domingo, 9 de junho de 2019

Correio da UNESCO



Revista Digital 



Abril-Junho 2019





O ano de 2014 foi um divisor de águas para a humanidade: pela primeira vez na história, mais de metade da população mundial vive em cidades. Pelas estimativas atuais, essa quantidade aumentará para 70% até 2050. As cidades de amanhã refletirão, em muitos aspetos, as suas antecessoras; desde as primeiras cidades-Estados da Mesopotâmia, passando pelas cidades italianas da Renascença, até às “megacidades” atuais – historicamente, as cidades têm avançado o desenvolvimento humano, servindo como centros para trocas e para o diálogo entre pessoas de diferentes origens.


No entanto, as cidades de hoje, assim como as de amanhã, enfrentam desafios novos e sem precedentes. Embora ocupem apenas 2% da superfície terrestre, elas consomem 60% da energia mundial, libertam 75% das emissões de gases de efeito estufa e produzem 70% do lixo mundial. À medida que as cidades se expandem, elas ameaçam biodiversidade e colocam a infraestrutura e os recursos urbanos – da água aos transportes até à eletricidade – sob enorme pressão, o que multiplica o impacto de desastres naturais e da mudança climática. O desenvolvimento sem controle e o turismo de massa colocam em risco sítios do património cultural e as práticas do património vivo. A desigualdade e a migração crescentes – muitas vezes motivadas por conflitos e desastres – tornam as cidades pontos focais para novas clivagens sociais*, para a exclusão e a discriminação.

Considerando a magnitude desses desafios, as cidades de todo o mundo concluíram que novas formas de pensar, o envolvimento dos cidadãos e, de forma crucial, a cooperação entre as cidades, são os únicos caminhos a seguir.

Editorial


* Em ciência sociais, clivagem social significa o processo de separação ou fragmentação de grupos sociais em subgrupos ou em novos grupos, por variados motivos.



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