domingo, 31 de janeiro de 2021

Juntos por uma internet mais segura


9 de fevereiro






Ao longo dos anos, o Dia da Internet Segura tornou-se um evento marcante no calendário de segurança online. Iniciado como uma iniciativa do projeto EU SafeBorders, em 2004, e adotado pela rede Insafe como uma das suas primeiras ações, em 2005, o Dia da Internet Segura cresceu para além da sua zona geográfica tradicional e agora é comemorado em aproximadamente 170 países em todo o mundo.

De cyberbullying a redes sociais e identidade digital, a cada ano o Dia da Internet Segura visa aumentar a consciencialização sobre questões online emergentes e preocupações atuais.







Fevereiro - Mês da Internet Segura


sábado, 30 de janeiro de 2021

7 livros sobre Auschwitz

 

Porque é preciso recordar os trágicos acontecimentos passados para que não se venham a repetir, a literatura tem vindo a recriar ficcionalmente o Holocausto, em particular o campo de extermínio de Auschwitz

Sugerimos a leitura dos seguintes títulos, disponíveis na Biblioteca:





Para saber+

Consulte a revista "Holocausto", e assista ao relatado, em 1ª pessoa, das atrocidades cometidas pelos nazis contra os judeus.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Nascer num campo de concentração nazi

 

RTP Ensina




Eva Clarke nasceu no campo de concentração de Mauthausen e escapou de ser gaseada com a mãe por uma questão de dias. O campo foi libertado antes de ser executada e agora conta a sua história de sobrevivência num livro.

Os pais de Eva, Anka e Bernd, casaram antes da II Guerra Mundial, mas pelo facto de serem judeus foram presos e metidos em campos de concentração. Apesar das dificuldades continuaram a encontrar-se às escondidas dos alemães e tiveram duas crianças. O primeiro filho nasceu no campo em 1944, mas morreu pouco depois de doença, e o segundo foi Eva, uma bebé que nasceu a 29 de abril de 1945, a poucos dias do fim da guerra.

Segundo a mãe de Eva ambas escaparam porque se tinha esgotado o gás com o qual os nazis executavam os prisioneiros. O pai nunca soube que tinha uma filha, pois morreu meses antes num outro campo de concentração.

Após o conflito ambas foram para Inglaterra onde Anka viveu até aos 90 anos. A filha Eva tem contado a sua história em escolas e outras instituições.


A colina que escalamos, de Amanda Gorman

 



Poema lido por Amanda Gorman, aquando da posse de Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos



A colina que escalamos


Quando chega o dia, perguntamo-nos:

Onde podemos encontrar luz nesta sombra interminável?

A perda que carregamos, um mar que devemos percorrer

Enfrentámos o ventre da besta

Aprendemos que o silêncio nem sempre é paz

E as normas e noções do que "é justo"

Nem sempre é a justiça

E ainda assim o amanhecer é nosso

Antes que demos por isso, de alguma forma o fazemos

De alguma forma nós resistimos e testemunhamos

Uma nação que não está quebrada, mas simplesmente inacabada

Nós, os sucessores de um país e um tempo

Onde uma menina negra magra descendente de escravos

E criada por uma mãe solteira

Pode sonhar ser presidente

E estar a recitar para um presidente

E sim, estamos longe do brilho, longe do imaculado

Mas isso não significa que estejamos a tentar formar uma união que é perfeita

Estamos a tentar forjar a nossa união com um propósito

Para compor um país comprometido

Com todas as culturas, cores, personagens e condições do homem

E assim levantamos os nossos olhares não para o que está entre nós

Mas para o que está diante de nós

Fechamos a divisão porque sabemos que, para colocar o nosso futuro em primeiro lugar

Devemos primeiro colocar as nossas diferenças de lado

Ergumos os braços

Para que possamos estender os braços uns aos outros

Procuramos o mal para ninguém e a harmonia para todos

Que o mundo, se nada mais, diga que é verdade:

Que mesmo enquanto sofremos, crescemos

Que mesmo quando sofremos, esperávamos

Que mesmo quando nos cansamos, tentamos

Que ficaremos para sempre unidos, vitoriosos

Não porque nunca mais conheceremos a derrota

Mas porque nunca mais semearemos a divisão

As Escrituras dizem-nos para prever

Que todos devem sentar-se sob a sua própria videira e figueira

E ninguém os fará temer

Se queremos estar à altura do nosso tempo

Então a vitória não vai estar na lâmina

Mas em todas as pontes que fizemos

Esta é a promessa de clarear

A colina que subimos, se ao menos nos atrevemos

É porque ser americano é mais do que um orgulho que herdámos

É o passado em que entrámos, e como o reparámos

Vimos uma força que destruiria a nossa nação em vez de a partilhar

Destruiria o nosso país se isso significasse atrasar a democracia

E esse esforço quase o conseguiu

Mas enquanto a democracia pode ser periodicamente adiada, nunca pode ser permanentemente derrotada

Nesta verdade, nesta fé confiamos

Enquanto estamos de olho no futuro, a história tem os olhos em nós

Esta é a era da redenção justa

Temíamos no seu início

Não nos sentimos preparados para ser os herdeiros de uma hora tão aterradora

Mas dentro dela encontramos o poder de autor de um novo capítulo

Para oferecer esperança e riso a nós mesmos

Então, quando um dia perguntamos:

Como poderíamos prevalecer sobre a catástrofe?

Agora afirmamos:

Como pode uma catástrofe prevalecer sobre nós?

Não marcharemos de volta para o que foi, mas mover-nos-emos para o que será

Um país que está magoado, mas inteiro

Benevolente, mas arrojado

Feroz e livre

Não nos vamos recusar 

Ou deter pela intimidação

Porque conhecemos a nossa inação e inércia

Será a herança da próxima geração

Os nossos erros tornam-se os seus fardos

Mas uma coisa é certa:

Se fundirmos a misericórdia com o poder

E o poder com direito

Então o amor torna-se o nosso legado

E muda o direito de nascença dos nossos filhos

Então, deixemos para trás um país

Melhor do que o que nos deixaram 

Cada respiração do meu peito batido de bronze

Vamos levantar este mundo ferido e 

Erguer-nos das colinas douradas do oeste

Vamos erguer-nos do windswept nordeste

Onde os nossos antepassados realizaram a revolução

Erguer-nos das cidades do Centro-Oeste,

Vamos erguer-nos do sul banhado pelo sol

Vamos reconstruir, reconciliar e recuperar

E todos os recantos conhecidos da nossa nação e

Cada canto chamado o nosso país,

As nossas belas e diversas gentes surgirão

Quando o dia chegar, saimos da sombra

Sem aflição e sem medo

O novo amanhecer floresce à medida que o libertamos

Pois há sempre luz

Se formos corajosos o suficiente para o ver

Se formos corajosos o suficiente para sermos assim.

"The Hill We Climb", de Amanda Gorman

Revista: Holocausto

 


Faça duplo clique para aceder à revista.

"Mãe, conto a nossa história, porque o mundo tem que a conhecer" - EVA A-7063 



Testemunhos do Holocausto.



quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Quando abres um livro

 


Quando abres um livro, 

podes chegar a qualquer ponto do mundo e do teu coração!





Esclarecimento Do Plano Nacional de Leitura

 



Concurso Nacional de Leitura
14.ª ed. 2020-21 

As medidas de contenção da pandemia de Covid-19 têm tido consequências na vida das escolas, das bibliotecas escolares e municipais, dos professores, dos bibliotecários, alunos e famílias, com efeitos na organização de diferentes iniciativas, designadamente, do Concurso Nacional de Leitura (CNL).

Assim, face às regras do atual confinamento, é necessário reafirmar alguns procedimentos e proceder a alguns reajustes, a saber:

1. A realização da 14.ª ed. (2020-21) do CNL mantém-se e continuará a ser assegurada por todos os parceiros e intervenientes.

2. A calendarização das provas da Fase Escolar/Municipal e da Fase Intermunicipal é reajustada, de acordo com as seguintes datas:

 

29/10 – 8/03: Fase escolar/municipal

9/03 – 10/03: Registo das obras lidas e alunos apurados para a fase seguinte, no SIPNL

12/03 – Divulgação lista de alunos apurados – Portal PNL2027 e sites dos parceiros

13/03 – 26/04: Fase intermunicipal

27/04 – 30/04: Registo das obras lidas e alunos apurados para a fase seguinte

Até 07/05 - Publicação das obras lidas e alunos apurados para a fase seguinte

19/05 - Prova escrita de pré-seleção online

05/06 - Final nacional.

 

3. No 2.º momento, tanto na fase Escolar/Municipal como na Fase Intermunicipal, as provas dirigidas aos alunos em concurso poderão decorrer online, em sessões síncronas ou assíncronas. Cada biblioteca deverá assegurar que todos os alunos realizam a prova síncrona ou assíncrona. No entanto, a modalidade selecionada terá, em cada biblioteca escolar / municipal, de ser igual para todos os alunos.

 

O Plano Nacional de Leitura e os parceiros do CNL agradecem o trabalho, empenho e dedicação que os diversos intervenientes têm colocado nas diferentes fases do CNL, desejando que este continue a constituir-se como uma grande festa de celebração do livro e da leitura, tanto mais essencial nos difíceis tempos que todos estamos a viver.

 

5 Segredos para ler mais

 






Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Dicas para se tornar um bom leitor:




1ª - Escolha cuidadosamente a edição e a tradução.

2ª - Não consulte o dicionário cada vez que encontra uma palavra cujo sentido desconhece.

3ª - Deixe-se levar pelas histórias, abra a porta à sua imaginação!

4ª - Leia os prefácios e textos de apoio. Não mergulhe no escuro!

5ª - Liberte-se de preconceitos!




Boas Leituras!



quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

A Estrela de Erika



Contributo das bibliotecas escolares do AE nº 3, de Elvas para a preservação da memória coletiva. 


Escrita por Ruth Vander Zee e ilustrada por Roberto Innocenti, esta narrativa conta-nos a história verdadeira de uma criança muito pequenina que não chegou a passar as portas do campo de concentração de Dachau. 

Paralelamente à narração, são mostradas obras de arte feitas por sobreviventes dos campos de concentração. 


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

A prova de escola do Concurso Nacional de Leitura foi adiada

 






A prova de seleção da escola do Concurso Nacional de Leitura, agendada para amanhã, dia 26 de janeiro, vai ser adiada, devido à interrupção das atividades letivas. 

Os alunos inscritos serão informados, por email, até ao início da próxima semana, sobre a nova data da prova. 

Continuação de boas leituras!








sábado, 23 de janeiro de 2021

+Leitur@s | Vacinas só para os ricos?

 



Cartoon de Tjeerd Royaards


Cuide de si, cuide de todos!

 






O vírus é invisível. É difícil perceber quem está infetado. 
Proteja-se: Fique em casa, use máscara, lave ou desinfete as mãos e mantenha o distanciamento.
Cuide de si, cuide de todos!


As bibliotecas escolares na era digital: contributos para o Plano de Ação para a Educação Digital 2021-2027











A tecnologia digital mudou a forma com trabalhamos, aprendemos e comunicamos. Ciente disto, a União Europeia definiu uma estratégia que visa apoiar esta mudança, quer junto dos cidadãos, quer das organizações, assegurando que a tecnologia está ao serviço das pessoas e que contribui para a melhoria do seu dia a dia.

As escolas fazem parte desta estratégia, tendo sido apresentado, pela Comissão Europeia, o Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027) que pretende criar as condições para que a educação digital na Europa seja “de alta qualidade, inclusiva e acessível” (1). Para além desta prioridade estratégica de reconfigurar os sistemas de ensino e de formação para a era digital, pretende-se, ainda, reforçar as competências digitais dos profissionais de ensino, condição essencial para a tão desejada transformação digital.

Os referenciais que orientam a ação dos responsáveis educativos na concretização destas duas prioridades são o Quadro Europeu de Organizações Digitalmente Competentes (DigCompOrg, 2018) (2) e o Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores (DigCompEdu, 2018 ) (3).

De realçar que também foi lançado o Quadro Europeu de Competência Digital para Cidadão (DigComp)(4) que define as competências necessárias para o uso crítico e criativo de tecnologias digitais para os cidadãos em geral.


O DigCompOrg visa promover a inovação educacional através da integração das tecnologias digitais em contexto educativo. Está organizado em 3 dimensões e 7 elementos-chave:

1. Dimensão tecnológica: 
- Infraestrutura e equipamento

2. Dimensão pedagógica:
- Recursos digitais
- Ensino e aprendizagem
- Práticas de avaliação
- Promoção da competência digital dos alunos

3. Dimensão organizacional:
- Envolvimento e desenvolvimento profissional contínuo
- Liderança

Foram, ainda, definidos 74 descritores que ajudam as escolas a definir metas.


Figura 1: Elementos chave e subelementos do DigCompOrg (p. 18)


Desta forma, pretende-se levar as escolas a autorrefletirem sobre a integração sistemática das tecnologias digitais nos processos de ensino e de aprendizagem, orientando-as na criação dos seus Planos de Ação para o Desenvolvimento Digital (PADD). Nestes PADD, as escolas definem áreas/dimensões consideradas prioritárias e identificam objetivos e ações a desenvolver, tendo em conta um diagnóstico inicial (5) ao modo como as tecnologias digitais estão integradas na organização e/ou às competências digitais dos docentes.

Este documento articula-se de forma direta com o DigCompEdu que apresenta um quadro de referência geral que visa apoiar o desenvolvimento de competências digitais específicas dos educadores, em todos os níveis de educação. Este referencial está organizado em seis áreas (DigCompEdu, p.16), que se apresentam abaixo, e integra 22 competências.

Área 1 - Envolvimento profissional: usar tecnologias digitais para comunicação, colaboração e desenvolvimento profissional.

Área 2 - Recursos digitais: selecionar, criar e partilhar recursos digitais.

Área 3 - Ensino e aprendizagem: gerir e orquestrar o uso de tecnologias digitais no ensino e aprendizagem.

Área 4 - Avaliação: usar tecnologias e estratégias digitais para melhorar a avaliação.

Área 5 - Capacitação dos aprendentes: usar tecnologias digitais para melhorar a inclusão, a personalização e o envolvimento ativo dos aprendentes.

Área 6 - Promoção da competência digital dos aprendentes: possibilitar aos aprendentes usar tecnologias digitais de forma criativa e responsável para informação, comunicação, criação de conteúdos, bem-estar e resolução de problemas.

Figura 2: Síntese do Quadro DigCompEdu (p.19)


De realçar que estas competências visam promover a integração efetiva e articulada do digital em ambientes de aprendizagem e no apoio ao trabalho dos docentes.

A Comissão Europeia disponibilizou uma ferramenta de autoavaliação aos educadores (DigCompEdu Check-in) (6) que, partindo de 6 níveis de desempenho - Recém-chegado (A1), Explorador (A2), Integrador (B1), Especialista (B2), Líder (C1) e Pioneiro (C2) - permite identificar os pontos fortes pessoais e as áreas onde é possível melhorar a utilização que se faz das tecnologias digitais em contexto de ensino e de aprendizagem.

Esta ferramenta foi também o ponto de partida para o diagnóstico que os professores portugueses foram convidados a fazer recentemente e que permitirá definir o nível de formação no âmbito da transição digital que deverão frequentar.


Figura 3: Modelo de progressão do DigCompEdu (p. 29)


As bibliotecas escolares têm vindo a posicionar-se estrategicamente nesta mudança de paradigma que caracteriza a aprendizagem na era digital, pelo que se constituem como parceiras por excelência dos decisores e dos professores, quer contribuindo para a criação dos Planos de Ação de Desenvolvimento Digital, quer no apoio à capacitação de professores e alunos.

Muito brevemente, previsivelmente ainda durante o presente ano letivo, será disponibilizada pela RBE, num trabalho articulado com a DGE, formação específica para os professores bibliotecários, no âmbito do plano de transição digital. Esta formação estará diretamente relacionada com os contributos que deles se esperam para a elaboração e implementação do PADD, assim como sobre questões particulares do Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital da Biblioteca.




Notas:

1. Comissão Europeia (2020). Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027), disponível em
https://ec.europa.eu/education/education-in-the-eu/digital-education-action-plan_pt

2. Disponível em https://ec.europa.eu/jrc/en/publication/eur-scientific-and-technical-research-reports/promoting-effective-digital-age-learning-european-framework-digitally-competent-educational

3. Disponível em https://erte.dge.mec.pt/noticias/digcompedu-quadro-europeu-de-competencia-digital-para-educadores

4. Disponível em: https://www.erte.dge.mec.pt/sites/default/files/Recursos/Estudos/digcomp2.1_0.pdf

5. É sugerida a utilização da ferramenta de diagnóstico europeia SELFIE. Mais informações em: https://ec.europa.eu/education/schools-go-digital_pt

6. Disponível em: https://ec.europa.eu/eusurvey/runner/DigCompEdu-S-PT


Blogue da Rede de Bibiotecas Escolares, 22 de janeiro de 2021





quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Coleção da Biblioteca

 




Boas Leituras!



Declínio da civilização?




Cartoon de Agus Widodo, Indonésia. 8 de janeiro de 2021



Milhares de indústrias colocam em risco a sobrevivência humana, por causa de danos ambientais descontrolados, resíduos industriais tóxicos mortais, despejados nos rios e nos mares.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Para acabar o dia

 



CHEGUEI AO “DIÁRIO” NA ADOLESCÊNCIA, MAIS AO MENOS NA ALTURA EM QUE CONHECI TORGA, LEVADO PELO MEU PAI AO CAÓTICO CONSULTÓRIO DO LARGO DA PORTAGEM


Em 1941, numa das habituais edições de autor espartanas, Miguel Torga publicou o seu “Diário I” (respeitante aos anos de 1932 a 41), cujo último volume, o XVI, sairia em 1993.

Torga apresenta-o como um diário a contragosto. “A vida (...) é para se viver, não para se fazer dela literatura.” Este diário, “monólogo” de publicação incerta, “sendo um livro para o público (...), seria também um livro meu, o que poucas vezes acontece a um autor. Precisamente porque seria íntimo (...), feito sem pretensões, apenas com a manha necessária para interessar também a curiosidade alheia (...).” E Torga confessa que gostava mesmo era de escrever “em cifra”, em código, de escrever uma confissão ininteligível.






Em “Diário I” quase todos os ímpetos identitários são reduzidos à insignificância. 
Embora seja muito inteligível, até por causa da “prosa tão emendada, tão riscada” e de uma “poda beneditina aos adjectivos”, o “Diário” tem uma estratégia de rasura do circunstancial, do identificável, que faz com que inúmeras entradas se refiram a um “N.”, a um “inimigo”, a uma “tragédia amorosa”, a uma “ela” que disse isto ou um “ele” que fez aquilo, até chegarmos à elipse de uns poemas do Inverno de 1939-40 que vêm datados apenas “Cadeia do Aljube”, sem mais. Acontecimentos como o casamento ou uma guerra mundial também surgem em brevíssimas alusões, quase não se dá por eles. A vontade de uma “cifra”, se manifesta um pudor, também sugere um tumulto. Por isso, Torga queixa-se, a propósito de Gide, aliás um dos grandes diaristas contemporâneos, de uma “plenitude” que lhe é estranha. E ao descrever uma noite mal dormida fala de “um sono inquieto, meu”, como se até o sono assumisse as características do homem.

Se Torga desmerece o diário, não desmerece por completo a vida. Uma vida que não é tanto Coimbra (“não presta, nunca deu nada esta Coimbra”), nem a Europa pela qual viaja fascinado e distante, antes os regressos regulares a São Martinho de Anta, “o chão que os meus pés sabem pisar”. Tudo o que é evanescente ou hipócrita em literatura ou na sociedade, é verdadeiro entre fragas e penedos. Uma verdade bruta, animal, que o diarista observa enquanto médico, parente ou vizinho. É a verdade dos partos complicados, das doenças abjectas, das velhices moribundas, a verdade de ir à caça e de lavrar a terra, a verdade da pobreza, do “pragmatismo camponês”, da vox populi. E nisso a paisagem física e humana são incindíveis, de modo que Torga admite que não entende um português nascido numa terra portuguesa que ele não conheça.

Noutra entrada, a propósito de um poema de Goethe e de um reencontro com os pais, o diário usa a expressão “Weimar em Trás-os-Montes”. Aquele “eu” leitor do “Monte dos Vendavais” e de Dostoiévski, homem com estudos e com mundo, é antes mais um natural daquela terra, daquele paraíso granítico. “Preciso disto”, escreve Torga, do pasmo face à natureza, da compaixão na angústia, da ternura condoída com que fala dos seus: “Minha Mãe olha-me aflita, inquieta, cansada do meu cansaço. Meu Pai, esse, sofre sem dar sinal do que lá vai por dentro.” O “localismo” em literatura parece-lhe uma necessidade, uma evidência até, mas também uma insuficiência, uma estética limitada, mais marco geodésico do que história universal.

Em “Diário I”, quase todos os ímpetos identitários, os egotistas como os colectivos, são reduzidos à insignificância. Quando Torga enumera os pertences que leva consigo numa viagem (uma gabardina, um pijama, uma pasta dentífrica, um pente), conclui que “um homem é pouca coisa”. E o mesmo se diga das multidões com quem se cruza, vidas singulares e especiais, mas transitórias e anónimas. Uma “desilusão crónica” atravessa estas páginas, um desespero empático, bem como um agnosticismo nostálgico de “um destino extrabiológico” que leva Torga, numa trovoada, a pensar em Santa Bárbara e não em Benjamin Franklin. E cita então uma frase exemplar e feroz do biólogo Jean Rostand: “O homem é conduzido pelo espírito a um sofrimento que está muito acima da sua condição.”

Cheguei ao “Diário” na adolescência, mais ao menos na altura em que conheci Torga, levado pelo meu pai ao caótico consultório do Largo da Portagem. Durante anos, descrevi os meus infaustos estudos jurídicos usando a fórmula com que começa o “Diário I”: “Passo por esta Universidade como cão por vinha vindimada. Nem eu reparo nela, nem ela repara em mim.” E agora que escrevo, quase diariamente, há vinte e tal anos, volto ao diário e sublinho este diálogo com o pai sobre cavar uma terra infértil: “Mas porque é que se cava também isto?”, pergunta Torga. “E ele, como quem sabia uma verdade eterna: — Para se acabar o dia.

Pedro Mexia. Para acabar o dia- E-Revista Expresso, Semanário#2516, 15 de janeiro de 2021


sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Palavras que falam sobre a nossa relação com os ecrãs




Conhece o sentido destas palavras: 


   phubbing
              smomby
                       fomo
                            atasagorofobia
                                               nomofobia





Ouça esta edição do podcast Ouvido Crítico do MILObs:





Manuel Pinto, Sara Pereira e Joana Fillol, com apresentação de Noémia Gonçalves

22 de dezembro de 2020




quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Plano de Transição Digital na Educação

 


Sessão com professores bibliotecários e estrutura RBE: check-in, capacitação digital dos docentes e PAADE




quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Fake news na ciência | Como se espalham e como evitá-las

 


Sabia que a maior parte das notícias falsas só circula por aí porque as pessoas que conhecemos passam adiante sem confirmar se são verdadeiras ou mentirosas?

A história em quadrinhos ilustra como as fake news sobre ciências se espalham e o que podemos fazer para evitá-las.





Por Isabelle Couto, Laura Oliveira, Samilly Melo, Tássio Santos, Thayanny Campos - Estudantes de jornalismo do Centro Universitário de Belo Horizonte, orientados pela jornalista da Minas Faz Ciência Lorena Tárcia


Fonte:

[HQ] Os impactos das fake news na divulgação científica. Minas faz ciência, 28 de dezembro de 2020


Afinal, o que são fake news?

 





Você deve conhecer a história do Pinóquio, o boneco de madeira que sonha em transformar -se num menino de verdade. Cada vez que mente, o nariz dele cresce. Também tem o Lobo Mau, que finge ser a avó da Chapeuzinho Vermelho, mas acaba desmascarado. Esperto, mesmo, é o Gato das Botas, que, para escapar de ser comido, convence até o rei de que o seu dono é um homem rico, o tal Marquês de Carabá.

Dos livros à realidade, talvez você já tenha ouvido falar das fake news. O termo, em inglês, significa “notícias falsas”. Na internet, elas espalham-se com velocidade inacreditável, especialmente nas redes sociais digitais.

Mas as fake news não são apenas mentiras! Elas podem ser criadas com a intenção de confundir as pessoas ou de fazê-las acreditar em algo – assim como fez o famoso gato, nos contos de fadas, para se safar.

“Na maior parte das vezes, uma notícia é apresentada como se fosse correta, para parecer que foi criada por uma fonte confiável, como a ciência ou o jornalismo”, observa Geane Alzamora, professora do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG

E o que uma pessoa, ou um grupo de pessoas, que produz notícias falsas pretende?

“Querem que você acredite em algo que não é exatamente verdadeiro, mas que julgam importante”, afirma Geane.

Em geral, há uma intenção por trás disso: ganhar audiência ou fazer com que outras pessoas pensem como elas, para ganhar votos numa eleição, por exemplo.

“Então, antes de acreditar em tudo o que chega pela internet – num grupo de WhatsApp de amigos ou de familiares, ou numa rede social mais ampla, como Facebook e Instagram –, é muito importante verificar essa informação”, orienta a professora.

Não se deixe enganar

Confira outras dicas da professora Geane Alzamora, para que você não caia em armadilhas perigosas

  • “Se você está em dúvida se determinada informação é falsa ou verdadeira, não a partilhe com outras pessoas. Primeiro, pergunte a um adulto em quem confia se um canal do Youtube é confiável, ou se o link em que clicou é adequado para sua idade, por exemplo.”
  • “Caso não tenha um adulto por perto, acesse o Google. Você pode digitar, e até mesmo usar o comando de voz, para procurar o título da notícia ou uma palavra-chave, e descobrir o que já foi dito sobre determinado assunto. A maior parte das informações grosseiramente falsas é desmentida em vários links que aparecem na busca pela internet.”
  • “Não é correto produzir uma informação falsa com o objetivo de prejudicar os outros. Assim como não devemos falar mal de alguém que não está presente para se defender, não devemos compartilhar mensagens ou vídeos que possam deixar um colega envergonhado. Isso também é considerado bullying.

Alessandra Ribeiro, Minas faz ciência, 7 de janeiro de 2021

Mitos e factos sobre desinformação

 






O Google anunciou o lançamento de uma nova página de enfrentamento às notícias falsas, a “Mitos e Factos”. O site é dedicado a reunir explicações sobre o modo como a empresa atua no combate à desinformação e faz parte de uma campanha que conta com um site semelhante, lançado em outubro, sobre o YouTube.





👉 Saiba mais em: http://g.co/googlefatos

Mito: utilizar máscaras reduz o oxigénio no cérebro

 





Maratona de cartas: é fácil ser ativista

 





Ser ativista é fácil. Basta participar no maior evento de ativismo do mundo, organizado pela Amnistia Internacional: a Maratona de Cartas.

O processo é simples: é só escrever uma mensagem de apoio que será enviada, através da Amnistia Internacional, a uma pessoa em perigo ou privada injustamente da liberdade e assinar uma petição online dirigida a entidades governamentais de todo o mundo, apelando ao cumprimento dos Direitos Humanos.

Este ano, a nossa escola participou novamente nesta iniciativa. Devido às contingências do covid19, a maior parte das turmas redigiu as mensagens e assinou as petições em contexto de sala de aula.




12 de janeiro, a maratona em sala de aula






8º ano, dia 12 de dezembro. Biblioteca





2º A-TAS, dia 7 de janeiro. Biblioteca 


Coleção da Biblioteca | Novas Aquisições

 








Revista Minas faz Ciência |

 


Edição 2020


Edição 2019




Edição 2018


Todo o mundo é um palco

 



Criado com o Padlet



sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Ebook | Literacia, media e cidadania

 

    Título: Livro de Atas do 2º Congresso Literacia, Media e Cidadania
    Coordenação: Sérgio Gomes da Silva e Sara Pereira
    Editor: Gabinete para os Meios de Comunicação Social
    2014

 

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Intervenção de Pedro Berhan da Costa, 
Diretor do Gabinete para os Meios de Comunicação Social

Se a literacia para os media já era uma condição de cidadania antes da emergência da sociedade de informação, certo é, que no actual contexto de intensa revolução tecnológica e digital, em que os media, sobretudo os novos media, se tornaram omnipresentes na nossa vida individual e colectiva, esta literacia constitui, permitam-me a metáfora, uma verdadeira condição de “sobrevivência” e de conservação da “sanidade mental” para quem pretenda manter-se actualizado, atento, activo e participativo em termos sociais. 
 
Com efeito, a avalanche de informação a que estamos permanentemente sujeitos e a capacidade praticamente generalizada e imediata de autoria de conteúdos por parte dos cidadãos comuns impõem, sob pena de perda de racionalidade, a aquisição de um conjunto de competências a que se convencionou chamar Literacia Mediática. 
 
Literacia essa que inclui: 
 
 Saber procurar, guardar, arrumar, partilhar, citar, tratar e avaliar a informação pertinente, atentando também à credibilidade das fontes; 
 
 Compreender criticamente os media e a mensagem mediática, no sentido de perceber quem produz, o quê, porquê, para quê, por que meios; 
 
 Expressar e comunicar ideias através do uso criativo e responsável dos media, exercendo uma participação cívica eficaz. 
 
Na realidade, estas temáticas da literacia, dos media e da cidadania que aqui nos juntam contêm uma relação indissociável com o conceito de liberdade. 
 
Se compararmos a infra-estrutura em que consiste a internet a uma imensa rede de autoestradas, a verdade é que, mesmo que tenhamos à nossa disposição um automóvel de elevada potência, só teremos condições para a percorrer se soubermos conduzir. 
 
Isto é, a liberdade, neste caso a de circulação, está, desde logo, dependente da competência de guiar e de definir e alcançar destinos. Da mesma forma, a liberdade para o exercício pleno da cidadania está, em absoluto, dependente das competências que acima enunciei quando me referi à literacia mediática. (pp.14-15).