"A língua é ou faz parte do aparelho ideológico,
comunicativo e estético da sociedade que a própria língua define e
individualiza."
Leonor Buescu
"não és mais do que as outras, mas és nossa, e crescemos em ti. nem se imagina que alguma vez uma outra língua possa pôr-te incolor, ou inodora, insossa, ser remédio brutal, mera aspirina, ou tirar-nos de vez de alguma fossa,... ou dar-nos vida nova e repentina."
Excerto de "Lamento para a língua portuguesa", de Vasco Graça Moura
Nos 50 anos de vida literária, o JL entrevistou Vasco Graça Moura, o "artesão" prodigioso
Celebrar a língua portuguesa é celebrar também todos aqueles que, fazendo da lingua mater matéria prima do labor literário, nos foram dando a conhecer novas palavras, novos sentidos, novas virtualidades da língua, tornando menos nebulosa e acidentada a complexa relação pensamento / palavra, e nos foram dando a degustar uma poção mágica singular: a palavra alada que nos permite voar! Salve, Vasco Graça Moura!
Vasco Graça Moura fala do livro da sua vida: Os Lusíadas,
"um monumento esplendoroso da língua portuguesa"
«é no espaço naturalmente universal de uma língua que cada um tem a sua mais alta e a única maneira aceitável de ter pátria, não como mero instrumento de comunicação entre gente da mesma língua, mas como lugar onde a particularidade de um povo se simboliza e vive espontaneamente no universal. […] Nesse sentido, não é Portugal ou os países lusófonos que falam português, é a língua portuguesa que fala Portugal e esses países.»
Eduardo Lourenço, Nau de Ícaro– Imagem e Miragem da Lusofonia, p.185
Uma língua é fruto de alterações, de contaminações, de enriquecimentos e de empréstimos, que se sucederam e vão sucedendo ao longo do tempo.
Conforme já foi anunciado, a fase distrital do CNL irá decorrer em Mondim de Basto, na próxima quarta-feira, dia 7 de maio.
A Lia Melo, do 7º A, o Sérgio Bastos, do 9º C, Carlos Matos, do 9º E, a Márcia Nogueira, do 10º A, a Verónica Alves, do 10º H, e a Ana Margarida Heleno, do 11º H, são os alunos selecionados para representar a nossa escola.
Lembramos que as obras escolhidas pela biblioteca responsável pela organização do evento são:
_________________________ Por João Pedro Montenegro
Quinteira Sanfins da Costa 9ºE
Crónicas de Allarya
Neste momento, estou a ler uma coleção de livros designada “Crónicas de Allarya”. Esta é composta por sete livros que, na minha opinião, são muito interessantes e, consequentemente, me fazem mergulhar nesse belíssimo enredo. Isto transmite-me uma enorme emoção e ansiedade por querer saber o épico final da história.
Efetivamente, esta coleção retrata a aventura de um grupo de amigos que, num mundo imaginário onde existe uma grande diversidade de espécies (desde os horríveis drahregs até aos belos eahan), procuram saber o que aconteceu realmente ao pai da personagem principal. Esta ação vai-se desenrolando ao longo dos livros até ao esperado confronto entre as forças do mal e do bem.
Por isso, eu aconselho a leitura desta coleção a todas as pessoas, pois, durante a história, surgem inúmeras batalhas e confrontos individuais que contribuem para a inevitável emoção por parte dos leitores. Além disso, apesar de haver momentos com muita descrição, podemos verificar o uso de um vocabulário muito rico o que leva a que possamos aprender novas palavras e, consequentemente, as usemos nas nossas redações.
Em conclusão, eu escrevi este texto com o objetivo de apelar à leitura desta coleção, pois acho que é muito instrutivo e que quase todas as pessoas gostarão de a ler.
A 25 de Abril de 2014, comemoraram-se os 40 anos do derrube dos 48 anos de ditadura fascista em Portugal.
"A liberdade só existe quando todos os nossos atos concordam com todo o nosso pensamento."
Agostinho da Silva
Liberdade, 25 de abril de 1974, de Vieira da Silva
«QUEM A
TEM…»
Não
hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
me queiram cego e mudo,
não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Relatório de proibição, datado de 1967 e assinado por um Capitão com avença de leitor-censor, sobre o livro “A Mulher”, com tradução e edição brasileiras. O referido livro foi enviado pelos CTT para apreciação da Censura (como se vê, no Estado Novo, os Correios também desempenhavam função de vigilância e controlo) e mereceu o seguinte despacho do Capitão-Censor Borges Ferreira:
"É um livro científico, que todas as mulheres deviam ler, mas, para isso, devia ser tirado o capítulo XXXVII. É este capítulo que, a meu ver, estraga o livro e o torna impróprio de entrar nas nossas casas.
Sou, portanto, de parecer, salvo melhor opinião, que o livro deve ser proibido de circular.”
SONETO AO SENHOR CORREIO
Senhor Correio, Senhor Dom Correio, por favor, por favor, Vossa Excelência não abra as minhas cartas porque é feio e tudo o que for feio falta à decência.
Eu leio as suas cartas? Não, não leio. Se suas cartas lesse era demência. Senhor Correio, veja se há um meio de ter um pouco menos de inclemência.
Porque enfim o que escrevo a mim o devo, Senhor Correio, é meu tudo o que escrevo, e a tinta expressando as minhas falas.
É qualquer coisa mais que intimidade. Senhor Correio, sabe que é verdade, violar minhas cartas é matá-las.
MURALHA, Sidónio (2002). “Poemas de Abril” (1974), Obras Completas do Poeta, Lisboa: Universitária Editora, p. 253
Durante o regime totalitário do Estado Novo, para além da devassa da intimidade de cada pessoa, pela violação da correspondência, foram proibidas 3 300 obras. A Censura só viria a terminar com a Revolução de abril, em 1974.
Manuel Freire canta "Ouvindo Beethoven", de Saramago
OUVINDO BEETHOVEN
Venham leis e homens de balanças, Mandamentos daquém e dalém mundo, Venham ordens, decretos e vinganças, Desça o juiz em nós até ao fundo.
Nos cruzamentos todos da cidade, Brilhe, vermelha, a luz inquisidora, Risquem no chão os dentes da vaidade E mandem que os lavemos a vassoura.
A quantas mãos existam, peçam dedos, Para sujar nas fichas dos arquivos, Não respeitem mistérios nem segredos, Que é natural nos homens serem esquivos.
Ponham livros de ponto em toda a parte, Relógios a marcar a hora exata, Não aceitem nem votem noutra arte Que a prosa de registo, o verso data.
Mas quando nos julgarem bem seguros, Cercados de bastões e fortalezas, Hão de cair em estrondo os altos muros E chegará o dia das surpresas.
José Saramago, Poema à Boca Fechada, 1966
Zeca Afonso, "Canção de embalar". Ao vivo, no Coliseu dos Recreios, em 1983
Manuel Freire canta "Pedra Filosofal", de António Gedeão
Poucos, muito poucos foram os poetas que se mantiveram alheios aos anos de ferro e manha da ditadura salazarista. De forma mais explícita ou mais discreta, mais pessoal ou pública, com palavras de indignação, de denúncia ou verrina, raros foram aqueles que não lavraram um pequeno ou grande incêndio nos seus livros, num ou noutro poema, num verso apenas que fosse.
FANHA, José (2004). Apresentação De Palavra em Punho – Antologia Poética da Resistência. De Fernando Pessoa ao 25 de Abril, Porto: Campo das Letras.
José Mário Branco canta poema de Natália Correia. Do Álbum Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades, gravado em Paris, em 1971.
Cartaz pintado por Vieira da Silva, com a frase de Sophia «a poesia está na rua»
Trabalho realizado por Neuza e Ana Sousa, 11º G, 2014
"A metamorfose, 24-04-74 / 24-08-74", de Abel Manta. Publicado no Diário de Notícias em agosto de 1974.
11º G, 2014
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas
Ricardo, 11º G
Abril de Abril
Era um Abril de amigo Abril de trigo Abril de trevo e trégua e vinho e húmus Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo ainda só ardor e sem ardil Abril sem adjetivo Abril de Abril.
Era um Abril na praça Abril de massas era um Abril na rua Abril a rodos Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taças era um Abril de clava Abril em acto em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril tão bravo Abril de boca a abrir-se Abril palavra esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo Abril de mão na mão e sem fantasmas esse Abril em que Abril floriu nas armas.
ALEGRE, Manuel. 30 Anos de Poesia, Lisboa: Publicações Dom Quixote
Liberdade
— Liberdade, que estais no céu... Rezava o padre-nosso que sabia, A pedir-te, humildemente, O pio de cada dia. Mas a tua bondade omnipotente Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra... E a minha voz crescia De emoção. Mas um silêncio triste sepultava A fé que ressumava Da oração. Até que um dia, corajosamente, Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, Saborear, enfim, O pão da minha fome. — Liberdade, que estais em mim, Santificado seja o vosso nome. Miguel Torga, Diário XII
Conquista Livre não sou, que nem a própria vida Mo consente. Mas a minha aguerrida Teimosia É quebrar dia a dia Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino. E vão lá desdizer o sonho do menino Que se afogou e flutua Entre nenúfares de serenidade Depois de ter a lua!
No Dia Mundial do Livro, a Biblioteca convidou os alunos do 7º C e 7º D, e respetivos professores, para ouvirem a leitura de um conto de Valter Hugo Mãe, São Salvador do Mundo.
O conto de Valter Hugo Mãe foi escolhido pelas professoras Rosa Caneças e Leonor Vaz de Carvalho que, depois da receção às duas turmas de 7º ano, no hall de entrada da escola, se deslocaram às salas de aula - do 10º E e 12º E - para lerem para os respetivos alunos.
São Salvador do Mundo é um notável acidente paisagístico que regista a admiração e devoção humanas desde épocas longínquas, inserido numa área classificada como Património Cultural da Humanidade do Douro Vinhateiro. Ao longo das épocas Moderna e Contemporânea quase todos os autores referem a grande afluência de devotos ao Santuário. Hoje, a festa ainda se realiza todos os anos.
O escritor Valter Hugo Mãe e o ilustrador Rui Effe também responderam ao desafio " Pintar o Verde com Letras" que a Delegação Regional da Cultura propôs. Valter Hugo Mãe descreve de uma forma muito particular as práticas costumeiras e devocionais que aí se praticam num ato propiciatório ao casamento: acredita-se que uma jovem que vá em peregrinação ao santuário, se conseguir dar um nó na rama de uma giesta com a mão esquerda, sem parar, se este nó depois não se desatar, ela casará no espaço de um ano.
Ilustração de Rui Effe
"e o rapaz passa calado, diz-lhe com os braços onde está, ela sabe, e ele não diz mais nada, porque falam mudos pelo coração. está por todo o lado no chão, esse sol quente e molhado a entrar pela videira. a moça para brevemente para o lanche, são salvador do mundo, pertinho, pertinho, envia-lhe um recado. se ela sentir que está tudo de maneira, talvez o possa ver de mais cerca, muito cerca, quase tocado. e o sol quente e molhado dá-lhe a ela uma cor também, e de pão e de barriga calma ela vai ao pé das águas, espreita, vê-o por ali apaixonado. não lhe diz nada, ele já sabe, e ela sabe, é o tempo que parece andar muito parado."
HUGO MÃE, Valter ( 2007). São Salvador do Mundo, Vila Nova de Gaia: Direção Regional da Cultura do Norte - Gailivro [pp. 11-13]
Os Quatro Tesouros, um livro escrito a pensar nas crianças do IPO do Porto
Valer Hugo Mãe fala do livro da sua vida: Metamorfose, de F. Kafka
Inspirado na célebre série «Who do you think you are?»,
que leva o escritor Valter Hugo Mãe a descobrir informações sobre a sua própria
família e sobre o lugar onde nasceu, Saurimo, em Angola, onde nunca voltara.
Produção de Valentim de Carvalho para a RTP1. Ano de 2013.
"Numa data tão simbólica para Portugal, a Blimunda não poderia ficar alheia ao aniversário de 40 anos do 25 de Abril. Neste mês a revista dedica boa parte dos seus conteúdo à celebração da Revolução dos Cravos. Do acervo de Vasco Gonçalves, em depósito na Fundação José Saramago, recuperam-se 15 cartazes do 25 de Abril, acompanhados por frases de 15 convidados, de diferentes países, sobre o significado desse momento histórico. Sara Figueiredo Costa escreve sobre Os Rapazes dos Tanques, de Alfredo Cunha e Adelino Gomes, um precioso registo da manhã em que a democracia renasceu. Há ainda espaço para A Hora da Revolução: vinte anos depois, um texto escrito por Eduardo Lourenço em 1994, inédito em português, e para O sabor da palavra Liberdade, discurso proferido por José Saramago em 1990.
Na secção Infantil e Juvenil, o 25 de Abril está em destaque com um mosaico de obras revolucionárias publicadas antes de 1974. Andreia Brites conversa com as três editoras independentes que este ano marcaram presença na Feira do Livro Infantil de Bolonha com espaço próprio.
A abrir este número, num dos poucos textos sem referência ao 25 de Abril, Sara Figueiredo Costa publica as suas impressões sobre a terceira edição do festival literário Rota das Letras, em Macau."