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Embora as florestas desempenhem um papel importante no ciclo global do carbono, a avaliação dos benefícios climáticos de sítios específicos em diversas regiões costuma ser dificultada pela falta de dados. Cerca de um quarto dos mais de mil sítios da Lista do Património Mundial da UNESCO foram inscritos especificamente pelos seus valores naturais e muitos contêm grandes áreas de floresta.[1]
Cobrindo 69 milhões de hectares [2] (quase o dobro do tamanho da Alemanha), as florestas do Património Mundial fornecem diversos bens e serviços, beneficiando a natureza e as pessoas. Apesar de haver uma compreensão geral dos benefícios climáticos fornecidos por essas áreas florestadas, o grau em que elas servem como fontes ou sumidouros de CO2 atmosférico não tinha sido quantificado até agora. Combinar mapas globais com monitorização em âmbito local conta a história do carbono.
Este relatório avalia pela primeira vez as emissões de gases de efeito estufa (GEE) florestais, sequestro (remoções de CO2) e armazenamento de carbono (C) em todos os 257 sítios naturais e mistos (naturais e culturais) do Património Mundial da UNESCO inscritos até 2021, usando mapas globais de fluxos de carbono florestal entre 2001 e 2020 publicados recentemente. [3] Com base nessa análise, vários sítios mostraram picos nas emissões e/ou tiveram emissões excedendo as remoções, e foram investigados. Esses e outros sítios foram analisados com informações em âmbito local compiladas pelo processo de monitorização da Convenção do Património Mundial [4] e do World Heritage Outlook da UICN de 20205, o que ajudou a identificar as pressões específicas que provavelmente influenciaram o balanço local de carbono dos sítios nos últimos 20 anos.
Em média, as florestas em sítios naturais e mistos do Património Mundial da UNESCO absorveram aproximadamente 190 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, anualmente, desde 2000. Esta remoção líquida de CO2 pelas florestas é equivalente a cerca de metade das emissões anuais de CO2 do Reino Unido provenientes de combustíveis fósseis em 2019.[6] O sequestro ao longo de séculos ou milénios pelas florestas do Património Mundial resultou no armazenamento total de aproximadamente 13 bilhões de toneladas de carbono, o que excede o carbono nas reservas comprovadas de petróleo do Kuwait.[7] Os sítios com os maiores sumidouros e stoques líquidos de carbono localizam-se geralmente em regiões tropicais e temperadas. As florestas do Património Mundial fornecem benefícios climáticos essenciais se forem protegidas de ameaças.
Apesar do seu status de proteção e reconhecimento global, as florestas em dez sítios do Património Mundial foram fontes líquidas de carbono durante o período de 2001-2020. No futuro, a remoção contínua de CO2 atmosférico pelas florestas nesses sítios não é garantida se as ameaças à sua conservação persistirem. As emissões, devido à perda de floresta causada pelas pressões pelo uso da terra aumentaram em alguns sítios, como o Património da Floresta Tropical de Sumatra na Indonésia e a Reserva da Biosfera do Río Plátano em Honduras.
Outros passaram por distúrbios naturais e antropogénicos relacionados com o clima, como incêndios florestais intensos. Alguns dos incêndios florestais libertaram emissões de gases de efeito estufa superiores a 30 milhões de toneladas de CO2 num único ano, maiores do que as emissões anuais nacionais provenientes de combustíveis fósseis de mais da metade dos países do mundo.[8] Tanto as pressões diretas pelo uso da terra como a mudança climática colocam em risco os stoques de carbono dos sítios e o seu sequestro contínuo.
Outros passaram por distúrbios naturais e antropogénicos relacionados com o clima, como incêndios florestais intensos. Alguns dos incêndios florestais libertaram emissões de gases de efeito estufa superiores a 30 milhões de toneladas de CO2 num único ano, maiores do que as emissões anuais nacionais provenientes de combustíveis fósseis de mais da metade dos países do mundo.[8] Tanto as pressões diretas pelo uso da terra como a mudança climática colocam em risco os stoques de carbono dos sítios e o seu sequestro contínuo.
As florestas do Património Mundial e as paisagens circundantes requerem proteção consistente e contínua para manter os seus papéis como sumidouros e stoques estáveis de carbono para as gerações futuras. Três diretrizes para atingir esse objetivo incluem uma resposta rápida e eficaz a eventos relacionados com o clima, como incêndios florestais; manter e fortalecer a conectividade ecológica através de uma melhor gestão da paisagem; e integrar a proteção contínua dos sítios do Património Mundial nas agendas internacionais, nacionais e locais de clima, biodiversidade e desenvolvimento sustentável. A implementação bem sucedida dessas diretrizes requer o uso do melhor conhecimento disponível, gerado por meio de dados confiáveis e tomadas de decisão interdisciplinares, bem como a mobilização de apoio público e político para financiamentos e investimentos sustentáveis.
UNESCO, WRIe UICN,2022. Florestas do Patrimônio Mundial: sumidouros de carbono sob pressão. Paris: UNESCO; Washington,DC: WRI; Gland: UICN,2022, pp. 2-4.
[1] Lista do Património Mundial da UNESCO disponível em https://whc.unesco.org/en/list/.
[2] Análise de Hansen et al., 2013.
[3] Harris et al., 2021.
[4] Parágrafo 169 das Diretrizes Operacionais para a Implementação da Convenção do Património Mundial: https://whc.unesco.org/en/guidelines/.
[5] Osipova et al., 2020.
[6] Global Carbon Project, 2021.
[7] US EIA, 2021.
[8] Usando as emissões de 2018 de acordo com dados do CAIT no Climate Watch (www.climatewatchdata.org)
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