quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Blimunda #31




Homenagem a Agustina e Sophia




Dezembro 2014


Em destaque, o dossier dedicado a Agustina e a Sophia, duas das grandes autoras portuguesas que este ano receberam justas homenagens da sociedade portuguesa. No caso de Sophia, com a sua entrada no Panteão Nacional, numa cerimónia de enorme beleza, fazendo jus à poesia que nos deixou. Desse momento, a Blimunda publica o texto de José Manuel dos Santos, que em representação da Cultura portuguesa leu o belo texto que agora fica perpetuado nestas páginas. No caso de Agustina, com um grande Congresso organizado pelo Círculo Literário Agustina Bessa-Luís e acolhido pela Fundação Calouste Gulbenkian, do qual publicamos os textos de Artur Santos Silva e de Mónica Baldaque.

Destaque também nesta Blimunda para a conversa de Andreia Brites com um dos grandes autores de álbuns ilustrados do século XX, o norte-americano Eric Carle, no ano em que se assinalam 45 anos da publicação de um dos seus mais aclamados livros, A lagartinha muito comilona.

A 28 de outubro deste ano, o Vaticano recebeu pela primeira vez o Encontro Mundial de Movimentos Populares, promovido pelo Papa Francisco, que contou com a participação do presidente boliviano, Evo Morales. Desse momento histórico chega-nos o relato pela voz de Ignacio Ramonet.

 Espaço ainda na Blimunda para a conversa de Sara Figueiredo Costa com os responsáveis por um novo projecto editorial português, a Guilhotina, e a fechar, na Saramaguiana, o texto de Claudia Piñeiro lido na apresentação de Alabardas, que teve lugar na Feira Internacional do Livro de Gudalajara.
Boa leitura!
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Natal na voz dos poetas



 
 






Natal, e não dezembro


Entremos, apressados, friorentos,

num gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...

Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...

Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira


 


Presépio  - artesanato de Bisalhães




 
 
História Antiga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.


Miguel Torga

 
 


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ler contigo | ebook da 2ª edição








A Biblioteca editou mais um ebook: Ler Contigo poemas de Natal. 

Trata-se de uma antologia de poesia, organizada na sequência da realização da 2ª edição do projeto "Ler Contigo!", centrada na partilha de leituras de poemas de Natal.   

Boas leituras! 

 
 



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ler contigo | 2ª edição




Ler Contigo poemas de Natal!
 
 
 
 
Photo credit: Duas meninas lendo, de Pablo Picasso

 
 
 
O projeto Ler Contigo! continua.
 
Ontem, dia 16 de dezembro, último dia de aulas do 1º período,  foi a vez da Beatriz, nº 6, e da Diana, nº 10, ambas alunas do 10º G, visitarem algumas turmas do 3º Ciclo para partilhar com os alunos mais novos a leitura de um poema de Natal e lhes desejar Boas Festas.
 
 
 


Ler contigo... Poemas de Natal!

_________________________________ Alguns dos poemas selecionados






A noite de Natal

Em a noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.

Vão se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.

Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.

– Deu-lhes sim, muitos bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.

Mário de Sá-Carneiro
 

 
Um dos presépios da BE
 
 
 

Dia de Natal



Hoje é dia de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.


Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.

Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.

Os reis de longe trazem
Tesouros, incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.

Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.

Luísa Ducla Soares


 




Poema de Natal


Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!

Fernando Pessoa


 




 

Prece do Natal


Menino Jesus
De novo nascido,
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!
Vede que os humanos
Erros e cuidados
Nos são tão pesados
Como há dois mil anos.
A nossa ignorância
É um fardo que arde.
Como se faz tarde
Para a nossa ânsia!
Nós somos da Terra,
Coisa fria e dura.
Olhai a amargura
Que esse olhar encerra.
Colai o ouvido
À alma que sofre;
Abri esse cofre
Do sonho escondido.
Pegai nessa mão
Que treme de medo;
Sondai o segredo
Da minha oração.
Esta pobre gente
Que mal é que fez?
Nós somos, talvez,
Um povo «inocente»…
Menino Jesus
Que andais distraído
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!
A mais insofrida
De tantas misérias
– Não termos mais férias
Ao longo da vida –
Trocai por amenas
Manhãs sem cuidados,
Silêncios banhados
De ideias serenas;
Por cantos e flores
Risonhas imagens
Macias paisagens
Felizes amores!

Carlos Queirós


 


 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Mensagem de Natal | Querido avô



Mensagem de Natal



Vila Real, 24 de novembro de 2014

 Querido Avô,
Desde que partiste, tens-nos deixado grande saudade.
O meu pai tem falado muito de ti assim como eu, a minha irmã e até mesmo a minha mãe.
            Sabes, avô, guardo todos os teus presentes como se fossem um tesouro. Lembras-te daquele “rapa” que me deste no Natal passado? É o meu amuleto da sorte, levo-o todos os dias para a escola.
            Se ainda estivesses connosco, irias passar o Natal comigo, assim… no dia 21 de dezembro irei ver-te e desejar-te um Feliz Natal e deixar-te uma prenda com muitos beijinhos.
            Espero que, como todos estes anos que passei contigo, fiques mais uma vez orgulhoso com o meu pai, a Lara, comigo e com toda a tua família, pois nós sentimo-nos orgulhosos com tudo o que tu fizeste por nós.

            Um beijinho do fundo do coração do teu neto que te adora,
Gonçalo


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Natal '14: mensagens produzidas pelos alunos


 



Marcador de livros - Edição BE | Natal 2014


 
 

O NATAL É TEMPO DE FELICIDADE E UNIÃO

________________________________________________________Inês Costa, n.º 10, 7.º D
 
 
 

 

 
 
 

 

 
 
 
Feliz Natal e Boas Leituras!


domingo, 14 de dezembro de 2014

Conto 1 Conto | Formação de professores

 
 
 
 
 
Prática(s) de leitura e oralidade
 
 
 
 
 

No dia 11 de dezembro, para além das sessões destinadas a alunos, Vítor Fernandes orientou ainda uma sessão de formação para professores, das 16h 45m às 18h 30. 
 
Para além de instrutiva, esta sessão constituiu também um momento de boa disposição e de descontração do habitual stress de final de período. 
 
A terminar a sessão, Vítor Fernandes mostrou que um bom contador de histórias é aquele que não só é capaz de preservar a memória das estórias (e da História), mas também de construir as suas próprias estórias à medida que as vai contando. E, porque neste caminho que se faz, caminhando, o papel do auditório era/é determinante, o nosso contador de histórias contou 1 conto de improviso, construído partir das palavras que todos os participantes foram  convidados a escrever numa tira de papel no decorrer da sessão.

A voz mágica do ancestral contador de histórias fez-se então ouvir... 
 


Proposta de atividade

Uma das atividades propostas nesta sessão de formação centrou-se no curioso "texto" que se transcreve:
 
 
Acabei o serviço. A minha mãe esqueceu-se. Não. Outra Vez. Está a chover. Queres controlar tudo o que faço. Eu acredito. Bem lá no fundo. Vou fugir para longe. Ontem encontrei. Comida. Finalmente. O amor. Pregado na parede. Pensei que eram duas bolas. Agarrei-o.
 
Com linha de pesca. E isso interessa. Depois disso já bati com a cabeça. Ora escuta bem. Ouviste. Vou contar-te. Era grande. Jeitoso. Tinha uma coisa. Assim. Não era grande, era pequena. Não sei. Nunca vi. Eu é mais bolos. Odeio-te.
 
Na verdade. O que aconteceu, atirei-o janela fora. E voou. Não será a primeira vez. Acho que era. E nomes. Vamos lá ver. Não era assim. Tinha os óculos todos sujos.
 
Ele disse-me assim. Amanhã vai haver um não sei o quê. Isso é estranho. Fica caladinha. Não me pressione. Porquê. Não canto mal. Sei lá agora assim com pressão. Só penso em gases.
 
 
 
Foi pedido a todos os participantes, dispostos em roda, que lessem o texto (uma "fala" cada um). Na verdade foram pedidas três leituras: primeiro uma leitura em tom neutro, inexpressivo; depois, uma leitura expressiva, para exploração do tom de voz; finalmente, uma leitura dramatizada, para exploração do gesto e da expressão corporal.


 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Conto 1 Conto: uma experiência a repetir!

 
 
 
  


 
 A voz mágica dos antigos contadores de histórias fez-se ontem ouvir na biblioteca da Camilo. 
 
Hábil na instrumentalização da palavra, expressivo no gesto, atento às reações dos seus ouvintes, excelente comunicador e exímio improvisador, o contador de histórias Vítor Fernandes despertou a imaginação criadora nos diferentes grupos que foram passando pela biblioteca e gerou dinâmicas propiciadoras da partilha de experiências/vivências.
 
Por tudo isto, "Conto 1 Conto" constituiu uma excelente atividade de promoção da leitura e da comunicação oral.
 
Uma experiência a repetir!
 
 


 
Reportagem fotográfica
 
 

De acordo com a calendarização prevista, os alunos do 7º ano (turmas A, B, C, D),  8º  (turmas A, B) e 10º ano (turma E) deslocaram-se ontem à biblioteca da Camilo para participar na atividade "Conto 1 Conto".

 

Sentados no chão, dispostos numa roda, os alunos foram aí desafiados pelo contador de histórias,  Vítor Fernandes, a tirar uma tira de papel de uma caixa colocada no centro da roda e a construir uma descrição sugestiva a partir da palavra que aí aparecia escrita. Essa descrição foi melhorada posteriormente após a apresentação de sugestões por parte de todos os presentes. 

 
No final, de cada sessão, foi a  vez dos alunos ouvirem Vítor Fernandes contar 1 conto e serem desafiados a passar as suas descrições à escrita e partilhá-las no espaço da biblioteca.

 
 
 
A caixinha das palavras
 


 
 

 

 






 

 



 
 
 
 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Ler contigo | 1ª edição

 


 
 
 
Photo credit: Leitura, de Antonio Gonzalez, Galiza, 1930
 
 


Promover a competência leitora e os hábitos de leitura, criando atividades e projetos de treino e melhoria das capacidades associadas à leitura, constitui um dos objetivos nucleares do domínio B - Leitura e literacia - do Plano Anual de Atividades/PAA da Biblioteca Escolar.
 
Um dos projetos propostos no PAA da BE (e incluído no projeto Ler+ na Camilo), para o presente ano letivo, dá pelo nome de Ler contigo! e prevê a dinamização de atividades livres de leitura.
 
Trata-se da criação de um grupo de leitura, constituído por alunos do Ensino Secundário, que irá ler regularmente para os mais jovens, em contexto de aula e/ou na biblioteca.
 
Este projeto, que passa também pelo envolvimento dos alunos e professores em atividades dinamizadas pela Biblioteca e por propostas de trabalho colaborativo, iniciou-se já neste mês de dezembro.
 
Nos dias 4 e 9 de dezembro, alunos do 10º A (Ângela, nº 5, Cláudia, nº 11, Diana, nº 12, Mélanie, nº 21, Vitória, nº 27), do 10º D (Guilherme, nº 7, Inês, nº 10, João, nº 11, Mafalda, nº 13, Mariana, nº 17, Ricardo, nº 21, Rute, nº 22, Sérgio, nº 23, Carlos, nº 26) e uma aluna do 12º ano, a Ana Margarida Heleno (que é já uma habituée nestas lides), deslocaram-se às salas de aula dos 7º, 8º e 9º anos para partilharem com os colegas mais novos a leitura de um extrato de cada uma das três obras selecionadas, a nível de escola, para o Concurso Nacional de Leitura/CNL.
 



Reportagem fotográfica: 

"Ler contigo extratos das obras selecionadas para o CNL"