"Tentei descobrir o homem para além da obra e descobri um homem que adorava mulheres. Coloquei sete mulheres: Dona Violante [de Andrade], Catarina de Ataíde, Francisca [de Aragão], Dinamene, Bárbara, a mãe de Camões [Ana de Sá de Macedo] e uma personagem fictícia, a Inês de Sousa, a contarem a sua vida. Cada uma delas fala de pedacinhos da vida dele até termos o fresco da vida do poeta”, explicou a escritora.
Depois de dois anos de intensa pesquisa e numa altura em que terminava o seu casamento com José Maria Casal Ribeiro, Maria João decidiu que era chegado o tempo de percorrer os mesmos caminhos que Camões, o que a levou a uma viagem de dois meses por 16 cidades e 12 países, usando quatro barcos e mais de 30 aviões: “Tudo aconteceu na altura em que me separei e achei que deveria investir as minhas poupanças numa viagem a que chamei “Viagem dos Sentidos”. Precisava de sentir, pisar, cheirar, ver e provar todos os sítios onde o poeta esteve, para estar o mais próxima possível dele. E aí embarquei e fiz das fraquezas forças... Não é fácil para uma pessoa de 53 anos, sozinha e sem ninguém para partilhar uma refeição, sem ninguém conhecido a não ser as pessoas com quem me ia cruzando... Mas claro que valeu imenso a pena, pois acho que quando o leitor começar a ler percebe que estive naqueles locais... Quando chegamos ao Cabo da Ponte e cruzamos o Cabo da Boa Esperança de barco, olhamos para a rocha e vemos mesmo o rosto humano esculpido na rocha. Ele não inventou o Adamastor. A portugalidade que existe em todos os portos é fenomenal.”
Maria João Lopo de Carvalho, em entrevista à revista Caras, 26 de junho de 2016
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