terça-feira, 30 de agosto de 2016

Os filhos de D. João I, de Oliveira Martins






Excerto:

"Tudo lhe saiu bem, a esse homem feliz. Conquistou o Reino, e sentou-se no Trono aclamado pelo povo inteiro. Acertou casando, e teve a mais bela geração de filhos. Nuno Álvares coroou-o, e João das Regras sancionou com a lei o que o condestável traçara com a espada. Velho e viúvo, com os filhos à roda, comete a temeridade de ir a Ceuta. E conquistando-a com a mesma facilidade, deixa em herança ao Reino o caminho da glória patente."

"Para onde vai? Uns dizem que vai a Ceuta, outros que vai à Sicília; o ano passado dizia-se que ia contra o duque de Holanda. Onde irá? É também o que a História pergunta neste momento épico, em que principia a desenrolar-se a grande tragédia da nossa vida ultramarina... E pouco a pouco, sem resposta, as velas se foram sumindo para lá da barra, perdendo-se no mar; pouco a pouco a noite descaiu impassível sobre esse dia decisivo. E toda a noite levou-a Portugal sonhando, na inquietação do desconhecido." 

MARTINS, Oliveira, Os filhos de D. João I. Lisboa. Editora Ulisseia, 1998, pp. 45 e  65.




Sinopse

Os Filhos de D. João I, publicado em 1891, foi considerado por Eça de Queirós a maior obra de Oliveira Martins. As biografias que romanceia são exemplares, passíveis de se inserirem no movimento de reação patriótica ao Ultimatum inglês de 1890. Neste livro, uma forte personalidade de artista alia-se à de historiador, para fazer da História uma ressurreição de épocas passadas.


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