terça-feira, 29 de dezembro de 2020

O futuro do futuro

 

Inteligência artificial quântica para formular a Teoria de Tudo








Os físicos acreditam que até ao fim do século um computador será capaz de formular uma teoria unificadora de todas as leis da Física, mas os seres humanos podem não a compreender.



A (falta de) caracterização da matéria escura e da energia escura, que são a maior parte do universo, intrigam a comunidade científica. Acreditamos que temos hipóteses de sondá-lo usando a tecnologia quântica.” Maria Spiropulu, investigadora do Instituto de Tecnologia da Califórnia, confirma, em declarações ao Expresso, a possibilidade levantada por Stephen Hawking, em 1980, segundo a qual seriam os computadores a completar a Teoria de Tudo. Não será para cedo, mas alguns físicos acreditam que a meta vai ser cortada algures no final do século.

Falta fechar o círculo no entendimento da Física, já que ainda não foi possível conciliar a gravidade e a mecânica quântica. A Física moderna assenta em dois grandes postulados: a teoria quântica de átomos e partículas subatómicas, e a teoria da gravidade de Einstein, conhecida como Relatividade, que descreve estrelas, galáxias e todo o universo. As estrelas, compostas por átomos, deveriam ser descritas, em teoria, pelas mesmas fórmulas, mas há pontas soltas que ainda não foram compreendidas.

Para Jesse Thaler, investigador da área de Física de partículas no M.I.T., há “evidências avassaladoras” de que haverá mais matéria no universo além da visível e já catalogada. “A matéria escura não pode ser vista, mas pode ser inferida pela influência gravitacional na matéria visível. A matéria escura é a prova mais consistente de que falta algo nas leis fundamentais da Física, pelo que identificá-la será crucial nas próximas décadas para construir a Teoria de Tudo.”

Seth Lloyd, engenheiro mecânico e especialista em computação quântica no M.I.T., ainda se assume cético de que a Teoria de Tudo seja alcançada através de inteligência artificial. “Não temos nada próximo desta inteligência artificial quântica”, reconhece o investigador. No entanto, Seth Lloyd também explica que os computadores quânticos poderão, em teoria, executar uma variedade de tarefas, como a “análise de dados, problemas de classificação e de sistemas não lineares complexos”, com “muito mais eficiência do que a inteligência artificial clássica”.

Maria Spiropulu lembra que a comunidade científica hoje acredita que as leis fundamentais da Natureza e as origens do espaço-tempo são quânticas. “Uma Teoria de Tudo faria uma ponte entre a física quântica e a física gravitacional de uma estrutura. Podemos sondar melhor esta teoria usando as vantagens quânticas.” Não existe ainda tecnologia com tal robustez, e Edward Witten, do Institute for Advanced Study, de Princeton, defende que a verdadeira questão é se é realmente “possível construir uma máquina capaz de pensar de forma independente sobre a física”. O investigador consegue, no entanto, imaginá-la e projetar um cenário, no final do século XXI, em que a tecnologia exista.

Os cientistas levantam a questão de que, a ser concebida por máquinas, a Teoria de Tudo pode não ser inteligível para os seres humanos, mas Jesse Thaler salienta que o avanço científico “só tem valor” se os humanos o puderem compreender. “A inteligência artificial desempenhará um papel na descoberta deste mistério, mas, neste momento, a ingenuidade e a criatividade humana são necessárias para fazer as perguntas certas para que a inteligência artificial procure as respostas. O que está neste momento a impedir que a tecnologia consiga a Teoria de Tudo é a incapacidade humana de fazer a pergunta certa, por ainda a desconhecer. Mas esse avanço será feito numa colaboração entre o cérebro humano e a máquina.”

Catarina Maldonado Vasconcelos. Expresso, Semanário#2513, 24.12.2020

Relatório Cibersegurança em Portugal – Sociedade

 




Relatório Cibersegurança em Portugal – Sociedade, do Observatório de Cibersegurança, do CNCS. Edição de 2020






O documento em causa apresenta indicadores sobre o fator humano ligado à cibersegurança, nomeadamente as atitudes, os comportamentos e a educação e sensibilização dos indivíduos e das organizações, em Portugal. Analisa os números atualizados sobre estas matérias, recorrendo a fontes abertas ou recolhendo dados diretamente junto dos agentes sociais. Realiza ainda uma análise global, que permite estabelecer uma panorâmica sobre os pontos fortes e os pontos fracos dos indivíduos e das organizações quanto às boas práticas de cibersegurança.

O Relatório procura também articular as conclusões com o contexto atual de pandemia. Assim, e com base na análise efetuada ao conjunto de indicadores apresentados, é possível afirmar que os indivíduos e as organizações, em Portugal, não têm ainda os níveis de atitudes e comportamentos suficientemente adequados para a melhor proteção possível contra as ameaças do ciberespaço, comparativamente à média da UE. Não obstante, os dados absolutos e as tendências anuais são, em parte, positivos. Além disso, a educação e a sensibilização têm vindo a melhorar em alguns aspetos, apresentando indicadores também mais favoráveis, o que demonstra um potencial de crescimento noutros domínios.

As conclusões deste Relatório permitem ajudar a melhorar os conteúdos e as estratégias de educação e sensibilização, no ensino formal e informal, mas também no que diz respeito à operacionalização do Quadro Nacional de Referência para a Cibersegurança e do Roteiro para Capacidades Mínimas de Cibersegurança, documentos do CNCS.

Centro Nacional de Cibersegurança

+Leitur@s | 1984

 



1984
Fido Nesti (a partir de George Orwell)
Alfaguara, 2020
226 págs.
Banda desenhada


Adaptar para a banda desenhada o romance de George Orwell seria sempre uma audácia, sobretudo quando existem três filmes (1954, 1956 e 1984) que tanto contribuíram para plasmar no imaginário coletivo uma concretização visual da narrativa orwelliana. 

Nesta versão, o autor brasileiro Fido Nesti não foge do texto de Orwell, usando narrativa e diálogos sem grandes alterações, mas faz um trabalho exemplar de redução do verbo ao essencial e constrói uma narrativa que mantém o enredo original sem prescindir do gesto de criação que faz deste novo livro uma obra notável. A linha clara do autor é aqui enriquecida por texturas que se sobrepõem, jogos de sombra e um domínio apurado do uso de diferentes planos. Acrescente-se uma paleta cromática soturna e bem delimitada, entre sépias, cinzentos e alguns vermelhos, ganhando intensidade em momentos-chave (o episódio da tortura de Winston Smith é disso exemplo). Entre máquinas para controlar o pensamento, paisagens urbanas sufocantes e quotidianos que só escapam à opressão se viverem miseravelmente, Nesti cria uma gramática visual tão coerente que consegue estender os sentidos do texto de Orwell em direções imprevisíveis. 

Numa narrativa visual rica em pormenores, Nesti recria uma sociedade onde o controle do Estado e o apagamento da individualidade são estruturantes, mas o que mais fortemente atravessa esta banda desenhada é a desolação, profunda e capaz de macular constantemente quaisquer traços de humanidade. Não há leveza, ternura ou compaixão que sobrevivam, o que faz deste um livro devastador, mas pelo tanto que incita à reflexão e ao questionamento é de uma devastação comovente que se trata: a empatia aniquilada no mundo erguido pelo Grande Irmão não deixa de nascer a cada vinheta, através da implicação direta do leitor. E talvez esteja na empatia a chave para evitar cenários distópicos.

Sara Figueiredo Costa. E-Expresso Revista, Semanário#2513, 24.12.2020

Crónica | Teorias da Conspiração?

 

Imagem: Pixabay



TIK TOK, 5G, COMPUTADORES QUÂNTICOS, SUPERSOLDADOS... A REALIDADE NÃO PRECISA DE TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

P

erez Hilton (não confundir com a loura e gostosa Paris) chegou a ser um fulaninho poderoso. Surgiu na época áurea dos blogues, nos idos de 2010, e chegou a fazer frente a Angelina Jolie e outras estrelas de Hollywood com o boataria e dichotes viperinos por si escritos. Era temido. Ele próprio se tornou uma personalidade, vítima de escandaleira, mas seguiu sendo a cruela gay que todos temiam. E chegámos ao agora. Hilton, filho de cubanos e nascido Mario Armando, tinha feito a transição para as várias redes sociais mantendo o sucesso, mas esbarrou no Tik Tok – a rede social de jovens e vídeos curtos e estrelas desconhecidas. Acabou banido sem ter feito nada de infame. Garantiu num vídeo choroso, que se tinha moderado porque sabia que hoje as suscetibilidades eram diferentes. Hilton, à falta de festas para comentar em Hollywood, decidiu analisar as estrelas do Tik Tok, como Charli D’Amelio, uma miúda dos subúrbios de Connecticut que faz vídeos de segundos, a dançar ou a fazer caretas e tem 103 milhões de seguidores. Terá dito que não achava normal que uma miúda de 15 anos se expusesse com tão pouca roupa. Ora o que se decidiu é que quem estava a mais no Tik Tok era um quarentão a fazer este tipo de comentário. “Ele não pertence aqui, que vá para o Facebook.” Charli, a ditadorazinha, atirou a ira dos seus seguidores contra o velhadas Perez em histeria. As denúncias da conta deste foram tantas que o Tik Tok o baniu em definitivo. Assustador. Aquela rede é só deles, de milhões de adolescentes e da sua moral. Assente numa aplicação chinesa. Que sobreviveu nos EUA ao Trump que a queria em mãos americanas e nos últimos meses teve mais adesões do que a afamada Zoom. Isto é um bom arranque para quem queira ligar pontos e fazer uma teoria da conspiração. Os chineses têm na sua posse dados de centenas de milhões de adolescentes. Bravo.

Alguém disse que as guerras do Trump com a China eram as certas. Mas o modo como as fez foram completamente erradas. Houve ali um momento que entre escolher Trump ou a China me deixou confuso. Mas este dezembro tem sido fértil em notícias (ou deliberadamente não noticiados? Alô conspiracionistas, atenção!). Eis o que li sobre a China este mês. Dia 5 calhou uma notícia tipo filme da Marvel. Investigadores de uma universidade chinesa garantem ter construído um computador quântico que consegue fazer cálculos em 200 segundos que demorariam dez mil anos num computador normal. É um trilião de vezes mais rápido que outros supercomputadores já existentes — como o Sycamore da Google. Estou a citar de um jornal português e espero que os “triliões” estejam corretos, mas enfim, se forem biliões também não está mal, não senhor. Não é que este computador possa já ser aplicado a tarefas específicas. Mas mostra onde a China está. E na minha escala, isto é do caraças.

Sigamos as notícias. Há meses que a Huawei clama que é totalmente independente do Governo chinês e que os receios quanto a ser a detentora da rede 5G na Europa são infundados. Também aqui a Administração Trump teve uma aproximação de puto bruto no recreio com ameaças à Europa. Mas parece evidente que entregar o 5G aos chineses é uma ideia triliões de vezes pior do que, sei lá, nós darmos-lhes a REN — a Rede Elétrica. E digo isto não porque a tecnologia não seja bestial (na minha escala), mas porque é uma empresa chinesa e porque o Estado chinês é o Estado chinês. Mandou a Huawei fazer uma tecnologia de Inteligência Artificial (IA) para reconhecimento facial de deteção de Uigures (a minoria muçulmana perseguida) — algo que a empresa sabe que irá ser utilizado contra os Direitos Humanos. E a Huawei fez. Pode ler no “Washington Post” de 8 de dezembro num extenso artigo sobre os “Alarmes Uigures” da Huawei. A Huawei não irá mandar coronavírus pela rede 5G. Acho que podemos estar descansados. Mas quando Xi mandar ajoelhar, quem duvida que a Huawei ajoelhe?

Isto não é uma teoria da conspiração. São notícias. Vou chutar três: “A China está a conduzir testes biológicos para criar supersoldados, garante espião americano” (“The Guardian”, 4 de dezembro). Já vimos filmes mauzitos nos anos 80 de Van Damme com este argumento. Mas 2020 é o ano da cena. No mesmo jornal a 15 de dezembro: “China está a acelerar o seu programa de modificação do tempo — e devemos estar preocupados”, onde se explica como um megaprojeto para fazer chover e nevar e controlar as condições meteorológicas pode levar a devastação nos países vizinhos mas também ser usado de forma militar.

Já sou lelé que baste para embarcar em teses alucinadas. Chega a verdade para me acagaçar. E a verdade é que a China é um hoje um grave problema que deve ser encarado de forma coordenada pelas democracias ocidentais, que ignoraram o que se passou em Hong Kong enquanto estávamos confinados. Só precisei de notícias de dezembro para o demonstrar. Uma superpotência tem os dados pessoais e gostos e ansiedades dos miúdos ocidentais organizados em IA, deseja controlar a net do mundo com o 5G, tem o computador mais rápido de sempre e está a criar supersoldados e controlar a meteorologia. Isto era suposto assustar. Nem precisa de teorias sobre ter criado o coronavírus em laboratório para destruir as economias ocidentais — embora a ser verdade desse um belo toque unificador a esta história — para estar quase a tomar conta disto à frente de todos sem precisar de conspirações ocultas.

Luís Pedro Nunes. Fiem-se na China. E-Revista Expresso, Semanário# 2513, 24 de dezembro de 2020


domingo, 27 de dezembro de 2020

2020, o ano da ciência

 





S

téphane Bancel estava na Suíça, em janeiro, quando ouviu falar do novo coronavírus. O engenheiro bioquímico francês de 48 anos foi rápido a ligar para o N.I.H., o instituto público americano com quem a sua empresa, a Moderna, colaborava há anos com o objetivo de desenvolver vacinas com uma tecnologia disruptiva.

Na mesma altura, um casal de investigadores alemães (os dois filhos de imigrantes turcos) discutiam ao pequeno-almoço, num modesto apartamento em Mainz, um artigo saído numa revista científica sobre a covid-19. Ugur Sahin e Ozlem Tureci trabalhavam há anos com RNA mensageiro (mRNA) com o objetivo de combater o cancro. Decidiram que deviam direcionar todos os esforços para uma vacina.

Quase em simultâneo, cientistas que se dedicavam há anos a investigações em que a maioria dos seus pares não acreditava, lançaram-se por caminhos diferentes na descoberta de vacinas. Não só as mais rápidas do mundo — o ‘recorde’ anterior pertencia à da papeira, desenvolvida em quatro anos — como as primeiras da história que não assentam no uso de vírus atenuados ou adormecidos. 

Há poucas dúvidas sobre como 2020 será recordado. Será o ano da pandemia de covid-19. Mas, em rigor, a maior novidade que 2020 nos trouxe não foi um vírus nem uma pandemia, mas a mais espetacular e coordenada resposta científica da história, feita em várias frentes e com pelo menos duas vacinas assentes numa tecnologia que pode mudar a medicina para sempre.

Nada disto teria sido possível se não existisse tecnologia pronta a ser testada, que só se manteve à tona na última década graças a esforços académicos, investimentos estatais, financiamentos de mercado e apostas de capital de risco, sem que houvesse uma perspetiva tangível de obtenção de um remédio ou vacina de mRNA.

As novas vacinas surgiram em poucas semanas, a existência de muitas infeções facilitou a testagem, os governos eliminaram barreiras administrativas e riscos financeiros (fazendo encomendas) à velocidade da luz. A Moderna aproveitou o financiamento do Estado americano, os alemães preferiram dar o braço às “Big Pharma”, via Pfizer. Outros laboratórios seguiram caminhos mais clássicos. Muitos com sucesso.

Para mim, 2020 foi e será o ano da ciência.

Ricardo Costa. E-Revista, Expresso. Semanário#2513, 24 de dezembro 2020

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Somos nós que decidimos o nosso futuro

 

#ÉPossível







Num mundo à beira da história, nós temos uma oportunidade para o melhorar.
Mas só se decidirmos que é possível.

Mais uma vez, levamos o nosso mundo à beira do abismo. As pessoas estão doentes, o planeta está queimando, os nossos sistemas chegaram aos seus limites. Num mundo despedaçado, perguntamos, e agora? Tempos de crise podem agir como catalisadores. A história mostrou que podemos trabalhar juntos para melhorar, por meio de cooperação internacional, podemos recuperar dos desastres e prosperar novamente.

Hoje, temos uma oportunidade. Temos que decidir priorizar a humanidade em vez dos interesses nacionais. A menos que todos nós estejamos seguros, nenhum de nós está seguro. Devemos trabalhar juntos como um só mundo para enfrentar os desafios que definirão a nossa geração.

Estamos num período histórico crucial - temos a oportunidade de construir um mundo melhor juntos, neste momento - é possível.


Somos nós que decidimos o nosso futuro!


Nações Unidas





À medida que o coronavírus transforma as nossas vidas, pessoas de todo o mundo estão em busca de informações sobre como manter-se seguras, esperançosas e a ajudar-se umas às outras.

O mundo só pode conter o vírus e os seus efeitos se cada pessoa tiver acesso a informações precisas e confiáveis. Verificado é uma iniciativa das Nações Unidas que vai direta ao assunto quando se trata de conteúdo em que podemos confiar: informações que salvam vidas, orientações baseadas em factos e histórias do melhor da humanidade. Procure pelo símbolo de dupla verificação.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Boas Festas | RBE

 


    "Bad libraries build collections, good libraries build services, great libraries build communities."
     R. David Lankes



Ensaio sobre a dádiva

 

Que coisa são as nuvens

Por José Tolentino Mendonça









O MIÚDO FICOU ALI POR MUITO, MUITO TEMPO, OBSERVANDO O ESPAÇO E A NOITE PROFUNDA COM BILIÕES DE LUZINHAS BRANCAS QUE CINTILAVAM



Seria importante, é claro, que o Natal não ficasse reduzido à sua expressão sociológica, mas para isso precisamos iluminar criticamente algumas das nossas práticas. Um texto referencial do século XX, o “Ensaio sobre a Dádiva”, de Marcel Mauss, deixou explicado que o fio condutor de todo o sistema de trocas é a noção de “aliança”. Para Mauss, a argamassa concreta das sociedades é essa constante transação do dar-e-receber e do receber-e-retribuir. Ora, uma manifestação sazonal desse postulado são as prendas de Natal. Lidamos, no fundo, com elas como dispositivos simbólicos capazes de produzir ou de sedimentar alianças, e de fazê-lo talvez mais eficazmente (ou, pelo menos, mais rapidamente) do que outros fatigantes recursos existenciais que experimentamos. Mas felizmente o exercício da dádiva rompe por vezes com o básico esquema binário. O dom nem sempre se esgota na previsibilidade da troca: pode tornar-se uma atividade pura, uma excedência que transcende o cálculo. É o próprio Marcel Mauss que recorda que a dádiva reclama a disponibilidade para, em algum momento, cedermos ao outro uma parte de nós mesmos.

Um dos mais inesquecíveis contos de Natal foi escrito por Ray Bradbury creio que para dizer isso. A cena passa-se a 24 de dezembro de 2052, numa nave espacial, a caminho de Marte, quando essas viagens se tornaram populares. Um casal nova-iorquino leva o filho pequeno pela primeira vez nesse vaivém interplanetário. No terminal terrestre surge, porém, um contratempo aborrecido: traziam uma árvore de Natal com belas luzinhas brancas e um presente para o filho (sabiam já que passariam o Natal algures no espaço, ainda distantes do seu destino), mas na alfândega os funcionários mostraram-se intransigentes. A mãe estava inconsolável, o pai furioso, mas decidiram não partilhar essa notícia com o rapaz. Embarcariam e alguma ideia lhes ocorreria. Com este pensamento adormeceram na nave. 

Era quase meia-noite — pelo menos os relógios regulados pela hora de Nova Iorque assim o diziam — quando o miúdo os acordou: “Quero ver o espaço através da escotilha... Quero saber onde estamos.” A escotilha era o único óculo da nave, uma janela ampla de cristal com uma espessura impressionante. Mas o pai, que não parara de matutar na árvore de Natal e no presente apreendidos, trava o filho: “Deixa-me ir primeiro tratar de um assunto e venho depois buscar-vos.” E continuou: “É que faltam 30 minutos para o Natal.” A mulher olhou-o atónita, sem compreender. O miúdo vibrou: “Sim, sim. Mal posso esperar pela árvore que me prometeram e pelo presente.” Os olhos da mãe redobraram de aflição, mas o pai levantou-se e subiu em direção à ponte. Deixou-os a sós cerca de 20 minutos e regressou a sorrir: “Vamos. É quase hora.” Percorreram um corredor até estacionar perante uma porta fechada. O pai bateu três vezes, e depois duas, segundo um sinal previamente combinado, e, quando a porta se abriu, alguém apagou as luzes da cabina. “Entra, filho” — disse o pai. “Está escuro” — retorquiu o rapaz. “Segura as nossas mãos.” E assim foi. Entraram naquele compartimento. Estava realmente muito escuro. Diante deles apenas o grande óculo de cristal através do qual podiam olhar a vastidão. No compartimento às escuras uma voz, que não a deles, começou então a entoar uma velha canção ligada à quadra. “Bom Natal, meu filho” — sussurrou-lhe o pai. O miúdo avançou lentamente até colar a cara ao cristal frio da escotilha. E ficou ali por muito, muito tempo, observando o espaço e a noite profunda com biliões de luzinhas brancas que cintilavam.

E-Revista, Expresso, Semanário #2512, 18 de dezembro de 2020

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

e-Book | Portugal Digital

 




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O Portugal Digital é um plano de ação desenhado para ser o motor de transformação do país. Como? Através da capacitação digital das Pessoas, da transformação digital das Empresas e da digitalização do Estado. Tem como propósito acelerar Portugal, sem deixar ninguém para trás, e projetar o país no mundo.



eBook | Migrações e sustentabilidade demográfica

 





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Sinopse

Este livro apresenta os resultados do projecto de investigação “Migrações de substituição e sustentabilidade demográfica: perspectivas de evolução da sociedade e economia portuguesas” (MIGSUB). Este projecto foi elaborado por uma equipa multidisciplinar, integrando investigadores da Universidade de Lisboa (ISEG e IGOT), ISCTE‑Instituto Universitário de Lisboa, Universidade de Aveiro e Instituto Politécnico de Castelo Branco.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Natal | Feito à mão na Biblioteca

 




 


 






CNL2021 | Obra selecionada para o Ensino Secundário

 



   Título: O Enigma de Salomé
   Autor: Nuno Júdice
   Editor: Editorial Teorema
   Nº. páginas: 149
   Ano: 2007


É um dos episódios que os Evangelhos registaram e imortalizaram na nossa cultura. Nele se juntam todas as paixões que levam o homem ao excesso: o adultério, o incesto, a embriaguez de uma noite de festa em que Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande, perde a consciência e manda executar o profeta João Baptista, que anunciara a vinda de Jesus, para agradar a um capricho de Herodíade, a mulher que roubara ao irmão para se casar com ela, num acto que João Baptista condenara nos seus sermões. Mas a figura que emerge desta sequência que também o historiador hebraico Flávio Josefo, quase contemporâneo destes acontecimentos, regista nas suas obras, é Salomé, cuja dança em frente de Herodes motiva o pedido fatal. É o que basta para a transformar num dos grandes ícones da pintura, da música e da literatura de todos os séculos que se seguiram.

Sinopse da Editora


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Em foco está, como não podia deixar de ser, a história da tentadora bailarina que, alegadamente por despeito, teria exigido (e obtido) a cabeça de João Baptista, conforme glosado, através dos séculos, por artistas como Oscar Wilde ou o compositor Massenet. Mas este é apenas o ponto de partida. O que Nuno Júdice nos oferece é um belíssimo livro sobre a volúpia da procura e as inúmeras faces do desejo, conforme se pode ler neste excerto: «No fundo, o que ele me queria dizer era que ambos vivíamos da procura, e que por muito que encontrássemos o objecto que sonhávamos, logo nos cansaríamos dele para começar uma nova procura. O que ele fazia era viajar entre Salomé e Herodíade, como se cada uma delas o obrigasse a partir em direcção à outra, impedindo-o de se fixar numa delas». O que faz desta Salomé e deste João Baptista parentes próximos (e fascinantes) de Madame Bovary.

Maria João Martins. LETRAS. 11.12.2007 



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O PRAZER DA INVENÇÃO: UMA CONVERSA COM NUNO JÚDICE

Zunái - Li com atenção O anjo da tempestade, que me fascinou. Em parte, é um livro em que volta ao passado, mas a estrutura da obra é absolutamente espiralada, diria barroca, quase. Desassossega, faz o leitor saltar para espaços/tempos completamente diferentes, em nada segue a ficção histórica clássica. A todos os títulos, a técnica narrativa é original. Deu-lhe prazer esse jogo com o leitor? Diverte-se enquanto escreve? Ou gosta apenas de contar uma história?

NJ - Este jogo começou com um livro de que gosto muito, que é Por todos os séculos, e continuou com O enigma de Salomé. É uma vertigem de épocas e de personagens que saltam de um contexto para outro, do passado para o presente, num movimento que vai ao encontro do que aprendi com a ficção científica e as máquinas do tempo, embora estes livros nada tenham a ver com esse género. O que me interessa é transportar-me para o contacto com situações e sentimentos vividos em séculos anteriores, e que procuro recriar numa actualidade que lhes dá outra leitura e outra compreensão. É isso que me diverte - e se não me divertisse não teria escrito esses livros, dado que para mim a escrita é acima de tudo o prazer da invenção.

Leia a entrevista na íntegra AQUI da por Nuno Júdice à ZUNÁI - Revista de poesia & debates


CNL2021 | Obra selecionada para o 3º Ciclo

 






Título: Mary John
Autor: Ana Pessoa
Ilustrador: Bernardo Carvalho 
Editor: Planeta Tangerina


Há semanas que ando a escrever-te. Não sei bem porquê. Não sei bem para quê. Quem és tu, Júlio Pirata? Ando a pensar na nossa história. Desde o princípio. Desde o primeiro encontro. Desde a primeira pergunta: "És menino ou menina?"
Eu sou uma menina por tua causa, Júlio. Deixei crescer o cabelo para ti, furei as orelhas para ti. Eu vivo e morro para ti. Todos os meses tenho o período, morro um bocadinho e penso em ti. Tu dizes: "Morreste!" E eu morro. Atiro-me para o chão de qualquer maneira.
E eu não quero isso. Eu nunca mais quero morrer, Júlio. Eu quero viver para sempre. Todos os minutos de todas as horas de todos os dias.



Um livro juvenil escrito com o fôlego desenfreado das perguntas sem resposta por uma protagonista juvenil. Um livro juvenil sobre amor e desamor, desentendimentos, fugas, ausências, saudade. Um livro juvenil sobre o corpo, a auto-imagem, o sentimento de não pertença, a indiferença. Um livro juvenil sobre a descoberta de outro lugar com outras pessoas, outros corpos, outras perguntas e uma nova pertença. Um livro juvenil sem auto-censura, onde os nomes não são eufemismos, e há constrangimentos eventuais. Um livro juvenil em forma de carta sem resposta, tão directo quanto paradigmático de um tempo que acelera e não se recupera jamais. Melancólico, certeiro na composição de cada personagem, rigorosamente atual na captação dos contextos verbais e não verbais, Mary John é uma obra-prima que pode exemplarmente representar o que significa a catalogação de literatura juvenil. Sem nada que a memorize, bem pelo contrário. Sem ser um livro crossover, que depõe barreiras etárias, é um texto sobre jovens e para jovens. Os adultos que o lerem não têm como ficar indiferentes.

Plano Nacional de Leitura 2027



Concurso Nacional de Leitura | Escola

 



O prazo de inscrição termina dia 15 de janeiro.

A prova escrita terá ligar no dia 26 de janeiro de 2021, em horário e local  indicar.

Consulta o Regulamento.

Boas Leituras!

Natal

 


       Atelier Feito à mão na Biblioteca



Honrarei o Natal em meu coração e tentarei conservá-lo durante todo o ano.
- Charles Dickens



sábado, 12 de dezembro de 2020

Conferência de Natal - Somos animais sociais: a biologia do comportamento


Dia 21 de dezembro, às 19:00
Em streaming









A temática da Conferência de Natal Ciência Viva incide sobre o comportamento social e a herança biológica, em contextos de stress ou de crise como aquele em que atualmente vivemos.

Que efeitos tem o stress no nosso cérebro e no nosso comportamento? Será que nos tornamos mais sociáveis, cooperantes ou empáticos em momentos de crise? E no Natal?

Os “velhos amigos” Manuel Sobrinho Simões, Júlio Machado Vaz, Tiago Alves e Miguel Soares sobem ao palco do Teatro Nacional São João, no Porto, 21 dezembro, às 19.00, para uma emissão especial do programa de rádio “Old Friends”.

A conferência será também transmitida em direto, via streaming, em www.cienciaviva.pt.


As Conferências de Natal Ciência Viva são organizadas em parceria com instituições científicas de referência, nacionais e estrangeiras. São inspiradas nas Christmas Lectures do Royal Intitution de Londres, criadas em 1825, por Michael Faraday, e destinam-se a públicos de todas as idades.





ebooks | Quadro Europeu de Competência Digital para Educadores














Como as profissões docentes enfrentam exigências em rápida mudança, aos educadores exige-se um conjunto cada vez mais amplo e sofisticado de competências. Em particular, a omnipresença dos dispositivos digitais e o dever de ajudar os alunos a tornarem-se digitalmente competentes exigem que os educadores desenvolvam a sua própria competência digital. 

A nível internacional e nacional, uma série de estruturas, ferramentas de autoavaliação e programas de formação foram desenvolvidos para descrever as facetas da competência digital para educadores e para os ajudar a avaliar a sua competência, identificar as suas necessidades de formação e oferecer formação direcionada. Analisando e agrupando esses instrumentos, este relatório apresenta um Quadro Europeu de Competência Digital para os Educadores (DigCompEdu)

O DigCompEdu é uma estrutura de base cientificamente sólida que ajuda a orientar políticas e pode ser adaptada diretamente para implementar ferramentas e programas de formação regionais e nacionais. Além disso, fornece uma linguagem e abordagem comuns que ajudarão o diálogo e o intercâmbio de melhores práticas através das fronteiras. 

DigCompEdu é dirigido a todos os educadores de todos os níveis de ensino, desde a primeira infância até à educação superior e de adultos, incluindo formação geral e vocacional, educação para necessidades especiais e contextos de aprendizagem não formal. O objetivo é fornecer um quadro de referência geral para implementadores de modelos de competência digital, ou seja, Estados-Membros, governos regionais, agências nacionais e regionais relevantes, as próprias organizações educacionais e provedores de treinamento profissional públicos ou privados. 

DigCompEdu fornece uma linguagem comum e uma abordagem que ajudará o diálogo e o intercâmbio de melhores práticas através das fronteiras. É dirigido a educadores de todos os níveis de ensino, da primeira infância à educação superior e de adultos, incluindo formação geral e vocacional, educação para necessidades especiais e contextos de aprendizagem não formal. O objetivo é fornecer um quadro de referência geral para promotores de modelos de competência digital, ou seja, Estados-Membros, governos regionais, agências nacionais e regionais relevantes, as próprias organizações educacionais e promotores de formação profissional públicos ou privados. 

 

Na era digital, educação mediática combina com todas as disciplinas

 






Especialistas explicam por que as competências necessárias para um bom uso dos media digitais são fundamentais em qualquer área do conhecimento e como favorecem o exercício da cidadania. 



Mensagens de texto quase 24 horas sem parar, memes, posts nos perfis de redes sociais, publicidade e muito mais. Hoje isso cabe na palma da mão e segue um fluxo rápido, afinal é só apertar encaminhar ou partilhar. Num mundo no qual uma quantidade infinita de conteúdo é produzida por segundo – a chamada Era da Informação –, a educação mediática apoia e encoraja a leitura crítica, a escrita com responsabilidade e a participação ativa na sociedade.

Para Mariana Ochs, coordenadora do programa EducaMídia, essas são habilidades fundamentais para um exercício pleno da cidadania. “Num mundo onde todos produzem conteúdo, este não passa mais por um filtro que diz se a informação foi verificada e se é de qualidade. Portanto, podemos consumir algo enviesado ou mal intencionado. Enquanto produtores, também temos uma responsabilidade quanto à qualidade daquele conteúdo e consequentemente a manutenção de um ambiente saudável”, afirma.

Cada vez mais, a educação mediática torna-se fundamental para a alfabetização. “A definição de alfabetização precisa ser atualizada a cada vez que muda o contexto tecnológico ou social de produção e circulação de informação na sociedade. Ser competente literacicamente, hoje em dia, passa por ter as habilidades necessárias para saber encontrar a informação de que se precisa, decodificar textos em vários formatos e linguagens, ler criticamente e entender a sua natureza, de onde vem, quem publicou, com qual intenção, e saber se é confiável ou não. Tudo isso faz parte das habilidades necessárias para construir conhecimento.”

Esse debate é tema central do livro Guia da Educação Mediática, publicação organizada por Mariana Ochs, Daniela Machado e Ana Claudia Ferrari. Destinado a gestores e educadores, o material apresenta o contexto e definição da educação mediática, além de verbetes, conceitos e exemplos práticos de atividades.

Mariana explica que o livro foi pensado de forma a orientar os educadores a trabalhar a construção das habilidades com os alunos inserindo-a nos objetivos curriculares de qualquer disciplina. O Guia tem um conjunto de 15 sugestões de atividades e planos de aula de várias componentes curriculares. “Essa foi uma tentativa de demonstrar como, ao planear uma aula, o educador pode pensar no objetivo curricular e também no objetivo mediático a ser trabalhado, seja ele discussão sobre fontes, confiabilidade, o papel das hashtags na sociedade, discurso de ódio, diversidade e representação nos media e muitos outros”.


A educação mediática de forma transdisciplinar na escola

É importante pensar a educação mediática como um conjunto de ferramentas capaz de alcançar diferentes áreas de conhecimento, de forma a articulá-la com trabalhos e projetos desenvolvidos em cada disciplina, e não como uma componente à parte. “Trata-se de, dentro da proposta da disciplina, seja ela qual for, ensinar o aluno a trabalhar, ler e perceber os media naquele tema ou contexto. Não é algo separado, mas sim sobre a forma como o professor dá a aula usando os media disponíveis e todas as estratégias de educação mediática”, diz Carla Arena, cofundadora do Amplifica, que apoia a formação de professores em educação mediática.

No contexto educacional, os professores precisam de pensar em atividades que possibilitem que os alunos desenvolvam essas habilidades e, nesse sentido, o docente atua não como um detentor de conhecimento, mas como um orientador da aprendizagem do estudante. Portanto, antes de os alunos colocarem em prática essas habilidades, é preciso que o professor compreenda o conceito e as estratégias para trabalhar a educação mediática.


Educação mediática com distanciamento social

Mesmo que professores e alunos estejam fisicamente distantes, impossibilitando a supervisão de pesquisas, por exemplo, é possível praticar a educação mediática fazendo uso amplo e criativo das ferramentas digitais disponíveis. Nesse processo, Carla reforça a importância de os alunos tornarem a sua pesquisa o mais visível possível, de forma que o professor consiga acompanhar o processo de aprendizagem de forma online.

“Se estão a trabalhar essa parte de investigação e pesquisa, o aluno pode usar o editor de textos e formulários, vídeos, representações visuais, textos, sínteses ou qualquer ferramenta para sistematizar o conhecimento que está a pesquisar. A partir do momento em que faz esse registo, o professor pode ir acompanhando. Ao mesmo tempo que fica mais visível para o aluno, fica também para o docente.”

Mariana, por sua vez, frisa que a pandemia e o ensino remoto acentuaram ainda mais a necessidade de a educação para o século XXI ir além da entrega de conteúdo. “Todo esse trabalho de construção da fluência digital nas escolas teve que ser muito acelerado e precisamos estar atentos, porque podemos cristalizar uma coisa muito errada, que é transpor para o online as aulas meramente expositivas, ou podemos aproveitar para construir um tipo de educação que dá mais autonomia para que os alunos possam investigar, explorar e criar aprendizagem baseada em investigação, problemas e projetos.”

Um dos especialistas ouvidos para a elaboração do conteúdo do Guia do EducaMídia afirma que, atualmente, não é apenas uma vantagem ter um letramento digital e mediático – mais do que isso, é uma desvantagem debilitante não o ter. “Hoje em dia, a inclusão não está só no acesso à tecnologia, mas também na qualidade da experiência que se tem ao aceder à informação no ambiente digital. A construção dessas habilidades é a diferença entre ter ou não ter uma experiência fortalecedora e construtiva no ambiente digital, que representa a sua inclusão e a possibilidade do exercício da cidadania plena”, ressalta Mariana.

Fonte: Maria Victória Oliveira. Porvir, Inovações em Educação. 20 de outubro 2020 (texto adaptado). 


eBook | Literacia dos media na Biblioteca

 








A American Library Association (ALA), em articulação com peritos em bibliotecas e em literacia mediática, criou o Media Literacy in the Library: A Guide for Library Practitioners para ajudar os bibliotecários a preparar-se para as interações do dia a dia. 

Este guia inclui recursos e ideias para planear programas e atividades para o ensino de habilidades de literacia mediática a adultos e para a integração dessas habilidades na programação das bibliotecas.

Este guia foi criado para um público adulto fora da escola, que os funcionários das bibliotecas geralmente encontrarão em um contexto de biblioteca pública. No entanto, muitas das abordagens e melhores práticas exploradas são igualmente apropriadas para uma sala de aula ou outro ambiente de biblioteca. O grupo de conselheiros incluiu profissionais e líderes de pensamento académico, escolar, público e bibliotecas especiais, bem como áreas associadas, incluindo literacia mediática, ensino básico e secundário, jornalismo e serviços para idosos. Este guia foi escrito por membros desse grupo intersetorial, eles próprios trabalhadores de bibliotecas, educadores e especialistas em literacia mediática.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Covid 19 - Direitos Humanos no centro da resposta

 



Por detrás da máscara, há um ser humano.



Dia dos Direitos Humanos | Sugestões de leitura do PNL

 




O PNL2027 associa-se à celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos propondo um conjunto alargado de sugestões de leitura inspiradas nos dezassete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável


Recursos (PDF)

Os Direitos Humanos devem estar no centro do mundo pós-COVID-19


10 de dezembro - Dia dos Direitos Humanos



Tema 2020: Reconstruir para melhorar




A crise COVID-19 foi alimentada pelo aprofundamento da pobreza, pelo aumento das desigualdades, pela discriminação estrutural e entrincheirada e por outras lacunas na proteção dos direitos humanos. Só medidas para colmatar estas lacunas e avançar com os direitos humanos podem assegurar que recuperemos e construamos um mundo melhor, mais resistente, justo e sustentável.

Fim da discriminação de qualquer tipo: A discriminação estrutural e o racismo alimentaram a crise COVID-19. A igualdade e a não discriminação são requisitos fundamentais para um mundo pós-COVID.

Combater as desigualdades: Para recuperarmos da crise, temos também de abordar a pandemia de desigualdade. Para isso, temos de promover e proteger os direitos económicos, sociais e culturais. Precisamos de um novo contrato social para uma nova era.

Incentivar a participação e a solidariedade: Estamos todos juntos nisto. Dos indivíduos aos governos, da sociedade civil e das comunidades de base para o setor privado, todos têm um papel na construção de um mundo pós-COVID que seja melhor para as gerações presentes e futuras. Temos de assegurar que as vozes dos mais afetados e vulneráveis informem os esforços de recuperação.

Promover o desenvolvimento sustentável: Precisamos de um desenvolvimento sustentável para as pessoas e para o planeta. Os direitos humanos, a Agenda 2030 e o Acordo de Paris são a pedra angular de uma recuperação que não deixa ninguém para trás.

ONU