quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Tabela periódica musical





Letra da música:
Há antimónio, arsénico, alumínio, selénio,
E hidrogénio e oxigénio e nitrogénio e rénio,
E níquel, neodímio, neptúnio, germanio,
E ferro, amerício, ruténio, urânio,
Európio, zircónio, lutécio, vanádio,
E lantanio e ósmio e astato e rádio,
E ouro e protactínio e índio e gálio (suspiro)
E iodo e tório e túlio e tálio.


Há ítrio, itérbio, actínio, rubídio,
E boro, gadolínio, nióbio, irídio,
E estroncio e silício e prata e samário,
E bismuto, bromo, lítio, berílio e bário.


Há hólmio e hélio e háfnio e érbio,
E fósforo e francio e flúor e térbio,
E manganês e mercúrio, molibdénio, magnésio,
Disprósio e escândio e cério e césio.
E chumbo, praseodímio e platina, plutónio,
Paládio, promécio, potássio, polónio
E tântalo, tecnécio, titânio, telúrio (suspiro)
E cádmio e cálcio e cromo e cúrio.


Há enxofre, califórnio e férmio, berquélio,
E também mendelévio, einsténio, nobélio,
E argónio, criptónio, neon, radónio, xenónio, zinco e ródio,
E cloro, carbono, cobalto, cobre, tungsténio, estanho e sódio.


Estes são os únicos cujas notícias chegaram a Harvard,
E pode haver muitos outros, mas eles não foram descobertos.


terça-feira, 27 de setembro de 2022

Ouvir e agir pela juventude



No âmbito do Plano Municipal da Juventude, o Município de Vila Real tem vindo a organizar diversas iniciativas direcionadas para os jovens, com particular enfoque num dos lemas deste Ano Europeu da Juventude "Ouvir e agir pela Juventude".

Uma dessas iniciativas decorreu na Biblioteca da nossa escola, hoje de manhã, e contou com a presença dos alunos Delegados e Subdelegados de Turma do 3º Ciclo e do Ensino Secundário. Foram oito, os temas em discussão: Saúde e qualidade de vida, Ambiente e sustentabilidade, Cultura, desporto e lazer, Associativismo e voluntariado, Emprego, empreendorismo e inovação, Habitação, mobilidade e emancipação, Educação, formação e Ciência, Participação cidadã e cidadania global.





 


 


Ano Europeu da Juventude 2022


#AEJ2022 e #EYY2022 #EuropeanYearofYouth #AnoEuropeudaJuventude





















Em 2022, assinala-se o Ano Europeu da Juventude (AEJ). Durante este ano, pretende-se, entre outros, colocar em evidência a importância da juventude europeia para a construção de um futuro melhor e o papel que os jovens podem desempenhar na construção da visão, dos valores e dos princípios europeus. Salienta-se, ainda, que 2022 é o momento de avançar com confiança e esperança numa perspetiva pós-pandemia.

A participação ativa dos jovens nos processos democráticos é crucial para o presente e para o futuro da Europa e das suas sociedades democráticas.

Os objetivos do Ano Europeu da Juventude 2022 são:

  • Renovar as perspetivas positivas das pessoas jovens, prestando especial atenção aos efeitos negativos que sobre eles/elas teve a pandemia de COVID-19, destacando a forma pela qual as transições ecológica e digital e outras políticas da União proporcionam oportunidades para a população jovem e a sociedade em geral;
  • Capacitar e ajudar os/as jovens, sobretudo aqueles/as com menos oportunidades, no sentido de se tornarem cidadãos/cidadãs ativos/as e agentes da mudança, inspirados/as num sentimento de pertença à Europa;
  • Apoiar as pessoas jovens na aquisição de uma melhor compreensão sobre as várias oportunidades à sua disposição no âmbito das políticas públicas a nível da União, nacional, regional e local, bem como na promoção ativa dessas oportunidades;
  • Integrar a política da juventude em todos os domínios políticos pertinentes da União, em consonância com a Estratégia da União Europeia para a Juventude 2019-2027, com vista a incentivar a inclusão de uma perspetiva da juventude a todos os níveis do processo de elaboração de políticas.

Os objetivos mencionados poderão ser atingidos através de:
  • Organização de conferências, eventos, de caráter cultural ou outro, e iniciativas políticas destinadas aos jovens para promover um debate inclusivo e acessível sobre os desafios com que se deparam os/as jovens;
  • Promoção da participação democrática e cidadania ativa dos jovens e reforço da utilização de instrumentos, canais e programas inovadores, que permitam aos/às jovens chegar aos/às decisores/as políticos;
  • Recolha de ideias, através de métodos participativos, num esforço de cocriação e execução conjunta do Ano Europeu;
  • Dinamização de campanhas de informação, educação e sensibilização para transmitir aos jovens valores como o respeito, a igualdade, a justiça, a solidariedade, o voluntariado, o sentimento de pertença e segurança, e de serem ouvidos/as e respeitados/as;
  • Criação de espaços e ferramentas de intercâmbio para transformar os desafios em oportunidades e as ideias em ações num espírito empreendedor;
  • Realização de estudos e investigação sobre a situação dos/as jovens na União, produção e utilização de estatísticas europeias harmonizadas e de outros dados pertinentes ao nível da União, bem como a divulgação desses resultados;
  • Promoção de programas, oportunidades de financiamento, projetos, ações e redes de interesse para jovens, nomeadamente através das redes sociais e de comunidades em linha;
  • Apoio a outras atividades suscetíveis de contribuir para os objetivos do Ano Europeu.

O Comité Diretor do Ano Europeu da Juventude, constituído por diversas entidades e coordenado pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), tem por missão promover as comemorações, no nosso país.

Assim, este Comité convida todas as escolas, associações de pais, associações de estudantes e outras entidades a associarem-se ao AEJ.


Registo no portal AEJ (Registo), para divulgação dos eventos realizados, no âmbito do Ano Europeu da Juventude 2022.





sábado, 24 de setembro de 2022

As mulheres são mais fortes

 

#CentenárioJoséSaramago







Concurso Todos contam

 





















Estão abertas as candidaturas para a 11.ª edição do Concurso Todos Contam, que distingue os melhores projetos de educação financeira das escolas portuguesas para o ano letivo 2022/2023.

As candidaturas aos “Prémios Escola” e ao “Prémio Professor(a)” devem ser submetidas até ao dia 7 de outubro de 2022, através do endereço eletrónico concurso@todoscontam.pt.

O que é o Concurso Todos Contam? 

O Concurso Todos Contam incentiva o desenvolvimento de projetos de educação financeira nas escolas.

É uma iniciativa do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros – Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões – e do Ministério da Educação, através da Direção-Geral da Educação e da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional.

Que prémios podem ser atribuídos?

O Concurso Todos Contam atribui as seguintes categorias de prémios:

• “Prémios Escola” para distinguir os melhores projetos de educação financeira, a implementar nos estabelecimentos de educação e ensino durante o ano letivo de 2022/2023:
   o São atribuídos cinco “Prémios Escola”: um para a educação pré-escolar, um por cada ciclo do ensino básico e um para o ensino secundário; 
   o Pode também ser atribuído um prémio de continuidade para distinguir projetos plurianuais que tenham participado no Concurso Todos Contam ao longo de três edições consecutivas.
• “Prémio Professor(a)” para distinguir um(a) docente que se tenha destacado na implementação de projetos de educação financeira em anos anteriores.

Cada prémio corresponde a livros e materiais escolares no valor de 1000 euros.

Os prémios atribuídos na categoria “Prémios Escola” são entregues em duas fases: metade do valor do prémio será atribuída após o anúncio oficial dos vencedores e outra metade após o final do ano letivo 2022/2023, mediante prova da efetiva implementação dos projetos.

O anúncio oficial das candidaturas premiadas terá lugar durante a Semana da Formação Financeira 2022, dinamizada pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros na semana de 24 a 31 de outubro..

Quem pode concorrer?

Na categoria “Prémios Escola” podem concorrer agrupamentos de escolas, escolas não agrupadas, estabelecimentos de ensino particulares e cooperativos e escolas profissionais que ministrem a educação pré-escolar e o ensino básico e secundário.

Na categoria “Prémio Professor(a)” podem concorrer docentes dos estabelecimentos de educação e ensino que tenham implementado projetos de educação financeira em anos anteriores. 

Como pode concorrer? 
As candidaturas aos “Prémios Escola” e ao “Prémio Professor(a)” devem ser submetidas até ao dia 7 de outubro de 2022, para o endereço eletrónico concurso@todoscontam.pt

As candidaturas aos “Prémios Escola” devem ser submetidas sob a responsabilidade do(a) diretor(a) da escola ou do agrupamento de escolas ou do(a) diretor(a) pedagógico(a), através do envio da Ficha de candidatura constante do Anexo I do regulamento, devidamente preenchida e assinada.

As candidaturas ao “Prémio Professor(a)” devem ser apresentadas pelo próprio(a) docente ou pelo(a) diretor(a) da escola ou do agrupamento de escolas ou pelo(a) diretor(a) pedagógico(a), através do envio da Ficha de candidatura constante do Anexo II do regulamento, devidamente preenchida e assinada.

Consulte o regulamento do Concurso Todos Contam nesta página, no portal Todos Contam ou no site da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (www.anqep.gov.pt).

Quais os requisitos das candidaturas?

Tendo por base o Referencial de Educação Financeira para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico, o Ensino Secundário e a Educação e Formação de Adultos, os projetos e professores/as candidato(a)s devem:

• Sensibilizar para a importância da literacia financeira no quotidiano;
• Desenvolver conhecimentos e capacidades fundamentais para as decisões financeiras;
• Promover atitudes e comportamentos financeiros adequados;
• Promover a resiliência financeira e a criação de hábitos de poupança;
• Aprofundar conhecimentos e promover comportamentos adequados na utilização dos serviços financeiros digitais; 
• Sensibilizar para o impacto das decisões financeiras na sustentabilidade;
• Estimular a utilização dos recursos pedagógicos do Plano Nacional de Formação Financeira, como os Cadernos de Educação Financeira e os conteúdos e ferramentas disponíveis no portal Todos Contam.

As candidaturas devem ainda reger-se pelos Princípios Orientadores das Iniciativas de Formação Financeira do Plano. As candidaturas que incluam iniciativas desenvolvidas em parceria com instituições do setor financeiro, sem o enquadramento da respetiva associação setorial, não observam os Princípios Orientadores e, por essa razão, não são admitidas a concurso. 

 

Como são avaliadas as candidaturas?

As candidaturas são avaliadas segundo os objetivos prosseguidos pelo Concurso Todos Contam e de acordo com os critérios de avaliação e valorização previstos no regulamento para cada uma das categorias de prémio. 

A avaliação das candidaturas cabe ao júri do Concurso Todos Contam, constituído por Isabel Alçada (que preside), pelo Diretor-Geral da Direção-Geral da Educação, José Vítor Pedroso, pela vogal do conselho diretivo da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, Alexandra Figueiredo, por Maria Amélia Cupertino de Miranda e por Alexandra Marques.

DOCUMENTOS PARA DOWNLOAD

 Regulamento da 11.ª edição do Concurso Todos Contam 
 Anexo I – Ficha da candidatura na categoria “Prémios Escola”
 Anexo II – Ficha da candidatura na categoria “Prémio Professor(a)”

LINKS ÚTEIS RELACIONADOS


quarta-feira, 21 de setembro de 2022

O aviso do Diabo






Adaptação do conto “O Aviso do Diabo”, de Alexandre Parafita, recolhido em Barcos (Tabuaço), publicado no livro “Mitologia Popular Portuguesa”, Zéfiro, 2021. Um trabalho cénico da Prof.ª Bel Viana, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com a participação dos seus alunos.

... Como diz o povo, "o diabo não é tão feio como o pintam" e "também tem horas boas"



Recomeçar

 


AO LONGO DA NOSSA VIDA, CHEGAMOS AO VERBO “RECOMEÇAR” EM ESTADOS E POR CAMINHOS MUITO DIFERENTES. TODOS, CONTUDO, TÊM ALGUMA MENSAGEM QUE PRECISAMOS DE OUVIR. TÊM ALGUMA COISA A ENSINAR-NOS

M

esmo quando parece mais uma consequência do automatismo social do que propriamente uma decisão de vida, setembro obriga-nos a um confronto com o verbo “recomeçar”. É um verbo exigente, com uma espessura que não se deslinda de imediato, mas também rico em possibilidades, se o soubermos abraçar. O verão foi tudo isso: itinerância, saída, interrupção, intervalo, intersecção, distanciamento, pausa, espaço exterior e interior diversos. Setembro, por sua vez, conjuga regressos. Regressamos aos acampamentos de sempre, aos ritmos normalizados, à urgência das agendas. Regressamos ao tráfego e ao bulício das cidades, à vida uns dos outros e à forma habitual que tem a nossa. E regressamos tanto tonificados com aquilo que o verão nos permitiu, capazes de investir agora entusiasmo, capazes de disseminar uma operativa esperança, como nos sentimos arrastados a contragosto, sem a energia vital que desejaríamos, como se em vez de regressos nos sentíssemos a provar antes uma regressão. A verdade é que, ao longo da nossa vida, chegamos ao verbo “recomeçar” em estados e por caminhos muito diferentes. Todos, contudo, têm alguma mensagem que precisamos de ouvir. Têm alguma coisa a ensinar-nos.

É importante recordarmos a nós próprios que as modalidades do recomeço não são padronizadas e que, inclusive, é bom que seja assim. No fundo, interessa menos fazer depender a qualidade dos nossos recomeços do seu grau de facilidade. Recomeços difíceis não querem necessariamente dizer recomeços impossíveis ou, de qualquer modo, desqualificados. Há um dom naquelas estações em que a vida se resolve transparente, se movimenta em harmonia e tudo habilmente coincide. Mas não mergulharíamos apaixonados a tocar a substância da vida se não colhêssemos também aquilo que, por exemplo, as demoras, as fadigas, as múltiplas faces da vulnerabilidade ou as próprias feridas revelam. Uma das coisas mais preciosas da nossa trajetória espiritual é a certeza de que vamos sempre a tempo de recomeçar. Cada ciclo, cada estação, cada instante coloca-nos perante o dever de o testemunhar. Felizes aqueles que arriscam a audácia de viver assim, mesmo quando o cálculo das probabilidades se mostra adverso. São esses que, numa hora ou noutra, desmentem os fatalismos e se tornam os parteiros de um milagre. O milagre que faz equivaler o verbo “recomeçar” a uma espécie de nascer. 

Tive a sorte de ser amigo do poeta Tonino Guerra e lembro-me de uma frase que ele repetia, assumindo-a como seu mote de vida: “Enamorar-se ainda uma vez.” Li depois, em qualquer lado, que essa teria sido também uma das últimas coisas ditas por Federico Fellini. Mas para Tonino o “enamorar-se ainda uma vez” funcionava, em continuação, como uma esquadria para medir e iluminar as angulações do quotidiano. Tratava-se evidentemente de uma escolha. Ele poderia viver dobrado sobre si mesmo, de costas voltadas para a vida, com a fanfarronice cínica ou o derrotismo dos que se apressam a pôr pontos finais. Escolheu, porém, sentar-se à soleira, disponível para a surpresa e o espanto, desejoso dessa porção de desconhecido que a vida reserva e que ele celebrava, enamorando-se pelos assuntos e lugares mais diversos ainda uma vez. 




Quando numa recente entrevista, Maria João Avillez pede ao Papa Francisco uma luz para tempos difíceis, ele deixa este desafio: “Olhem para a janela. E perguntem-se: ‘A minha vida tem uma janela aberta?’ Se não tiverem, abram-na o quanto antes. Não tenham vistas curtas. Saibam que estamos a caminhar para o futuro, que há um caminho. Olhem para o caminho.” 

José Tolentino Mendonça. Que coisa são as nuvens, Expresso#2603, 16 de setembro de 2022


O conhecimento é poder

 




Cartoon de Galym Boranbayev



A crise do esquecimento global

 



A MEMÓRIA DOS VELHOS TORNOU-SE OBSOLETA. OS NOVOS DELEGAM-NA NA TECNOLOGIA. UM DIA, DESCOBRE-SE QUE ELA É O “EU”

N

a minha primeira redação, havia um mítico editor de cultura de cabelos grisalhos esvoaçando ao sabor da ira que nos seus momentos mais alucinados me espantava com a sua sabedoria, esbugalhava os olhos e dizia: “O diabo não é diabo porque se chama diabo; o diabo é diabo porque é velho.” Na altura, tinha dificuldade em compreender a profundidade da frase. Há algo que pessoas com 30 anos não conseguem conceber: os jornalistas mais velhos eram o nosso Google. Dependíamos deles e da sua boa vontade para com a nossa ignorância disfarçada de “está aqui na ponta da língua”. Eram a memória e a cultura que não tínhamos, e que polvilhavam por generosidade os nossos artigos. Por isso, venerávamos as excentricidades dos seniores: só eles nos podiam salvar da nossa inexperiência e burrice. Foi o Google que tornou a memória dos mais experientes desnecessária. O Google tornou os seniores redundantes. Qualquer um que faça enter tem acesso aos detalhes mais ridículos da memória do mundo. Às vezes, parece injusto. Era tão difícil encontrar uma data, confirmar um facto. Não havia livro — talvez o centro de documentação —, mas um velho culto safava-nos naquela data, naquele nome. Afinal, era o diabo. E tenho a honra de ter sido amigo de muitos desses belzebus: o Torcato, o David, o César, o Rogério, o Roby: o equivalente a 2/3 do saber da Biblioteca Nacional — e todos já a jogar “Trivial” no inferno dos jornalistas.  

A tecnologia é uma das explicações para o facto de as sociedades de culto da juventude terem desprezo pelos velhos. Durante milénios, o quotidiano pouco mudava em 70 anos, e ainda por cima os velhos eram escassos. A informação que detinham era valiosa e os mais novos — estagiários da vida — ansiavam pelo saber que os mais velhos detinham. E a experiência e a memória dos velhos eram cruciais. Por isso eram respeitados.  rapidez das alterações tecnológicas da atualidade tornou os velhos obsoletos. Já não são sábios, são chatos. O que têm para contar estará em qualquer pesquisa; e esse saber não tem utilidade prática para o quotidiano. A complexidade da evolução da tecnologia “é intuitiva”, mas só para quem foi criado dentro dela. O que faz com que os velhos não tenham essa “intuição digital” e sejam infantilizados, deslocados do mundo. Em menos de meio século, e rompendo com a história da Humanidade, os velhos passaram de detentores da erudição para incapazes de se mover no mundo sem ajuda para abrir uma porta. Esta mudança é grave e trágica. Há um momento em que o cidadão começa a esboroar a sua identidade e é quando começa a perder a capacidade de se deslocar entre a tecnologia no mundo e a ser tratado com complacência. 

Cada vez me preocupo mais com a minha memória nas coisas do dia a dia. Esqueço-me de tudo. Leio um artigo no “The Wall Street Journal” e fico mais tranquilizado. Neuropsiquiatras e sumidades neste campo garantem que este fenómeno do esquecimento global é algo que já vinha a acontecer e que se está a agudizar em toda a sociedade contemporânea. Estamos numa sobrecarga de stresse — da pandemia para a guerra, para a inflação, para o apocalipse, para esta dorzinha que não me larga, etc. E este “stresse cumulativo ligado à sobrevivência” tem um “consumo cognitivo” muito maior do que imaginamos. Como sou um esquecido de entre milhões, a tecnologia providencia-me soluções. 

A Apple criou o AirTag, um aparelhito em forma de moeda que se coloca num porta-chaves ou numa carteira e serve para sabermos sempre onde estão os nosso pertences, desde que tenhamos o iPhone connosco. Até vendem à meia dúzia porque tem mais saída. Tenho aquilo em todo o lado: do carro à mochila. Há meses, estes coisitos fizeram escandaleira porque foram acusados de ser o ideal para stalkers: basta colocar o aparelho na mala ou no carro de alguém para se saber por onde essa pessoa anda. A bateria dura meses. Há histórias abjetas na imprensa internacional. A Apple diz que resolveu, mas é treta, porque os Androids não são avisados de que há um tag a espiar. E neste verão fizeram furor, porque no caos dos aeroportos muitos o colocaram nas malas de porão para descobrirem que a sua bagagem tinha ido para o outro lado do planeta. Os AirTag ajudaram-me? Não sei. Deleguei mais uma função da minha memória do quotidiano a uma entidade externa, fiz outsourcing de mais uma tarefa que devia ser intuitiva. As chaves? A carteira onde está? Olho para o ecrã do telefone: “Ah, na sala”; “Ah, ficaram outra vez no ginásio”. O absorver dessa tecnologia retira-me mais aptidões, da mesma maneira que deixei de saber caminhos ou ruas ao delegar todos os percursos no GPS, e nem vejo por onde passo. De cabeça enfiada no smartphone, nem olhamos para as caras, agora que nem estão cobertas de máscaras. Que ganhos de memória tenho por absorver essa contemporaneidade? Tenho mais “memória liberta” na cabeça? Tenho dúvidas. Acho que fico no limbo entre o esquecido e o viciado em não me lembrar das coisas. O que é uma preguiça terrível. Quem já teve a infinita tristeza de acompanhar uma pessoa com uma doença de memória descobre que essa é a sua identidade. A memória é o “Eu”. E quando a memória se vai desintegrando, vai ficando um mero invólucro, que é o corpo. Delegar o “Eu” em clouds, redes sociais, alertas e tags não impedirá a possibilidade de o cérebro um dia se esquecer de quem é aquele que está no espelho. O mais terrível dos momentos. Para os outros.

Luís Pedro Nunes. O mito lógico, Expresso Semanário#2603, 16 de setembro de 2022


Regresso às aulas para pais e professores – folheto disponível!

 







O Conselho da Europa disponibilizou os folhetos “Regresso às aulas: como começar o novo ano escolar de maneira positiva”, destinado a pais e professores, traduzidos em português.

As primeiras semanas de um novo ano letivo podem ser desafiadoras para alunos, pais e professores, mas também o momento ideal para proporcionar às crianças e jovens refletir sobre o que significa ser um cidadão digital respeitado no mundo atual, online e offline.

Os folhetos “Regresso às aulas: como começar o novo ano escolar de maneira positiva” para pais e professores do Conselho da Europa oferecem algumas ideias práticas integradas no Projeto Educação para a Cidadania Digital, que pretende capacitar as crianças e jovens para participarem ativamente na sociedade digital, promovendo o espírito crítico e o uso efetivo das tecnologias digitais.

Direção Geral da Educação



Pode consultar aqui: 

domingo, 18 de setembro de 2022

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

O currículo cumpre-se também na biblioteca, através da biblioteca, com a biblioteca

 






Bom ano letivo!


Diário de escritas com a biblioteca

 

Projeto de escrita de textos de diversas tipologias e com distintos objetivos comunicativos, desenvolvido colaborativamente entre a biblioteca e o conselho de turma/ professor titular de turma e organizado, de forma sistemática, em torno de quatro etapas: Eu, aprendiz | Eu, escritor | Eu, revisor | Eu, editor.






Este projeto integra-se no EIXO "ENSINAR E APRENDER", no domínio + LEITURA E ESCRITA, na ação DIÁRIO DE ESCRITAS do PLANO 21|23 ESCOLA+.



👉Apresentação do Diário de escritas: escrever para aprender (Jornadas escola+ 21|23 - set. 2021)


A escrita nas aulas de ciências

 



Incentivar os alunos a escrever com mais frequência nas aulas de ciências ajuda-os a expressarem-se melhor e de forma mais versátil, e a aprofundarem o seu pensamento científico.

Em muitas escolas, a escrita restringe-se, em grande parte, às aulas de línguas e de estudos sociais, o que limita a capacidade de os alunos desenvolverem práticas de escrita em todas as áreas curriculares. Quando escrevem nas aulas de matemática e de ciências, é-lhes pedido frequentemente que resumam o que aprenderam - não lhes são atribuídas tarefas que os orientem para aprenderem mais através do processo de escrita. Isto pode afetar a sua capacidade de desenvolverem competências de escrita - uma proficiência básica no mundo do trabalho moderno.

A escrita interdisciplinar não é um conceito novo e a investigação tem demonstrado, de forma consistente, que ao escreverem sobre as ligações entre as suas vidas e o que aprendem nas aulas de ciências, os alunos aplicam-se mais na disciplina e alcançam melhores resultados.

"Há um equívoco generalizado de que a ciência está apenas relacionada com atividades práticas e a escrita surge no fim para tirar uma conclusão.... Isto não poderia estar mais longe da verdade, uma vez que a escrita faz parte de cada passo na investigação científica", escreve Gina Flynn, professora de jardim de infância no Minnesota, em Literacy Today. Quando os alunos documentam a totalidade das suas experiências científicas através da escrita, acrescenta Flynn, "eles são capazes de imitar cientistas reais, registando as suas ideias, observações, previsões, dados e descobertas".

Eis três formas de fomentar oportunidades de escrita autêntica que permitem aos alunos pensar de forma crítica e aprofundar a aprendizagem nas aulas de ciências.


Utilize cadernos e revistas científicas

Quando os alunos anotam as suas ideias, pensamentos e perguntas enquanto aprendem um novo conceito, "começam a fazer previsões e a formular uma hipótese, que pode ser representada através de imagens ou palavras nos seus cadernos de ciências", escreve Flynn. Processar ativamente o que aprenderam através da escrita, acrescenta Flynn, motiva-os a "pensar com maior profundidade sobre o que estão a ver, ouvir, sentir e cheirar".

Os jovens podem achar interessante registar as suas observações e pensamentos através de desenhos ou de imagens, mas isso não significa que não possam também anotar as observações através de palavras, nos seus cadernos de notas. "Mesmo no terceiro ano, é possível pôr os alunos a escrever relatórios de laboratório", escreve Tammy DeShaw, uma professora do ensino básico no Michigan, que acrescenta que estes cadernos não têm de ser tão detalhados como os que os alunos do ensino secundário mantêm – estas crianças podem aprender muito escrevendo o esboço de um relatório. 

O antigo professor do terceiro ciclo Jeremy Hyler utilizava cadernos e revistas nas aulas de ciências. O professor pedia aos alunos para se fazerem acompanhar de um caderno para escrever ou desenhar com o tamanho suficiente para ser usado durante todo o ano, e encorajava-os a levá-lo para onde quer que fossem. "Isto incluía as aulas de experiências nos laboratórios, quando tomavam notas na biblioteca, ou quando tinham determinadas aulas de campo", escreve Hyler. No início, os alunos viam isto apenas como mais uma coisa para fazer, mas acabaram por “perceber que o caderno de notas é uma ferramenta valiosa para todas as coisas que fazemos em ciências”, acrescenta. 


Proporcione atividades informais de escrita 

Um resumo dos conceitos científicos é útil quando os alunos precisam de rever a matéria, mas escrever sobre o processo de aquisição desse conhecimento pode reforçar e aprofundar a compreensão dos assuntos à medida que aprendem.

Quando DeShaw estava a ensinar uma unidade sobre a vida vegetal, por exemplo, pediu aos alunos para escreverem sobre o que aprenderam usando a fórmula PPFT (papel, público-alvo, formato, tópico). Os alunos fingiam ser uma das estruturas da planta (raízes, folhas, caule, flor ou semente) e escreviam a outra parte da planta sobre qualquer tópico. Os alunos acabaram por inventar muitos cenários, tais como escrever um e-mail a explicar o trabalho que fazem e a pedir férias, ou escrever um discurso sobre a razão pela qual deveriam votar neles, "A Parte Mais Importante da Planta". "As crianças adoram ser criativas, e posso avaliar se elas compreendem (neste caso) as partes e funções da planta. Além disso, praticam a escrita em diferentes formatos", explica ela.

James Kobialka, professor de ciências do sétimo ano em Maryland, também utiliza estas atividades informais de escrita para fomentar o pensamento crítico dos alunos. "O mais importante para mim é que não é censurado nem é demasiado estruturado", diz ele. Para iniciar uma unidade sobre conservação de massa, por exemplo, Kobialka não definiu esse termo; mostrou uma fotografia aos alunos e pediu-lhes que escrevessem sobre estas questões: "O que notam sobre os átomos de ambos os lados? Como podem explicar isso"? Refletir, por escrito, sobre essas perguntas, preparou os alunos para uma longa discussão.


Seja criativo e interativo

Uma vez que a escrita se torna uma parte integrante do processo de aprendizagem na sala de aula de ciências, há inúmeras formas de a tornar uma experiência ainda mais significativa e produtiva para todos os alunos.

Para que as crianças escrevam mais nas suas aulas, muitas vezes DeShaw começa a aula com uma atividade de motivação chamada "A imagem científica do dia". Apresenta uma imagem aos alunos - como uma borboleta ou uma rapariga a saltar sobre uma poça - e pede-lhes que escrevam todas as coisas que observam na imagem, que façam uma lista das perguntas que a imagem lhes suscita, as coisas que inferem e, finalmente, que refiram aquilo que possa ser considerado ciência. "Adoro esta atividade porque faz com que os alunos comecem a ver a ciência que os rodeia na sua vida quotidiana, tudo isto enquanto pensam criticamente, inferem, usam competências de leitura e de escrita”, escreve DeShaw.

No ensino básico e secundário, os cadernos tradicionais têm muitos benefícios, mas o uso de versões digitais ajudou os professores a darem outras oportunidades aos alunos de serem mais criativos e colaborarem mais com os seus pares, dizem-nos os professores. Na aula de biologia do ensino secundário, por exemplo, Lee Ferguson exige que os alunos apresentem cadernos digitais para demonstrarem as suas aprendizagens e a resposta tem sido muito positiva - os alunos mencionam que podem personalizar os seus cadernos digitais acrescentando recursos que selecionaram e colaboram com os colegas, especialmente durante o ensino assíncrono e nos trabalhos de casa. Também gostam do facto de os cadernos digitais "poderem ser facilmente levados consigo para serem utilizados em futuras aulas de biologia", escreve Ferguson.

O artigo «Creating Authentic Writing Opportunities in the Science Classroom» de Hoa Ngyent foi originalmente publicado no sítio Edutopia a 11/02/2022. O texto foi traduzido livremente a partir do inglês.

Conheça também a proposta Rede de Bibliotecas Escolares Diário de Escritas com a biblioteca, um projeto de escrita de textos de diversas tipologias e com distintos objetivos comunicativos, desenvolvido colaborativamente entre a biblioteca e o conselho de turma/ professor titular de turma e organizado, de forma sistemática, em torno de quatro etapas: Eu, aprendiz | Eu, escritor | Eu, revisor | Eu, editor.

Criar oportunidades de escrita autêntica na sala de aula de ciências. (2022). Retrieved 16 September 2022, from https://blogue.rbe.mec.pt/criar-oportunidades-de-escrita-2637515


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Arte & Engenho

 















Esculturas de papel, por Calvin Nicholls






Descubra como Calvin Nicholls, o artista das esculturas de papel, criou alguns dos seus designs.

Centenário Agustina Bessa-Luís

 

1922-2022













É uma coincidência feliz, não sei se premeditada, que o programa comemorativo do centenário de Agustina seja apresentado ao início da tarde deste primeiro dia de Verão.

Ao longo do ano teremos muitos motivos para regressarmos à obra e ao pensamento de Agustina, aos lugares de Agustina (e sabe-se que um roteiro está em marcha), à relação de Agustina com o cinema, não apenas através da longa e intensa colaboração com Manoel de Oliveira. Aguardo com particular expectativa o filme realizado por Eduardo Brito, a partir d' "A Sibila", um romance do ano em que nasci.

Mas espero que o meu querido amigo António Fontainhas Fernandes, comissário do programa do centenário de Agustina, encontre um jardim do Porto onde, numa tarde do Verão que hoje começa, possa ser projectado um filme que nos leve mais perto dessa mulher para quem o enamoramento da imagem antecedeu o fascínio da escrita. Ela o disse, evocando a infância em Águas Santas. O pai de Agustina tinha um cinema no Porto que ela frequentava todas as quintas feiras. A escritora recordava com aprazimento o café-concerto e o jardim onde, no Verão, se projectava cinema.

O programa do centenário é apresentado em Amarante, muito perto do café onde um Pascoaes de bronze talvez esteja continuando a polémica com Caeiro que aos poetas místicos chamou, ainda com ph, filósofos doentes.

A sibila de Vila Meã engendrou com ambos um notável romance intitulado "O Susto" que também está a pedir uma releitura, no aconchego de um jardim no entardecer de uns quantos dias de Verão. Por muitas razões, mas também porque, como lembrou o Guardador de Rebanhos, " no entardecer dos dias de Verão, às vezes,/ ainda que não haja brisa nenhuma, parece/ que passa, um momento, uma leve brisa..../. 

Ainda que as árvores permaneçam imóveis, os nossos sentidos tiveram uma ilusão. O Caeiro acreditava que essa é sempre a ilusão do que nos agradaria.

Crónica por Fernando Alves, na TSF, 21 de Junho, 2022

Fonte: Notas sobre a chegada do Verão. (2022). Retrieved 14 September 2022, from https://www.tsf.pt/programa/sinais/notas-sobre-a-chegada-do-verao-14955732.html?fbclid=IwAR0tbZ_jLOAHdSVFs8JE-GBiMNTMIdYqzMtJNKaWeOcQ-_vkosh3EmcwNww


O Professor Bachman e a sua turma

 

Hoje, dia 14 de setembro, na RTP2, às 23:25






Em Stadtallendorf, cidade alemã com uma história complexa no que concerne à integração e exclusão de estrangeiros, o professor Dieter Bachmann oferece aos seus alunos a chave para o sentimento de pertença. Com idades entre os 12 e os 14 anos, os estudantes são provenientes de doze países diferentes e alguns ainda não dominam a língua alemã.

Bachmann está empenhado em inspirar estes cidadãos-em-construção com o sentido de curiosidade para que tenham vontade de desenvolver um vasto conjunto de saberes, disciplinas, culturas e opiniões.



FICHA TÉCNICA
Título original : Herr Bachmann Und Seine Klasse
Género : Documentário
Ano : 2021
Realização : Maria Speth
Elenco : Dieter Bachmann, Aynur Bal, Önder Cavdar
País(es) : Alemanha
Duração : 3h 37m

A cidade como ecrã

 



«Já nos Estados Unidos a contaminação da cidade pelo cinema e vice-versa não podia ter um aspeto mais prático, positivo e efetivo. O cinema entrou na cidade e a cidade entra no cinema e os dois emprestam-se um ao outro, ampliando e reinventando o território de ambos. Se a cidade do século XIX constituía um proto-ecrã, o ecrã constitui agora uma proto-cidade, a proto-cidade onde muitos querem viver» (Sol 2018, 20)

Na tese “A Imagem da cidade e o seu espaço-representado no videoclip da década de oitenta. Interferências norte-americanas na cultura arquitetónica contemporânea dita ocidental.” (Universidade de Lisboa, Faculdade de Arquitetura, 2018), Luísa Sol escreve que há toda uma nova atmosfera urbana, advinda das alterações impostas no final do séc. XIX, e que antecipou todo o ecrã contemporâneo - através da transformação da noção de espaço público e da emergência de uma nova consciência do individual (Sol 2018, 8). Essa nova consciência surgiu com o advento do capitalismo industrial que destruiu lentamente o domínio público, ao ampliar as expectativas e os interesses privados. O eclodir dos grandes armazéns e o seu sucesso fizeram da vida pública um lugar mais intenso e menos sociável, sublinhando sobretudo o papel da secularização. A secularização leva o ser humano a mistificar a sua própria condição – e a não ter tempo para olhar para qualquer outra coisa que não seja a sua eterna face num reflexo. Sol explica que Baudelaire em O Pintor da vida moderna afirmou que o indivíduo moderno deseja assemelhar-se somente àquilo que pretende ser, sem se deixar tocar pelo incontrolável e pelo incompreensível. E vive, por isso, em grande conflito com o facto de ser outro. O seu reflexo nunca corresponde ao sonhado. O resultado é o culto da personalidade, através do fascínio das roupas e da moda. Haussmann, contribuiu em Paris, para a produção desta sociedade que agrava a visão que cada um tem de si próprio - os grandes boulevards não escondem nada, o importante é aquilo que as pessoas têm para mostrar.

A metrópole da era industrial e o cinema surgiram num contexto muito próximo: «A cidade moderna, do comércio, dos boulevards, das vitrines e das arcadas sintetiza um modelo expositivo que determinaria a importância da imagem, estática ou em movimento, da visibilidade do indivíduo e da mercadoria, da sua circulação e transações.» (Sol 2018, 12)

A cidade e também a arquitetura, para Sol, funciona assim como o ecrã da modernidade e, gera, a necessidade do cinema. A cidade moderna trouxe a constante vontade das pessoas verem e serem vistas. A nova velocidade, as multidões de olhos e as largas avenidas esboçaram o ato de filmar e a permanente exposição dos percursos no espaço. Por isso, a arquitetura da cidade é a superfície ideal para se projetar tudo aquilo que as pessoas têm para exibir.

Luísa Sol revela ainda que os situacionistas já avisavam que a sociedade moderna estava contaminada e dominada por imagens. A imagem do mundo torna-se assim mais importante que o próprio mundo. Essas imagens são uma produtificação da vida quotidiana. E vai ser cada vez mais difícil separar a realidade da ficção. (Sol 2018, 20)


Ana Ruepp

Fonte: A FORÇA DO ATO CRIADOR. (2022). Retrieved 14 September 2022, from https://e-cultura.blogs.sapo.pt/a-forca-do-ato-criador-1345027


A definição de 'museu' foi atualizada

 


















Uma votação quase unânime dos membros do Conselho Internacional de Museus (ICOM) substituiu oficialmente sua definição de “museu” por uma mais contemporânea. A nova definição introduz termos como “acessibilidade”, “inclusividade”, “diversidade” e “comunidade”, marcando uma conceção mais horizontal e democrática do museu moderno.

A definição de museu do ICOM foi atualizada pela última vez em 2007 durante os trabalhos da Assembleia Geral em Viena. Mas desde 1974, as modificações na definição do ICOM têm sido relativamente pequenas e fragmentadas. Na íntegra, a nova definição agora diz:

Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe património material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus promovem a diversidade e a sustentabilidade. Atuam e comunicam de forma ética, profissional e com a participação das comunidades, oferecendo experiências variadas de educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento.

Nesta nova definição, destaca-se que o museu, além de “aberto ao público”, é “acessível e inclusivo”, com o objetivo declarado de facilitar a “diversidade e sustentabilidade”. Para o novo museu, “património tangível e imaterial” é “colecionado”, não “adquirido”; “interpretado”, não “explicado” ou “comunicado”. A razão de ser do museu é formulada como “reflexão e partilha de conhecimento” sobre “estudo”. Cada uma dessas mudanças subtis sinaliza que o mundo dos museus está a mover-se em direção a um modelo em que ocupa um nó numa rede mais nivelada de pessoas e instituições, em vez de uma posição neutra de autoridade e significado privilegiados.

Legalmente, a definição do ICOM geralmente determina as definições que os governos nacionais usam. Isso, por sua vez, pode influenciar o modo como as organizações são tributadas, que financiamento estão qualificadas para receber e se recebem status de proteção patrimonial.




📌 Explore a visita virtual 360º nas galerias do Museu Calouste Gulbenkian.

Objetos do Antigo Egito, do Oriente Islâmico ou obras de artistas como Rembrandt, Turner, Monet, Rodin ou René Lalique são alguns dos destaques de uma das mais importantes coleções particulares de arte internacional, reunida em vida por Calouste Gulbenkian.

A visita virtual exige um consumo elevado de dados, recomendamos que não sejam utilizados dados móveis.


domingo, 11 de setembro de 2022

Edumediatest | Relatório Final

 







A ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social avaliou, com recurso à ferramenta interativa online EduMediaTest, o nível de Literacia Mediática de 2636 jovens portugueses, entre os 14 e os 18 anos, em seis dimensões em apreciação - Estética/Tecnologia/Produção e Difusão/Linguagem -, tendo concluído que se encontra num patamar semelhante ao verificado em jovens oriundos da Catalunha, França, Irlanda, Eslováquia, Croácia e Grécia. [...]

Refira-se que a ferramenta EduMediaTest, que constitui um recurso, ainda em fase piloto, de avaliação de competências e formação em educação para os media cofinanciado pela Comissão Europeia, no âmbito do programa Media Literacy for All, foi também aplicada pelas entidades AEM - Agency for Electronic Media, CAC – Consell de l’Audiovisual de Catalunya, CSA – Conseil Supérieur de l’Audiovisuel, EKOME - National Centre of Audiovisual Media & Communication, RVR - Rada pre vysielanie a retransmisiu e Webwise - Irish Internet Safety Awareness Centre nos respetivos países.

Pretende-se que esta ferramenta digital venha futuramente a ser disponibilizada em livre acesso no endereço edumediatest.eu e que possa vir a servir como recurso a ser utilizado pelas escolas portuguesas.

O projeto foi liderado pelo regulador catalão dos media, em colaboração com uma equipa científica da Universitat Pompeu-Fabra de Barcelona, na conceção teórica e metodológica da ferramenta e sua implementação. Os resultados dos 8699 jovens testados no conjunto dos países confirmam a necessidade de investimento na formação ao nível de diferentes competências de literacia mediática.

Em Portugal, apesar das dificuldades geradas pela pandemia de Covid-19 que marcaram a implementação do projeto, a ERC conseguiu envolver, na testagem do questionário que integra a ferramenta, alunos do 8ºano ao 12ºano, oriundos de 25 escolas públicas e privadas e de contextos rural e urbano de todas as regiões do País.

[...] O questionário que dá corpo à ferramenta permitiu concluir que a dimensão em que os alunos portugueses, assim como os colegas europeus, são mais competentes é Tecnologia, seguindo-se a dimensão Estética. No polo oposto, as questões em que revelaram maiores dificuldades foram as que integram a dimensão Linguagem, resultado que se alinha também com os resultados obtidos pelos colegas dos restantes países. Deste modo, apura-se um dado que fazia já parte das hipóteses de partida deste projeto: os jovens apresentam melhores níveis de literacia ao nível do uso das tecnologias e níveis mais débeis no que respeita a dimensões que convocam interpretação de informação, uso da linguagem, assim como nas questões da Ideologia ou que se relacionam com o funcionamento dos media enquanto negócio ou com a sua regulação, por exemplo.

Os jovens portugueses obtiveram uma pontuação média de 14,45 pontos no conjunto do questionário. Na distribuição por sexo, verifica-se que as raparigas apresentam pontuações ligeiramente mais elevadas do que os rapazes e que o valor da pontuação média sobe consoante a idade dos respondentes.

Os resultados globais e nacionais da aplicação do questionário podem ser lidos, em detalhe, na versão portuguesa do relatório que contém em anexo a tradução do relatório executivo internacional e das recomendações gerais adotadas pelos sete países.

ERC- Entidade reguladora para a Comunicação Social. 6 de setembro de 2022



Educação, género, profissão

 



Cartoon de Nahid Zamani



sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Revista de Ciência Elementar

 

 

Capa da Revista de Ciência Elementar 

Setembro 2022

 

 


A comunicação pela Matemática

Entrados na Era Digital, os meios que os cientistas dispõem para a investigação, para a publicação e para a disseminação das suas pesquisas, das suas descobertas e das suas previsões, estão a modificar e a aumentar o ritmo do progresso no Conhecimento. Certamente que os matemáticos, por muito que estejam embrenhados nas abstrações das suas teorias ou nas interações com o mundo real dos seus modelos, não são alheios a este facto. 
 
 
 
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