quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O verbo milagrar






" «Qual é o ser que de manhã se move com quatro patas, com duas a meio do dia e três ao entardecer?» — é o estranho enigma que a esfinge propõe a Édipo, mas do qual ele sai vitorioso quando responde que se trata do ser humano. De facto, em criança o homem gatinha, em adulto anda com as duas pernas, e na avançada idade recorre ao apoio de uma bengala. Cada um destes modos de caminhar supõe grandes aprendizagens, sofrimentos e transformações. Mas a infância e a vida adulta são vastos países que habitamos quase sem dar por isso, mesmo quando enfrentamos muito. Claro que há combates inúmeros, dores de parto vividas em primeira pessoa, múltiplos desaires, mas essas são fases de crescimento e de afirmação, olhadas consensualmente em chave positiva. Experimentamos também aí enormes solidões, mas ainda como um desajuste externo e não como luta desamparada connosco próprios, expandindo-se no centro do nosso corpo e colocando todas as forças em debandada. As nossas sociedades, que dogmatizam a produtividade como única moeda de valor, destratam a velhice, sem compreender nem acompanhar essa estação da vida, deixada assim ao abandono.

Há um provérbio norte-americano que diz «Ser velho não é divertido.». É uma verdade. Ser velho é ter de começar do zero a qualquer momento, e fazê-lo muitas vezes, constrangido a reaprender coisas básicas que inclusive se ensinaram aos outros a vida toda. Coisas simples (e inacreditavelmente complexas) como andar, organizar o seu espaço, cuidar da alimentação, sair de casa, comunicar. Um dia acorda-se e nada disso é óbvio como antes era. Ser velho é fazer o que se fazia, mas muito mais devagar, segmentando por etapas as tarefas, doseando o esforço desmesurado que atividades mínimas agora obrigam. Ser velho é desistir muitas vezes, tombando de uma angústia que as palavras já não exprimem; é as lágrimas correrem dos olhos, não por pieguice, mas porque nenhuma esperança as sustém; e, ao mesmo tempo, ter a teimosia inexplicável de recomeçar quando já não parece possível. Ser velho é, no extremo da fragilidade, mostrar que se tem sete vidas. Ser velho é aceitar o presente, sentindo rondar a imprevisibilidade muito perto, e sabiamente rir-se disso. Ser velho é fazer mais com menos: saber que só se pode contar com a força de uma das mãos ou com o apoio de um dos lados, e mesmo assim insistir e continuar. Ser velho é compreender o valor das migalhas, que foram sempre o nosso grande alimento sem que nos déssemos conta. Ser velho é lutar para estabelecer uma conversa com um quinto do vocabulário, ainda assim entrecortada por hesitações e esquecimentos, mas com os olhos a falarem cinquenta vezes mais, para quem os souber ouvir. Ser velho é sentir-se transferido para o interior de uma casa alheia e grande, desejando unicamente não se perder. Ser velho é não poder contar com ninguém a certas horas - horas longas que parecem não ter fim - procurando manter vivo, dentro dessa total inverteza, o impagável fio do amor.

Sim, o provérbio tem razão. Mas há uma coisa que ele não diz: que ser velho é também um milagre. Na verdade, torna-se urgente vulgarizar um verbo que os dicionários ainda não trazem e que os velhos conjugam continuamente, o verbo milagrar. Explica-o assim o poeta brasileiro Manoel de Barros: «Prefiro as máquinas que servem para não funcionar:/ quando cheias de areia de formiga e musgo - elas/ podem um dia milagrar de flores.» Os velhos milagram. Eles são responsáveis pelo incessante prodígio que é a vida."


José Tolentino Mendonça, Que coisa são as nuvens - O verbo parar, E-Revista Expresso, 26 de agosto de 2017



Os velhos milagram




Coleção "Camilos"





Em exposição na Biblioteca CCBvr



quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Desaparecimentos forçados ou involuntários


Publicações  das Nações Unidas | Alto Comissariado para os Direitos Humanos



 http://www.un.org/en/events/disappearancesday/pdf/FactSheet6Rev3.pdf
Office of the United Nations | High Commissioner for Human Rights
Clicar na imagem para aceder ao documento.



"Alguns homens chegam. Forçam o seu caminho para a casa de uma família, rica ou pobre, casa, casebre ou cabana, numa cidade ou numa aldeia, em qualquer lugar. Eles vêm a qualquer hora do dia ou da noite, geralmente com roupas vulgares às vezes em uniforme, sempre carregando armas. Sem apresentarem qualquer justificação ou mandado de captura, frequentemente sem dizerem sob que autoridade estão a agir, eles arrastam um ou mais membros da família em direção a um carro, usando a violência, se necessário. 

Este é frequentemente o primeiro ato no drama de um forçado ou involuntário desaparecimento, uma violação particularmente hedionda dos direitos humanos e um crime internacional. De acordo com a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas de Desaparecimento Forçado, proclamado pela Assembleia Geral na sua resolução 47/133, de 18 de dezembro de 1992, como órgão de Princípios para todos os Estados, ocorre um desaparecimento forçado quando "as pessoas são presas, detidas ou raptadas contra a sua vontade ou de outra forma privadas da sua liberdade por funcionários de diferentes ramos ou níveis de governo, ou por grupos organizados ou particulares que atuem em nome de, ou com a apoio, direto ou indireto, consentimento ou aceitação do Governo, seguido de uma recusa em divulgar o destino ou o paradeiro das pessoas em questão ou da recusa em reconhecer a privação da sua liberdade, o que coloca essas pessoas fora da proteção da lei "(preâmbulo).

Um desaparecimento tem um impacto duplamente paralisante: sobre as vítimas, frequentemente torturadas e com medo constante pelas suas vidas, e sobre as famílias, que ignoram o destino dos seus entes queridos, suas emoções alternando entre a esperança e o desespero, perguntando e esperando, às vezes durante anos, por notícias que talvez nunca venham. As vítimas estão bem conscientes de que suas famílias não sabem o que lhes aconteceu e que as hipóteses de que alguém as venha ajudar são escassas.  Tendo sido retirado do recinto de proteção da lei e "desaparecidos" da sociedade, eles são de fato privados de todos os seus direitos e estão à mercê dos seus captores. Mesmo que a morte não seja  o resultado final e a vítima seja finalmente libertada do pesadelo, as cicatrizes físicas e psicológicas desta forma de desumanização, e a brutalidade e a tortura que muitas vezes a acompanham permanecem."


"Introduction", Enforced or Involuntary Disappearances, Office of the United Nations, High Commissioner for Human Rights United Nations Office at Geneva, julho, 2009 (tradução da nosa responsabilidade)

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados



30 de agosto



Dia da Mãe, 2012. Cidade do México, México. 
Mães e familiares de vítimas de desaparecimento forçado realizam um protesto para exigir justiça. 
Crédito: OHCHR (Office of the United Nations High Commissioner for Human Rights)



O desaparecimento forçado tem sido frequentemente usado como uma estratégia para espalhar o terror na sociedade. O sentimento de insegurança gerado por esta prática não se limita aos parentes próximos dos desaparecidos, pois afeta também as suas comunidades e a sociedade como um todo.

O desaparecimento forçado tornou-se um problema global; não se restringe a uma região específica do mundo. Visto, no passado,  maioritariamente como produto das ditaduras militares, hoje em dia os desaparecimentos forçados podem ser perpetrados em situações complexas de conflito interno, especialmente como meio de repressão política dos oponentes. De particular preocupação são:

- a perseguição constante dos defensores dos direitos humanos, dos familiares das vítimas, das testemunhas e advogados que tratam dos casos de desaparecimento forçado;

- o uso pelos Estados de atividades antiterroristas como desculpa para violar as suas obrigações e da impunidade ainda maior para o desaparecimento forçado;

- os grupos específicos de pessoas especialmente vulneráveis, como crianças e pessoas com deficiência.


Em 21 de dezembro de 2010, na sua resolução 65/209, a Assembleia Geral da ONU manifestou sua profunda preocupação com o aumento dos desaparecimentos forçados ou involuntários em várias regiões do mundo, incluindo prisões, detenções e raptos, e com o número crescente de relatos sobre perseguições, maus-tratos e intimidação de testemunhas de desaparecimentos ou parentes de pessoas desaparecidas.

Na mesma resolução, a Assembleia congratulou-se com a adoção da Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado e decidiu declarar, a partir de 2011, 30 de agosto, o Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados.



Desde 1999, no Kosovo, mais de 6,000 pessoas foram dadas como desaparecidas



Uma séria violação dos Direitos Humanos

Tendo sido retirado do recinto protetor da lei e "desaparecido" da sociedade, as vítimas do desaparecimento forçado estão de facto privadas de todos os seus direitos e estão à mercê dos seus captores. Alguns dos direitos humanos violados pelos desaparecimentos forçados:

  • O direito ao reconhecimento como pessoa perante a lei;
  • O direito à liberdade e à segurança da pessoa;
  • O direito de não ser submetido a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes;
  • O direito à vida, quando a pessoa desaparecida é morta;
  • O direito a uma identidade;
  • O direito a um julgamento justo e a garantias judiciais;
  • O direito a um recurso efetivo, incluindo reparação e compensação;
  • O direito de conhecer a verdade sobre as circunstâncias de um desaparecimento.


Geralmente, os desaparecimentos forçados também violam vários direitos económicos, sociais e culturais tanto das vítimas como das suas famílias:
  • O direito à proteção e assistência à família;
  • O direito a um padrão de vida adequado;
  • O direito à saúde;
  • O direito à educação.

Nações Unidas, International Day of the Victims of Enforced Disappearances (tradução da nossa responsabilidade)

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O verbo parar







Que marinheiro se lança à aventura oceânica sem controlar se leva na embarcação, não só a vela e os remos, mas também uma âncora? Ou que caminhante enfrenta a sua jornada sem prever tempos e lugares de pausa, que lhe garantam a possibilidade de refazer-se, sentir o conforto de um abrigo e retemperar forças para poder continuar? A viagem não é só movimento, como a vida não é apenas o contínuo das suas atividades. A arte de parar é uma aprendizagem indispensável à sobrevivência, mesmo se isso vem frequentemente esquecido. Quem não sabe parar, não sabe viver, pois há uma qualificação da existência que provém daí, por muito que isso se tenha tornado difícil de efetivar ou nos obrigue a deliberar em contraciclo, mesmo em relação às idealizações que construímos sobre nós próprios. Precisamos de parar: por carência e necessidade, por chamamento interior e por escolha, por decisão e sabedoria.

José Tolentino Mendonça, Que coisa são as nuvens - O verbo parar [extrato], E-Revista Expresso, 8 de julho de 2017



Dia internacional contra os testes nucleares



29 de agosto




Embrace! Um mundo livre de armas nucleares



Desde que o primeiro teste de armas nucleares teve lugar, em 16 de julho de 1945, ocorreram já cerca de 2.000 testes. No começo, ter armas nucleares foi visto como uma medida de sofisticação científica ou de força militar, com pouca consideração dada aos efeitos devastadores dos testes na vida humana, e muito menos aos perigos das provas nucleares de testes atmosféricos. A retrospetiva e a história mostram-nos os efeitos terríveis e trágicos dos testes de armas nucleares, especialmente quando as condições controladas desaparecem, que se agravam à luz das armas nucleares muito mais poderosas e destrutivas que existem hoje.

As tragédias humanas e os ambientais decorrentes de testes nucleares são razões convincentes para a necessidade de observar o Dia Internacional contra os Testes Nucleares - um dia em que eventos, atividades e mensagens educativas visam captar a atenção do mundo e ressaltar a necessidade de esforços unificados para evitar novos testes de armas nucleares.

O instrumento internacional para pôr fim a todas as formas de testes nucleares é o Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty (CTBT) mas, infelizmente, ainda não entrou em vigor. Entretanto, em 2 de dezembro de 2009, a 64ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 29 de agosto o Dia Internacional contra os Testes Nucleares, por unanimidade, adotando a resolução 64/35. Esta resolução exige uma maior consciencialização e educação "sobre os efeitos de explosões de testes de armas nucleares ou outras explosões nucleares e a necessidade de sua cessação como um dos meios para atingir o objetivo de um mundo livre de armas nucleares". 

Iniciado pela República do Cazaquistão, juntamente com um grande número de patrocinadores e co-patrocinadores com vista a comemorar o encerramento do site de Testes Nucleares de Semipalatinsk, em 29 de agosto de 1991, o Dia pretende galvanizar as Nações Unidas, Estados Membros, Organizações intergovernamentais e não governamentais, instituições académicas, redes juvenis e meios de comunicação para informar, educar e defender a necessidade de proibir os testes de armas nucleares como um passo valioso para alcançar um mundo mais seguro.

O ano de 2010 marcou a comemoração inaugural do Dia Internacional contra os Testes Nucleares. Todos os anos, desde então, o dia foi observado através da coordenação de várias atividades em todo o mundo, como simpósios, conferências, exposições, competições, publicações, palestras em instituições académicas, transmissões dos media e outras iniciativas.

Desde a sua criação, muitos desenvolvimentos a nível governamental bilateral e multilateral, bem como amplos movimentos da sociedade civil, ajudaram a avançar a causa da proibição de testes nucleares.



Que países têm armas nucleares?


quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Vozes da Juventude



Plataforma da UNICEF











ESCRITA COM SENTIDO:

A VOY / Voices of Youth é uma plataforma da UNICEF onde os jovens de todo o mundo podem partilhar ideias e experiências!


O verbo fotografar






Talvez a saturação sem precedentes em que o mundo contemporâneo mergulhou, no que diz respeito à recolha e divulgação de imagens, nos tenha, paradoxalmente, tornado mais distantes do verbo fotografar. Repetindo obsessivamente gestos que se diriam os mesmos de um fotógrafo e obtendo, em contínuo, imagens que ainda chamamos, à falta de outro nome, fotografias, poderíamos pensar que a nossa época assiste ao triunfo do homo photograficus. Fotografar tornou-se um ato espontâneo, uma forma acelerada de comunicação, uma expressão inconsequente e divertida das nossas sociabilidades.

José Tolentino Mendonça, extrato de Que coisa são as nuvens - O verbo fotografar, E-Expresso Revista, 5 de agosto de 2017


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O verbo rezar





Há pessoas que para rezar baixam os olhos, fecham nas mãos o rosto, voltam-se para o interior. E a oração configura-se como uma imersão, um mergulho, semelhante à imagem oferecida pelo pequeno poema de Matsuo Bashô: “Silêncio/ Uma rã mergulha/ Dentro de si”. A oração é uma pedra que se afunda não dentro do lago, mas no interior vasto de si. Há outras pessoas, porém, que abrem esforçadamente os olhos ao rezar, que finalmente os abrem numa tentativa de olhar a vida no seu flagrante espanto, no seu rasgão dilacerante e no seu prazer vivo. Quer umas quer outras estão certas. Todas as formas de rezar são insuficientes. Todas são eficazes. A arte de rezar é a arte de ser, apenas isso.

José Tolentino Mendonça, Que coisa são as nuvens - O verbo rezar, E-Revista Expresso, 15 de julho de 2017


História Geral de África


Publicações UNESCO






Volume 1- Metodologia e Pré -História de África


 http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190249por.pdf




O volume I da História Geral da África da UNESCO trata da pré-história africana e da sua metodologia. A parte inicial do volume avalia a importância atribuída pelas sociedades africanas ao passado e ao crescimento e desenvolvimento da historiografia africana, juntamente com um esboço geral de fontes e técnicas.

Seguem-se as descrições das principais fontes literárias, as tradições orais e vivas e a arqueologia africana e suas técnicas. Os capítulos 10 a 12 abordam a linguística e as migrações. Em seguida, vêm dois capítulos sobre a geografia histórica e uma discussão sobre o quadro cronológico adotado.

A segunda metade do volume trata especificamente do homem mais antigo e da pré-história da África de acordo com as áreas geográficas: Norte, Sul, Leste, Oeste e Central, com o Vale do Nilo destacado em particular. Os capítulos são dedicados à arte pré-histórica, às técnicas agrícolas e ao desenvolvimento da metalurgia.

Cada capítulo é altamente ilustrado com mapas, figuras, diagramas e uma seleção de fotografias a preto e branco. O texto é totalmente anotado e existe uma extensa bibliografia e índice.



Volume II - África Antiga


 http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001842/184265eo.pdf#xml=http://www.unesco.org/ulis/cgi-bin/ulis.pl?database=&set=4DC2A097_1_13&hits_rec=9&hits_lng=eng  http://unesdoc.unesco.org/images/0011/001103/110340poro.pdf


O volume II da História Geral da África da UNESCO trata do período que começa no final da era neolítica, por volta do oitavo milénio antes da nossa era.


Este período de cerca de nove mil anos de história foi subdividido em quatro grandes zonas geográficas, seguindo o padrão de pesquisa histórica africana.

Os capítulos 1 a 12 abrangem o corredor do Nilo, Egito e Nubia.

Os capítulos 13 a 16 referem-se às terras altas etíopes.

Os capítulos 17 a 20 descrevem a parte de África mais tarde chamada Magreb e o seu sertão do Sahara, e os Capítulos 21 a 29, o resto de África, bem como algumas das ilhas do Oceano Índico.

De longe, a maior parte do Volume II é dedicada à antiga civilização do Egito por causa do seu lugar preeminente na história inicial de África.

Cada capítulo do volume é copiosamente ilustrado com fotografias, mapas e figuras a preto e branco.

O texto é acompanhado por notas de rodapé, muitas das quais se referem à extensa bibliografia no final do livro e há um índice.


Volume III - África do século VII ao XI


 http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190251por.pdf



O volume III da História Geral da África da UNESCO abrange a história da África do século VII ao XI. 

Dois movimentos com um significado cultural, político e económico importante e duradouro na história do continente são cobertos por esse período: a crescente influência do islamismo e sua disseminação e a interação com a cultura tradicional africana nas regiões norte e ocidental e a expansão bantu no sul .

O livro coloca primeiro África no contexto da história mundial na abertura do século VII antes de examinar o impacto geral da penetração islâmica; a contínua expansão dos povos falantes de Bantu; e o crescimento das civilizações nas zonas sudanianas da África Ocidental.

Capítulos detalhados seguem a discussão das sucessivas dinastias islâmicas do norte de África e dos seus contactos mais amplos; o corno de África; a costa interior e do leste africano; a África Central; a África do Sul; o desenvolvimento interno de Madagáscar e os contatos internacionais. Três capítulos de conclusão traçam a diáspora africana na Ásia; Examinam as relações internacionais e a disseminação de tecnologia e ideias em África; avaliam o impacto geral do período em questão na história africana.

Cada capítulo é ilustrado com fotografias, mapas e figuras a preto e branco. O texto é totalmente anotado e há uma extensa bibliografia de trabalhos relacionados ao período.


Volume IV - África do século XII ao XVI

 http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190252por.pdf

O volume IV da História Geral da África da UNESCO abrange a história da África do século XII ao século XVI.

Este período constitui uma fase crucial na história do continente no qual África desenvolveu a sua própria cultura e os registros escritos se tornaram mais comuns. Foram vários os principais temas característicos: o triunfo do Islão; a extensão das relações comerciais, as trocas culturais e os contactos humanos; o desenvolvimento de reinos e impérios.

O livro primeiro descreve os Almohades. Seguem-se os capítulos sobre as várias civilizações da África Ocidental - Mali, Songhay, Bend do Níger, Bacia do Volta, Chade, Hausa e os povos costeiros de Casamança aos Camarões modernos.

O capítulo 15 e seguintes abordam a África do Nordeste e do Leste, começando pelo Egito e indo para a Nubia, a Etiópia e os Estados do Corno de África, incluindo material sobre o desenvolvimento da civilização swahili. A África Central é representada por capítulos sobre a área entre a costa e os grandes lagos, a região interlacustrina e as bacias dos rios Zambeze e Limpopo. Existem capítulos sobre a África Equatorial e Angola, África do Sul e Madagáscar e as ilhas vizinhas.

Cada capítulo é ilustrado com fotografias, mapas e figuras a preto e branco. O texto está totalmente anotado e existe uma bibliografia abrangente de trabalhos sobre este período.



Volume V - África do século XVI ao século XVIII

 http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190253por.pdf

O volume V da História Geral da África da UNESCO abrange a história de África desde o início do século XVI até o final do século XVIII. Dois grandes temas emergem: primeiro, a contínua evolução interna dos estados e culturas de África durante esse período; em segundo lugar, o crescente envolvimento de África no comércio externo - com consequências maiores, mas imprevistas para todo o mundo.

No norte da África, vemos os otomanos conquistarem o Egito e estabelecerem Regências em Tripoli, Tunis e Argel. Ao sul do Sahara, alguns dos maiores e mais antigos estados colapsam (Songhay, Sudão Ocidental, Etiópia cristã) e novas bases de poder emergem (Asante, Dahomey, Sakalava). Desenvolvem estruturas políticas e administrativas altamente centralizadas e sociedades com classes sociais distintas e, muitas vezes, com um caráter fortemente feudal. As religiões tradicionais continuam a coexistir tanto com o Cristianismo (contratempos de sofrimento) quanto com o Islão (em ascensão).

Ao longo da costa, particularmente da África Ocidental, os europeus estabelecem uma rede comercial que, com o desenvolvimento da agricultura de plantação do Novo Mundo, se torna o foco do comércio internacional de escravos. As consequências imediatas desse comércio para África são exploradas, e argumenta-se que a consequência global a longo prazo inclui o fundação da atual economia mundial com todas as suas desigualdades incorporadas.

Cada capítulo é ilustrado com fotografias, mapas e figuras a preto e branco. O texto é totalmente anotado e há uma extensa bibliografia de trabalhos relacionados com o período em análise, bem como um glossário abrangente.



Volume VI - África do século XIX à decada de 1880


 http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190254por.pdf



O volume VI da História Geral da África da UNESCO abrange a história de África desde o início do século XIX até o início da "disputa" europeia pelo território colonial na década de 1880.

Apesar da crescente presença comercial, religiosa e política europeia durante o século, as influências externas foram sentidas indiretamente pela maioria das sociedades africanas, e fizeram uma variedade de tentativas culturalmente distintas de se modernizar, expandir e desenvolver. Duas sequências influentes de eventos - o Mfecane na África Austral com a sua ramificação na África Central e Oriental e os movimentos dos reformadores muçulmanos na África Ocidental - devido pouco ou nada a influências estrangeiras - figuram proeminentemente em oito dos capítulos.

O livro abre com quatro capítulos temáticos que examinam as principais forças em ação na sociedade africana no início do século; o papel mutante de África na economia mundial; as novas tendências e processos; e os efeitos da abolição do tráfico de escravos. Seguem-se vinte e três capítulos onde se aborda os desenvolvimentos nas várias regiões. Dois capítulos de conclusão traçam a diáspora africana e avaliam o estado do desenvolvimento político, económico e cultural do continente na véspera da conquista europeia.

Cada capítulo é ilustrado com fotografias, mapas e figuras a preto e branco. O texto é totalmente anotado e há uma extensa bibliografia de trabalhos relacionados com o período em análise.


Volume VII - África sob dominação colonial, 1880-1935


 http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190255por.pdf


O volume VII da História geral da África da UNESCO examina o período de partição, conquista e ocupação desde o início da "Disputa europeia de África" até à invasão fascista italiana da Etiópia em 1935. Ao longo do volume, o foco é direcionado para as respostas dos próprios africanos ao desafio do colonialismo.

Os dois primeiros capítulos abordam as atitudes e a prontidão africanas na era colonial e os antecedentes das ambições imperiais europeias. Os sete capítulos seguintes abordam iniciativas e reações africanas diante da partição e da conquista da Primeira Guerra Mundial. Uma visão geral é seguida de análises regionais mais detalhadas.

Os capítulos 13 a 21 referem-se ao impacto dos aspectos económicos e sociais dos sistemas coloniais em África de 1919 a 1935: o funcionamento da economia colonial nas antigas zonas francesas, belgas, portuguesas e britânicas e no norte de África; o surgimento de novas estruturas sociais e padrões demográficos e o papel da religião e das artes em África durante o período colonial. A secção final traça o crescimento dos movimentos anticoloniais, o fortalecimento do nacionalismo político africano e a interação entre a África negra e os negros do Novo Mundo. Libéria e Etiópia são discutidas em capítulos especiais.

Cada capítulo é ilustrado com fotografias, mapas e figuras a preto e branco. O texto é totalmente anotado e há uma extensa bibliografia de trabalhos relacionados com o período em questão.


Volume VIII -África desde 1935

 http://unesdoc.unesco.org/images/0019/001902/190256por.pdf

Este oitavo e último volume da História Geral da África da UNESCO examina o período de 1935 até o presente. À medida que a libertação do domínio colonial avança, são analisadas as dimensões política, económica e cultural do continente.

Para a África, 1935 marcou o início da Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Etiópia por Mussolini. O conflito internacional domina a primeira secção deste volume, que descreve as crises no Corno de África, na África do Norte e noutras regiões sob o domínio das potências europeias. As três secções seguintes abrangem as lutas de África pela soberania política, de 1945 até à independência; o subdesenvolvimento e a luta pela independência económica, buscando a construção da nação e a mudança das estruturas e valores políticos.

A secção cinco trata da mudança sociocultural desde 1935, da religião à literatura, da linguagem à filosofia, ciência e educação. As duas últimas secções abordam o desenvolvimento do pan-africanismo e o papel da África independente nos assuntos mundiais. Reconhecendo a ironia original de que foi a imposição do imperialismo europeu que despertou a consciência africana, o volume aponta a inter-relação vital e crescente de África e do resto do globo.

O volume é ilustrado com fotografias, mapas e figuras a preto e branco. O texto está totalmente anotado e existe uma extensa bibliografia.

(UNECO. Tradução da nossa responsabiidade)



Década Internacional dos Afrodescendentes (2015-2024)









“Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”

Através da Resolução n. 68/237, de 23 de dezembro de 2013, a Assembleia Geral da ONU proclamou a Década Internacional de Afrodescendentes, com início em 1º de janeiro de 2015 e fim em 31 de dezembro de 2024, subordinada ao tema: “Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”.

Com esta iniciativa, pretende-se promover o respeito, a proteção e a realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais dos afrodescendentes, tal como são reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos; fomentar o reconhecimento da contribuição significativa dos afrodescendentes às nossas sociedades; propor medidas concretas para a promoção da sua inclusão total e para o combate contra todas as formas de racismo, discriminação racial, xenofobia e qualquer tipo de intolerância relacionada.

Assim, a Década terá como foco os seguintes objetivos:
  • Fortalecer a cooperação e as ações nacionais, regionais e internacionais relativas ao pleno gozo dos direitos económicos, sociais, culturais, civis e políticos pelos afrodescendentes, bem como a sua participação plena e igualitária em todos os aspetos da sociedade;
  • Promover um maior conhecimento e um maior respeito pelos diversos patrimónios, culturas e contribuições de afrodescendentes para o desenvolvimento das sociedades;
  • Adotar e fortalecer marcos legais nos âmbitos nacional, regional e internacional, de acordo com a Declaração e Plano de Ação de Durban (ver Durban Declaration and Programme of Action, World Conference against Racism, 2001) e com a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination), bem como garantir a sua implementação total e efetiva.

A Década Internacional permitirá que as Nações Unidas, Estados-membros, sociedade civil e outros atores relevantes se juntem aos afrodescendentes e tomem medidas efetivas para a implementação do programa de atividades, com o espírito de reconhecimento, justiça e desenvolvimento.



Leia a Brochura informativa (em Português do Brasil) produzida para acompanhar uma exibição na sede da ONU, em janeiro de 2016. Ela fornece uma breve visão geral dos antecedentes, objetivos e atividades da Década.




terça-feira, 22 de agosto de 2017

Remember Slavery


Projeto Educativo






 http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001378/137805e.pdf
Clicar na imagem para aceder ao documento



O Projeto Educativo do Comércio Transatlântico de Escravos (também conhecido como TST/Transatlantic Slave Trade Education Project) é parte integrante do Projeto da Rota do Escravo da UNESCO. 

É conduzido pela UNESCO's Associated Schools Project Network e envolve cerca de 100 escolas de três continentes: África, Europa e Américas / Caribe. Sob o título de "Breaking the Silence" (Quebrar o Silêncio), foi dada uma oportunidade aos jovens para estudar os eventos e desenvolvimentos do seu passado comum, independentemente do seu background e das suas condições atuais de vida.


Remember slavery: consultar o sítio da ONU/UNESCO sobre a efeméride AQUI


Dia internacional da lembrança do tráfico de escravos e sua abolição



23 de agosto


Tema de 2017:
"Remember Slavery: Recognising the Legacy and Contributions of People of African Descent"




© UN Photo / Rick Bajornas - The Ark of Return. Nova Iorque 
(O Arco do Regresso - Memorial em honra das vítimas da escravatura e do comércio transatlântico de escravos, da autoria de Rodney Leon, arquiteto norte-americano de ascendência haitiana)



Num período superior a 400 anos, mais de 15 milhões de homens, mulheres e crianças foram vítimas do trágico tráfico de escravos transatlânticos, um dos capítulos mais sombrios da história humana. 


Na noite de 22 a 23 de agosto de 1791, em Santo Domingo (hoje Haiti e República Dominicana), homens e mulheres, arrastados de África e vendidos como escravos, revoltaram-se contra o sistema esclavagista para obter a liberdade e independência para o Haiti, facto conseguido em 1804. O início da revolta desempenhou um papel crucial na abolição do tráfico transatlântico de escravos e viria a constituir um ponto de viragem na história humana, com impacto muito significativo no estabelecimento de direitos humanos universais, pelos quais todos estamos em dívida. 


Desde 1997, o Dia internacional da lembrança do tráfico de escravos e sua abolição é comemorado todos os anos em 23 de agosto. Com a celebração desta efeméride, pretende-se inscrever a tragédia do tráfico de escravos na memória de todos os povos. 








© UNESCO, mapa da Rota do Escravo.




De acordo com os objetivos do projeto intercultural "A Rota do Escravo", lançada pela UNESCO em 1994, esta efeméride deve oferecer uma oportunidade de consideração coletiva das causas históricas, dos métodos e das consequências dessa tragédia e de uma análise das interações entre a África, a Europa, as Américas e o Caribe às quais ela deu origem


Visão geral do comércio de escravos a partir de África, no período de 1500-1900.

David Eltis and David Richardson, Atlas of the Transatlantic Slave Trade (New Haven, 2010).



A Diretora-Geral da UNESCO, Irina Bokova, convida os Ministros da Cultura de todos os Estados membros a organizar eventos nesta data, que envolvam toda a população dos seus países, em particular, jovens, educadores, artistas e intelectuais.





Coleção "Camilos"





Camilo Castelo Branco | Biblioteca CCBvr