Disponível na Biblioteca CCB
A instrumentalina, de Lídia Jorge, editorial Dom Quixote, 2015. 48 páginas
A infância tem sido, para inúmeros escritores, uma espécie de arca doirada da qual retiram muita da inspiração que alimenta as suas obras. A Instrumentalina é um desses casos de maravilhada referência às emoções dos anos de juventude.
A narradora dá livre curso à sua imaginação como meio de escapar à atmosfera opressiva imposta pela ditadura de Salazar. Como num sonho, ela evoca as suas recordações de infância de modo a criar um espaço de liberdade, simbolizado por um tio muito pouco convencional, que anda de bicicleta e é possuidor de uma máquina fotográfica e de uma máquina de escrever.
Trata-se de uma narrativa particularmente depurada, escrita de um único fôlego, e onde, de forma comovedora, se patenteiam a ternura e a inocência de uma primeira paixão.
Foi esse carácter muito especial, que tão claramente distingue a presente narrativa da restante obra ficcional de Lídia Jorge, que tornou imperativa a sua edição como peça autónoma; que originou a tradução para línguas como inglês, francês, italiano, húngaro, búlgaro e alemão, e levou a que, na Alemanha, fosse considerada uma obra-prima do conto.
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