domingo, 29 de julho de 2018

Construir a autonomia e a flexibilidade curricular


Os desafios da escola e dos professores


 https://drive.google.com/open?id=1hox9v5k3bBRVJCDyQY5Ns_bzUGpJG8tC



Autores: Vários
Editora: Universidade Católica Editora
Ano: 2017
Págs.: 218
ISBN: 9789898835321



Construir a autonomia e a flexibilização curricular é o tema que este livro releva como princípio e medida expresso pelo Ministério da Educação. O sentido é introduzir inovação na organização e no desenvolvimento curricular, no propósito de focar a atenção no aluno e nas aprendizagens essenciais (Despacho n.º 5908/2017). Oportunidade assumida por muitas escolas agrupadas e não agrupadas para regressar ao coração da escola e abrir espaço a práticas de ensino e de aprendizagem para o desenvolvimento humano, centrado numa lógica de trabalho colaborativo das equipas de professores. Nesta matriz, “o currículo é encarado como uma ferramenta para promover o sucesso escolar”, mediante o estabelecimento de compromissos graduais de transdisciplinaridade, de participação e de reforço da autonomia e responsabilidade pessoal e coletiva.


O presente texto procura identificar as caraterísticas estruturais da escola atual e perspetivar as necessárias metamorfoses nos vários planos da ação política, organizacional e profissional. O currículo prescrito tem de ser assumido como um processo que gera aprendizagens em todos os alunos. O contexto organizacional onde o currículo é praticado e desejavelmente aprendido terá de assumir as regras de uma outra gramática que institua outros modos de pensar e praticar os conhecimentos, de organizar os espaços, os tempos e o modo de agrupar os alunos, de constituir outras formas de trabalho pedagógico. Por outro lado, as lideranças educacionais têm de ver estas outras possibilidades de ação e de organizar o trabalho educativo de modo a que outras práticas de flexibilização e diferenciação sejam possíveis. Por fim, os modos de ser professor têm de evoluir para uma prática profissional mais autónoma, interativa e colaborativa. 

A atitude dos aprendentes está em mudança. Para eles, o valor da educação é dúbio e subestimado. Ora, para operacionalizar as dimensões que integram o perfil do aluno para o século XXI, importa romper com o modelo escolar baseado na separação das disciplinas e abraçar um modelo cuja estrutura curricular esteja baseado nas necessidades e interesses das pessoas que se desenvolvem e aprendem mediante a interação e o envolvimento ativo com o seu meio e convoque os saberes disciplinares para um conhecimento maisintegrado. O desenvolvimento da participação dos alunos na vida escolar é um imperativo da cidadania e do crescimento, porquanto autoriza a emergência de uma atitude de comprometimento e a construção de um currículo que promove a competência global, aqui entendida como a capacidade e a disposição de compreender e atuar sobre questões de escala local, nacional e mundial. 

A possibilidade foi aberta e a expectativa é promissora, em particular para as escolas e para os professores. Interessa, pois, organizar o currículo de forma a proporcionar oportunidades educativas múltiplas, inteligentes, desafiadoras e construídas de forma mais adequada a cada contexto. Os textos agora publicados constituem saberes, competências, valores e experiências criadas para o exercício da autonomia, da flexibilização curricular e para o desenvolvimento profissional que importa convocar e disseminar no sentido de inspirar ambientes de aprendizagem acolhedores, capazes de envolver e reconhecer que “cada aluno é importante” (Robert, 2010, p.9) e está no centro de um dos debates que mais tem animado as políticas educativas de promoção do sucesso educativo.Despertar e inscrever uma outra visão e estratégia para a escola aconselha a necessidade e a capacidade de comunicação sobre o que se tem estado a fazer e o que se está a planear fazer. No essencial, o desafio é, nas palavras de Edgar Morin (2001), “fortificar a aptidão para interrogar e de ligar o saber à dúvida, de desenvolver a aptidão para integrar o saber particular não apenasdentro de um contexto global, mas também na sua própria vida, a aptidão para apresentar os problemas da sua própria condição e do próprio tempo” (p. 15). 

Ao longo desta obra, os vários autores desafiam-nos a pensar, a fazer diferente, convo-cando e fundamentando os princípios-chave para o sucesso educativo e para o desenvol-vimento humano que conjugam necessariamente as dimensões da inclusão, da flexibili-dade, da cooperação, da qualidade, da inovação e da autonomia.

Cristina Palmeirão e José Matias Alves

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