Agustina, Algarve © Alberto Luís
Agustina Bessa-Luís nasceu a 15 de Outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante. Assinalar o centenário do nascimento de uma escritora que, no dizer de Álvaro Manuel Machado, foi – e continua a ser – “exemplo de solitária grandeza”, equivale a compreender os caminhos percorridos pela ficção portuguesa contemporânea, assim como a acompanhar algumas das muitas faces assumidas pelo século XX português, século que, pelas suas riqueza, diversidade e inconstância políticas, económicas, sociais e culturais, podia bem ser (e tantas vezes tem sido) personagem de romance. Tudo isto, para além do que é já do domínio do óbvio e do consensual: Agustina Bessa-Luís criou uma obra singular, inconfundível, impossível de delimitar e difícil de definir por não haver palavras que signifiquem o suficiente para tal. Eduardo Lourenço sintetizou-a como poucos ao afirmar que “imagem alguma existe, em Língua Portuguesa, que possa comparar-se ao que a obra de Agustina vai desenrolando diante de nós, tapeçaria voltada para o dia e não para a noite como a de Penélope”. Faz, por isso, sentido chamar a um colóquio que celebra Agustina e a sua obra “o riso de todas as palavras”, excerto de Maria Agustina, a trânsfuga, de Maria Velho da Costa. É o riso do espanto e da sabedoria, o riso da infância e da ancestralidade, mas também o do humor, da ironia e de um certo desdém; é, em suma e para se regressar ao texto de Maria Velho da Costa, o riso de quem “triunfa, menina total e raciocinante”.
— Inês Fonseca Santos. Agustina. O riso de todas as palavras, in Colóquio comemorativo do centenário de Agustina Bessa-Luís
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