
2025 não está a ser um bom ano para sair da faculdade e arranjar o primeiro emprego. Nem mesmo para quem sai das melhores faculdades. Os primeiros números sobre desemprego jovem chegam-nos dos EUA e começam a preocupar:
Pela primeira vez desde a pandemia, a taxa de desemprego entre os recém-licenciados nos Estados Unidos tem estado, consistentemente, acima da média nacional. E na própria União Europeia, a taxa de emprego entre os jovens até aos 25 anos diminuiu nos últimos dois anos.
Porquê?
A IA é uma das causas apontadas.
Segundo o Financial Times, nos Estados Unidos, os empregos de entrada na área tecnológica estão a reduzir a galope devido à automatização de inúmeras tarefas.
E no Reino Unido, as quatro maiores empresas de auditoria (Deloitte, PwC, Ernst & Young e KPMG) reduziram as contratações de início de carreira nos últimos anos e os especialistas - economistas e recrutadores - acreditam que tal se deve à redução de custos com o uso de inteligência artificial em tarefas administrativas que normalmente seriam realizadas por profissionais juniores.
Isto leva-nos ao chamado ‘paradoxo da experiência’ - como é que um trabalhar ganha experiência se não tem emprego? Mais tarde, esse mesmo trabalhador não conseguirá emprego por… falta de experiência.
Ou seja, a taxa de desemprego elevada entre os jovens levanta preocupações não só sobre a qualidade dos empregos disponíveis, mas também no impacto que isto tem a longo prazo nas suas carreiras.
Conclusão: o desemprego jovem prolongado leva à perda de talento, compromete a inovação e a produtividade futura.
Isto agrava as desigualdades entre gerações, dificulta a mobilidade social e afeta brutalmente o equilíbrio demográfico a médio e longo prazo.
Já para não falar dos problemas de saúde mental que esta tensão laboral provoca, como depressão, ansiedade, sentimentos de exclusão e sobretudo frustração entre os que acabam de chegar ao mercado de trabalho.
Em suma, é fundamental que o sistema de ensino se atualize rapidamente e possa preparar os alunos desde cedo para um mundo do trabalho em acelerada transformação tecnológica. Mas Estado e setor privado também são responsáveis pela integração e renovação da força de trabalho. É preciso pensar a fundo que revolução tecnológica é esta e como pode ser aproveitada a nosso favor (entenda-se, a favor dos humanos)…
Joana Beleza, Jornal Expresso, 17 julho 2025
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