MODELOS DE PESQUISA
Complexidade, mutabilidade, imprevisibilidade, adaptabilidade, criatividade, proliferação de fontes e suportes de informação, saturação informativa – eis, em síntese, alguns dos traços mais relevantes da sociedade contemporânea que conduzem os teorizadores da cultura a falar em mudança de paradigma sociocultural e educacional. Na condição atual, marcada pelo ritmo acelerado da evolução do conhecimento científico e tecnológico, pela omnipresença do digital e pelo uso massificado das TIC, Salvador é o último português que resiste entrar na era digital.[1]
As
transformações operadas na / pela World
Wide Web, mais precisamente pela Web 2.0, para além de
terem dotado o utilizador do duplo
estatuto de produtor e consumidor da informação, permitiram-lhe aceder a
múltiplas formas de texto, com som, imagens e vídeo (fomentando a criatividade,
a interatividade e a conetividade em ambiente digital com recurso aos
multimédia), e comunicar em tempo real com (quase) todos os lugares do mundo.[2]
Aliás, as novas ferramentas 2.0 - Wiki,
Youtube, Podcasts, Twitter, Facebook, Moodle, Blogue, LinkedIn, Ning,
Del.icio.us, Wikipedia, Google pages, serviços online,.. - provocaram alterações muito significativas no
acesso, uso e partilha da informação,
democratizando todos estes processos. Hoje em dia, o utilizador tem ao seu dispor múltiplas
ferramentas/aplicativos que
lhe permitem não só apropriar-se da informação e do conhecimento de múltiplas
formas, como também criar e editar páginas, que fácil e gratuitamente pode
colocar online.
Ora,
é precisamente neste contexto marcado pela produção, a um ritmo acelerado, da
informação e do conhecimento científico e tecnológico, que novas exigências
se colocam à escola e, em particular, às bibliotecas escolares/BEs (enquanto
centros de recursos educativos e locais privilegiados da transformação da
informação em conhecimento). Para além de ajudarem a "formar
pessoas capazes de acompanhar a mudança", as
BEs devem "criar e desenvolver nos alunos competências de
informação, contribuindo assim para que os cidadãos se tornem mais conscientes,
informados e participantes, e para o desenvolvimento da sociedade no seu
conjunto."[3].
Transformar
a informação em conhecimento não é fácil. Aliás, essa tarefa será, segundo Ross
Todd, "potencialmente, a tarefa mais complexa, desafiadora e gratificante
de todos os educadores."[4].
Não temendo a complexidade, a nossa escola aceitou o desafio e, neste momento,
está em curso o processo de discussão/reflexão para a escolha do modelo de
pesquisa a adotar. Coube à nossa Biblioteca (recém-integrada na RBE) promover
essa discussão, apresentando diversos modelos de pesquisa em reuniões de Departamento/Grupos disciplinares e disponibilizando materiais de apoio na sua página web - http://biblioteca.esccbvr.pt/.
Está,
assim, dado o primeiro passo para uma intervenção concertada do
corpo docente da nossa escola na aprendizagem das competências de informação.
Adelaide Jordão (PB)
[1]
Referimo-nos à campanha da Optimus protagonizada pelo humorista de stand-up comedy Salvador Martinha, que
foi concebida num registo de mockumentary
que explora o estranho caso do único cidadão nacional que resiste a ter
telemóvel.
[2] O termo Web 2.0 não designa uma nova Web, mas
sim uma nova fase da Internet, desenvolvida por volta de 2004, quando as
ferramentas ou aplicativos inseridos na rede vieram permitir a interação e a
colaboração. O termo foi usado por O‘ Reilly nesta data, numa
conferência no Media Live International.
[3] Isabel Veiga et al. (coord.). Lançar a Rede de Bibliotecas
Escolares – Relatório Síntese. Lisboa: Ministério da Educação – Rede de
Bibliotecas Escolares. 2001, p. 7.
[4] Ross Todd (2011). O que queremos para o futuro
das bibliotecas escolares. Lisboa: Biblioteca RBE, nº1, p. 6.
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