Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da húmida terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.
Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, porque não elas?
Somos contos contando contos, nada.
© RICARDO REIS
28-9-1932
In Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa, 1994
Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa
28-9-1932
In Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa, 1994
Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa
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