Nos dias 9 e 23 de maio de 2015, teve lugar em Chaves, na Escola Secundária Dr. Júlio Martins, o “Encontro de boas práticas em bibliotecas escolares: partilhar, reflectir, melhorar”.
O evento foi promovido pelos Agrupamentos de Escolas de Chaves e de Valpaços, em parceria com a rede de Bibliotecas Escolares e o Centro de Formação da Associação de Escolas do Alto Tâmega e Barroso.
O Documento síntese que mostra os projetos e atividades partilhados no âmbito do Encontro já está disponível online.
No dia 22 de maio, à tarde, um grupo de alunos da Camilo, do Ensino Secundário, deslocou-se ao Lar de Nossa Senhora das Dores, de Vila Real, para partilhar com os seus residentes a palavra dita / declamada e a palavra cantada.
Este encontro intergeracional de cariz solidário constitui mais uma das atividades do Mês da Juventude'15, promovido pela Divisão de Educação, Desporto e Juventude do Município de Vila Real.
Hélia Correia fala-nos do seu livro Adoecer, pelo qual recebeu o prémio Literário Fundação de Inês de Castro, para o melhor romance.
Autor: Hélia Correia
Título: Adoecer
Editor: Relógio D' Água
Data de edição/impressão: 2010
Nº de Páginas: 296
ISBN: 9789896411602
Sinopse
«Havia nela como que uma falha que provinha talvez da exaustão e da deficiência alimentar, dando-lhe um ar furtivo, de gazela, que fez cair as apresentações. Lizzie passou para detrás da porta abandonada que servia de biombo e regressou vestida de rapaz. Apanhara o cabelo sobre a nuca. Mostrava as pernas e isso produzia um curioso efeito assexuado. Gabriel adiantou-se e começou a ocupar-se da figura que faltava, não nos papéis de esboço, mas na tela. As personagens masculinas já se achavam muito avançadas. Ele posara para bobo. Os pré-rafaelitas provocavam situações de enteajuda em que existia, a par de exibição, sinceridade. Deverell e Millais arrefeciam, de pé, imóveis e a perder entusiasmo. Viam em Lizzie a rapariga magra e de feições irregulares que até então não tinham visto. A narrativa de Walter, que avassalara o próprio narrador, deixava de exercer influência e a temperatura dos seus corpos ressentia-se. Esfregavam os braços, percebendo toda a impiedade do Inverno. Observavam Rossetti e Miss Sid que estavam sós, naquilo que talvez fosse o encontro do pintor com o modelo. Porém sentiam desconforto, como se presenciassem uma cena íntima. Lizzie, que mantivera a posição sem vacilar nos dias anteriores, vergava as costas, inclinada para o chão. Era um abatimento poderoso sob o qual circulava alguma glória. John Everett Millais compreendeu a origem do fascínio de Miss Sid. Tinha um corpo selado na tragédia, um apetite sacrificial. "Hei-de pintar esta mulher", pensou. Imaginava-a num cenário de narcisos. Não sabia que estava a vê-la morta.»
Real e imaginada, Elizabeth Siddal (Lizzie) continua a suscitar paixões, no sentido de desvendar-se a essência de um ser tão enigmático que marcou as singularidades dos pré-rafaelistas (pintores de meados do século XIX) e deles foi a mais famosa modelo, seguindo também ela os caminhos da pintura e literatura. O novo romance de Hélia Correia, Adoecer, desenrola-se em torno dessa misteriosa mulher de cabelos ruivos, “fulgor indomável”, que “abriu um fosso à sua volta, intransponível (...) porque receava que o seu corpo fosse mais dado ao fatalismo do que ela”.
Vinda de um meio social humilde (capelista), a tímida Lizzie “encarnou sem qualquer esforço” o “ideal feminino dos românticos”. Esta obra de Hélia articula admiravelmente o vigor da efabulação com o registo biográfico, ressaltando uma abundante pesquisa que referencia particularmente a Inglaterra vitoriana, não se fechando, contudo, em dados históricos ou no pormenor de lugares e costumes. Falamos de uma narrativa avassaladora, na qual a arte e a doença se constituem personagens gémeas nos seus jogos prodigiosos de emoções e de estética, alimentando-se ambas da “poética da morte”.
A própria fragilidade de Lizzie (que o mecenas Ruskin quis proteger, libertando-a da condição de modelo) confundia-se numa “mistura de erotismo e morte” que lhe acentuava a sedução. “Havia nela o que precede o tempo, uma certa rudeza inaugural (...) ”. Adoecia com “elegância”, às vezes “esquecia-se de adoecer”.
Depois de haver posado para Deverel e Hunt, Lizzie é retratada por Millais no famoso quadro “Ofélia”. Diz-se que a obrigou a estar mergulhada, horas sem conta, numa banheira com água fria. E o sangue anémico piorou. A lenda do resfriamento permanece; a tuberculose e a dependência do láudano sepultaram-na em 1862, todavia os médicos chegaram a intrigar-se, admitindo “um fenómeno de autoindução”, uma doença fatal chamada Dante Gabriel Rossetti, o pintor-poeta que celebrizou Lizzie na tela “Beata Beatrix”. (As páginas de Adoecer abrem com um desenho de Rossetti espelhando a sua “pupila”, e a capa, assinada por Carlos César, inspira-se igualmente num trabalho deste artista que nos traça a delicadeza de Elizabeth Siddal).
A relação de Lizzie e Rossetti define-se por um amor estranho, à margem do padronizado. Ele não estava preso a ela para salvar a “pecadora” (não cumpria o “mito pré-rafaelista do resgate”). Eram “seres destinados ao amor e unidos pela arte”. Porém, Rossetti fugia. Tinham, no entanto, “o dom do recomeço”. Acabariam por casar-se (1860). Lizzie morreu em 1862. Os poemas de Rossetti deixados no caixão da amada foram exumados (1869). Publicaram-se no ano seguinte.
Hélia Correia habituou-nos a uma escrita exímia, fascinante. Recordem-se, entre outros, títulos como A Casa Eterna ou Lillias Fraser. Mas nunca uma personagem pertenceu tanto a Hélia como Lizzie. Adoecer é um livro para sempre.
"In a diverse world, the destruction of cultures is a crime, and uniformity is a dead-end: our aim must be to enhance, in one movement, the diversity that enriches us and the human rights that bring us together."
Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO
Em 2001, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) estabeleceu o dia 21 de Maio como Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, precisamente no mesmo ano em que foi feita a Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural.
Em 2005, a Assembleia Geral da Organização adotou a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais a que, até ao momento, já aderiram 109 países.
Mensagem da UNESCO
Mensagem
de Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO, por ocasião do Dia Mundial
da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, 21 de maio
de 2015.
Há
setenta anos, os fundadores da UNESCO expressaram uma simples
convicção: a incompreensão mútua dos povos exacerbou a desconfiança e o
mal-entendido entre as nações, a busca pela paz requer o fortalecimento
do conhecimento recíproco entre as culturas e os povos, de modo melhorar
o entendimento mútuo.
A
diversidade cultural é o nosso patriónio comum e a maior oportunidade
diante da humanidade. Ela é uma promessa de renovação e dinamismo, uma
força motriz de inovação e desenvolvimento. É também um convite ao
diálogo, à descoberta e à cooperação. Num mundo tão diverso, a
destruição de culturas é um crime, e a uniformidade é um impasse: o
nosso objetivo é valorizar, num único movimento, a diversidade que nos
enriquece e os direitos humanos que nos unem.
Esta
ligação irredutível entre a diversidade cultural e os direitos humanos
foi fortemente lembrada com a adoção, em 2001, logo após a destruição
das estátuas de Buda de Bamiyan, no Afeganistão, da Declaração Universal
da UNESCO sobre a Diversidade Cultural. Esse texto é uma bússola para
vivermos juntos num mundo globalizado. Assim, ele reafirma que o
respeito pela diversidade cultural e o respeito pelos direitos humanos
são inseparáveis.
Ainda
hoje, a diversidade cultural é atacada por extremistas violentos que
danificam o património e perseguem as minorias. Esses crimes reforçam
ainda mais a nossa convicção de que os inimigos da dignidade humana
sempre procurarão destruir a diversidade cultural, porque ela é o
símbolo da liberdade da mente e da criatividade infinita do ser humano. É
essa ligação que devemos defender. Em reação a todos aqueles que
procuram banir a diferença e a pluralidade de ideias, opiniões e
crenças, devemos proteger a liberdade por meio da riqueza das nossas
culturas e das nossas expressões criativas.
Este é o significado deste Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento.
É uma ocasião para libertar o potencial criativo das nossas diferentes
línguas e tradições – e para que essas diferenças nos enriqueçam e
fortaleçam, em vez de nos dividir. As palavras da Constituição da
UNESCO, elaborada há 70 anos, não envelhecerem: o diálogo pode vencer todos os mal-entendidos e abrir um horizonte infinito de possibilidades para a paz e o desenvolvimento.
No ano Europeu do Diálogo Intercultural de 2008, o Conselho da Europa fundou uma rede de cidades europeias que acolheram e desenvolveram políticas interculturais conducentes a uma correta integração dos imigrantes e ao respeito pela diversidade. Em Portugal está, igualmente, criada a Rede Portuguesa de Cidades Interculturais que é um projecto do Conselho da Europa e da União Europeia.
O número 36 da revista Blimunda arranca com uma
revelação. Em Junho realizar-se-á no México um encontro entre académicos,
intelectuais e pensadores de várias nacionalidades para colocar em marcha um
desafio lançado por José Saramago: a criação de uma Carta dos Deveres Humanos.
É sobre essa iniciativa que o editorial da revista se debruça.
Mais adiante,
a Blimunda desembarca em Matosinhos
para acompanhar o LeV – Festival Literatura em Viagem, de lá trazendo histórias
contadas por Sara Figueiredo Costa e imagens de Pedro Loureiro.
Na secção
cinema, o Capitão Falcão, “o primeiro super-herói português”, entra
na mira de João Monteiro, que coloca o irreverente filme que acaba de
chegar aos cinemas de Portugal em diálogo com um outro filme, A Revolução de Maio, de António Lopes
Ribeiro, de 1937.
Colaboram
nesta edição da revista o jornalista Fernando Alves, com um texto sobre o livro
que narra a digressão do elefante Salomão e do Trigo Limpo Teatro ACERT, de
Tondela, por terras de Dão Lafões, e também a professora Ana Paula Arnaut, da
Universidade de Coimbra, que na secção Saramaguiana analisa o livro Diálogos com José Saramago, de Carlos
Reis, agora reeditado.
Para a secção
Infantil e Juvenil, Andreia Brites preparou uma seleção de novidades literárias
que serão lançadas no final do mês na Feira do Livro de Lisboa.
"Num
mundo diverso, a destruição de culturas é um crime, e a uniformidade um
beco sem saída: o nosso objetivo deve ser o de melhorar, num único
movimento, a diversidade que nos enriquece e os direitos humanos que nos
unem".
Irina Bokova,Diretora Geral da UNESCO
Estátua
de Iamassu, uma divindade protetora assíria, no Palácio de Ashurnasirpal, em
Nimrud, Iraque.
A UNESCO denunciou um ataque contra Nimrud, em 6 de Março de
2015. Foto: UNESCO
"Há setenta anos, os fundadores da UNESCO expressaram uma simples convicção: assim como a ignorância sobre os modos de vida dos outros exacerba a desconfiança e os mal-entendidos entre os povos, a busca da paz exige o reforço do conhecimento mútuo das culturas e dos povos, de modo a promover um melhor entendimento recíproco.
A diversidade cultural é o nosso património comum e a maior oportunidade para a humanidade. Mantém a promessa de renovação e dinamismo, e constitui um motor de inovação e desenvolvimento. É também um convite ao diálogo, descoberta e cooperação. Num mundo diverso, a destruição de culturas é um crime, e a uniformidade um beco sem saída: o nosso objetivo deve ser o de melhorar, num único movimento, a diversidade que nos enriquece e os direitos humanos que nos unem.
Esta ligação indivisível entre a diversidade cultural e os direitos humanos foi lembrado com a adoção, em 2001, logo após a destruição das estátuas de Buda de Bamiyan, no Afeganistão, da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural. Este texto fornece-nos uma bússola para vivermos juntos num mundo globalizado, confirmando que o respeito pela diversidade cultural e pelos direitos humanos são inseparáveis.
Hoje, a diversidade cultural está novamente sob ataque de extremistas violentos que destroem o património e perseguem minorias. Estes crimes confirmam ainda mais a nossa convicção de que os inimigos da dignidade humana procurarão sempre destruir a diversidade cultural, porque é o símbolo do livre pensamento e da criatividade infinita do ser humano. É esta ligação que temos de defender. Temos de responder a todos aqueles que procuram banir a diferença e a pluralidade de ideias, opiniões e crenças, protegendo a liberdade através da riqueza das nossas culturas e expressões criativas.
Isto é o que o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento significa. É uma oportunidade para explorar o potencial criativo das nossas diferentes línguas e tradições e para garantir que essas diferenças nos enriquecem e fortalecem, em vez de nos dividirem. As palavras da Constituição da UNESCO, elaborada há 70 anos, não envelheceram um dia: o diálogo pode vencer todos os mal-entendidos e abrir um horizonte infinito de possibilidades para a paz e o desenvolvimento."