segunda-feira, 25 de agosto de 2025

O holocausto cigano

 

 
mulher sorridente na camisa floral azul vermelha e branca



O genocídio dos judeus tornou-se símbolo universal do mal, mas o dos sintis e romas, tal como agora o dos palestinianos, permanece largamente invisível.

No dia 2 de agosto de 1944 as SS assassinaram os últimos 4300 sintis e romas no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Em 2015, mais de 70 anos depois, a data foi oficialmente reconhecida pelo Parlamento Europeu como Dia Europeu da Memória do Holocausto dos Sinti e Roma.

Não se conhece com exatidão a dimensão do Porajmos, o genocídio dos sintis e romas durante o regime nazi. Estima-se que tenha culminado no assassínio de até 500 mil pessoas em toda a Europa. Estas pessoas foram sistematicamente privadas de direitos, deportadas, exterminadas. Nos campos de concentração de Dachau e Flossenburg centenas sofreram em condições desumanas.

Durante décadas, o extermínio dos sintis e romas foi tratado como uma nota de rodapé da História. Uma tragédia menor numa tragédia maior. O anticiganismo persistiu após a guerra, dificultando o reconhecimento das vítimas e a sua integração na narrativa oficial do Holocausto. Só em 1982 a Alemanha, através do chanceler Helmut Schmidt, reconheceu oficialmente o genocídio dos sintis e romas como “genocídio por motivos raciais”.

Em julho, teve início um novo estudo sobre as comunidades ciganas em Portugal. Uma das cocoordenadoras, Inês Barbosa, revelou, em entrevista ao “Público”, que o anticiganismo está a aumentar entre nós. Embora a situação já fosse preocupante há dois anos, quando foi avaliada a Estratégia Nacional de Integração das Comunidades Ciganas 2013-2023, deteriorou-se significativamente.

A memória seletiva das tragédias revela como privilegiamos certas vítimas em detrimento de outras. Construímos hierarquias da compaixão que refletem os preconceitos do presente. O genocídio dos judeus tornou-se símbolo universal do mal, mas o dos sintis e romas, tal como agora o dos palestinianos, permanece largamente invisível.

Esta invisibilidade permite a continua­ção da discriminação. Em Portugal os números são brutais. Segundo dados da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia, 62% dos ciganos portugueses sentiram discriminação em 2021. No acesso ao emprego 81% e no acesso à saúde 32%. Nestas três ­áreas Portugal apresenta a percentagem mais alta dos 10 países analisados. A taxa de risco de pobreza atinge 96%.

Os ciganos continuam a ser vistos como o “outro” inassimilável, perigoso, indesejável. Os mesmos estereótipos que alimentaram o genocídio nazi persistem nas sociedades democráticas. Os investigadores notam, com preocupação, que não só o Chega, mas também outras forças políticas, podem estar a contribuir para retrocessos. Por todo o país as comunidades ciganas manifestam receio face às próximas eleições autárquicas, temendo o cancelamento de projetos e a paralisação ou reversão de processos de realojamento.

A memória do Porajmos exige mais do que um dia comemorativo. Exige justiça presente para os seus descendentes, porque a História só serve se nos ensinar a não repetir.

Teresa Violante, Jornal Expresso, 14 de agosto de 2025

 

O Dia Europeu em Memória dos Ciganos Vítimas do Holocausto assinala-se todos os anos a 2 de agosto.

📌Saiba mais sobre o holocausto cigano... 

 

sábado, 23 de agosto de 2025

A Suécia adotou a educação digital em 2009, mas 15 anos depois os livros didáticos impressos estão de volta.

 




Acostumamo-nos à tecnologia digital. Ela está ao nosso redor e permeou praticamente todos os aspetos das nossas vidas. Em muitos aspetos, isso é positivo – expandiu o nosso acesso ao conhecimento, ampliou os nossos horizontes e colocou uma infinidade de possibilidades ao nosso alcance.

Mas isso não significa necessariamente que devamos abandonar as tecnologias mais tradicionais e mergulhar de cabeça neste mundo digital. Há dezesseis anos atrás, foi isso que o Ministério da Educação e Pesquisa da Suécia fez. Mais de uma década depois, o país escandinavo viu-se a gastar mais de 100 milhões de euros para reverter esse passo revolucionário.


Transformação digital na educação da Suécia

2009 foi um grande ano para a tecnologia digital. Os primeiros smartphones com ecrãn sensível ao toque tinham sido lançados há alguns anos, mas esses dispositivos realmente começaram a chamar a atenção do público em 2009.

O revolucionário videojogo Minecraft também foi lançado naquele ano, tornando-se o jogo mais vendido de todos os tempos, e o primeiro bloco foi adicionado à blockchain do Bitcoin. Enquanto isso, o WikiLeaks aparecia com frequência nas manchetes por sua transmissão digital de documentos vazados.
 
 
 


 
 
Nesse contexto, é fácil entender por que o Ministério da Educação e Pesquisa da Suécia estava tão entusiasmado. O mundo estava mudando e os jovens precisavam de habilidades e capacidades que os ajudassem a capitalizar novas oportunidades.

Então, uma decisão foi tomada: os livros didáticos tradicionais seriam eliminados gradualmente, sendo substituídos por computadores e tablets. Os alunos não aprenderiam apenas a usar esses dispositivos, mas também aprenderiam quase exclusivamente por meio de mídias digitais.
 
 
Começam os problemas

Os problemas com a nova abordagem da Suécia não se manifestaram a princípio. Demorou vários anos para que surgissem. Mas, quando surgiram, ficou claro que o governo sueco havia se precipitado demais com suas mudanças radicais.

Em primeiro lugar, ler exclusivamente em uma tela digital, em vez de um livro impresso, pode causar sérios problemas de saúde. Os olhos ficam cansados ​​e a luz azul emitida pela tela pode causar problemas de sono e descanso, dois aspectos frequentemente negligenciados da aprendizagem eficaz.
 
 
 
Crédito da foto: Lieselotte van der Meijs

 
Conhecimento, compreensão e retenção também foram questionados. Embora a tecnologia digital seja, sem dúvida, adequada à aprendizagem interativa e à resolução de problemas, isso é apenas parte do cenário educacional moderno.

Surgiram preocupações de que os alunos não conseguiam aprender alguns aspectos do currículo com a mesma eficácia de antes.

Depois, havia a questão do vício em telas. Grande parte de nossas vidas agora é governada por dispositivos digitais, o que torna difícil encontrar algum descanso. Ao se voltar completamente para esses dispositivos, a Suécia correu o risco de alimentar a obsessão por telas, potencialmente reduzindo a capacidade de atenção e prejudicando as habilidades sociais.
Uma solução cara

A Suécia não ignorou os potenciais danos de uma revolução digital total – depois de algum tempo, começou a se dar conta dos potenciais problemas. De 2022 a 2025, o governo sueco decidiu reverter suas políticas, ou pelo menos algumas delas. Começou a reintroduzir livros didáticos em papel nas salas de aula suecas.

Isso não significou a eliminação total dos dispositivos digitais; em vez disso, significou restabelecer o equilíbrio. Políticos e educadores trabalharam juntos para entender onde os dispositivos digitais poderiam oferecer uma ajuda significativa e onde os livros didáticos em papel seriam mais adequados para uma aprendizagem bem-sucedida.
 
 
 


 
Claro, nada disso foi de graça. O governo sueco gastou mais de 1,13 bilhão de coroas suecas (cerca de US$ 120 milhões) para trazer os livros de volta às salas de aula. Isso foi parcialmente responsável por um aumento de 5.000 coroas suecas (US$ 514) nos custos da educação por aluno em 2022. Embora os custos não tenham prejudicado exatamente a economia sueca, eles representaram uma reversão dispendiosa da política anterior.
 
 
Uma abordagem equilibrada à educação

A questão é que o Ministério da Educação e Pesquisa da Suécia não estava errado. É importante que os alunos adquiram habilidades de literacia digital e se tornem proficientes no uso de uma ampla gama de dispositivos. Também é verdade que as ferramentas digitais podem ser extremamente benéficas na sala de aula, introduzindo novos conceitos de aprendizagem e ajudando os educadores a encontrar novas maneiras de transmissão do conhecimento.
 
 
Crédito da foto: Maskot/Folio/Megabank.sweden.se

 
O problema é que eles foram longe demais, rápido demais. Educação é sinónimo de equilíbrio e abordagens ponderadas. Fazer mudanças radicais e eliminar recursos como livros didáticos em papel e materiais tradicionais não é a melhor maneira de promover mudanças significativas. Em vez disso, novos conceitos de aprendizagem podem funcionar em conjunto com processos já consolidados, alcançando resultados notáveis ​​em sala de aula.

O governo sueco, para seu crédito, aprendeu essa lição valiosa. Infelizmente, levou quinze anos e mais de cem milhões de dólares para consertar o problema.
 
  
John Burns, "Sweden spent over 100 million bringing books back to classrooms", Magazine -1000 libraries, 2 de junho de 2025.

 

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Empoderar a próxima geração: competências digitais

 

 

 



A capacidade de trabalhar com tecnologias digitais críticas molda as nossas vidas – na educação, no trabalho, no lazer e no compromisso cívico.
 
 
O ensino de competências digitais não diz respeito apenas ao know-how técnico. Inclui a promoção do pensamento crítico, da criatividade e da resiliência para ser bem sucedido num cenário digital em rápida evolução. Estas competências são elementos centrais para preparar crianças e jovens para ter sucesso na sociedade moderna e moldar um futuro digital mais equitativo.


As habilidades digitais são muito mais do que proficiência técnica. Eles formam a base para a aprendizagem ao longo da vida, a prontidão da força de trabalho e a participação ativa na sociedade. Desde a avaliação crítica de informações on-line até à colaboração eficaz em espaços digitais, essas habilidades capacitam as pessoas a adaptarem-se aos avanços tecnológicos e contribuírem significativamente para as suas comunidades à medida que se transformam.

As competências digitais são particularmente importantes para as crianças e os jovens. As tecnologias digitais podem oferecer oportunidades de aprendizagem, socialização e autoexpressão, mas essas mesmas tecnologias também podem expô-las a riscos como o ciberassédio, a desinformação e a exclusão digital.

O desafio está em ensinar os jovens não apenas a usar a tecnologia, mas também a envolverem-se com ela de forma crítica, criativa e responsável. A educação digital eficaz deve ir além da simples introdução de tecnologia nas salas de aula. Requer a compreensão dos diversos contextos em que os alunos usam a tecnologia e a adaptação das abordagens educacionais para atender às suas necessidades.


Lições da pesquisa: o que funciona no ensino de habilidades digitais

A pesquisa, incluindo as descobertas do projeto DigiGen, oferece informações valiosas sobre como podemos ensinar habilidades digitais de forma mais eficaz.
 
1. Priorize a inclusão

O acesso à tecnologia é desigual e a origem socioeconómica desempenha um papel significativo. Escolas e educadores devem preencher ativamente essa divisão, fornecendo a todos os alunos acesso igual a dispositivos, conetividade com a Internet e suporte. Sem inclusão, a exclusão digital pode exacerbar ainda mais as desigualdades sociais. 
 
2. O contexto é importante

O desenvolvimento de competências digitais é influenciado pelos ambientes dos alunos (rural ou urbano, favorecidos ou desfavorecidos). As estratégias de ensino devem ser adaptáveis a diversos contextos – uma abordagem única não pode atender a todas essas necessidades variadas. 
 
3. Vá além da proficiência técnica

Ensinar os alunos a usar software ou dispositivos é apenas o começo. A literacia digital crítica deve incluir a avaliação da credibilidade do conteúdo online, a compreensão dos riscos online e a navegação pelas dimensões éticas da tecnologia. Essas habilidades são essenciais para combater a desinformação e promover um cenário digital mais seguro. 
 
4. Capacite os professores

Os professores são fundamentais para promover as habilidades digitais, mas muitos sentem-se despreparados para integrar a tecnologia de forma eficaz em seu ensino. Os programas de desenvolvimento profissional devem equipar os educadores com conhecimentos técnicos e estratégias pedagógicas para criar ambientes de aprendizagem digital inclusivos. As escolas também devem garantir que os professores se sintam apoiados para atender às necessidades de alunos sub-representados ou desfavorecidos.
 
5. Envolva famílias e comunidades

As famílias e as comunidades desempenham um papel crucial no reforço da educação digital que os alunos recebem na escola. Os pais podem modelar comportamentos digitais positivos, enquanto os programas comunitários podem oferecer oportunidades informais para explorar a tecnologia. Unir ambientes de aprendizagem formais e informais cria uma abordagem mais holística para o desenvolvimento de habilidades digitais.

 

Halla B. Holmarsdottir. "Empowering next generation: digital skills", Comissão Europeia. Boletim informativo da Plataforma Europeia de Educação Escolar. Agosto 2025

 


quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Carta de uma adolescente aos adultos

 

 




 

 

Queridos Adultos,

Daqui escreve-vos uma adolescente. Primeiro que tudo, queria pedir que acalmassem essas hormonas. Isto porque quando se fala dos vossos filhos adolescentes, parecem as nossas.

Nós não somos um problema, não somos todos deprimidos. Temos opiniões, sabemos falar, não temos uma linguagem diferente da vossa. Queria pedir-vos também que larguem esse preconceito de que a palavra “adolescente” tem a mesma origem que a palavra “problema”. Larguem os livros que compraram sobre como lidar com um adolescente, nós não precisamos todos da mesma coisa, pelo contrário, tentem conhecer-nos, perceber o que nos faz felizes, o que nos faz tristes, o que nos magoa, as feridas que ainda temos abertas.

Motivem-nos! Nós precisamos de ser motivados, cada um de nós precisa de acreditar que tem o poder de mudar. Somos a próxima geração, não queremos ouvir “este país está a descambar”, “é tudo uma vergonha… que horror!”. Motivem-nos! É em nós que têm de pôr a pressão toda, não desistam de nós. Abram as nossas mentes, não nos deixem pensar tudo quadrado!

Quanto ao ensino… Bem, quanto ao ensino, tentem perceber que não é fácil estar 90 minutos a olhar para um professor a debitar matéria. Nesses 90 minutos há sempre alguma coisa mais engraçada para prestar atenção do que estar a ouvir o professor, por isso, tentem ensinar de outra maneira, não nos obriguem a decorar, ajudem-nos a perceber.

Deixem-nos cair as vezes que forem necessárias, nós precisamos disso mesmo, precisamos de cair. São as quedas que nos vão mostrando como somos fortes e como somos capazes de ultrapassar os obstáculos da vida. Não nos aparem os golpes, temos que aprender sozinhos.

Não nos tentem ensinar o que demoraram 40 anos a aprender. Vocês aprenderam vivendo e nós também vamos ter que viver para aprender. Deixem-nos viver, deixem-nos demorar o tempo que for preciso a aprender… Enquanto vocês vivem tudo a 500, nós vivemos tudo a 5000 e é normal fazermos de uma coisa pequena um grande drama, não se zanguem connosco por isso. Mostrem-nos que não é nenhum drama, mostrem-nos que existe solução e que há coisas bem piores.

Deixem-nos viver intensamente.

Podem ser os melhores anos das nossas vidas, é “SÓ” ajudarem-nos a viver.

Obrigada,

Uma Adolescente


Referência: Raposo, Matilde (2016). Carta de uma adolescente aos adultos – Capazes. Capazes. Retrieved 17 August 2025, from https://www.capazes.pt/cronicas/carta-de-uma-adolescente-aos/view-all

 

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Turismo literário - construção e exploração de roteiros

 

 

 

 

 



Guia prático para profissionais e estudantes de turismo, autarquias, bibliotecas, museus, professores e agentes culturais. O que têm em comum uma biblioteca histórica, um café literário, uma casa-museu de escritor e um guia-intérprete apaixonado por livros? Todos podem ser protagonistas de experiências únicas de Turismo Literário – e este livro é o mapa que liga cada um desses pontos.

Pensado para um público vasto, este guia prático revela como construir, promover e dinamizar percursos inspiradores, com impacto educativo, económico e cultural. De forma acessível e criativa, oferece ferramentas, exemplos reais, sugestões de itinerários e estratégias para transformar o património literário em experiências turísticas envolventes.

Considerando o crescente interesse que o mundo fascinante do turismo literário suscita, esta obra apresenta-se como um valioso recurso para todos aqueles que pretendem desenvolver e implementar roteiros literários de qualidade. Seja para reinventar a sua cidade, enriquecer a sala de aula ou criar novos produtos turísticos, este livro convida-o a cruzar literatura e território, páginas e lugares, leitores e viajantes.

Viaje por histórias reais. Construa e explore itinerários com alma.

O que pode encontrar neste livro?

· Noções e conceitos fundamentais
· Tipos de roteiros literários
· Promotores e públicos
· Recursos e inventariação
· Etapas da construção de roteiros literários

E ainda:

· Fotografias ilustrativas, acompanhadas de códigos QR
· Secções para verificação de conhecimentos
· Fichas de exemplo
· Recomendações e sugestões
 
 

 

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

A IA está a roubar o primeiro emprego aos jovens licenciados?

 

 

Ai Gerado, Robô, Andróide, Futurista


2025 não está a ser um bom ano para sair da faculdade e arranjar o primeiro emprego. Nem mesmo para quem sai das melhores faculdades. Os primeiros números sobre desemprego jovem chegam-nos dos EUA e começam a preocupar:

Pela primeira vez desde a pandemia, a taxa de desemprego entre os recém-licenciados nos Estados Unidos tem estado, consistentemente, acima da média nacional. E na própria União Europeia, a taxa de emprego entre os jovens até aos 25 anos diminuiu nos últimos dois anos.

Porquê?

A IA é uma das causas apontadas.

Segundo o Financial Times, nos Estados Unidos, os empregos de entrada na área tecnológica estão a reduzir a galope devido à automatização de inúmeras tarefas.

E no Reino Unido, as quatro maiores empresas de auditoria (Deloitte, PwC, Ernst & Young e KPMG) reduziram as contratações de início de carreira nos últimos anos e os especialistas - economistas e recrutadores - acreditam que tal se deve à redução de custos com o uso de inteligência artificial em tarefas administrativas que normalmente seriam realizadas por profissionais juniores.

Isto leva-nos ao chamado ‘paradoxo da experiência’ - como é que um trabalhar ganha experiência se não tem emprego? Mais tarde, esse mesmo trabalhador não conseguirá emprego por… falta de experiência.

Ou seja, a taxa de desemprego elevada entre os jovens levanta preocupações não só sobre a qualidade dos empregos disponíveis, mas também no impacto que isto tem a longo prazo nas suas carreiras.

Conclusão: o desemprego jovem prolongado leva à perda de talento, compromete a inovação e a produtividade futura.

Isto agrava as desigualdades entre gerações, dificulta a mobilidade social e afeta brutalmente o equilíbrio demográfico a médio e longo prazo.

Já para não falar dos problemas de saúde mental que esta tensão laboral provoca, como depressão, ansiedade, sentimentos de exclusão e sobretudo frustração entre os que acabam de chegar ao mercado de trabalho.

Em suma, é fundamental que o sistema de ensino se atualize rapidamente e possa preparar os alunos desde cedo para um mundo do trabalho em acelerada transformação tecnológica. Mas Estado e setor privado também são responsáveis pela integração e renovação da força de trabalho. É preciso pensar a fundo que revolução tecnológica é esta e como pode ser aproveitada a nosso favor (entenda-se, a favor dos humanos)…

Joana Beleza, Jornal Expresso, 17 julho 2025