quinta-feira, 3 de abril de 2014

Dia internacional do livro infantil 2014

 

2 de abril

 

          Cartaz do IBBY para o Dia Internacional do Livro Infantil, da autoria de Niamh Sharkey
 
 
Por iniciativa do IBBY (Conselho Internacional sobre Literatura para Jovens), que em Portugal é representado pela Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil/APPLIJ), o dia 2 de abril, dia do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, passou, a partir de 1967, a ser celebrado como o Dia Internacional do Livro Infantil.
 
 
Christian Andersen com algumas das personagens das suas obras (A Polegarzinha,  O Soldadinho de Chumbo,
 
 
Ao homenagear o autor de algumas das histórias para crianças mais lidas em todo o mundo, o IBBY pretendeu chamar a atenção para a importância do livro e da leitura na infância.
 
 
Cartaz de Portugal, da autoria da ilustradora Ana Biscaia, vencedora do Prémio Nacional de ilustração de 2013



 
Mensagem da IBBY Internacional de incentivo à leitura - este ano da responsabilidade da Irlanda:



CARTA ÀS CRIANÇAS DE TODO O MUNDO


Os leitores perguntam muitas vezes aos escritores como é que escrevem as suas histórias – de onde vêm as ideias? Da minha imaginação, responde o escritor. Ah, sim, dizem os leitores. Mas onde fica a imaginação, de que é que ela é feita, e será que todos temos uma?

Bem, diz o escritor, fica na minha cabeça, claro, e é feita de imagens e palavras e memórias e vestígios de outras histórias e palavras e fragmentos de coisas e melodias e pensamentos e rostos e monstros e formas e palavras e movimentos e palavras e ondas e arabescos e paisagens e palavras e perfumes e sentimentos e cores e ritmos e pequenos cliques e flashes e sabores e explosões de energia e enigmas e brisas e palavras. E fica tudo a girar lá dentro e a cantar e a parecer um caleidoscópio e a flutuar e a pousar e a pensar e a arranhar a cabeça.

 Claro que todos temos uma imaginação: se assim não fosse, não seríamos capazes de sonhar. Contudo, nem todas as imaginações são feitas das mesmas coisas. A imaginação dos cozinheiros tem sobretudo paladares, e a dos artistas mais cores e formas. Mas a imaginação dos escritores está cheia de palavras.

E nos leitores e ouvintes das histórias, as imaginações fazem-se com palavras também. A imaginação do escritor trabalha e gira e molda ideias e sons e vozes e personagens e acontecimentos numa história, e a história é apenas feita de palavras, batalhões de rabiscos que marcham ao longo das páginas. E depois chega o leitor e os rabiscos ganham vida. Ficam na página, parecem ainda rabiscos, mas também brincam na imaginação do leitor, e o leitor começa igualmente a desenhar e a rodar as palavras de modo a que a história se crie agora na sua cabeça, tal como tinha acontecido na cabeça do escritor.

É por isso que o leitor é tão importante para a história como o escritor. Há apenas um escritor para cada história, mas há centenas ou milhares ou mesmo milhões de leitores, na própria língua do escritor ou traduzida para muitas línguas. Sem o escritor, a história nunca teria nascido; mas sem os milhares de leitores em todo o mundo, a história não viveria todas as vidas que pode viver.

Cada leitor de uma história tem alguma coisa em comum com os outros leitores da mesma história. Separadamente, mas também em conjunto, eles recriam a história do escritor com a sua própria imaginação: um ato ao mesmo tempo privado e público, individual e coletivo, íntimo e internacional. Isto deve ser o aquilo que o ser humano faz melhor.

Continua a ler!
 

Sionhán Parkinson

Autora, editora, tradutora e distinguida com o Laureate na nÓg (Children’s Laureate of Ireland).
Tradução: Maria Carlos Loureiro


Vídeo - conto A princesa e a ervilha, de Christian Andersen



 
O patinho feio, de Christian Andersen
 
 
Museu Hans Christian Andersen, Odense, Dinamarca

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