22 de maio
A biodiversidade é o tecido vivo do nosso planeta. Ela sustenta o bem-estar humano no presente e no futuro, e o seu rápido declínio ameaça a natureza e as pessoas. De acordo com relatórios divulgados em 2018 pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos (IPBES), os principais impulsionadores globais da perda de biodiversidade são a mudança climática, espécies invasoras, superexploração de recursos naturais, poluição e urbanização.
Para interromper ou reverter esse declínio, é vital transformar os papéis, ações e relacionamentos das pessoas com a biodiversidade. Existem muitas soluções para parar e reverter o declínio da biodiversidade. As diversas redes, programas e parceiros da UNESCO observaram sementes positivas e inspiradoras de mudança em todo o mundo. A UNESCO também acompanha os Estados Membros e os seus povos nos seus esforços para deter a perda de biodiversidade, compreendendo, valorizando, salvaguardando e usando a biodiversidade de forma sustentável.
É hora de agir pela biodiversidade! As Nações Unidas proclamaram o dia 22 de maio o Dia Internacional da Diversidade Biológica (BID) para aumentar a compreensão e a consciencialização sobre as questões da biodiversidade.
Mensagem do Secretário-Geral da ONU, António Guterres
Este Dia Internacional serve para recordar a importância da biodiversidade do planeta e pretende chamar a atenção para as perdas devastadoras que estamos a sofrer numa altura em que espécies insubstituíveis se extinguem a um ritmo sem precedentes.
Ao procurarmos superar este problema, devemos tomar a agricultura como ponto de partida. As culturas e aves domésticas dos nossos dias são um reflexo da gestão humana. E as notícias não são boas. Cerca de um quinto das raças de animais domésticos estão em risco de extinção, perdendo-se, em média, uma raça por mês. Das 7 000 espécies de plantas domesticadas ao longo dos 10 000 anos de história da agricultura, apenas 30 são utilizadas para produzir a grande maioria dos alimentos que consumimos diariamente. Depender de um número tão reduzido de espécies para garantir o nosso sustento é uma estratégia que está condenada ao fracasso.
As alterações climáticas estão a complicar a situação. As flutuações da temperatura e da precipitação estão a causar danos enormes nas culturas. Os peritos dizem que estes factores poderão custar à África Austral até 30% das suas colheitas de milho até 2030. A diversidade das culturas e dos animais de pecuária são o nosso melhor seguro contra as alterações climáticas.
A produção animal é em si mesma um factor determinante das alterações climáticas, pois é responsável por mais emissões de gases com efeito de estufa do que os transportes. Este setor representa uma ameaça direta para a biodiversidade; aproximadamente um quinto da biomassa animal terrestre destina-se aos animais de pecuária – terras que em tempos foram o habitat de fauna e flora selvagens e que poderiam ajudar a atenuar consideravelmente os impactos das alterações climáticas.
Num mundo em que se prevê que a população aumente 50% até ao ano 2050, estas tendências poderão muito bem significar fome e malnutrição generalizadas, criando condições favoráveis ao alastramento da pobreza, da doença e mesmo dos conflitos.
A preservação da biodiversidade preciosa do nosso planeta é essencial para o desenvolvimento e a segurança. Não são apenas os animais e culturas produzidos nas zonas agrícolas, mas também os muitos milhares de plantas e animais que existem nas florestas, nos oceanos e noutros ecossistemas que necessitam de ser protegidos a fim de preservar o equilíbrio ambiental fundamental do planeta.
Temos de congregar esforços no sentido de encontrar soluções, como, por exemplo, o Plano de Acção Mundial sobre os Recursos Genéticos Animais, adoptado em setembro passado numa reunião apoiada pelas Nações Unidas. As Partes na Convenção sobre Diversidade Biológica vão reunir-se em maio para trabalhar com todos os outros parceiros, redobrando esforços com vista a reduzir a perda de biodiversidade e procurando, simultaneamente, alcançar as metas mundiais fixadas para 2010.
Todos continuamos a ter interesse em promover o bom funcionamento de ecossistemas caracterizados pela diversidade de espécies e recursos genéticos, com vista a garantir a sustentação da vida em toda a parte. É demasiado tarde para anular os danos causados ao planeta, mas nunca é demasiado cedo para começar a preservar tudo o que nos resta. Que este Dia Internacional da Diversidade Biológica nos una nesta missão.
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