domingo, 15 de julho de 2018

Inteligência emocional e capacidades críticas



10 qualidades a desenvolver para melhorar a inteligência emocional



Imagem: Travis Bradberry
https://www.weforum.org/agenda/2018/07/to-increase-your-emotional-intelligence-develop-these-10-qualities





A definição de INTELIGÊNCIA EMOCIONAL (como foi primeiramente avançada pelos pesquisadores Peter Salavoy e John Mayer, mas popularizada por Daniel Goleman  no seu livro seminal "Inteligência Emocional") é a capacidade de:

- Reconhecer, compreender e gerir as nossas próprias emoções.

- Reconhecer, compreender e influenciar as emoções dos outros.

Em termos práticos, isso significa estar ciente de que as emoções podem impulsionar o nosso comportamento e impactar as pessoas (positiva e negativamente) e aprender como lidar com essas emoções - tanto as nossas quanto das outras - especialmente quando estamos sob pressão.




A inteligência vai muito além do QI. 


Apresentamos, de seguida, algumas maneiras pelas quais podemos influenciar a nossa mente e as mentes dos outros, crescendo emocionalmente todos os dias, em tudo o que fazemos.




1. Empatia


"A empatia é a capacidade de entender ou sentir o que outra pessoa está a experimentar dentro de seu quadro de referência, ou seja, a capacidade de se colocar na posição do outro."


Existem dois tipos diferentes de empatia. Este extrato do Greater Good Science Center, na UC Berkeley, clarifica-os:


Empatia afetiva” refere-se às sensações e sentimentos que recebemos em resposta às emoções dos outros; isso pode incluir espelhar o que essa pessoa está a sentir, ou apenas sentirmo-nos stressados quando detetamos o medo ou a ansiedade de outra pessoa. “Empatia cognitiva”, às vezes chamada de “tomada de perspetiva”, refere-se à nossa capacidade de identificar e entender as emoções de outras pessoas.


Temos empatia com base na reação dos outros. A empatia pode ser cultivada e aprendida através das experiências. Por esta razão é importante guardarmos na nossa memória o que sentimos quer quando reagimos, quer quando colocamos as coisas em perspetiva. Escrever esses pensamentos, analisá-los e determinar como desejamos tratar os outros da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados pelos outros é importante.


2. Autoconsciência

A autoconsciência é a arte de nos compreendermos a nós mesmos, reconhecendo os estímulos que enfrentamos e, de seguida, nos preparamos para nos gerirmos a nós mesmos de maneira proativa e reativa. A autoconsciência é o modo como nos vemos, e também o modo como percebemos como os outros nos veem. O segundo aspeto externo é sempre o mais difícil de avaliar adequadamente.


Dr. Tasha Eurich diz:

"Os líderes que se concentram na construção da autoconsciência interna e externa, que buscam feedback honesto de críticos sérios e perguntam o quê, em vez de porquê, podem aprender a ver-se mais claramente - e colher as muitas recompensas que o autoconhecimento traz".

Por nós mesmos, devemos fazer as perguntas introspetivas, ansiar pelo conhecimento e sermos curiosos. Pelos outros, devemos buscar feedback num ambiente honesto e atencioso.


3. Curiosidade

"Eu não tenho talentos especiais. Eu sou apenas apaixonadamente curioso. ”- Albert Einstein

Conhecer uma pessoa curiosa que esteja disposta a aprender e melhorar, é conhecer uma história de sucesso que está para acontecer. 
Quando somos curiosos, estamos apaixonados, e quando estamos apaixonados, somos levados a querer ser o melhor de nós. As nossas "antenas" estão viradas para as coisas que amamos, querendo crescer e aprender mais. Essa mentalidade de aprendizagem afeta positivamente outras áreas da nossa vida - como, por exemplo, os relacionamentos.


Tomas Chamorro-Premusic escreve:

“Primeiro, os indivíduos com maior CQ [quociente de curiosidade] são geralmente mais tolerantes à ambiguidade. Esse estilo de pensamento subtil e sofisticado define a própria essência da complexidade. Segundo, o CQ leva a níveis mais elevados de investimento intelectual e à aquisição de conhecimento ao longo do tempo, especialmente nos domínios formais da educação, como ciência e arte ” Fonte: HBR


4. Mente analítica

As pessoas mais emocionalmente inteligentes e resolutas são pensadores profundos que analisam e processam todas as novas informações que aparecem no seu caminho. Elas continuam a analisar informações antigas, hábitos e maneiras de fazer as coisas para ver se conseguem extrair formas de melhorar. Somos todos "analistas" no sentido de que pensamos conscientemente em todas as novas informações que surgem no nosso caminho.


Indivíduos sábios de QE (quociente emocional) são solucionadores de problemas e filósofos quotidianos que contemplam o "porquê" da existência, o "porquê" de  fazermos o que fazemos e nos preocuparmos apaixonadamente em viver uma vida virtuosa. Ter uma mente analítica significa ter um apetite saudável por uma mentalidade continuamente aprimorada, voltada para a melhoria de si mesmo e permanentemente aberta a novas ideias.


5. Crença

Uma componente importante da manutenção do autocontrole emocional é o uso do poder da fé para acreditarmos em nós mesmos, quer no presente, quer no futuro. É acreditar que, na nossa vida, as pessoas e as coisas estão lá por uma razão, e que tudo acabará por funcionar pelo melhor.

A fé, sozinha, não nos ajuda. É preciso agir, é claro. Mas quando combinamos fé com valores poderosos como trabalho duro, perseverança e uma atitude positiva, então formamos a base de um campeão. Todo o grande líder e pensamento usa a fé, num contexto prático, emocional e, certamente, espiritual.

Meditar é importante. Pensarmos na maneira como acreditamos em nós mesmos. Construirmos uma uma fé maior para a pessoa que somos e para a pessoa que queremos ser. Confiarmos e acreditarmos que as peças na nossa vida se irão unir de uma maneira que nos irá ajudar a viver com ousadia e alegria.


6. Necessidades e desejos


A mente emocionalmente inteligente é capaz de discernir entre as coisas de que precisam e as coisas que seriam “boas de se ter”, que classificamos mais apropriadamente como desejos. Uma necessidade, particularmente no contexto da “Hierarquia das Necessidades” de Abraham Maslow, é o material básico como segurança, sobrevivência e sustento. Uma vez que essas coisas sejam satisfeitas, podemos avançar para outras necessidades e, claro, desejos.

Um “desejo” é uma casa grande, um carro fantástico e até o novíssimo iPhone. Nós não precisamos dessas coisas para sobreviver, mas, ao invés disso, queremos que elas sejam baseadas nos nossos próprios desejos pessoais ou naquilo que percebemos que importa para a sociedade. Posto isto, devemos saber de que é que realmente precisamos para viver, para atingir metas e nos sustentarmos a nós mesmos e aos nossos entes queridos. Devemos certificar-nos que estabelecemos uma distinção muito clara entre o que é necessário e o que desejamos.

Pessoas emocionalmente inteligentes sabem a diferença entre essas duas coisas e respondem sempre às necessidades antes de satisfazer os desejos.


7. Paixão

A liderança inspirada e o amor pelo que fazemos nasce de uma paixão por um assunto ou pessoa. As pessoas com um QE elevado usam a sua paixão e propósito para acender o motor que as impulsiona a fazer o que fazem. Esta paixão é contagiante e infecciosa - permeia todas as áreas das nossas vidas e contagia as pessoas à nossa volta.

A paixão é uma espécie de je ne sais quoi que, quando o sentimos, ou até mesmo quando o vêmos nos outros, simplesmente sabemos o que é. A paixão é o desejo natural, o instinto, a motivação, a ambição e o amor motivado por um assunto ou por alguém. A paixão traz energia positiva que nos ajuda a sustentarmos e nos inspira a querer continuar. E não não é segredo nenhum que as pessoas emocionalmente inteligentes que são apaixonadas também estão dispostas a perseverar e impulsionar, não importando as suas circunstâncias.


Hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow’s



8. Otimismo

Se queremos aumentar as nossas oportunidades, melhorar os nossos relacionamentos e pensar de forma clara e construtiva, estamos em melhor posição para manter uma atitude positiva. De todas as coisas que tentamos controlar e influenciar, a nossa atitude é a principal coisa que está sempre sob o nosso controle. Podemos escolher viver cada dia sendo positivos. É simples . 

“Quando estamos felizes - quando a nossa mentalidade e humor são positivos - somos mais inteligentes, mais motivados e, portanto, mais bem-sucedidos. A felicidade é o centro e o sucesso gira em torno disso. ”- Shawn Achor


9. Adaptabilidade

“Adaptabilidade não é imitação. Significa poder de resistência e assimilação.”- Mahatma Gandhi
Pessoas emocionalmente inteligentes sabem quando continuar seu percurso e quando é tempo de mudar. Esse reconhecimento e capacidade vital de gerar decisões rápidas no nosso próprio interesse é chamado de adaptabilidade. Devemos saber determinar quando manter o rumo e quando seguir em frente, noutra direção.

Da mesma forma, quando uma estratégia não está a funcionar, devemos tentar avaliar e determinar se alguma outra coisa pode funcionar. Do modo como nos tratamos a nós mesmos ao modo como tratamos os outros, à nossa rotina diária, devemos manter a mente aberta e estar dispostos a adaptar-nos e a introduzir novos elementos no modo como pensamos e no que fazemos.

Ao longo da nossa vida, iremos precisar de mudar de rumo e de avaliar se seremos felizes e bem-sucedidos escolhendo um ou outro caminho. Temos de estar disponíves para reconhecer que devemos mudar, sempre. Podemos começar de novo, sempre. Pode nem sempre ser a decisão mais prudente ou mais sábia, mas só nós saberemos verdadeiramente, no nosso coração, se o é ou não. Comecemos por colocar a opção sobre a mesa.


10. Desejo de ajudar os outros a ter sucesso e ter sucesso

Por último, mas não menos importante, uma pessoa emocionalmente inteligente está interessada no sucesso e na realização em geral - não apenas para si mesma, mas também para os seus pares. A sua liderança inspirada e apaixonada, combinada com o seu otimismo, leva-a a querer fazer o melhor para si e para os outros.

Demasiado frequentemente, ficamos absortos e preocupados apenas com o "O que há para mim?". Temos que nos preocupar com isso. É uma obrigação. Por isso não deixemos que ninguém nos convença do contrário. Da mesma forma que nos devemos concentrar no nosso próprio interesse, devemos também manter um espírito de desejo e esperança de querer ver as pessoas ao nosso redor serem bem-sucedidas.

Essa atitude não é apenas uma proteção brilhante contra a inveja e a ganância. Ela também revitaliza a nossa paixão e impulsiona-nos a alcançar o nosso próximo objetivo. Ajuda-nos a ganhar aliados e constrói relacionamentos poderosos que voltam para nos ajudar de forma recíproca.

Referência bibliográfica: 
CONNORS, Christopher D., World Economic Forum, "10 qualities you need to develop to improve your emotional intelligence". 13 de julho de 2018. 

Artigo publicado em colaboração com Quartz.



Sem comentários: