"O orgulho não é um exclusivo dos grandes países, porque ele não tem que ver com a extensão de um território, mas com a extensão da alma que o preencheu. A alma do meu país teve o tamanho do mundo. Estamos celebrando a gesta dos portugueses nos seus descobrimentos. Será decerto a altura de a Europa celebrar também o que deles projectou na extraordinária revolução da sua cultura. Uma língua é o lugar donde se vê o mundo e de ser nela pensamento e sensibilidade. Da minha língua vê-se o mar. Na minha língua ouve-se o seu rumor como na de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi em nós a da nossa inquietação. Assim o apelo que vinha dele foi o apelo que ia de nós. E foi nessa consubstanciação que um novo espírito se formou, como foi outro o espírito da Europa inteira na reconversão total das suas evidências."
Fonte: «A Voz do Mar», in Espaço do Invisível 5, Lisboa, Bertrand, 1999, pp. 83-84
Da minha língua vê-se o mar - Antologia - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. (2021). Retrieved 1 May 2021, from https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/outros/antologia/da-minha-lingua-ve-se-o-mar/2425
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