quarta-feira, 13 de maio de 2020

Miniguia essencial sobre máscaras de proteção




Que tipos de máscaras existem? Que diferenças há entre elas? Qual é a informação oficial disponibilizada pelo Estado? Agora que o seu uso vai ser generalizado, ainda vai a tempo de saber tudo.

Por Micaela Pereira




Este pequeno guia serve para explicar de forma sucinta, e com base na informação do Infarmed e da Direção-Geral da Saúde (mas não só), do que estamos a falar quando falamos de máscaras de proteção no combate à covid-19, incluindo as que não são indicadas para uso médico, mas para uma “utilização comunitária”, em que o princípio é proteger os outros e, com isso, protegermo-nos a todos, numa altura em que a oferta das versões mais seguras ainda é limitada.

1. Respiradores

Oferecem a proteção máxima que é possível encontrar no mercado. Servem para evitar que o utilizador seja contaminado e, ao mesmo tempo, que ele contamine os outros. São especialmente indicados para profissionais de saúde. Também são chamados, tecnicamente, “semimáscaras de proteção respiratória”. Seguem a norma europeia EN 149:2001 e, em Portugal, a norma 007/2020, da DGS. Existem respiradores de três tipos, com diferentes níveis de proteção: FFP1, FFP2 e FFP3. FFP significa Filtering Face Piece.



FFP3 Estes são os filtradores que apresentam maior proteção para quem os usa. Estão classificados como de eficiência alta. Filtram, no mínimo, 98% das partículas. Isto é, só deixam passar para o interior até 2% das partículas. São especialmente indicados em caso de risco de exposição a aerossóis (micropartículas muito mais pequenas do que gotículas — podem ser 200 vezes menores do que um milímetro). São recomendados, por exemplo, para as unidades de cuidados intensivos, em todos os procedimentos que envolvam os doentes. Não reutilizáveis.



FFP2 Estão classificados como de eficiên­cia média. Filtram 92% das partículas, o que significa que podem deixar passar até 8% das mesmas para o interior. Indicados para quem está em contacto com doentes. Não reutilizáveis.



FFP1 Não constam na lista de máscaras para uso médico discriminadas. A sua eficiência é baixa. Filtram 78% das partículas.

N95 Esta é uma classificação americana para um tipo de máscara que fica a meio caminho entre os respiradores de classificação europeia FFP2 e FFP3. Oferecem 95% de filtragem.
2. Cirúrgicas



Servem para evitar que o utilizador da máscara contamine as pessoas à sua volta. Num documento sobre o uso de máscaras produzido pela diretora-geral da Saúde, Graça Feitas define-as como “um dispositivo que previne a transmissão de agentes infecciosos das pessoas que utilizam a máscara para as restantes”. A DGS recomenda estas máscaras “a todos os profissionais de saúde, a pessoas com sintomas respiratórios e pessoas que entrem e circulem em instituições de saúde”. Idosos com doenças crónicas e estados de imunossupressão devem colocá-las “sempre que saiam de casa”.

O Infarmed identifica três tipos de máscaras cirúrgicas: tipo I, tipo II e tipo IIR. Mas não diz nada sobre as diferenças que existem entre elas.

Segundo um documento divulgado pelo Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), as máscaras cirúrgicas impedem a saída de 95% das partículas emitidas pelo seu utilizador. Mas filtram, em sentido inverso, apenas 80% a 90% das partículas que entram. Não protegem de forma adequada quem as usa contra os aerossóis. Sendo que o coronavírus, segundo alguns estudos científicos preliminares feitos na China, está presente em aerossóis.
3. Comunitárias

Sobram as outras máscaras, cuja utilização pela população a diretora-geral da Saúde sublinha ser “um ato de altruísmo”. A utilização deve ser feita “por qualquer pessoa em espaços interiores fechados com múltiplas pessoas (supermercados, farmácias, lojas ou transportes públicos)”.



COMERCIALIZADAS Tendo em conta a possibilidade de serem produzidas por fabricantes em Portugal, o Infarmed descreve dois tipos de máscaras têxteis, um de nível 2 (com filtragem de 90%) e outro de nível 3 (com filtragem de 70%). Dá como referência várias normas europeias sobre permeabilidade ao ar e capacidade de retenção de partículas. No caso das máscaras de nível 3, com filtragem mais baixa, o Infarmed indica que podem ser destinadas a “profissionais que não estejam em teletrabalho ou população em geral para as saídas autorizadas em contexto de confinamento”.



CASEIRAS O nível de filtragem das máscaras pode variar muito, consoante o material usado. Segundo o CEMP, os sacos de aspirador são o material que tem maior filtragem (86%), mas as T-shirts 100% de algodão oferecem melhor equilíbrio entre filtragem, respirabilidade e conforto.
Fonte:
E-Revista Expresso, 25 de abril de 2020




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