terça-feira, 10 de maio de 2016

Ler com olhos de ver | Leitura de imagem



Uma interessante análise de uma das capas de E- A Revista do Expresso 




Revista E - edição nº 2270, de 30 de abril de 2016




"Procuro analisar em profundidade a capa de E, A Revista do Expresso, edição nº 2270, de 30 de Abril de 2016. Aparentemente simples, ela é de uma grande riqueza de significados. É ocupada na íntegra por uma fotografia do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e diversos títulos e outros elementos verbais. Esta análise segue o seguinte alinhamento: o contexto; a reportagem anunciada na capa; análise dos textos verbais na capa; análise do texto visual da capa; análise conjunta dos textos verbais e visual da capa (Imagem 1)."

[...]

Este homem está só na imagem. É o único protagonista, pois não há mais ninguém (outras pessoas distrairiam a conotação de liderança), e é o único tema, pois não se vêem obras nem o local é identificável. Os homens providenciais são amiúde representados como homens sós, o que não significa que são misantropos enquanto indivíduos ou dirigentes, mas antes que são auto-suficientes e singulares.

Medina está numa zona escura, coberta, dum local que não é possível identificar (os títulos e a reportagem indiciarão como um local de uma futura obra). O local é tão escuro que a luz natural ocupa apenas a zona do fundo, após um arco de pedra do edifício, criando zonas quase negras em redor do autarca, na sua mão esquerda, no cabelo. Todavia, essa ausência de luz natural forte no local exacto em que se encontra Medina é compensada pela luz emitida pelo smartphone nas suas mãos, que incide fortemente na camisa e gravata e principalmente na cara de Medina. Qualquer pessoa ou objecto que receba uma luz forte torna-se a sua própria fonte de luz. A luz vem de baixo, o que é infrequente. Não é qualquer um. Chama a atenção e, entre outras sugestões, traz consigo a de magia. A luz natural por trás criando o contraste entre claro (fundo) e escuro (primeiro plano) e a luz do telemóvel que parece irradiar de Medina conotam a ideia de que se está a arrancá-lo da escuridão (é “ainda pouco conhecido”, dá-se-lo a “conhecer melhor”), de que ele é luz resgatada da escuridão nacional, de que ele mesmo é fonte de luz. Em suma, Medina é luz na escuridão. É líder."

Ler análise completa AQUI.



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