Foi em Angola que António Tolentino Mendonça ouviu as primeiras histórias. A avó analfabeta foi a sua ‘primeira biblioteca’, ao contar-lhe mundos de realismo mágico. Aos onze anos entrou no seminário do Funchal por um chamamento que não sabe explicar de onde veio. Aos 16 anos, teve o primeiro encontro poético com a palavra ao ler Herberto Helder (madeirense como ele).
Padre, poeta e professor universitário, arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano, foi distinguido com o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes pelo seu livro “A Noite Abre Meus Olhos”.
Uma conversa rica de histórias, reflexão e poesia para ouvir neste episódio do podcast “A Beleza das Pequenas Coisas”.
A Noite Abre Meus Olhos
Caminhei sempre para ti sobre o mar encrespado
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
o amor é uma noite a que se chega só
José Tolentino Mendonça, in A Estrada Branca
na constelação onde os tremoceiros estendem
rondas de aço e charcos
no seu extremo azulado
Ferrugens cintilam no mundo,
atravessei a corrente
unicamente às escuras
construí minha casa na duração
de obscuras línguas de fogo, de lianas, de líquenes
A aurora para a qual todos se voltam
leva meu barco da porta entreaberta
o amor é uma noite a que se chega só
José Tolentino Mendonça, in A Estrada Branca
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