segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Ana Pessoa | Mary Jonh




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Autor: Ana Pessoa
Ilustrador: Bernardo P. Carvalho
Título: Mary John
Editor: Planeta Tangeria 
Data de publicação: 2016
Nº de Páginas: 192
Livro recomendado pelo PNL2027





Sinopse


Há semanas que ando a escrever-te. Não sei bem porquê. Não sei bem para quê. Quem és tu, Júlio Pirata? Ando a pensar na nossa história. Desde o princípio. Desde o primeiro encontro. Desde a primeira pergunta: "És menino ou menina?"Eu sou uma menina por tua causa, Júlio. Deixei crescer o cabelo para ti, furei as orelhas para ti. Eu vivo e morro para ti. Todos os meses tenho o período, morro um bocadinho e penso em ti. Tu dizes: "Morreste!" E eu morro. Atiro-me para o chão de qualquer maneira.E eu não quero isso. Eu nunca mais quero morrer, Júlio. Eu quero viver para sempre. Todos os minutos de todas as horas de todos os dias. 


Numa longa carta dirigida a Júlio Pirata, Maria João faz o balanço dos anos vividos na praceta que ambos partilharam durante a infância e a adolescência. Entre a mágoa e o humor, Maria João organiza os seus pensamentos e emoções, concentrando forças para inaugurar um novo capítulo da sua história.

Um livro juvenil escrito com o fôlego desenfreado das perguntas sem resposta por uma protagonista juvenil. Um livro juvenil sobre amor e desamor, desentendimentos, fugas, ausências, saudade. Um livro juvenil sobre o corpo, a auto-imagem, o sentimento de não pertença, a indiferença. Um livro juvenil sobre a descoberta de outro lugar com outras pessoas, outros corpos, outras perguntas e uma nova pertença. Um livro juvenil sem auto-censura, onde os nomes não são eufemismos, e há constrangimentos eventuais. Um livro juvenil em forma de carta sem resposta, tão direto quanto paradigmático de um tempo que acelera e não se recupera jamais. 

Melancólico, certeiro na composição de cada personagem, rigorosamente atual na captação dos contextos verbais e não verbais, Mary John é uma obra-prima que pode exemplarmente representar o que significa a catalogação de literatura juvenil. Sem nada que a memorize, bem pelo contrário. Sem ser um livro crossover, que depõe barreiras etárias, é um texto sobre jovens e para jovens. Os adultos que o lerem não têm como ficar indiferentes.




O que diz a crítica


Ana Pessoa está para literatura juvenil desta década como a Alice Vieira esteve para a década de 80 e a Ana Saldanha para a de 90. Cada uma delas a marcar uma mudança de paradigma em termos da escrita para jovens.
Ana Margarida Ramos, Professora e Investigadora (Universidade de Aveiro), 23/11/2016 


Mary John representa um salto de gigante, um golpe certeiro feito de risco e ousadia, quer no domínio da linguagem estilística quer na incursão por temas tidos como tabu. Raro, muito raro um romance juvenil que se aventura pelos temas da sedução amorosa, da descoberta do corpo e da sexualidade sem nunca resvalar para o lugar comum nem para a moralidadezinha.
Carla Maia de Almeida, blogue O Jardim Assombrado, 09/01/2017


Combinando a prosa ágil e inteligente de Ana Pessoa (autora de Supergigante) com as fabulosas ilustrações de Bernardo P. Carvalho, Mary John é uma viagem fascinante pelos labirintos da adolescência, contada por quem o viveu, durante a difícil mas necessária travessia.
José Mário Silva, Expresso online, 23/12/2016


Seleção “Melhores livros editados em 2016” (jornal Expresso)
Destaque absoluto para o romance Mary John de Ana Pessoa, um daqueles volumes com a etiqueta "juvenil" que lemos com a certeza de ser uma narrativa absolutamente memorável e universal.
Sara Figueiredo Costa, jornal Expresso, 22/12/2016


O que esta novela consegue, e por isso é literatura de primeira água, é conjugar o singular com o universal. Rejeita a moral, o paradigma social e traz uma história de vida de uma rapariga filha de pais separados que idealiza uma relação especial e imutável com o melhor amigo, vizinho da praceta.
Andreia Brites, revista Blimunda, Dezembro 2016


Ana Pessoa abriu uma clareira na ficção portuguesa destinada a um público juvenil. (...)
Mais do que uma novela epistolar, o livro acaba sendo um diário porque a carta estende-se no tempo e engole a vida toda da rapariga, a sua procura de um lugar que seja seu, de uma voz, de um caminho. Ana Pessoa capta todas as reverberações deste processo de descoberta, com uma prosa rica, elástica, de fôlego romanesco, não deixando de ser verosímil no tom, credível nos diálogos, e acessível aos leitores a que se destina (“maiores de 14 anos”, como se lê na contracapa). Aos adultos, a leitura também se recomenda, seja como regresso às respetivas adolescências, seja como exemplo de fruição literária. 
José Mário Silva, jornal Expresso, 30/04/2017



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