#entrequemle
Segunda, dia 22 de setembro, às 14:30
Numa das suas várias crónicas sobre a leitura, Rubem Alves termina desta forma: «Há concertos de música. Por que não concertos de leitura? Imagino uma situação impensável: um adolescente prepara-se para sair com a namorada, e a mãe pergunta: “Aonde é que vais?”. E ele responde: “Vou a um concerto de leitura. Hoje, no teatro, vai ser lido o conto ‘A terceira margem do rio’, do Guimarães Rosa. Porque é que tu e o pai não vêm?”. E então, pai e mãe, envergonhados, desligam a televisão e preparam-se para sair…».
Em tudo parecido a um concerto de música, aqui apenas muda a natureza da partitura. Mais que um ator, o leitor sonoro é um encenador que partilha com o público uma leitura segundo a sua sensibilidade, pois a leitura em voz alta, ao interpretar obras de arte, pode ser uma arte, mas não é uma ciência. Da mesma forma que uma peça musical é interpretada de forma diferente por dois intérpretes, também o mesmo acontece num concerto de leitura. No entanto, o objetivo mantém-se: a tentativa de amplificar a literatura pela voz e fazer ouvir a música dos textos.
Miguel Gouveia nasce tirsense, com
um par de costelas durienses, e conta e lê em voz alta desde que, em
2001, pequenas criaturas o apelidaram de professor. Em 2008, a meias com
a sua cara-metade, cria a Bruaá Editora e abandona o ensino para se
tornar mestre-de-obras, dedicando-se a tempo inteiro à edição, tradução,
leitura em voz alta e narração oral.

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