terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Seus Olhos, de Almeida Garrett








Seus olhos - se eu sei pintar

O que os meus olhos cegou -

Não tinham luz de brilhar.

Era chama de queimar;

E o fogo que a ateou

Vivaz, eterno, divino,

Como facho do Destino.



Divino, eterno! - e suave

Ao mesmo tempo: mas grave

E de tão fatal poder,

Que, num só momento que a vi,

Queimar toda alma senti...

Nem ficou mais de meu ser,

Senão a cinza em que ardi.

_________Almeida Garrett



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