EXPOSIÇÃO NA BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL
Sala de Exposições | Entrada livre / de 17 set. a 31 dez. 2015
Banda desenhada, «Manuel Maria Hedois Barbosa du Bocage», Maria das Mercês de Mendonça Soares e Manuel Ferreira, in Camarada, 2.ª série, 8.º volume, Março 1965 (http://bloguedebd.blogspot.pt/2014/11/literatura-e-bd-5-bocage.html)
"Comemoram-se, a partir de setembro de 2015, os 250 anos do nascimento de Bocage, um paradigma literário e cívico da cultura portuguesa.
A sua poesia multifacetada – cultivou com talento todos os géneros poéticos da época – caracteriza-se pela autenticidade, pela singularidade e pelo universalismo, estando omnipresentes na sua obra o lirismo, a intervenção social, o erotismo e a sátira.
Acresce, por outro lado, que Bocage fez incursões pela arte cénica e traduziu com rigor e criatividade os clássicos greco-latinos – Ovídio, Lucano, Virgílio, Museu e Moscho – e os escritores coevos, como, entre outros, Voltaire, La Fontaine, Tasso, Racine, Delille e Madame du Bocage, sua tia-avó.
A sua vida caracterizou-se pela inquietude, a irreverência e a transgressão. Perfilhou os princípios do Iluminismo, criticou os valores serôdios do Antigo Regime português – a religião punitiva, a nobreza parasitária, o ensino entorpecedor, a moral sexual, o fanatismo e a ignorância – e exaltou o corpo, compondo poesia erótica que distribuiu clandestinamente, a qual só pôde ser publicada legalmente com o advento do 25 de Abril, ou seja, cerca de 200 anos depois do seu falecimento.
Soneto, Bocage in «A virtude laureada. Drama recitado no Theatro do Salitre... por seu muito devedor, e amigo Manoel Maria de Barbosa du Bocage.», Lisboa, Impressão Regia, 1805. (BNP L. 5798/4 P.) [http://purl.pt/6267/4/#/20]
Bocage subscreveu dois manifestos iluministas, em verso, cuja atualidade é evidente. Não poderia deixar de ser, portanto, persona non grata para Diogo Inácio de Pina Manique, que o pôs a ferros no Limoeiro, tendo sido posteriormente libertado pela intervenção conjugada de personalidades relevantes do regime. Este acontecimento dramático deixou sequelas psicológicas e físicas inequívocas.
Bocage faleceu em 1805, aos 40 anos, intensa e freneticamente vividos. Os seus restos mortais, por incúria das autoridades, foram para a vala comum. O seu legado, porém, vivifica o presente e incentiva a utopia.
A Biblioteca Nacional de Portugal associa-se às comemorações dos 250 anos do nascimento de Bocage, evocando o poeta, o tradutor, o dramaturgo e o cidadão."
Biblioteca Nacional Digital
Comissário da Exposição: Daniel Pires