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Autores : Ádila Faria, Ana Jorge, Ana Pérez-Escoda, Angela Rees, António José Osório, Belinha de Abreu, Celiana Azevedo, Daniel Villar-Onrubia, Eugène Loos, Fernando Albuquerque Costa, Graham Attwell, Henrique Gil, Igor Kanižaj, Isabel Mendinhos, Jenny Hughes, Jordi Ferran Boleda, Julian McDougall, Lidia Marôpo, Loredana Ivan, Mª Amor Pérez-Rodríguez, Margarida Romero, Maribel Santos Miranda-Pinto, Mireia Fernández-Ardèvol, Paloma Contreras-Pulido, Rita Zurrapa, Teresa Pombo, Teresa Sofia Pereira Dias de Castro, Vitor Gonçalves, Vítor Tomé
Editores : Maria José Brites, Inês Amaral, Raquel Patrício, Luís Pereira
Editora : Edições Universitárias Lusófonas
ISBN : 978-989-757-088-9 Formato eBook
O mundo digital faz-nos submergir na metáfora da liquidez de Bauman. Um contexto de meios veiculados pelos avanços tecnológicos, através dos quais as relações entre as pessoas se transformaram profundamente. Os espaços de interação são cada vez mais ubíquos e convergentes para que transmitam as mensagens e os conteúdos sem fronteiras evidentes. O progresso tecnológico facilita dispositivos que dia-a-dia superam as possibilidades de comunicação e de intercâmbio de dados e de experiências. Apesar de tudo, a hiperinformação, as desigualdades na conectividade e a falta de competências necessárias para interagir com estas ágoras digitais revelam a necessidade de uma alfabetização mediática urgente. Esta não pode manter-se reduzida ao tecnológico, como o que se relaciona com o uso de dispositivos, recursos de acesso e difusão da informação ou de fóruns de visibilidade, o que sucede com frequência. É necessário aprofundar os enfoques na formação de uma cidadania competente, que não se conforme com fascínios, ilusões e enganos sobre o progresso tecnológico e que seja capaz de os converter em usos e comportamentos consolidados, inteligentes e responsáveis. Os principais problemas da nossa sociedade derivam da ausência de competências neste mesmo sentido. Daí que os riscos da privacidade nas redes, os abusos, as fake news, o excessivo poder dos influenciadores, entre outros, esteja confinado a um panorama que muitas pessoas evitam e outras enaltecem de forma dicotómica. Trata-se de posições extremadas que desvalorizam os benefícios que as redes e os novos dispositivos de comunicação têm indubitavelmente para a cidadania.
As possibilidades que o desenvolvimento tecnológico e os novos dispositivos propiciam para relacionar, comunicar, divertir, aprender e fazer negócios supõem um desafio para a cidadania independentemente da idade. Se durante muito tempo se propagou a crença de que os mais jovens são nativos digitais, é tempo de considerar que uma autoaprendizagem na utilização instrumental ou habitual não implica, como assinalamos, uma competência adequada para o uso dos meios e das tecnologias.
O impacto dos meios e dos dispositivos digitais em todas as gerações é um facto. Adultos, jovens e crianças utilizam as redes na sua vida diária e durante todo o tempo. E fazem-no de forma individual, com os seus pares e, em menor dimensão, de forma intergeracional. Abordar a importância das experiências de uso partilhado entre jovens e adultos, com conexão intergeracional, é sem dúvida uma aposta valiosa no âmbito da alfabetização mediática.
Neste sentido, este livro constitui uma significativa aposta no desenvolvimento das competências mediáticas em consonância com o que a UNESCO estabelece como linhas orientadoras para a alfabetização: compreensão, pensamento crítico, criatividade, consciência intercultural e cidadania. Apresenta-se num sentido muito claro, que permite a formação mediante a prática, através de uma série de atividades que incidem na reflexão, no trabalho com os valores e as atitudes, o aprender a fazer e a conexão entre gerações.
As atividades são destinadas tanto a adultos, como a jovens e a ambos. Cada capítulo apresenta a mesma estrutura com a indicação dos recursos necessários para o trabalho, a descrição da proposta de atividades, a explicação do que se vai aprender, sugestões para a metodologia, a sequência adequada de desenvolvimento e, finalmente, a orientação para uma abordagem intergeracional.
Os autores e as autoras que colaboram neste magnífico material têm uma vasta experiência na alfabetização mediática e, sem dúvida, as suas contribuições serão uma importante mais-valia para o desenvolvimento das competências necessárias no mundo digital nesta perspetiva intergeracional.
O livro começa com uma série de propostas para a infância em torno dos riscos, da programação e robótica no pré-escolar e os códigos QR. Para os jovens apresenta-se uma reflexão sobre a identidade mediada entre gerações, as ferramentas para trabalhar na análise de informação e notícias falsas, e as estratégias dos youtubers. Na área dos adultos expõem-se também atividades que visam revelar as estratégias dos youtubers, a trabalhar a passagem de histórias tradicionais para formatos digitais, sobre a utilização de jogos e de redes sociais num ambiente intergeracional, e a App-Peak. E, finalmente, tentando potenciar de forma mais eficaz a conexão e a aprendizagem entre gerações, incluem-se atividades para descobrir e aprender como detetar notícias falsas, o significado de notícias, as histórias de vida, o WhatsApp, um museu de brinquedos digitais, os influenciadores e os códigos QR para a aprendizagem comunitária.
É evidente que as temáticas abordadas são muito atuais e a perspetiva de enfoque, traçando pontes de uso partilhado e reflexão desde a infância à idade adulta, posicionará este texto como uma referência no desenvolvimento da alfabetização mediática, para além do efeito deslumbrante do avanço tecnológico. A educação competente e integral da cidadania exige a prática reflexiva acerca da influência nos valores, atitudes e comportamentos que os novos usos comunicativos estão gerando no mundo digital.
Aguaded, Ignacio, Prefácio a Intergeracionalidade e o mundo digital: propostas de atividades
Ignacio Aguaded é professor na Universidade de Huelva e editor da revista “Comunicar” (JCR-Q1)
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