segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Ebook | Agentes e vozes - Educação e media

 














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A UNESCO – instituição responsável pela oficialização e divulgação do termo Media-Educação a nível global (Media Education, em inglês) desde a década de 1970, propôs uma mudança em 2011. Devido aos avanços tecnológicos nas telecomunicações e intensa proliferação de informações sendo criadas, acessadas e compartilhadas diariamente por crianças e jovens, o desafio de buscar, selecionar e avaliar a relevância e confiabilidade das mesmas torna-se premissa para sintonizar as demandas da sociedade contemporânea. O conceito atual proposto pela UNESCO passa a ser Media and Information Literacy (Alfabetização Mediática e Informacional). 

Por um lado, a alfabetização informacional enfatiza a importância do acesso à informação e a avaliação do uso ético dessa informação. Por outro, a alfabetização mediática enfatiza a capacidade de compreender as funções dos media, de avaliar como essas funções são desempenhadas e de engajar-se racionalmente junto aos media com vistas à autoexpressão. A Matriz Curricular da UNESCO para formação de professores incorpora ambas as ideias. (UNESCO, 2013, p.18). 

O documento é atual e merece uma leitura cuidadosa. O novo termo não é apenas retórico – um pacote para ser facilmente promovido e partilhado, mas uma consequência da necessidade de atualizar abordagens pedagógicas. Media e Informação são indissociáveis objetos de estudo, plataformas para análise do mundo, esferas de participação, letramento e cidadania. 
Por ora, ainda que os autores da presente coletânea utilizem diferentes terminologias como Media-Educação, Educação para os média, Literacia mediática, Competência mediática, Educomunicação e Media Literacy, o interesse geral parece ser comum e há, portanto, mais convergências do que divergências nesse campo hoje. 

Talvez o leitor se pergunte: mas dentre tantos termos utilizados no Brasil, Portugal e Espanha para definir o que seria “educar com”, “educar para” e “educar através” dos media (Rivoltella, 2001), por que a antologia prioriza o conceito de Media-Educação e não outro? A hipotética pergunta se inscreve na curiosidade e talvez espanto dos que encontram uma série de conceitos e traduções, à primeira vista, bastante similares, para ideias também, à primeira vista, comuns. Não é de estranhar, entretanto, que essa multiplicidade tenda a deixar início de conversa (ou introdução de livro) carecer de um minuto para esclarecimento. 

Uma anotação de fronteira feita por David Buckingham (2003) continua atual e serve de bússola nesse emaranhado conceitual: enquanto Media Literacy, Media and Information Literacy e respetivas traduções podem ser entendidos como o letramento esperado para a contemporaneidade, ou seja, conhecimentos e competências a serem construídos, a Media Education se refere ao fundamental processo de ensino-aprendizagem para o alcance de tal letramento. Na ausência de um termo definitivo que possa ser traduzido do inglês para português e espanhol, empregamos aqui o conceito de Media-Educação, esperando que o leitor esteja cônscio das suas implícitas nuances.

Ilana Eleá (ed.). "Introdução" in Agentes e Vozes - Um panorama da mídia-educação no Brasil, Portugal e Espanha. The International Clearinghouse on Children, Youth and Media, at Nordicom University of Gothenburg, 2014, pp. 10-11.


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