Photo credit: Duas meninas lendo, de Pablo Picasso |
O projeto Ler Contigo! continua.
Ontem, dia 16 de dezembro, último dia de aulas do 1º período, foi a vez da Beatriz, nº 6, e da Diana, nº 10, ambas alunas do 10º G, visitarem algumas turmas do 3º Ciclo para partilhar com os alunos mais novos a leitura de um poema de Natal e lhes desejar Boas Festas.
A noite de Natal
Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos.
Um dos presépios da BE |
Dia de Natal
Hoje é dia de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.
Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.
Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.
Os reis de longe trazem
Tesouros, incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.
Tesouros, incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.
Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.
Luísa Ducla Soares
Poema de Natal
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
Fernando Pessoa
Prece do Natal
Menino
Jesus
De novo nascido,
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!
De novo nascido,
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!
Vede
que os humanos
Erros e cuidados
Nos são tão pesados
Como há dois mil anos.
Erros e cuidados
Nos são tão pesados
Como há dois mil anos.
A nossa
ignorância
É um fardo que arde.
Como se faz tarde
Para a nossa ânsia!
É um fardo que arde.
Como se faz tarde
Para a nossa ânsia!
Nós
somos da Terra,
Coisa fria e dura.
Olhai a amargura
Que esse olhar encerra.
Coisa fria e dura.
Olhai a amargura
Que esse olhar encerra.
Colai o
ouvido
À alma que sofre;
Abri esse cofre
Do sonho escondido.
À alma que sofre;
Abri esse cofre
Do sonho escondido.
Pegai
nessa mão
Que treme de medo;
Sondai o segredo
Da minha oração.
Que treme de medo;
Sondai o segredo
Da minha oração.
Esta
pobre gente
Que mal é que fez?
Nós somos, talvez,
Um povo «inocente»…
Que mal é que fez?
Nós somos, talvez,
Um povo «inocente»…
Menino
Jesus
Que andais distraído
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!
Que andais distraído
Baixai o sentido
Para a nossa cruz!
A mais
insofrida
De tantas misérias
– Não termos mais férias
Ao longo da vida –
De tantas misérias
– Não termos mais férias
Ao longo da vida –
Trocai
por amenas
Manhãs sem cuidados,
Silêncios banhados
De ideias serenas;
Manhãs sem cuidados,
Silêncios banhados
De ideias serenas;
Por
cantos e flores
Risonhas imagens
Macias paisagens
Felizes amores!
Risonhas imagens
Macias paisagens
Felizes amores!
Carlos
Queirós
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