domingo, 20 de maio de 2018

Dia mundial da diversidade cultural para o diálogo e o desenvolvimento







Mensagem de Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, por ocasião do Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento


Hoje, a UNESCO celebra o 18º Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento. A diversidade cultural confere riqueza, cor e dinamismo à nossa vida. É uma abertura cognitiva e intelectual, assim como uma força motora para o desenvolvimento social e o crescimento económico.

É claro que a diversidade cultural, por si só, não é um fator da paz e de progresso. Para tanto, é necessário aprender, aprender sobre a alteridade, a habilidade de desviar o foco de si mesmo, de dialogar e reconhecer o valor oculto em cada cultura.

Este Dia Mundial é pensado especificamente para consciencializar as pessoas sobre essas questões. Ele convida-nos a ir além do reconhecimento da diversidade, para que possamos identificar os benefícios do pluralismo cultural, considerado um princípio ético e político de respeito igualitário pelas identidades e tradições culturais.

Esse princípio está no cerne da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural, aprovada pela Organização em 2001, que reconhece a diversidade cultural como parte do património comum da humanidade e como uma força motora para a paz e a prosperidade. As questões levantadas por essa Declaração, elaborada após os atentados de 11 de setembro, continuam sendo muito relevantes.

Em primeiro lugar, existe a necessidade de proteger as diferentes formas de expressão cultural (línguas, artes, artesanatos e estilos de vida), em especial dos povos considerados como minorias, para que elas não desapareçam pelo movimento de padronização que acompanha a globalização. Estes são elementos essenciais para definir as identidades individuais e coletivas e, com isso, a sua proteção enquadra-se no respeito pela dignidade humana.

Em segundo lugar, existe a questão do acesso à vida cultural das pessoas de uma comunidade e de um país. Este é também um direito consagrado no Artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo 70º aniversário é comemorado neste ano: “Todo o ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios”.

Enquanto a revolução tecnológica tornou muitas formas culturais e artísticas mais facilmente acessíveis, e o comércio em todo o mundo aumentou exponencialmente, ainda existem muitos obstáculos ao acesso igualitário a bens e serviços. Isso afeta em particular as mulheres, as pessoas socialmente desfavorecidas e as comunidades minoritárias nos seus próprios países. É por isso que a UNESCO, neste Dia Mundial, está a organizar em Paris um painel de debates sobre essa questão central: “Como podemos fazer com que a cultura seja acessível a todos?”

Por último, ser capaz de construir livremente a própria identidade, tomando como base várias fontes culturais, assim como ser capaz de desenvolver de forma criativa o próprio património, são os fundamentos de um desenvolvimento pacífico e sustentável das nossas sociedades. Essa é uma questão essencial, assim como um desafio para o futuro: integrar a cultura numa visão global de desenvolvimento. Esse é o desafio lançado, por exemplo, pela Rede de Cidades Criativas, apoiada pela UNESCO: abrangendo 180 cidades em 72 países, essa rede tem como objetivo promover um modelo de desenvolvimento urbano sustentável, com foco nas artes criativas e com base na cooperação ativa entre cidades de todo o mundo.

“Eu não quero que a minha casa seja murada por todos os lados, nem que as minhas janelas sejam obstruídas. Eu quero que a cultura de todos os lugares seja soprada através da minha casa da forma mais livre possível”. Com essas imagens, Mahatma Gandhi sugeria que a cultura não é um património gravado nas pedras, mas um património que vive e respira, aberto às influências e ao diálogo, que permite a nossa adaptação de forma mais pacífica às mudanças do mundo.

A UNESCO convida todos neste dia de comemorações a abrir suas portas e janelas ao vento revigorante da diversidade!


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