A pesquisa no Google já não é o que era, e tudo graças à inteligência artificial
“AI Overview” dá respostas imediatas às questões colocadas no motor de busca, mudando o paradigma a que estamos habituados desde os anos 90. A novidade ainda não chegou ao mercado português, mas a empresa garante que os sites citados continuam a ser consultados.
Ao escrever a pergunta “posso beber café enquanto estou grávida” no Google, a página de resultados que o motor de busca devolve já não apresenta apenas uma série de links azuis para diversos sites onde eventualmente haverá uma resposta. Ao invés, aparece um “Resumo de IA” (“AI Overview”, na designação original em inglês) que dá imediatamente a resposta, sem ser necessário clicar em qualquer hiperligação: “Sim, grávidas podem beber café com moderação, mas é importante limitar a ingestão de cafeína a cerca de 200 mg por dia.” Em seguida, aparece uma lista de recomendações, cada uma suportada por um link que a pessoa pode seguir se quiser saber mais sobre cada assunto.
Esta forma de responder às pesquisas dos utilizadores existe há quase um ano, desde que a Google lançou os resumos com base em inteligência artificial (IA) generativa, mas só agora começamos a perceber realmente o impacto que está a ter na forma como os consumidores usam o motor de busca mais popular do mundo — o Google domina cerca de 90% de todas as pesquisas online.
“Tem sido extremamente bem recebida”, disse o vice-presidente de Pesquisas, Srinivasan Venkatachary, na sede da Google, em Mountain View, onde o Expresso esteve esta semana. “Quando começam a usar esta funcionalidade, os utilizadores passam a fazer muito mais pesquisas.”
Este indicador é importante porque uma das incógnitas no mercado quando a Google lançou a novidade era saber se estes resumos iam diminuir o número de pesquisas e de cliques nos sites que aparecem nas páginas de resultados. Se a pessoa obtém a resposta de imediato, através de um sumário fácil de compreender, perderá algum tempo a entrar em sites? A Google diz que sim. Não só as pessoas seguem os links fornecidos pelo resumo de IA como passam lá mais tempo e depois retornam ao motor de busca para continuar a fazer perguntas, aprofundando o tema e explorando sites a que não chegariam se tivessem obtido apenas uma lista de links azuis. Ou seja: aumenta a diversidade de fontes consultadas, o que abre a oportunidade a sites que não apareceriam no topo do ranking.
Mas isso também pode significar que sites que anteriormente estavam sempre na página inicial e obtinham imenso tráfego a partir do Google estão a ver os cliques a diminuir. É o que diz, por exemplo, a empresa de conteúdos educativos Chegg, que em fevereiro processou a Google alegando que os resumos de IA contribuíram para o declínio do tráfego no site. As receitas da empresa caíram 24% no último trimestre de 2024 e a Chegg alega que as mudanças de IA no Google são parcialmente responsáveis. Mais, acusa a Google de obter benefícios a partir dos conteúdos do seu site sem ter de despender um centavo.
Ora, o que a Google mantém é que o seu motor de busca continua a enviar “milhares de milhões de cliques” para todo o tipo de sites diariamente e que os resumos de IA diversificaram a distribuição de tráfego para mais sites, não tendo havido uma redução no volume.
Esta forma de responder às pesquisas dos utilizadores existe há quase um ano, desde que a Google lançou os resumos com base em inteligência artificial (IA) generativa, mas só agora começamos a perceber realmente o impacto que está a ter na forma como os consumidores usam o motor de busca mais popular do mundo — o Google domina cerca de 90% de todas as pesquisas online.
“Tem sido extremamente bem recebida”, disse o vice-presidente de Pesquisas, Srinivasan Venkatachary, na sede da Google, em Mountain View, onde o Expresso esteve esta semana. “Quando começam a usar esta funcionalidade, os utilizadores passam a fazer muito mais pesquisas.”
Este indicador é importante porque uma das incógnitas no mercado quando a Google lançou a novidade era saber se estes resumos iam diminuir o número de pesquisas e de cliques nos sites que aparecem nas páginas de resultados. Se a pessoa obtém a resposta de imediato, através de um sumário fácil de compreender, perderá algum tempo a entrar em sites? A Google diz que sim. Não só as pessoas seguem os links fornecidos pelo resumo de IA como passam lá mais tempo e depois retornam ao motor de busca para continuar a fazer perguntas, aprofundando o tema e explorando sites a que não chegariam se tivessem obtido apenas uma lista de links azuis. Ou seja: aumenta a diversidade de fontes consultadas, o que abre a oportunidade a sites que não apareceriam no topo do ranking.
Mas isso também pode significar que sites que anteriormente estavam sempre na página inicial e obtinham imenso tráfego a partir do Google estão a ver os cliques a diminuir. É o que diz, por exemplo, a empresa de conteúdos educativos Chegg, que em fevereiro processou a Google alegando que os resumos de IA contribuíram para o declínio do tráfego no site. As receitas da empresa caíram 24% no último trimestre de 2024 e a Chegg alega que as mudanças de IA no Google são parcialmente responsáveis. Mais, acusa a Google de obter benefícios a partir dos conteúdos do seu site sem ter de despender um centavo.
Ora, o que a Google mantém é que o seu motor de busca continua a enviar “milhares de milhões de cliques” para todo o tipo de sites diariamente e que os resumos de IA diversificaram a distribuição de tráfego para mais sites, não tendo havido uma redução no volume.

No Googleplex, o complexo de edifícios que formam a sede da empresa, em Mountain View, a questão foi levantada com vários responsáveis, incluindo Robby Stein, vice-presidente de Experiência de Pesquisa e Qualidade. Stein explicou que não há maneira de os sites garantirem se vão ou não ser embebidos nos resumos de IA e que as estratégias de SEO (otimização para motores de busca) se mantêm. Quanto melhor o conteúdo e maior a qualidade da fonte, maiores as hipóteses de integrar o sumário feito pela ferramenta de IA, que se baseia no grande modelo de linguagem Gemini.
O que se torna realmente interessante é a forma como o comportamento dos utilizadores está a mudar por causa da IA. Colocam perguntas mais complexas, usam diferentes meios ao mesmo tempo (por exemplo, misturam pesquisa de fotos com Lens com questões em voz alta) e passam mais tempo a explorar temas adjacentes à questão inicial. Isso, por sua vez, está a guiar a forma como a Google explora a aplicação de IA no seu produto mais importante, a pesquisa. E a boa notícia é que os resumos estão a ser testados em Portugal, o que significa que, em breve, poderemos perceber se as mudanças verificadas noutros mercados se estendem ao utilizador português.
Ana Rita Guerra. E-Revista Expresso, 20 de março de 2025
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