Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Mãe! Passa a
tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não
fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar.
Tenho sede! Eu prometo saber viajar!
Quando voltar, é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Quando voltar, é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as
tuas mãos às minhas e dá um nó cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa
da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio que sirva exatamente
para a nossa casa, como a mesa.
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando
passas a tua mão na minha cabeça, é tudo tão verdade!
Negreiros, Almada, A Invenção do Dia Claro, Lisboa : INCM
Maternidade, de Almada Negreiros. Fundação Calouste Gulbenkian |
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