemos também que a violência contra as mulheres e a violência doméstica é indissociável dos motivos que a têm reproduzido ao longo dos tempos: as relações de subordinação, as assimetrias de poder e os estereótipos de género que penalizam raparigas e mulheres em todas as etapas da vida. 

Este documento apresenta uma lista de objetivos que reforçam o papel informativo e capacitador da comunicação social neste contexto, numa iniciativa que promovemos com os órgãos de comunicação social, com a Entidade Reguladora da Comunicação Social e com o Sindicato dos Jornalistas Portugueses. 

Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade


Ebook | Avaliação Pedagógica - Referencial de autoavaliação

 






















Ficha Técnica
Título: Avaliação pedagógica – referencial de autoavaliação.

Documento de apoio à formação - Projeto de Monitorização Acompanhamento e Investigação em
Avaliação Pedagógica (MAIA)

Autores: 
Eusébio André Machado, Fátima Braga e Fernanda Candeias
Editor: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação

ISBN: 978-972-742-518-1

Data: Dezembro 2022





Pretende-se com a divulgação deste referencial, contribuir com mais um recurso para o trabalho dos formadores e dos formandos envolvidos no Projeto MAIA, bem como no âmbito dos processos de autoavaliação das escolas e do seu desenvolvimento organizacional, no que à avaliação pedagógica diz respeito.


Ebook | Artes, ambientes mediáticos, educação e plataformas

 















Artes, ambientes midiáticos, educação e plataformas / Fernando Irigaray [et al.]. 
Rosário: UNR Editora.Editorial de la Universidad Nacional de Rosário, 2018


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Tralhos selecionados de centenas de pesquisadores que se reúnem para o 1º Congresso Internacional de Media e Tecnologia “Neil Postman e a Nova Ecologia dos Meios”, organizado pelo Grupo de Estudos sobre a Nova Ecologia dos Meios (Genem) e sediado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de Bauru, entre os dias 4 e 6 de outubro de 2017.

O objetivo foi reunir contribuições de pesquisas sobre a relação entre a sociedade contemporânea e os seus cenários mediáticos, tendo como principal inspiração dos conceitos seminais propostos pelos media ecologistas, seguindo uma tradição fundada por Marshall McLuhan e Neil Postman para a compreensão das linguagens, interfaces, ambientes e processos que caracterizam como interseções entre media etecnologia.




sábado, 24 de dezembro de 2022

Boas Festas!

 






A Equipa de Coordenação da Biblioteca deseja BOAS FESTAS e FELIZES ENCONTROS DE LEITURA a toda a Comunidade Educativa.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Revista de Ciências Elementar

 

















Volume 19, nº 4 | Dezembro 2022



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A Revolução no tratamento de dados em Ciência
Alexandre Lopes Magalhães 
DQB/ Universidade do Porto


As sociedades humanas atravessam neste momento alterações profundas na sua organização. O fácil acesso à informação e a sua rápida circulação estão a criar novas formas de relacionamento social entre os cidadãos e entre estes e os seus governos. As preocupações com a proteção de dados e a relação com as liberdades, direitos e garantias dos cidadãos entraram definitivamente na agenda política. Tudo isto se encontra intimamente ligado à revolução que se está a observar no campo da Ciência e que ilustra bem o impacto que ela tem nas nossas vidas.

De facto, a História mostra-nos que a evolução da Ciência passa por períodos de impulsos disruptivos que afetam o modo como interpretamos o Mundo e até a própria organização das sociedades. Há sensivelmente duas décadas, no dealbar deste novo século/milénio, iniciámos uma nova fase tecnológica, a era da globalização digital, que acelerou vertiginosamente a produção e troca de informação em todo o planeta. Assistimos à criação de novas formas de produzir, armazenar e analisar dados, que justifica a existência do novo campo interdisciplinar da Ciência de Dados, ou Data Science, que utiliza técnicas computacionais, algorítmicas, estatísticas e matemáticas para tratar eficientemente grandes quantidades de dados e permitir extrapolar conhecimento.

A crescente capacidade no armazenamento de dados e a diminuição consistente do seu preço, aliada ainda a uma maior facilidade de consulta, vai continuamente alimentando a obsessão com a acumulação de informação que, mesmo aparentemente inútil no momento, poderá ser utilizada posteriormente para um determinado fim. Esta nova era digital, além de abrir todo um novo mundo de possibilidades de bem-estar, ameaça-nos também com inesperados desafios ao status quo a que todos nós temos de responder. Como sempre aconteceu no passado, a humanidade enfrenta o perigo do aproveitamento de uma nova tecnologia para fins menos altruístas e, como reação, muitos mecanismos de proteção de dados são concebidos para manter a privacidade dos cidadãos e evitar o uso ilícito da informação.

Neste número da Revista quisemos dar realce a este fenómeno, reunindo um conjunto interessante de artigos que, de um modo direto ou indireto, abordam o uso de grandes quantidades de dados para gerar conhecimento científico. Assim, mostramos aqui exemplos de estudos na área da astrofísica para interpretação de dados sobre a dinâmica no interior das estrelas, na geologia, com o tratamento de dados imagiológicos de satélite para identificação de depósitos minerais na crosta terrestre, na bioquímica, com o recurso a grandes bases de dados de proteínas para a conceção de novos fármacos, na biologia, com o estudo da descodificação do genoma humano, com um outro sobre biogeografia marinha macaronésica, e ainda, com um artigo que exemplifica a utilização destas técnicas na conceção de uma aplicação para a classificação automática de imagens de espécies biológicas.

A dimensão da Revista não nos permite aumentar o número de exemplos de aplicação de técnicas de Data Science nas áreas tradicionais das ciências exatas, mas muitos outros poderiam ser apresentados. Esperamos, contudo, que a pequena seleção incluída nesta edição da Revista consiga despertar no leitor a curiosidade por esta temática e o estimule na procura de outras leituras.

Editorial
Referência Magalhães, A. L., (2022) A Revolução no tratamento de dados em Ciência, Rev. Ciência Elem., V10(4):049


📌A versão impressa da revista está disponível para consulta na Biblioteca.


Sugestão da leitura | O livro dos prefácios à obra de Agustina Bessa-Luís

 














Editor: Relógio D'Água
Edição: abril de 2022



SINOPSE

Livro dos Prefácios à Obra de Agustina Bessa-Luís, de Gonçalo M. Tavares, compila, como o título indica, prefácios a várias obras de Agustina. Estes textos, redigidos por nomes de relevo no atual panorama literário e crítico português, revelaram-se notáveis por si próprios. Juntos, constituem uma riquíssima fonte de informação sobre a autora, a sua obra e o seu duradouro impacto.

São autores dos prefácios aqui presentes Gonçalo M. Tavares, João Bénard da Costa, Rui Ramos, António M. Feijó, Agustina Bessa-Luís, João Miguel Fernandes Jorge, José Tolentino de Mendonça, António Barreto, Hélia Correia, Bruno Vieira Amaral, António Preto, Pedro Mexia, Jorge Cunha, António Lobo Antunes, Bernardo Pinto de Almeida, Mário Cláudio, António Mega Ferreira, Mónica Baldaque e Ernesto Montequin.

Esta edição conta ainda com uma introdução de Mónica Baldaque, artista plástica e filha de Agustina.


📌 Livro disponível na Biblioteca a partir de janeiro.


“Amadeo” | Filme sobre o pintor Amadeo de Souza-Cardoso

 






Amadeo” o mais recente filme de Vicente Alves do Ó inspira-se na vida e obra do pintor Amadeo de Souza-Cardoso. A história do homem que sonhou pintar o futuro e o seu grande amor por Lucie, a mulher que lutou pela eternidade, terá a sua estreia a 26 de janeiro.

“Amadeo” é uma longa metragem de ficção histórica, inspirada na vida e na obra do pintor nascido em Manhufe (Amarante) a 14 de novembro de 1887 e que cedo parte para Paris, onde faz amizade próxima com Picasso, Gaudí, Modigliani, Apollinaire e Delaunay.






Escrito e realizado por Vicente Alves do Ó, o filme é estruturado em 3 tempos/episódios da vida de Amadeo Ferreira de Souza-Cardoso. Em 1916 quando o jovem Amadeo organiza a primeira grande exposição modernista em Portugal e revela um mundo novo a um país velho e conservador, depois de ter estado em Paris. Recua a 1911 quando Amadeo apresenta os seus primeiros trabalhos à elite artística da cidade de Paris; e por fim, 1918, o fatídico ano da pandemia que assolou o mundo, a gripe espanhola, que matou milhões de pessoas, nomeadamente a família Souza-Cardoso, e que abrevia a vida inesquecível deste homem a quem Lucie dedicou o resto da sua vida.

Considerado um dos artistas mais relevantes e importantes do modernismo, nos inícios do século XX, o realizador vê em Amadeo de Souza-Cardoso «um homem de vanguarda num período da História marcado por revoluções, clivagens, o velho a combater o novo, simbolizando esse “novo novíssimo”, que ainda hoje nos inspira.»

O filme conta com Rafael Morais, Ana Lopes, Lúcia Moniz, Ana Vilela da Costa, Manuela Couto, Ricardo Barbosa, Raquel Rocha Vieira, José Pimentão, Rogério Samora e Eunice Muñoz.

Digital, B. (2022). “Amadeo”. Filme sobre o pintor Amadeo de Souza-Cardoso estreia nos cinemas portugueses. Retrieved 23 December 2022, from https://comunidadeculturaearte.com/amadeo-filme-sobre-o-pintor-amadeo-de-souza-cardoso-estreia-nos-cinemas-portugueses/




Agustina, 100 anos

 






Algumas observações pessoais e laterais — paralelas à homenagem a Agustina, em Amarante, a sua cidade natal — a partir de pedaços migrantes da obra.

1.

Sobre a histeria

Escreve Agustina: “A histeria da insignificância” (“As Chamas e as Almas”).
O insignificante histérico, poderemos dizer, é hoje o mais comum: senhor que ocupa o centro da praça com megafone a muitos decibéis e cérebro silencioso como o de um hipopótamo parado. Cada ideia, pesadíssima, para sair do sítio, leva décadas — leva décadas, mas grita muito.
A histeria de cabeça vazia ocupou o palco e dali não sai. Sem produzir um pinguinho de oxigénio ou de inteligência — mas quer morrer ali como as árvores.

2.

Sobre o tempo

A vida tem este modo tão dócil de deixar o tempo passar. Sem relógios nem espelhos, nem rosto dos outros que envelhecem diante do nosso instinto de observador neutro, o tempo seria uma invenção teórica dos filósofos entediados. Mas não é.
Escreve Agustina: “Ema compreendeu que não era tão nova como dantes.” (“Vale Abraão”).

3.

Sobre a política

A política muda na superfície, o pó é limpo, mas debaixo está a mesma mesa, idênticas cadeiras e até as mesmíssimas-míssimas formas de sentar e falar. Nos escritórios, as paredes recebem calendários sucessivos e por vezes a cor muda radicalmente o ambiente estético do trabalho — porém, no essencial, o humano ali está: o mesmo bicho com as mesmas grandezas e fraquezas.
Escreve Agustina: “A grande caixa torácica da burocracia, dentro da qual estava o pulmão das influências” (“A Monja de Lisboa”). 

4.

Sobre a Língua

Tratar a Língua em que se escreve como a um animal doméstico, às terças e quintas, e como se fosse animal selvagem, e impossível de montar, nos restantes dias, incluindo os aparentes calmos fins-de-semana. A língua portuguesa não é um exército de leis, todas direitinhas, umas ao lado das outras como escuteiros bem-comportados a vender calendários já do ano passado. A Língua é talvez outra coisa, um pouquito mais desarrumada e rebelde.
Escreve Agustina: “Contento-me em descontratar-me da gramática” (“Conversações com Dmitri e Outras Fantasias”).

5.

Sobre a estupidez

Muitos tratados existem sobre esse modo tão simples e directo de nada entender.
“Ninguém é sincero quando se declara estúpido” (“Meninos de Ouro”).
A estupidez é uma forma plana de estar em cima de uma montanha. Um bípede que tem dois pés como guia intelectual pode não ser mau de todo quando o objetivo é fazer caminhadas ou treinar instintos humanos e animais por metro quadrado. Porém, quando se trata de entender, dois pés entendem pouco; podem andar, correr, saltar ou ficar por ali, no mesmo sítio, pasmados, mas os ágeis pés, diga-se, nem sequer descobriram ainda a roda ou fizerem o primeiro fogo. Sem as mãos, o humano ainda passava um frio do raio, sem fogo, lareira, paredes ou tecto. (Mas sim, infelizmente, em 2022, muito frio muitos passam ainda, bem injustamente. Mas isso seria outro assunto, bem mais grave.)
Os pés caminham, mas são inábeis para outros assuntos ligeiramente mais densos. Se a civilização humana dependesse apenas deles, teríamos migrado muito, mudado de sítio, mas sempre com as mesmas ideias.
Mudei de sítio 100 vezes e de ideias nenhuma, poderia dizer um tonto que se mexesse muito (e são tantos e tanto andam por aí).
Diante da estupidez do tonto, o sensato aponta lá para cima, para um eventual cometa que esteja por ali a passar ao fim-de-semana, aponta então para o céu de modo a distrair as atenções, e depois foge o mais rápido que pode na direção contrária. Se é para correr é mesmo nestes momentos de perigo. É que a estupidez quando se agarra a um sujeito não é como um casaco que se pode deixar no bengaleiro antes de se entrar numa sala sensata; agarra-se à pele, sim, como uma urticária da inteligência e, a partir daí, em vez de argumentar, um sujeito coça-se.

Gonçalo M. Tavares. Os cadernos e os dias - História fragmentada do mundo, in Expresso, Semanário#2615, 9 de dezembro de 2022



A substância das coisas esperadas

 





AGORA QUE A CONTAGEM DECRESCENTE PARA O NATAL COMEÇOU, E VOLTAMOS A PROCURAR OS SÍMBOLOS NATALÍCIOS QUE ORNAMENTAM AS NOSSAS CASAS, É IMPORTANTE PERGUNTARMO-NOS O QUE NOS É PERMITIDO ESPERAR

O

que posso saber? O que devo fazer? O que me é permitido esperar?” A verdade é que as três emblemáticas perguntas em torno às quais Kant articulou o seu pensamento como que se infiltram na vida comum e, de uma forma ou de outra, se acendem também dentro de nós, aguardando, até mais do que uma resposta taxativa, um aprofundamento, uma maturação e um caminho. Cada uma dessas perguntas constitui um ponto de partida para uma longuíssima, indeclinável e aberta viagem humana que nos compete. E que se concretiza, efetivamente, num trabalho de natureza racional como Kant propõe, mas não de modo exclusivo, pois depressa descobrimos que é a vida toda, nas suas plurais dimensões, que nos implica nessa tarefa. Claro que a racionalidade e o plano filosófico aguçam as perguntas, mas, como ensina Shakespeare, há mais coisas entre o céu e a terra do que aquelas que se pode imaginar simplesmente através da filosofia. A nossa existência quotidiana documenta essa excedência.

Podemos não nos dar bem conta, mas aquelas perguntas estão sempre latentes. Formulámo-las por outras palavras ou de maneira implícita, transportamo-las connosco quando, por exemplo, nos confrontamos com aquilo para o qual não temos resposta, e que tanto pode ser o drama como o êxtase que o nosso estar sobre o mundo comporta. A imposição dramática do limite, a experiência da doença, as morfologias diversas com que a granada da dor nos estilhaça fazem-nos seguramente regressar, de forma crua, àquelas interrogações. Mas da mesma maneira o êxtase: a visão de um rosto amado; o sabor indizível de certas horas ainda vivo na nossa memória; uma folha que ao acaso nos pousa na mão sem que percebamos imediatamente o que em silêncio nos segreda; a repentina vastidão de que nos tornamos conscientes olhando (como as crianças olham), de repente, o céu.  

Sem dúvida que podem ser atordoantes as perguntas, em particular aquela que nos devolve a questão sobre a qualidade da nossa esperança. “O que me é permitido esperar?” é uma pergunta árdua, que nos põe facilmente em embaraço, a engolir em seco. E, contudo, ela está disseminada por todo o lado. Se as outras duas, “O que posso saber?” e “O que devo fazer?” em grande medida nos centram no presente, a interrogação sobre o que esperar recorda-nos que somos seres de fronteira, projetamo-nos, transcendemo-nos, não nos sentimos completamente localizados aqui, farejamos um futuro. Lutamos como Jacob com um não sei quê e dessa luta saímos a coxear. Por fim, é isso que todos somos: manquejantes, inacabados, todos esboços de uma perfeição por vir, pois dependemos da substância das coisas esperadas.

Agora que a contagem decrescente para o Natal começou, e voltamos a procurar nas caixas da dispensa os símbolos natalícios que ornamentam as nossas casas, é importante perguntarmo-nos o que nos é permitido esperar. Um símbolo não deveria ficar sequestrado pela mera estética do ornamento, não deveria ser um ilusório expediente mudo, mas deveria poder avizinhar-nos com a sua força nua a alguma coisa de essencial para nós próprios. E, desse modo, ajudar-nos a refletir sobre o horizonte, o alcance, a potência e a natureza da nossa esperança; sobre as formas da sua objetiva configuração; sobre se estamos disponíveis ou não para nos tornarmos seus cúmplices. Seus enamorados. Seus servidores. O tempo do Advento que estamos a viver é isso que expõe. Felizes aquelas e aqueles que se colocam perguntas, atravessando o espaço dos dias de coração desperto: essas e esses saberão que o Natal ilumina a sua sede.

José Tolentino Mendonça. Que coisa são as nuvens, in Expresso - Semanário#264, 2 de dezembro de 2022 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Jornal de Letras - Isabel Figueiredo, na outra margem da literatura

 


Nº 1362 | 14 a 27 de dezembro





















Escola a ler ...Pessoas invisíveis

 













No passado dia 16 de dezembro, os alunos do 12º D estiveram na Biblioteca, no âmbito do Projeto Escola a Ler. 

Para além da sensibilização para a participação no Concurso Nacional de Leitura, com a leitura de extratos do livro escolhido para a prova de seleção da escola do Ensino Secundário, os alunos tiveram oportunidade de escolher livros para leitura domiciliária - Vou levar-te comigo!


Na senda do "Avatar"




Avatar, o filme épico de ficção científica, de 2009, do realizador James Cameron, foi um dos filmes mais vistos na Biblioteca na última semana de aulas.





AVATAR: O CAMINHO DA ÁGUA

Treze anos depois do original, o novo “Avatar” de James Cameron volta a conseguir o inédito — ao mergulhar o espectador no nunca antes visto. A saga futurista regressa com novas personagens que integram a comunidade dos Na’vis, e novos vilões humanos, que tentam tomar Pandora de assalto outra vez. Se no primeiro a maldade humana se escrevia nas entrelinhas dos diálogos, agora grita-se pelas alterações climáticas.

Veja o trailer:





sábado, 17 de dezembro de 2022

No quentinho do cinema...

 












Os dias de chuva e vento convidam a uma sessão de cinema na Biblioteca.

Ratatui foi o filme escolhido numa das sessões.



Escola a ler ... A menina de Kiev

 


No passado dia 15 de dezembro, os alunos do 7º D estiveram na Biblioteca, no âmbito do projeto  Escola a ler.

Nesta sessão, partilharam a leitura em voz alta de excertos de A menina de Kiev, obra selecionada para a prova de seleção do Concurso Nacional de Leitura, do 3º Ciclo.

Tiveram ainda a oportunidade de se familiarizarem com a coleção da Biblioteca e requisitarem livros para a pausa do Natal.  






Maternidade & Leitura

 






















Maternal, de Armando Barrios (1920-1999). Venezuela


O cinema é o limite | Revista

 


https://readymag.com/4057399


#0


O Cinema é o limite... é o novo magazine do Plano Nacional de Cinema.


A sua missão é estimular o gosto pela cultura do cinema junto das comunidades educativas. O número 0 marca um compasso de transição, porque assume matérias que já integravam o boletim anterior, mas segue em frente, revelando um novo conceito e linha editorial, num novo formato.

"Direitos Humanos: 30 artigos, 30 turmas

 

 

 



Procurar asilo é um direito humano fundamental para pessoas que fogem da violência, perseguição ou guerra no seu país.
Todos têm o direito de procurar asilo.

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) UNHCR, the UN Refugee Agency  trabalha em todo o mundo para ajudar as pessoas forçadas a fugir.




Os alunos do 9º G estiveram na Biblioteca e debateram o artigo número 14 da Carta dos Direitos Humanos.










Campanha "Direitos Humanos: 30 artigos, 30 turmas"



 
















No passado dia 12 de dezembro, a ES Camilo Castelo Branco celebrou o Dia Universal dos Direitos Humanos com a campanha "Direitos Humanos: 30 artigos, 30 turmas". Os 30 artigos da Carta dos Direitos Humanos foram distribuídos por 30 turmas (um por turma). Em cada turma, procedeu-se à reflexão /debate sobre o respetivo artigo e, no final, fez-se o registo fotográfico da atividade.

Esta celebração foi promovida pela Biblioteca e pelo Departamento de Línguas Românicas e Clássicas e contou com a pronta colaboração dos professores das 30 turmas envolvidas.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

National Geographic

 

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Disponível na Biblioteca para consulta. 

 

Maratona de Cartas - 3ºTAS


 




 
 
 
 
 
 
 
 










 







 
 
A maratona continua...

Os alunos do 3º TAS estiveram na Biblioteca esta manhã, para participar em mais uma edição da Maratona de Cartas.

Depois de conhecerem a campanha da Amnistia Internacional para este ano, elaboraram as cartas que vão ser enviadas a cinco pessoas privadas de liberdade por lutarem pelos Direitos Humanos, mormente pela liberdade de expressão e de manifestação.

De seguida, assinaram apetição online, a ser enviada aos titulares do poder político de Marrocos, Rússia, China, Camarões e Cuba. 
 

 


  

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Jornal de Letras

 



JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias - 16 a 29 de novembro 2022



... Ainda #Saramago
... e agora: Rafael Gallo - Prémio Saramago. 
Carta aberta a Lula

Disponível na Biblioteca para consulta.


As bulas literárias dos alunos do 3º A

 


Farmácia literária


Na seana passada, os alunos do 3ºA passaram pela biblioteca para elaborarem as suas sugestões de bulas literárias a partir dos títulos da coleção da Biblioteca.

Está a precisar de um remédio? Leia as duas bulas que aqui partilhamos e veja se estes dois medicamentos são indicados para si. 





segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

O papel do conhecimento prévio para a leitura.

 







Lemos para conhecer, ou conhecemos para ler? 

À medida que aprendemos, conseguimos compreender cada vez melhor aquilo que lemos. Mas a leitura também aumenta o conhecimento. Neste episódio, a psicóloga da educação Irene Cadime ajuda-nos a esclarecer a importância e o papel do conhecimento prévio para a leitura.



A frase também merece atenção







Natalie Wexler explica-nos por que razão é importante insistir na escrita de frases complexas. É uma ajuda inestimável à compreensão de textos.


É possível que seja por estarem pouco habituados à estrutura complexa de muitas frases escritas que alguns alunos não conseguem compreender aquilo que leem. Ensiná-los a escrever frases complexas sobre o assunto que estão a estudar pode ser uma ajuda.

Tal como o investigador da leitura Timothy Shanahan salientou, há muita investigação científica sobre a forma como os alunos aprendem a decifrar cada palavra escrita, e também acerca da compreensão global do sentido de um texto, mas não tanto sobre a tal «frase à qual ninguém presta atenção». Ainda assim, a verdade é que problemas de discernimento das frases podem criar entraves à compreensão.

Mais recentemente, Shanahan debruçou-se sobre a investigação que existe. Talvez a questão se prenda mais, como o autor aponta, com o aumento súbito dos estudos sobre a frase nos últimos anos, mas algumas das publicações que Shanahan refere remontam à década de 80.

Apesar de não haver conclusões definitivas, Shanahan afirma que os dados são suficientes para os professores «avançarem com alguma prudência» no ensino da frase. O autor oferece uma série de recomendações para o fazer, mas apenas uma delas implica a escrita.

Isto é natural, porque Shanahan se concentrou no que já foi estudado. Tal como referimos antes, a escrita não tem sido analisada de forma muito ampla, sobretudo se o compararmos com a extensa investigação de que a leitura foi alvo. Além disso, fez-se muito pouca pesquisa sobre a aprendizagem da frase, e menos ainda sobre frases acerca do conteúdo curricular. Mas dado aquilo que sabemos sobre o funcionamento da mente humana, essa escassez de investigação não deveria impedir os professores de avançarem nessa direção. E não diria que tem de ser «com alguma prudência». Defendo que devem ir em frente.


Razões para o êxito da instrução ao nível da frase

Está comprovado que é mais fácil adquirir informação nova — aprender — quando se tem conhecimento prévio relevante. Na leitura, podemos saber à partida alguma coisa sobre o assunto do texto que estamos a ler, mas também importa a cultura geral, o vocabulário e o nosso entendimento sobre o modo de construção das frases, a sintaxe.

Em termos sintáticos, a linguagem escrita é por norma mais complexa do que a oral. Em particular quando os textos se tornam mais elaborados, começam a incluir construções como orações subordinadas, a voz passiva e uma maior distância entre o sujeito e o objeto (em vez de «O cão passou a correr pelo homem», podemos ter algo como «O cão com pelagem às manchas, castanha e branca, apesar de cansado de correr tanto, passou ainda assim a correr pelo homem de fato cinzento»). Mesmo que os alunos consigam entender conversas, ou até frases escritas em textos simples, podem ter dificuldades em interpretar o tipo de frases que surge muitas vezes em conteúdos escritos do ensino secundário ou nos jornais.

Há vários estudos que demostram que a compreensão de um texto é facilitada pelo domínio prévio do seu tema por parte dos leitores.

Isto pode acontecer mesmo que os estudantes já conheçam bem o assunto do texto. Há vários estudos que demostram que a compreensão de um texto é facilitada pelo domínio prévio do seu tema por parte dos leitores. Uma das investigações mais famosas nos Estados Unidos, conhecida como «o estudo do basebol», concluiu que na leitura de textos sobre este desporto, «leitores fracos» especialistas em basebol ultrapassaram «leitores bons» que não conheciam tão bem este desporto. Mas o excerto que lhes foi dado a ler era bastante simples: à exceção dos termos técnicos, tratava-se de uma descrição bastante clara de uma partida de basebol. Esses mesmos especialistas teriam certamente de se esforçar muito para conseguirem compreender uma tese de doutoramento sobre algum aspeto desse jogo.

Uma cientista que se tem vindo a debruçar sobre a frase, Cheryl Scott, partilhou num artigo o caso de um menino de dez anos que conseguia ler com propriedade e fluência, mas que tinha dificuldades em interpretar o que lia. O menino ouviu a leitura de um texto com a seguinte frase: «Rachel Carson, que era cientista, escritora e ecologista, cresceu na pequena cidade de Springdale, na Pensilvânia.» Os cientistas pediram depois à criança que lhes dissesse aquilo que tinha aprendido sobre Rachel Carson. «Elas cresceram juntas, na mesma cidade», respondeu ele. Para o menino, o sujeito da frase não era Rachel Carson, mas sim três pessoas diferentes: uma cientista, uma escritora e uma ecologista — porque estas palavras estavam mais próximas do verbo. Este tipo de erro não é incomum, como afirma Scott.

É óbvio que é importante conseguir identificar estes erros de interpretação. Podemos pedir aos alunos que expliquem, oralmente e por palavras deles, uma frase complexa que acabaram de ler ou que leiam a frase outra vez com uma entoação diferente — ambas práticas que Shanahan recomenda. Mas não seria ainda mais útil ensinar os alunos a construir frases complexas por si próprios? Se uma pessoa conseguir aprender a usar frases como a da descrição de Rachel Carson no exemplo anterior — em gramática chama-se um aposto[1] —, não estará mais bem preparada para conseguir interpretar uma frase semelhante quando a ler?


Exercícios de escrita e compreensão de frases

Shanahan recomenda dois exercícios de escrita: a junção e a redução de frases. O primeiro implica transformar várias frases simples numa frase mais complexa. A redução de frases faz o oposto.

Estes exercícios são úteis até certo ponto, mas é claro que, para conseguirem fazer uma boa junção de frases, os alunos precisam muitas vezes de instruções detalhadas sobre as palavras que podem usar: um aposto, por exemplo, ou uma conjunção subordinada como «embora». Há muitos alunos que não conseguem ganhar habilidade para usar este tipo de estruturas frásicas apenas através da leitura.

Quando escrevem sobre aquilo que estão a aprender, os estudantes reforçam tanto a compreensão como a memória.

Além disso, estas recomendações descuram a ligação entre a escrita e a aprendizagem. Vários estudos concluíram que, quando os estudantes escrevem sobre aquilo que estão a aprender, qualquer que seja o tema, reforçam tanto a compreensão como a memória. A ciência cognitiva explica porquê: um método muito eficaz de garantir que a informação é armazenada na nossa memória de longo prazo e que a conseguimos reaver mais tarde consiste em citá-la de cor e explicá-la a outra pessoa por palavras nossas. No fundo, isto é o que fazemos quando escrevemos.

Estudos sobre «escrever para aprender» poderão na verdade ter menosprezado os benefícios desta atividade porque, em termos gerais, não se debruçaram sobre a escrita ao nível da frase. Escrever é difícil, bem mais difícil do que ler, e escrever com pormenor é ainda mais difícil. É possível que os alunos tivessem mais capacidade cognitiva para compreender e reter informação se fossem orientados na escrita de frases curtas e isoladas sobre o tema.

Faria portanto sentido pedir aos alunos que se dediquem à junção e redução de frases sobre o conteúdo a aprender. Mas há outros exercícios sintáticos que podem ser ainda mais úteis à aprendizagem. Quando os estudantes juntam frases, ou as encurtam, as frases de que dispõem têm toda a informação de que precisam. Por exemplo, um exercício de junção de frases pode começar assim:

Rachel Carson foi cientista.
Rachel Carson foi escritora.
Rachel Carson foi ecologista.
Rachel Carson cresceu em Springdale, na Pensilvânia.

Um aluno seria capaz de juntar as frases anteriores para criar uma frase complexa, caso tivesse aprendido a usar o aposto:
Rachel Carson, cientista, escritora e ecologista, cresceu em Springdale, na Pensilvânia.

E se, em alternativa — e depois de ter aprendido quem foi Rachel Carson — se desse ao aluno a seguinte frase para completar:

Rachel Carson, ____________________________________, cresceu em Springdale, na Pensilvânia.

Para o fazer, o aluno teria de recuperar informação da qual talvez já se tivesse esquecido e de encontrar vocabulário para a expressar, aumentando a probabilidade de compreender e de recordar essa mesma informação. Ao mesmo tempo, o aluno estaria a aprender uma construção frásica que reforça as suas capacidades de escrita e de leitura.

Este exercício de criação de frases integra, com muitos outros, um método chamado «A Revolução da Escrita». (Sou coautora de um livro com o mesmo título; o método foi desenvolvido pela outra autora, Judith C. Hochman.) Este método vai além das frases, propondo a criação de textos argumentativos, mas as práticas ao nível da frase são alicerces fundamentais para a escrita autónoma de segmentos mais extensos.

É bom ver um investigador da área da leitura com a influência de Shanahan a defender a ideia de que precisamos de dar mais atenção à frase. Tenho esperança de que este e outros autores reforcem tal interesse e se concentrem em temas que vão além da instrução da leitura, tais como a ligação crucial que existe entre a leitura e a escrita, a construção de conhecimento e o desenvolvimento de vocabulário. O progresso nestes temas possibilitam tanto a escrita como a leitura.


[1] Na terminologia gramatical adotada oficialmente, o aposto passou a designar-se por modificador de nome apositivo.

A frase também merece atenção. (2022). Retrieved 12 December 2022, from https://www.iniciativaeducacao.org/pt/ed-on/artigos/cronicas/a-frase-tambem-merece-atencao