sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Trinta Clássicos das Letras | 20. O Grande Gatsby, de Francis Scott Fitzgerald




O Grande Gatsby, adaptação cinematográfica de 2013, com Leonardo DiCaprio no papel de Jay Gatsby




Os críticos são unânimes em considerar O Grande Gatsby como um dos grandes romances da literatura mundial. O seu autor, Francis Scott Fitzgerald (1896-1940), tornou-se, de algum modo, um símbolo do tempo que retratou no seu livro, mas (como muitas vezes acontece) a sua obra-prima não teve imediatamente o reconhecimento que a posteridade lhe reservaria. Anthony Burguess afirmou mesmo que o livro e o autor definiram toda a geração. O amor e o drama de Scott e Zelda, as doenças, a tuberculose, o alcoolismo, a morte prematura, Os Contos da Era do Jazz e Terna é a Noite (1934) são marcas indeléveis.

Publicado em 1925, o romance passa-se entre Nova Iorque e Long Island, no verão de 1922, nos “anos loucos”, entre o fim da guerra e a grande crise. Há uma clara ambiguidade na apreciação de Fitzgerald, que admira o ambiente e o “glamour”, mas que critica o materialismo sem limites e os sinais evidentes de decadência moral. É o tempo da Lei Seca e da 18ª emenda à Constituição americana. A proibição da produção e consumo das bebidas alcoólicas gerou a especulação desenfreada e o aumento do crime organizado, tendo como símbolo Al Capone. 

Nick Carraway é um jovem comerciante de Midwest, que se torna amigo do vizinho Jay Gatsby, magnate célebre pelas festas que dava em Long Island. A fortuna de Gatsby é, no entanto, motivo de suspeitas, ninguém sabe o passado do anfitrião. Há ainda a referir Tom Buchanan, antigo desportista, casado com Daisy (Mia Farrow, no filme de 1974), que, por sua vez, é prima de Nick. Todos os sábados, há grande animação em casa de Gatsby, mas o entusiamo deste não é grande. E Nick descobre que o milionário só mantinha as festas na esperança de que Daisy, seu antigo amor, aparecesse. A pedido de Gatsby, Nick consegue que ele se encontre com Daisy e inicia-se uma relação explosiva. Tom apercebe-se do renascimento do amor de Gatsby por Daisy – e o seu ódio relativamente ao milionário é reforçado pelas informações que obtém sobre as atividades ilegais deste. Gatsby força Daisy a dizer a Tom que nunca o amou – o que ela faz, com alguma hesitação. 

Mas tudo se precipita, Daisy e Gatsby regressam a Long Island. É ela que conduz o automóvel amarelo. No caminho, ocorre um terrível acidente, é atropelada mortalmente Myrtle, mulher do garagista George Wilson, amante de Tom, que saíra desorientada de casa depois de uma discussão conjugal. Wilson fica desesperado e jura descobrir quem matou sua mulher. Tom explica-lhe que o automóvel amarelo não é seu, e que ele nada tem a ver com o tremendo desenlace. George Wilson está cego de ódio e sede de vingança. Nada ouve, apenas quer fazer justiça pelas próprias mãos. Durante toda a noite está muito agitado, profere impropérios, anda de um lado para o outro. Finalmente, parece chegar a uma conclusão e vai procurar o automóvel amarelo, dirigindo-se a casa de Tom, que prepara as malas para partir para longe com Daisy. Tom, sob ameaça de uma arma, insiste na sua inocência e refere o nome de Gatsby. Wilson, desvairado, parte ao encontro do magnate. Gatsby nada na piscina, ciente de que o amor de Daisy pode estar perdido, mas ainda lhe assiste uma remota esperança. O garagista dispara sobre Gatsby e mata-o, suicidando-se em seguida no amplo relvado da casa, outrora cenário deslumbrante. 

Com Gatsby morto, ninguém parece fazer caso da sua memória. Mr. Gatz, o pai, veio para o funeral, recordando a criança que seu filho foi e os compromissos que fez para que pudesse vencer na vida. Nick tenta encontrar quem vá ao enterro, mas ninguém se interessa. Apenas vão três pessoas - Nick, Mr. Gatz, e "Owl Eyes", talvez o único dos convivas das festas de Gatsby que um dia mostrou interesse a Nick pela biblioteca da casa. Quando Nick parte para o Centro-Oeste dos Estados Unidos, tudo parecia ter-se esvaído em ilusão, a relva noutro tempo impecável cresceu e o entusiasmo tão aparente daria lugar ao grande desastre…

Agostinho de Morais
Raíz e Utopia, Centro Nacional de Cultura, 20  de agosto de 2019



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