Lillias Fraser, de Hélia Correia
O encontro de duas mulheres singulares: Lillias Fraser, protagonista do romance homónimo de Hélia Correia, e Blimunda Sete-Luas, protagonista feminina do Memorial do Convento, de José Saramago.
"Lillias sentiu os olhos de Blimunda e acordou. Ela sorria-lhe outra vez. «A criança está bem. De hoje em diante, eu tomo conta de vocês as duas.».- Que criança, senhora? – disse Lillias.- A que tu, Lillias Fraser vais parir.- Como pode sabe-lo?- Vejo dentro do corpo das pessoas quando estou em jejum – explicou Blimunda.- Eu vejo a morte – explicou Lillias.Blimunda Sete-Lias inclinou-se e tocou-lhe com os dedos na camisa. «Então sou mais feliz do que tu és. De hoje em diante só verei este menino.»Durante a refeição de pão e leite, Lillias contou-lhe toda a sua história. Contou-lha como apenas a contara a Jayme, não deixando de reserva nada com que pudesse defender-se. Blimunda via entrar a claridade, de um azul forte de manhã de Inverno, e parecia temer os seus efeitos. Mas era só a sua natureza que se agitava. Tinha que fazer."
Hélia Correia, Lillias Fraser, Lisboa: Círculo de Leitores, 2005, p. 219
SINOPSE DO ROMANCE
"É um romance histórico, que decorre entre 1746 e 1762, na Escócia e em Portugal. Lillias é uma menina escocesa, oriunda de um dos clãs destroçados na batalha de Culloden, que os ingleses venceram. Fugindo destes, acabará por ir para Lisboa, onde vive clandestinamente durante alguns anos, de princípio num convento e mais tarde com uma família. Quando se dá o terramoto de Lisboa, Lillias foge para Mafra. Mais tarde irá encontrar-se com o comandante das tropas inglesas em Culloden. O romance está cheio de episódios romanescos e pícaros; as descrições das ruas, das casas, das tropas, dos costumes, dos ambientes, são magníficas."
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