quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

CNL2021 | Obra selecionada para o Ensino Secundário

 



   Título: O Enigma de Salomé
   Autor: Nuno Júdice
   Editor: Editorial Teorema
   Nº. páginas: 149
   Ano: 2007


É um dos episódios que os Evangelhos registaram e imortalizaram na nossa cultura. Nele se juntam todas as paixões que levam o homem ao excesso: o adultério, o incesto, a embriaguez de uma noite de festa em que Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande, perde a consciência e manda executar o profeta João Baptista, que anunciara a vinda de Jesus, para agradar a um capricho de Herodíade, a mulher que roubara ao irmão para se casar com ela, num acto que João Baptista condenara nos seus sermões. Mas a figura que emerge desta sequência que também o historiador hebraico Flávio Josefo, quase contemporâneo destes acontecimentos, regista nas suas obras, é Salomé, cuja dança em frente de Herodes motiva o pedido fatal. É o que basta para a transformar num dos grandes ícones da pintura, da música e da literatura de todos os séculos que se seguiram.

Sinopse da Editora


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Em foco está, como não podia deixar de ser, a história da tentadora bailarina que, alegadamente por despeito, teria exigido (e obtido) a cabeça de João Baptista, conforme glosado, através dos séculos, por artistas como Oscar Wilde ou o compositor Massenet. Mas este é apenas o ponto de partida. O que Nuno Júdice nos oferece é um belíssimo livro sobre a volúpia da procura e as inúmeras faces do desejo, conforme se pode ler neste excerto: «No fundo, o que ele me queria dizer era que ambos vivíamos da procura, e que por muito que encontrássemos o objecto que sonhávamos, logo nos cansaríamos dele para começar uma nova procura. O que ele fazia era viajar entre Salomé e Herodíade, como se cada uma delas o obrigasse a partir em direcção à outra, impedindo-o de se fixar numa delas». O que faz desta Salomé e deste João Baptista parentes próximos (e fascinantes) de Madame Bovary.

Maria João Martins. LETRAS. 11.12.2007 



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O PRAZER DA INVENÇÃO: UMA CONVERSA COM NUNO JÚDICE

Zunái - Li com atenção O anjo da tempestade, que me fascinou. Em parte, é um livro em que volta ao passado, mas a estrutura da obra é absolutamente espiralada, diria barroca, quase. Desassossega, faz o leitor saltar para espaços/tempos completamente diferentes, em nada segue a ficção histórica clássica. A todos os títulos, a técnica narrativa é original. Deu-lhe prazer esse jogo com o leitor? Diverte-se enquanto escreve? Ou gosta apenas de contar uma história?

NJ - Este jogo começou com um livro de que gosto muito, que é Por todos os séculos, e continuou com O enigma de Salomé. É uma vertigem de épocas e de personagens que saltam de um contexto para outro, do passado para o presente, num movimento que vai ao encontro do que aprendi com a ficção científica e as máquinas do tempo, embora estes livros nada tenham a ver com esse género. O que me interessa é transportar-me para o contacto com situações e sentimentos vividos em séculos anteriores, e que procuro recriar numa actualidade que lhes dá outra leitura e outra compreensão. É isso que me diverte - e se não me divertisse não teria escrito esses livros, dado que para mim a escrita é acima de tudo o prazer da invenção.

Leia a entrevista na íntegra AQUI da por Nuno Júdice à ZUNÁI - Revista de poesia & debates


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