A partir de ontem, dia 27 de novembro de 2014, o Cante Alentejano passou a integrar a Lista do Património Imaterial da Humanidade da UNESCO.
"São sete ou oito grupos de perto e longe. Cantam os trabalhos e os dias, os amores e as paisagens. Estão duas mil pessoas a ouvi-los pela noite fora, em silêncio, só aplaudindo no fim de cada canção, à entrada de cada grupo, mas neste caso quase nada, porque é sabido que mal se podem bater palmas quando os homens começam a mover-se, lentamente, naquele movimento pendular dos pés, que parecem ir pousar onde antes haviam estado, e no entanto avançam. O tenor lança os primeiros versos, o contratenor levanta o tom, e logo o coro, maciço como o bloco dos corpos que se aproximam, enche o espaço da noite e do coração. O viajante tem um nó na garganta, a ele é que ninguém poderia pedir-lhe que cantasse. Mais facilmente fecharia os punhos sobre os olhos para não o verem chorar."
SARAMAGO, José. Viagem a Portugal. Lisboa: Caminho, 2011
A 7ª edição do
Concurso Inês de Castro é uma iniciativa conjunta do Plano Nacional de Leitura
e da Fundação Inês de Castro, com o patrocínio da YDreams e a colaboração do
Diário de Coimbra.
Baseado nos
«Percursos de Pedro e Inês», desde a sua primeira edição, o concurso visa
promover o conhecimento dos contextos e lugares históricos, geográficos,
sociais, políticos, económicos, literários e afetivos que se relacionam direta
ou indiretamente com o romance de D. Pedro e de D. Inês.
Na 7ª
edição – ano letivo 2014/2015 – os trabalhos a concurso podem ser elaborados
com base em diferentes áreas criativas e deverão configurar uma representação
no âmbito das ARTES PERFORMATIVAS (Filme, Dança, Música, Ópera, Teatro, Teatro
Musical…).
Desafiam-se as Escolas a mostrarem as suas capacidades estéticas, talentos
criativos e de originalidade, promovendo o aprofundamento da
interdisciplinaridade e da partilha de saberes.
No próximo domingo, dia 30, celebra-se o Dia da Livraria e do Livreiro. Ora, quem visita regularmente este blogue é porque gosta de livros, e quem gosta de livros gosta geralmente de livrarias (embora atualmente os possa comprar em outros sítios, incluindo bombas de gasolina e supermercados); se gosta de livrarias e as frequenta há muito, é natural que tenha conhecido livreiros interessados que, num dia especial, ou desde sempre, fizeram toda a diferença.
Eu, por exemplo, recordo-me de, com os meus dezassete anos, ter conversas muito interessantes com um livreiro sobre alguns autores que andava a descobrir; e de, já a trabalhar na edição, conhecer outros que sabiam imenso de literatura universal e me ensinaram coisas que ignorava.
E ainda hoje conheço livreiros fantásticos que sabem o que são e onde estão os livros que procuramos (e são inteiramente diferentes daqueles que têm conhecimentos informáticos e nos tentam ajudar, mas nem sempre conseguem por nem saberem digitar o nome do autor).
Pois bem, hoje sugiro uma visita à livraria e a compra de um livro neste dia tão apropriado.
Literatura e Ciência: de Galileu à Revolução Industrial
__________ por António Fortuna
Porque os saberes constituem uma complexa rede de vasos comunicantes, neste dia da cultura científica, os alunos do 11º H (uma turma de Humanidades) ouviram um professor de Físico-Química, António Fortuna (que é também poeta e contista), falar de Literatura e, através da voz de poetas como António Gedeão, Miguel Torga e Álvaro de Campos, ouviram falar de .Ciência.
A sessão iniciou-se com a leitura do "Poema para Galileo", de António Gedeão, que se transcreve aqui.
Poema para
Galileo
Estou
olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele
teu retrato que toda a gente conhece,
em
que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre
um modesto cabeção de pano.
Aquele
retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não,
não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse
Galeria dos Ofícios.)
Aquele
retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te?
A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu
sei… eu sei…
As
margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai
que saudade, Galileo Galilei!
Olha.
Sabes? Lá em Florença
está
guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra
de honra que está!
As
voltas que o mundo dá!
Se
calhar até há gente que pensa
que
entraste no calendário.
Eu
queria agradecer-te, Galileo,
a
inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e
quantos milhões de homens como eu
a
quem tu esclareceste,
ia
jurar- que disparate, Galileo!
-
e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem
a menor hesitação-
que
os corpos caem tanto mais depressa
quanto
mais pesados são.
Pois
não é evidente, Galileo?
Quem
acredita que um penedo caia
com
a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta
era a inteligência que Deus nos deu.
Estava
agora a lembrar-me, Galileo,
daquela
cena em que tu estavas sentado num escabelo
e
tinhas à tua frente
um
friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a
olharem-te severamente.
Estavam
todos a ralhar contigo,
que
parecia impossível que um homem da tua idade
e
da tua condição,
se
tivesse tornado num perigo
para
a Humanidade
e
para a Civilização.
Tu,
embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e
percorrias, cheio de piedade,
os
rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus
olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram
lá das suas alturas
e
poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas
faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E
tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme
suas eminências desejavam,
e
dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e
que os astros bailavam e entoavam
à
meia-noite louvores à harmonia universal.
E
juraste que nunca mais repetirias
nem
a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas
abomináveis heresias
que
ensinavas e descrevias
para
eterna perdição da tua alma.
Ai
Galileo!
Mal
sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que
assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam
a correr e a rolar pelos espaços
à
razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu
é que sabias, Galileo Galilei.
Por
isso eram teus olhos misericordiosos,
por
isso era teu coração cheio de piedade,
piedade
pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a
quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por
isso estoicamente, mansamente,
resististe
a todas as torturas,
a
todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto
eles, do alto incessível das suas alturas,
foram
caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo
sempre,
e
sempre,
ininterruptamente,
na
razão direta do quadrado dos tempos.
António Gedeão
Quem foi Galileo Galilei? Qual foi a sua contribuição para a Física?
O livro do poeta Manuel António Pina, de onde foi selecionado o poema lido no 7º D
Para
celebrar este Dia da Cultura Científica, a Professora Bibliotecária,
Prof. Adelaide Jordão, visitou uma turma de 7º ano - o 7º D -, na aula
de Matemática, para partilhar com os alunos a leitura da história de um zero com
estados de alma, de um zero que queria deixar o mundo das contas, para passar a viver no
mundo do alfabeto e ser um "OH!".
Quando José Saramago nasceu, a 16 de Novembro de 1922, restavam a Fernando Pessoa apenas 13 anos de vida. Durante esse tempo coexistiram, pode até ter acontecido coincidirem em algum momento em Lisboa, mas dessa possibilidade não há registo. Em 1935, no dia 30 de Novembro, Fernando Pessoa deixou de existir fisicamente e a partir daquele momento teve início a construção da sua imortalidade literária. Para celebrar a existência e genialidade destes dois grandes nomes da Literatura a Blimunda dedica-lhes várias páginas da sua edição de Novembro. As homenagens começam já no editorial, um texto de José Saramago sobre Fernando Pessoa. A revista visitou o espólio do poeta na Biblioteca Nacional de Portugal e conversou com Jerónimo Pizarro e Patrício Ferrari, dois investigadores pessoanos que vieram a Lisboa atraídos pelo homem da múltiplas personalidade e que depois partiram para disseminar a obra do português pelo mundo. Uma galeria de fotos do(s) Dia(s) do Desassossego apresenta ao leitor a iniciativa levada a cabo pela Fundação José Saramago e pela Casa Fernando Pessoa para homenagear os dois escritores. A Blimunda publica ainda um texto de João Monteiro sobre a adaptação cinematográfica de A Jangada de Pedra, um ensaio de António Sampaio da Nóvoa lido na apresentação do romance Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas, e o texto da obra teatral “Como assim Levantados do Chão”, de autoria de Miguel Castro Caldas, um diálogo com a última frase do romance Levantado do Chão, de José Saramago.
E há mais: Sara Figueiredo Costa apresenta três novos títulos em Banda Desenhada que servem como termómetro para medir a temperatura dessa produção editorial em Portugal.
Para fechar o número 30 da publicação, Andreia Brites aborda os 15 anos do sucesso de Harry Potter.
No dia 24 de novembro celebra-se o Dia Nacional da Cultura Científica.
Para comemorar esta efeméride, a Biblioteca promove as seguintes atividades:
Dia 24 de novembro | 8h30m | Biblioteca.
- Palestra: Literatura e Ciência - de Galileu à revolução Industrial, pelo professor António Fortuna. Aula aberta, com a turma H do 11º ano, de Humanidades, aberta a toda a comunidade escolar.
- Leitura pública de poemas de Manuel António Pina, de Pequeno Livro de Desmatemática
De 24 a 28 de novembro: - Mostra de livros de divulgação científica, organizada a partir da classe 5 da coleção da biblioteca.
- Divulgação de 3 boletins bibliográficos elaborados a partir dos títulos da mostra.
Através desta iniciativa pretende-se fomentar o uso crítico e criativo dos media, uma utilização mais segura da Internet e o respeito pelos direitos de autor, bem como estimular a colaboração entre professores, alunos, jornais, rádios, televisões e bibliotecas escolares no âmbito da Literacia dos Media.
Todas as escolas, públicas ou privadas, podem apresentar um trabalho por tema e por categoria (1.º e 2.º ciclos do ensino básico; 3.º ciclo do ensino básico e secundário), sugerindo-se que o Professor Bibliotecário coordene essa participação.
Não é necessária inscrição prévia; basta o envio dos trabalhos para o endereço indicado no regulamento até ao dia 15 de março de 2015.
Os autores do trabalho vencedor de cada categoria serão distinguidos individualmente com um tablet ou um cartão oferta de valor equivalente.
A 16 de novembro, celebra-se o Dia Nacional do Mar.
Nesta data, em 1994, entrou em vigor a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) que estabeleceu um novo quadro jurídico para o direito do mar. Ao ratificar a CNUDM, a 14 de Outubro de 1997, Portugal assumiu responsabilidades numa das áreas marítimas mais extensas da Europa, e a maior da União Europeia, com uma dimensão 18 vezes superior ao território nacional.
Quatro anos mais tarde, em 1998, o dia 16 de novembro foi institucionalizado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 83/1998, de 10 de Julho, como o Dia Nacional do Mar e, desde então, tem vindo a ser evocado através de uma série de eventos e iniciativas.
Uma história simples que acaba junto a uma árvore de Natal
Uma criança, um pinguim. Uma história que começa no Verão e acaba junto a uma árvore de Natal. Um anúncio a caminho dos 13 milhões de visualizações no Youtube.
Para os consumidores portugueses, os grandes armazéns John Lewis não são o destino das compras de Natal, mas é possível que nesta quadra muito mais gente ouça falar deles. Por causa do Sam e do amigo pinguim, o Monty. E da sua história simples, da sua amizade cúmplice.
As imagens correm sobre música de John Lennon, da canção Real Love interpretada por Tom Odell. Mas mais não dizemos. O resto só se compreende vendo. Façam favor.