Hoje, de manhã, celebrou-se o Dia Internacional da Mulher com um pequeno apontamento de leitura e poesia.
O evento decorreu no intervalo das 10:00, na escadaria de acesso à biblioteca, e contou com a colaboração da Associação de Estudantes.
O Gonçalo Areias e o Manuel Pinto leram o poema "Algumas reflexões sobre a mulher", de Eugénio de Andrade, acompanhados à viola pelo Ricardo Pavão.
Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.
Animais sonâmbulos,
dormem nos rios, na raiz do pão.
Na vulva sombria
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.
Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.
Longamente bebem
o silencio
nas próprias mãos.
O olhar
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.
Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.
Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.
É quando dançam
que todos os caminhos
levam ao mar.
São elas que fabricam o mel,
o aroma do luar,
o branco da rosa.
Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.
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