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A língua portuguesa, à qual a ONU dedicou um dia para ser celebrada mundialmente, é um elo poderoso que une pessoas de diferentes países, culturas e histórias. Afirmar a sua importância como plataforma global de entendimento e partilha entre alunos/ escolas de diversas regiões e culturas é precisamente o objetivo de "Latitudes da língua Portuguesa", evento criado pela Rede de Bibliotecas Escolares para celebrar as diveras geografias e culturas onde o português se apresenta como traço de união.
Neste dia de celebração, os alunos de Português do 11º H, da ES Camilo Castelo Branco, de Vila Real, estiveram numa videoconferência, esta manhã, com alunos de 10º e 12º anos, da Eugen Lovinescu Theoretical High School, Bucareste, Roménia, onde partilharam experiências e leituras da poesia de Camões, usando o português como língua de comunicação. A planificação e coordenação da atividade, que incluiu encontros virtuais de preparação, esteve a cargo das professoras Adelaide Jordão e Isabel Lazar, responsável pelo Camões Júnior Center – e-certification Portuguese as a Foreign Language, em Bucareste.
Este encontro virtual não foi apenas uma troca de palavras, mas um verdadeiro ato de celebração da diversidade e da unidade que o idioma proporciona. Entre sotaques distintos e expressões culturais variadas, os alunos constroem pontes de compreensão e criam laços de amizade, mostrando que a língua portuguesa é, acima de tudo, um espaço de encontro e diálogo global.
Em 2025, a RBE aliou o Dia Mundial da Língua Portuguesa às celebrações do V Centenário do Nascimento de Camões, o seu maior símbolo literário, integrando a atividade Latitudes da Língua Portuguesa na iniciativa Camões, engenho e arte.
Camões 500
CONTRA O DERROTISMO EM FACE DA TECNOLOGIA
Ronaldo Lemos
Ler ou não Yuk Hui pode ser comparado à decisão de tomar a pílula azul ou a pílula vermelha no filme Matrix [Lilly e Lana Wachowski, 1999]. Optar por não ler a sua obra é escolher a pílula azul: uma bela prisão cognitiva em que permanecemos no conforto da ignorância, enquanto vemos a tecnologia como uma força monolítica que avança por si só. Adentrar a sua obra, pelo contrário, é tomar a pílula vermelha, que nos leva a um futuro incerto, mas, ao mesmo tempo, libertador dos grilhões que a ideia monolítica de tecnologia nos impõe, permitindo aceder a uma forma mais profunda de realidade, certamente mais dura e difícil, porque eivada de responsabilidades. Por outras palavras, Yuk Hui articula como ninguém uma filosofia da tecnologia libertadora com a essência humanista. Essa visão é especialmente importante no mundo de hoje, sobretudo no Ocidente, onde o nosso pensamento foi capturado por concepções sobre tecnologia que são de uma pobreza e de uma miséria enormes. A aceitação crescente da ideia de “singularidade” como orientadora da nossa relação com a tecnologia é um exemplo disso. Por singularidade entenda-se o momento hipotético em que a tecnologia se torna incontrolável e irreversível, fonte de mudanças imprevisíveis na civilização – aquele momento em que a ficção científica prevê a superação do homem pela máquina, que adquire inteligência e consciência de si. A ideia de singularidade é uma distração. Ela pode ser muito útil para a ficção científica e para criar ótimos filmes, mas, como orientadora de políticas públicas e do pensamento relacionado com a tecnologia, é um conceito miserável. Yuk Hui consegue demolir, pedra por pedra, qualquer vestígio dessa ideia que tomou conta do pensamento ocidental. Ele mostra que o que chamamos “tecnologia” não é um absoluto, um fenómeno único ou universal; diferentes sociedades e comunidades políticas podem ter manifestações completamente distintas dela. Nesse sentido, é muito mais realista trabalhar com o conceito de “multiplicidade” do que de “singularidade”. Afinal, além de preservar um ponto cego no pensamento sobre a tecnologia, essa concepção de singularidade é uma ferramenta política: se a tecnologia é um universal, que forças definem a sua construção e disseminação? Nesse sentido, quem molda a tecnologia como universal assume uma postura de dominação, submetendo o mundo à sua cosmovisão. Yuk Hui mostra como ninguém os limites dessa estratégia. Na conversa que tivemos na Universidade Federal do Rio de Janeiro e no Instituto de Tecnologia e Sociedade em 2019, ele falou sobre quanto seria “confortável” se a tecnologia funcionasse como uma força independente e superior à natureza, como os proponentes da singularidade parecem defender. Seria o mesmo conforto da pílula azul de Matrix.
No entanto, a tecnologia não tem nenhuma capacidade de transcendência sobre a natureza, ela faz parte da natureza e do “cosmos”. Seria uma cegueira infeliz pensar de outra forma. Yuk Hui gosta de citar D.H. Lawrence para exemplificar esse facto: “Quando ouço pessoas reclamarem por estar sozinhas, então sei o que aconteceu. Elas perderam o cosmos”. Da mesma forma que a solidão, a confiança na tecnologia divorciada do humanismo pode ser também uma forma de perda do cosmos. É contra essa interposição da tecnologia entre a humanidade e o cosmos que Yuk Hui se insurge.
Não surpreende, portanto, que Hui tenha nascido em Hong Kong. Entre os muitos papéis que a China tem desempenhado, alguns são inconspícuos. O país está a tornar-se uma potência de imaginação. Hoje, por exemplo, produz, na minha opinião, a melhor ficção científica do planeta, na voz de autores como Liu Cixin ou autoras como Xia Jia e Hao Jingfang. Isso é importante porque, como dizia Jules Michelet, “cada época sonha com a que virá a seguir, criando-a primeiro em sonhos”.
Quem sonha melhor é também mais capaz de projetar melhor o futuro. Mais do que o sonho, Yuk Hui traz uma das visões mais originais e poderosas sobre como pensar a tecnologia com base numa perspetiva plural, que inclui tanto o Ocidente quanto o Oriente. No seu livro The Question Concerning Technology in China: An Essay in Cosmotechnics, ele faz um apanhado impressionante de como os pensamentos ocidental e oriental trataram a questão da “tecnologia”, mostrando que o conceito “tecnologia” tal como formulado no Ocidente nem sequer pode ser visto na história do pensamento chinês, evidenciando as falhas de se pensar a tecnologia como um universal.
Muitos acreditaram que a tecnologia seria capaz de fazer a nossa capacidade de agir coletivamente avançar, levando ao progresso da cultura, da democracia, da política ou do pensamento científico – por outras palavras, à expansão dos valores ocidentais pelo planeta. Mas essa visão otimista, que via a tecnologia como uma força universal e objetiva, não se concretizou. Nos últimos anos, houve uma guinada de perceção sobre o papel da tecnologia, bem detetada como premissa por Yuk Hui. A tecnologia tem vindo a mostrar-se como uma força de atomização, que dissolve o coletivo em individualidades cada vez menores e particulares. Uma força que pode ser capturada por interesses específicos, bem financiados e organizados. O que nos leva à incómoda questão: pode um “universal” ser privatizado? Se sim, certamente não é um universal. Em face dos desdobramentos distópicos recentes da tecnologia, é preciso descartar com urgência essa ideia de universal da tecnologia.
Para compreender a tecnologia para além desse universal, Yuk Hui invoca a busca por uma nova cosmologia, que permitiria a construção de um olhar “de fora”, que colocasse a técnica no seu devido lugar, ou seja, de apenas mais um entre os elementos da existência. Essa ideia de “cosmotécnica” é libertadora.
O Ocidente, nesse contexto, continua a orientar sua marcha sob a égide do tecnocentrismo. Autores ocidentais, mesmo sagazes, como Danny Hillis, têm vindo a defender que a tecnologia provoca um ocaso do humanismo e a substituir o Iluminismo (Enlightenment), ambos pelo que Hillis chama de entrelaçamento (Entanglement). Nesse “entrelaçamento” estaria a surgir uma nova técnica que assumiria as vezes da natureza e seria incompreensível para a humanidade. Um exemplo seriam as aplicações de inteligência artificial que funcionariam em modelo de “caixa-preta”, inacessíveis aos seres humanos, deslocando-os para um papel subalterno à técnica nessa nova cosmotécnica miserável.1
Por outras palavras, enquanto um tecnocentrismo como esse prega uma rendição diante da técnica (tal como no caso da singularidade ou do entrelaçamento), a articulação de Yuk Hui ocorre no sentido oposto, de fuga de qualquer tipo de determinismo.
Faz sentido. As múltiplas crises provocadas pela tecnologia (das fake news ao aumento da desigualdade) demandam um pensamento novo sobre essa relação. Nas palavras da cientista americana Donella Meadows, a maneira mais eficaz de interferir num sistema é modificar o estado mental ou o paradigma a partir do qual esse sistema – os seus objetivos, poder, estrutura, regras e cultura – surge. Todas as outras estratégias mudanças nos objetivos do sistema, nas regras que se aplicam a ele, na sua estrutura ou na forma como evolui– são menos relevantes.
Essa subordinação da natureza à técnica lembra o poema de Richard Brautigan de 1967 chamado “All Watched Over by Machines of Loving Grace” [Tudo observado por máquinas de adorável graça], cuja leitura é um alerta de um futuro indesejável à luz desse novo contexto:
Gosto de pensar (eGosto de pensar
(desde logo, por favor!)
numa floresta cibernética
repleta de pinheiros e eletrónicos
onde cervos passam em paz
pelos computadores
como se fossem flores
de desabrochar torcido.
Sem um paradigma e um novo estado mental que permitam sonhar além da tecnologia, a capitulação torna-se mesmo inevitável. Yuk Hui é o artífice desse novo pensamento. Assim como a lua do escritor Campos de Carvalho,3 hoje o melhor pensamento filosófico sobre tecnologia também vem da Ásia.
Lemos, Ronaldo. "Apresentação", in Hui, YUK, Tecnodiversidade, UBU, 2020.
RONALDO LEMOS nasceu em 1976 em Araguari, Minas Gerais. Advogado especialista em tecnologia, foi professor da Universidade Columbia, em Nova York, e do Schwarzman College na Universidade de Tsinghua, em Pequim. É cientista-chefe do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e diretor do Creative Commons Brasil. Participou da formulação do Marco Civil da Internet, lei que regulamenta o uso da Internet no Brasil. É coautor de A vida em rede (Campinas: Papirus, 2015) e autor de Futuros possíveis: Mídia, cultura, sociedade, direitos (Porto Alegre: Sulina, 2012), além de artigos e colaborações para jornais e revistas.
Notas:
1 Pode-se travar a mesma contenda com Yuval Noah Harari. No livro Homo Deus, o autor israelita propugna o fim do humanismo, a ser substituído por imperativos tecnológicos, em linha parecida com as ideias de Hillis. Nesse ponto, creio que o pensamento de Harari seja digno de crítica dada a sua visão empobrecida sobre tecnologia. Ele também age aceitando e anunciando essa derrota do homem pela tecnologia. 2 Richard Brautigan, All Watched Over by Machines of Loving Grace. San Francisco: Communication Company, 1967. 3 Referência ao romance surrealista de Campos de Carvalho, A lua vem da Ásia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. [N.E.]
"A beleza da diversidade linguística é que ela nos revela o quão engenhosa e flexível é a mente humana", diz Lera Boroditsky.
Existem cerca de 7.000 línguas faladas em todo o mundo.
As mentes humanas inventaram não um universo cognitivo, mas 7.000.
#literaciadosmedia #7Diascomosmedia #alermaisemelhor
Sabia que, de cada vez que interrompemos uma tarefa para espreitar as redes sociais, demoramos 25 minutos a recuperar por completo a concentração?
Neste episódio do Impertinente, o psiquiatra Gustavo Jesus e Rui Maria Pêgo analisam a forma como a tecnologia e, em especial, os smartphones estão a capturar a nossa atenção e a reconfigurar o funcionamento do cérebro.
Fundação Francisco Manuel dos Santos
#diamundialdalinguaportuguesa #alermaisemelhor
“Línguas de comunicação global, como a língua portuguesa, desempenham um papel crucial na promoção da compreensão, do afeto, do respeito mútuo e da convivência entre povos e cidadãos das mais distintas origens geográficas.”
Mensagem do Secretário-Geral da ONU, António Guterres
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Dia 2: A IA já está nas nossas vidas. Quem reparou?
Hoje lançamos-te um desafio: Onde encontras Inteligência Artificial (IA) no teu dia a dia?
Está mais presente do que imaginas – no feed das redes sociais, nos motores de busca, nos assistentes virtuais, nas recomendações de vídeos, até nas notícias que recebes.
A IA ajuda, organiza, prevê. Mas também seleciona, filtra e decide o que vês.
Estaremos conscientes de como isso influencia escolhas, opiniões e hábitos de consumo de informação?
Neste segundo dia, propomo-nos parar por um momento e refletir:
Como funciona esta tecnologia? Quem a programa?
Deves habituar-te a ler todas as notícias e atualizações das redes sociais com algumas abas extras do navegador abertas. Verificar informações com outras fontes pode evitar que sejas enganado e acredites em informações falsas.
Uschi Jonas, chefe da equipa de verificação de fatos da Correctiv, na Alemanha, diz-nos que informações procurar.
Perguntas para reflexão, após o visionamento do vídeo aqui apresentado:
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