Biblioteca RBE
"A promoção da leitura, em especial da leitura recreativa, continua a ser uma prioridade
entre os agentes governamentais e culturais dos países mais desenvolvidos
do mundo e de organizações internacionais como a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Económico (OCDE). De facto, estudos diversos demonstram
que a prática da leitura pela leitura contribui, incontestavelmente, para o aumento
da literacia dos cidadãos de um país e, por conseguinte, para a formação
de seres humanos mais capazes de responder aos desafios pessoais e profissionais
com que se deparam na sociedade deste século, marcada por uma mudança constante.
Fazer leitores, capazes de compreenderem o que leem, de interagirem
e de se posicionarem de forma crítica perante o mundo em que vivem, implica, porém,
estar consciente de que a promoção da leitura (no âmbito deste artigo, a leitura
recreativa) deve enquadrar-se num certo contexto temporal e cultural que determina
o tipo de leitor que é necessário cativar. Perante um novo paradigma, em que passámos
de uma cultura alfabética, textual e impressa para uma cultura em que o texto passou
a ser encarado como uma unidade de comunicação com diferentes formas
de expressão, parece-nos, pois, imprudente restringir a promoção da leitura recreativa
ao suporte impresso ou apenas ao formato literatura, assim como não podemos ignorar
o poder que as tecnologias exercem sobre o atual leitor, um nativo digital.
Efetivamente, vivemos hoje um momento híbrido em que a leitura tradicional de um texto
literário ou de outro material impresso convive com a leitura em suportes e formatos
diferentes e, portanto, “Este cambio de paradigma debe provocar cambios en la forma
de programar las actividades de fomento de la lectura” (Lozano, 2009:91). A biblioteca
escolar, como eixo de inovação pedagógica nas instituições educativas, capaz
de contribuir para a formação de leitores hábeis, cosmopolitas e curiosos, não pode
alhear-se desta realidade.
De entre o leque variado de iniciativas que são desenvolvidas no âmbito da literacia
e da leitura, a leitura recreativa ocupa, na biblioteca escolar, um lugar de destaque.
É, por isso, importante que o professor bibliotecário partilhe com as estruturas
pedagógicas da escola uma visão estratégica que inclua, na missão de fazer leitores,
novas abordagens. Ignorar as mudanças que entretanto ocorreram – e que se refletem
no perfil do potencial leitor, na tipologia de textos que se oferecem para leitura, bem
como na forma como se lhes pode aceder – pode comprometer essa missão."
RAMOS, Raquel, Fazer leitores na era digital: o contributo da biblioteca escolar, Biblioteca RBE, 8. Lisboa: Rede de Bibliotecas Escolares, 2015, p. 1.
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