segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

As bibliotecas na educação mediática



O Bibliotecário mediático apoia o professor a navegar por plataformas e fontes de informação


Nas aulas remotas ou no dia a dia de uma biblioteca, a atuação conjunta garante diversidade de olhares e amplia meios para acompanhar a aprendizagem. 


Se, para si, a palavra biblioteca é sinónimo de estantes enormes, carregadas com os mais diversos livros, e permeada por sinais de “não faça barulho”, está na hora de rever os seus conceitos. Que tal pensar nesses lugares como centros de recursos, com mesas equipadas com computadores, laboratórios de pesquisa e espaços dedicados à construção conjunta do conhecimento? Parece impossível? Isso porque os espaços equipados são apenas parte da equação, que também é composta por profissionais formados e com o conhecimento necessário para guiar professores e alunos nessa nova experiência de biblioteca.

Os bibliotecários, profissionais especialistas em gerir informação e conhecimento, estão a passar por uma verdadeira mudança do exercício da profissão. Agora, mais do que nunca, eles precisam de ampliar essa curadoria que já realizam e incluir no seu trabalho a compreensão, entendimento e conhecimento de ferramentas digitais, para que a sua atuação seja possível num mundo onde o digital está sempre presente.

“Eu diria que muitos bibliotecários ainda estão ‘fossilizados’ na sua zona de conforto, no formato antigo de bibliotecas. É verdade que, no contexto brasileiro de bibliotecas públicas e escolares, há muita limitação ou, às vezes, até mesmo inexistência de recursos tecnológicos. Mas hoje, quando grande parte dos alunos tem um ‘smartphone’ na mão, a falta de recursos na biblioteca não pode mais ser usada como justificação”, afirma Soraya Lacerda, facilitadora do EducaMídia e coordenadora do Makerspace na Casa Thomas Jefferson, em Brasília (DF).




Crédito: Estêvão Zilioli/Educamidia | Soraya Lacerda: O bibliotecário é um facilitador, 
que dá ideias, leva soluções, ajuda o professor a desenhar as suas atividades


Para Soraya, a mudança do modelo mental que precisa acontecer nesses profissionais é grande, mas encará-la como possibilidade de trazerem elementos diferentes, inovadores, inusitados e relevantes para professores, alunos e demais frequentadores desses espaços pode ser uma forma de tornar o processo mais suave. A especialista já coloca essa visão em prática na espaço educacional Casa Thomas Jefferson, juntamente com Wander Martins Filho, bibliotecário coordenador e educador maker na Casa e facilitador do EducaMídia.

Segundo ele, 

no contexto de sociedade da informação hiperconectada, um bibliotecário mediático precisa não só de ter ciência sobre a quantidade e variedade de fontes e suportes de informação que existem, mas também ter a fluência necessária para navegar por essas múltiplas plataformas, seja no meio tradicional, o livro, ou no ambiente digital. “O bibliotecário precisa de estar alfabetizado em relação à informação, ou seja, ter esse letramento, senso crítico e fluência digital. Ele deve ser uma pessoa conectada, capaz de construir conteúdos, de participar do que está acontecendo no mundo e de entender como intervir para contribuir com a produção e com curadoria de informação.”


O conhecimento digital enquanto letramento

Mas, afinal, o que significa ter essa fluência no meio digital e esse letramento que Soraya e Wander mencionam? A compreensão fica mais fácil ao levar em consideração que os bibliotecários podem atuar num verdadeiro leque de posições: em escolas, bibliotecas públicas ou em instituições que exigem informações especializadas.



Crédito: Estêvão Zilioli/Educamidia | Wander Martins: O Bibliotecário deve ter familiaridade 
para descobrir novas ferramentas digitais e se adaptar às noviidades.


“Na biblioteca escolar, ele pode fazer a curadoria para formação de professores ou contribuir para educação mediática e fluência digital dos alunos, entendendo e criando ambientes digitais seguros, mecanismos e técnicas de busca. Numa biblioteca pública, há pessoas que precisam das informações mais diversas, então ele deve saber diferenciar dados relevantes sobre saúde para pessoas da terceira idade, por exemplo, ou de classificados para quem procura emprego, ou sobre direitos laborais. Existe uma diversidade de serviços que esse bibliotecário pode oferecer, mas ele precisa ter fluência, repertório, flexibilidade e capacidade de navegar e fazer curadoria, para que consiga contribuir de forma significativa”, explica o coordenador.

Maria Victória Oliveira. Bibliotecário midiático apoia professor a navegar por plataformas e fontes de informação, Educamidia, 21 de agosto de 2020

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