sábado, 28 de novembro de 2020

UNESCO | "O próximo normal"



Desastres e emergências não apenas lançam luz sobre o mundo como ele é. Eles também rasgam o tecido da normalidade. Pelo buraco que se abre, nós vislumbramos possibilidades de outros mundos.
Peter C. Baker, The Guardian



A campanha da UNESCO desafia as nossas perceções sobre o que deve significar “voltar ao normal” na era pós-COVID-19.


A UNESCO foi fundada após a Segunda Guerra Mundial e nasceu da convicção de que esse conflito sem precedentes poderia dar origem a um mundo melhor e mais unido. Como as guerras começam nas mentes de homens e mulheres, é nas mentes de homens e mulheres que um mundo melhor deve ser construído, argumentaram os fundadores da Organização. Esta ideia é mais pertinente do que nunca, à medida que os países começam a emergir da crise global da COVID-19, que questionou as nossas prioridades, os nossos modos de vida e o funcionamento das nossas sociedades.


Pessoas de todo o mundo mostraram solidariedade durante a emergência de saúde e viram como uma forma aprimorada de cooperação pode ajudar a construir um futuro melhor. No entanto, à medida que o mundo começa a emergir da pandemia, tendemos a esquecer as lições que aprendemos e “voltamos ao normal”, desconsiderando o custo daquilo que consideramos normal para o nosso ambiente, economia, saúde pública e sociedade.

A UNESCO está a lançar uma campanha mundial que desafia a nossa perceção de normalidade. O vídeo de 2min e 20s não se baseia em argumentos complicados para demonstrar o seu objetivo. Simplesmente apresenta informações factuais sobre o mundo antes e durante a pandemia. Colocados lado a lado, esses factos convidam os espectadores a questionar as suas ideias sobre o que é normal, sugerindo que, por muito tempo, nós aceitamos o inaceitável. A nossa realidade anterior já não pode  ser aceite como normal. Agora é a hora da mudança.

Como agência intelectual das Nações Unidas, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) acredita que a necessidade de mudanças duradouras deve enraizar-se nos corações e nas mentes das pessoas em todos os lugares antes que se torne realidade.

A campanha faz parte de um esforço mais amplo da UNESCO para refletir sobre o mundo por vir, sobretudo através da iniciativa do UNESCO Forum, uma série de painéis de debates sobre o futuro da cultura e das indústrias culturais; da Futures Literacy Network, bem como do programa the Futures of education e das recomendações globais para ciência aberta e a ética da inteligência artificial. Essas são questões importantes nas quais a UNESCO começou a trabalhar muito antes de serem colocadas no centro do palco pela pandemia.

A UNESCO convida os líderes dos media e os formadores de opinião a compartilhar a campanha “The Next Normal” (“O próximo normal”), criada pela agência DDB Paris, que disponível desde 25 de junho de 2020.

Campanha da UNESCO, "O próximo normal"

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

25 de novembro | Comemoração oficial do Dia da eliminação da violência contra as mulheres e meninas










Na comemoração virtual do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres e Meninas, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, disse hoje (25 de novembro) que “a crise do COVID-19 expôs ainda mais a violência contra mulheres e meninas como uma emergência global que requer ação urgente”.

Observando que as taxas de violência doméstica "aumentaram dramaticamente em todo o mundo", Guterres disse que estava "claro que a pandemia exacerbou os fatores de risco e revelou as deficiências dos esforços anteriores para prevenir e responder a esta emergência chocante".

O Secretário-Geral disse que "milhões de mulheres estão a ser empurradas ainda mais para a pobreza pela crise COVID-19, e todas as formas de violência contra elas estão a aumentar", e que a comunidade global "deve continuar a construir o impulso que criamos para priorizar as vozes, experiências e necessidades de mulheres e meninas. ”

Na sua opinião, “devemos levar em consideração as necessidades das mulheres que sofrem violência, particularmente aquelas que enfrentam múltiplas e conflituantes formas de discriminação. Isso significa sair desta crise com a liderança feminina na frente e no centro da construção das soluções de que precisamos. ”

Guterres lembrou que "a violência contra mulheres e meninas é uma afronta horrível e generalizada aos seus direitos humanos e uma praga em todas as nossas sociedades", e enfatizou a necessidade de se ir "muito mais longe" ao destacar a violência contra mulheres e meninas "como uma  das questões mais urgentes do nosso tempo. ”

Discursando também na reunião da ONU, a Embaixadora da Boa Vontade das Mulheres da ONU, Nicole Kidman, disse: “uma das lições que aprendemos com a pandemia é que o lar não é um lugar seguro para tantas mulheres e tantas meninas sujeitas à violência doméstica”.

A atriz vencedora de um Oscar disse: “à medida que muitos países se abrem após o COVID-19, temos a oportunidade de criar um novo normal, um futuro sem violência contra as mulheres”.

A campanha UNiTE para Acabar com a Violência contra as Mulheres, do Secretário-Geral, um esforço plurianual que visa prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas, concentra-se em ampliar o apelo à ação global para preencher lacunas de financiamento e garantir serviços essenciais para sobreviventes de violência durante o Crise do COVID-19, foco na prevenção e recolha de dados que podem melhorar os serviços de salvamento de mulheres e meninas.

O tema deste ano para o Dia Internacional é “Orange the World: Financie, responda, previna, recolha!” Tal como nos anos anteriores, o Dia Internacional deste ano marcará o lançamento de 16 dias de ativismo que se encerrará em 10 de dezembro de 2020, que é o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Vamos alaranjar a Camilo!

 







Ícone da meta 5

A violência contra mulheres e meninas é uma das violações dos direitos humanos mais difundidas, persistentes e devastadoras no mundo hoje.

É um grande obstáculo para o cumprimento dos direitos humanos das mulheres e meninas e para o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Ocorre em todo o mundo, atravessando todas as gerações, nacionalidades, comunidades e esferas de nossas sociedades, independentemente da idade, etnia, deficiência ou outro histórico.



Por um período de 16 dias - de 25 de novembro (Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres) a 10 de dezembro (Dia dos Direitos Humanos), a ONU_Mulheres e a UNICEF convidam todas as pessoas, instituições, comunidades a organizar eventos laranja nas escolas, nas ruas e nos pontos de referência! 

A cor laranja foi a cor escolhida para unificar todas as atividades e dar atenção global à questão da violência contra mulheres e meninas. 

Orange the World! 

Vamos alaranjar a Camilo? 

Neste dia, 25 de novembro, vamos todos usar um adereço ou uma peça de vestuário laranja, tirar uma fotografia e enviá-la para a Biblioteca - biblioteca@esccbvr.pt - que a fará chegar à ONU_Mulheres / Orange the World. 

Depois, até 10 de dezembro, haverá certamente muitas oportunidades para desenvolver atividades sobre as formas de violência contra as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas e debater a violência de género em em contexto de aula. 


As mulheres e os homens agradecem. 


Empoderar a mulher

 







terça-feira, 24 de novembro de 2020

24 de outubro | Dia Nacional da Cultura Científica

 





A 24 de novembro, o IA celebra o Dia Nacional da Cultura Científica com diversas atividades, em parceria com o Plano Nacional de Leitura e o Planetário do Porto - CCV

Teresa Firmino à conversa com Teresa Calçada e Rui Agostinho sobre a relação entre Ciência e Literatura: a sua importância para a compreensão do mundo e de como o conhecimento científico pode inspirar a criação literária. 

Comissária do PNL2027: Teresa Calçada 

Moderação: Teresa Firmino, Jornalista de Ciência do Jornal Público 

Investigador: Rui Agostinho, Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço


Consentimento

 





Com álcool...

Inconsciente...

Flirt...

Um sim forçado...

Silêncio...

Talvez...

Consentimento passado...

... NÃO É CONSENTIMENTO...


#orangetheworld #GenerationEquality

Violência contra as mulheres | Vamos mudar a narrativa

 



Título1: Homem violou uma mulher no seu apartamento.

Título 2: Mulher violada no apartamento de um homem depois de 12 copos de vinho.



Vamos mudar a narrativa que censura e recrimina as vítimas e usar o poder da linguagem ao serviço das sobreviventes, não dos agressores.

#orangetheworld #16days

Exitem 5 tipos de violência contra a mulher - Denuncie!

 



~


Desde menos infinito a mais infinito

 



Homem

Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.

António Gedeão, in Movimento Perpétuo

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

16 dias de ativismo contra a violência de género

 


No dia 25 de novembro, vista uma peça de roupa de cor laranja!

Adira a esta causa!

Os direitos das mulheres e das meninas são DIREITOS HUMANOS!


"Hoje, eu recebi flores"

 





Depoimento de um homem que sabe como nós, mulheres, vivemos








Sou homem.

Quando nasci, o meu avô deus os parabéns ao meu pai por ter tido um filho homem. E agradeceu à minha mãe por ter dado ao meu pai um filho homem. Recebi o nome do meu avô.

Quando eu era criança, eu podia brincar com LEGO, porque "Lego é coisa de menino", e isso fez com que a minha criatividade e capacidade de resolver problemas fossem estimuladas.

Ganhei lava-jatos e postos de gasolina montáveis da HotWheels. Também ganhei uma caixa de ferramentas de plástico, para montar e desmontar carrinhos e camiões. Isso também estimulava a minha criatividade e desenvolvia o meu raciocínio, o que é bom para toda criança.

Na escola da minha época, as meninas usavam saias e os meus amigos levantavam as suas saias. Dava uma confusão! E então elas foram proibidas de usar saias. Mas eu nunca vi nenhum menino a ser realmente punido por fazer isso, afinal de contas "Homem é assim mesmo! Puxou ao pai, esse danadinho" - era o que eu ouvia.

Em casa, com os meus primos, eu gostava de brincar às casinhas com uma priminha. Nós tínhamos cerca de 8 anos. Eu era o papai, ela era a mamãe e as bonecas eram as nossas filhinhas. Na brincadeira, quando eu pegava na boneca ao colo, minha mãe não deixava: "Larga a boneca, Juninho, é coisa de menina". E o pai da minha priminha, quando via que estávamos a brincar juntos, às casinhas, não deixava. Dizia que menino tem que brincar com menino e menina com menina, porque "menino é muito estúpido e, principalmente, pra frente". Eu não me achava estúpido e também não entendia o que ele queria dizer com "pra frente", mas obedecia.

No Natal, a minha irmã ganhou uma Barbie e eu uma Beyblade. Ela chorou um pouco porque o meu brinquedo era muito mais legal que o dela, mas mamãe todo ano repetia a gafe e comprava para ela uma boneca, um fogãozinho, um frigorífico cor-de-rosa, uma batedeira, um ferro de passar.

Quando fiz 15 anos e comecei a namorar, o meu pai comprou-me algumas camisinhas. Na adolescência, ninguém me criticava quando eu ficava com várias meninas. Atualmente continua assim.

Meu pai não discute comigo quando passo a noite fora. Não fica dizendo que tenho que ser um "rapaz de família". Ele nunca me deu um tapa na cara desconfiado de que passei a noite num motel.

Ninguém fica me dando sermão, dizendo que eu tenho que ser reservado e me fazer de difícil. Ninguém me julga mal, quando quero ficar com uma mulher e tomo a iniciativa.

Ninguém fica regulando as minhas roupas, dizendo que eu tenho que me cuidar.
Ninguém fica repetindo que eu tenho que me cuidar, porque "mulher só pensa em sexo". Ninguém acha que as minhas namoradas só estavam comigo para conseguir sexo. Ninguém pensa que, ao transar, me estou a submeter à vontade da minha parceira. Ninguém demoniza os meus orgasmos.

Nunca fui julgado por carregar camisinha na mochila e na carteira.
Nunca tive que esconder as minhas camisinhas dos meus pais. Nunca me disseram para me casar virgem por ser homem.

Nunca me ficaram repetindo que "Homem tem que se valorizar" ou "se dar ao respeito". Aparentemente, o meu o sexo já faz com que eu tenha respeito.

Quando saio à rua, ninguém me chama de "delícia". Nenhuma desconhecida enche a boca e me chama de “gostoso” de forma agressiva. Eu posso andar na rua tomando um sorvete tranquilamente, porque sei que não vou ouvir nada como “Larga esse sorvete e vem me chupar”. Eu posso até andar na rua a comer uma banana.

Nunca tive que atravessar a rua, mesmo que lá estivesse a bater um sol infernal, para me desviar de um grupo de mulheres num bar, que provavelmente me assediar quando eu passar, me deixando envergonhado.

Nunca tive que fazer caminhada de moletom porque o meu short deixa as minhas pernas de fora e isso pode ser perigoso. Nunca ouvi ninguém me chamando de “Desavergonhado” porque saí sem camisa. Ninguém tenta regular as minhas roupas.

Eu nunca fui seguido por uma mulher num carro, quando voltava para casa a pé.

Eu posso apanhar o metro lotado todos os dias com a certeza que nenhuma mulher se vai esfregar em mim, para filmar e postar depois num site de putaria.

Nunca ouvi dizer que alguém do meu sexo foi violado por uma multidão.

Eu posso pegar o autocarro sozinho de madrugada.
Quando não estou a usar nada de valor, não continuo com medo pelo risco ser violado a qualquer momento, em qualquer esquina. Esse risco não existe na cabeça das pessoas do meu sexo.

Quando saio à noite, posso usar a roupa que quiser.
Se eu sofrer algum tipo de violência, ninguém me culpa porque eu estava bêbado ou por causa das minhas roupas.
Se, algum dia, eu fosse violado, ninguém iria dizer que a culpa era minha, que eu estava num lugar inadequado, que eu estava com roupa indecente. Ninguém tentaria justificar o ato do violador com base no meu comportamento. Eu serei tratado como VÍTIMA e só.

Quando transo com uma mulher logo no primeiro encontro, sou praticamente aplaudido de pé. Ninguém me chama de “vagabundo”, “fácil”, “puto” ou “vadio” por fazer sexo casual às vezes.

99% dos sites de pornografia são feitos para agradar a mim e aos homens em geral. Ninguém fica chocado quando eu digo que vejo filmes porno. 

Nunca ninguém me vai julgar, se eu disser que adoro sexo.
Nunca ninguém me vai julgar, se me vir a ler literatura erótica.
Ninguém fica chocado, se eu disser que me masturbo.
Nenhuma sogra vai dizer à filha para não se casar comigo, porque não sou virgem.

Ninguém me critica por investir na minha vida profissional.
Quando ocupo o mesmo cargo que uma mulher numa empresa, o meu salário nunca é menor que o dela.
Se sou promovido, ninguém faz fofoca dizendo que dormi com a minha chefe. As pessoas acreditam no meu mérito.
Se tenho que viajar a trabalho e deixar meus filhos apenas com a mãe por alguns dias, ninguém me chama de irresponsável.

Ninguém acha anormal se, aos 30 anos, eu ainda não tiver filhos.

Ninguém palpita sobre a minha orientação sexual por causa do tamanho do meu cabelo. Quando os meus cabelos começarem a ficar grisalhos, vão achar sexy e ninguém me vai chamar desleixado.

A sociedade não encara a minha virgindade como um troféu.

90% das vagas do serviço militar são destinadas às pessoas do meu sexo. Mesmo quando se trata de cargos de alto escalão, em que o oficial só lida com papelada e gestão.

Se eu sair com uma determinada roupa, ninguém vai dizer “Esse aí tá pedindo”.

Se divulgar um vídeo em que eu esteja transando com uma mulher em público, ninguém vai me xingar, criticar, apedrejar. Não serei o piranha, o vadio, o sem valor, o vagabundo, o cachorro. Estarei apenas sendo homem. Cumprindo o meu papel de macho alpha perante a sociedade.

Ninguém diz que é falta de higiene se eu não me depilar.

Ninguém me julgaria por ser pai solteiro. Pelo contrário, eu seria visto como um herói.

Nunca serei proibido de ocupar um alto cargo na Igreja Católica por ser homem.

Nunca apanhei por ser homem.
Nunca fui obrigado a cuidar das tarefas da casa por ser homem.
Nunca me obrigaram a aprender a cozinhar por ser homem.
Ninguém diz que o meu lugar é na cozinha por ser homem.

Ninguém me diz que não posso dizer palavrão por ser homem.
Ninguém me diz que não posso beber por ser homem.

Ninguém olha feio para o meu prato se eu colocar muita comida.

Ninguém justifica o meu mau humor falando dos meus hormónios.
Nunca fizeram piadas que subestimam a minha inteligência por ser homem.
Quando cometo alguma gafe no trânsito ninguém diz “Tinha que ser um homem".

Ninguém acha que o meu corpo serve exclusivamente para dar prazer ao sexo oposto.

Ninguém acha que terei de ser submisso a uma futura esposa.

Nunca fui julgado por beber cerveja numa roda onde eu era o único homem.

Nunca me encaixo como público-alvo nas propagandas de produtos de limpeza.
Sempre me encaixo como público-alvo nas propagandas de cerveja.

Nunca me perguntaram se a minha namorada me deixa cortar o cabelo. Eu corto quando quero e as pessoas entendem isso.

A sociedade não separa as pessoas do meu sexo em “para casar” e “para putaria”.

Quando eu digo “Não”, ninguém acha que estou fazendo charme. Não é não.

Não preciso regrar as minhas roupas para evitar que uma mulher peque ou caia em tentação.

As pessoas do meu sexo não são violadas a cada 12 segundos no Brasil.
As pessoas do meu sexo não são violadas por uma multidão nas manifestações no Egito.

Independente de sermos homem ou mulher, é fundamental admitir que a sociedade INTEIRA precisa de refletir sobre os (pre)conceitos de papeis de género e a questão dos Direitos Humanos que lhe está associada.  


Projeto 5760*, 6 de março de 2014 (texto com adaptações)

*O projeto 5760 visa enfatizar a violência contra a mulher no Brasil, sensibilizar a sociedade dando um novo enfoque ao problema, gerar debates e mobilizações, informar e exigir melhores estruturas para acolher as mulheres em risco.

25 de novembro | Dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres e meninas

 



domingo, 22 de novembro de 2020

O cérebro apaixonado



Assista à palestra TED completa de Helen Fisher, antropóloga, especialista em amor,  que estuda as diferenças de género e a evolução das emoções humanas.


 



"O amor romântico é um vício - um vício maravilhoso, quando tudo corre bem, e um vício horrível, quando corre mal."



Por que ansiamos tanto por amor, até ao ponto de morrermos por ele? 

Para aprender mais sobre a nossa necessidade muito real e física de amor romântico, Helen Fisher e a sua equipa de pesquisa fizeram ressonâncias magnéticas de pessoas apaixonadas - e de pessoas que acabaram de ser abandonadas.


domingo, 15 de novembro de 2020

Crónica | A morte do assobio, de Luís Pedro Nunes









ESTAMOS TÃO CENTRADOS NAS GRANDES MUDANÇAS QUE PODEMOS NÃO PERCEBER AS PEQUENAS COISAS QUE O VÍRUS NOS ESTÁ A TIRAR


 


O




telemóvel faz coisas que não peço. Como estar diariamente a recordar-me de fotos. Ainda na semana passada escolheu uma imagem banal, de um momento quotidiano, que me parecia ter anos, roubada a outro tempo. Tão distante tudo aquilo me parecia. Era de fevereiro. Fiquei espantado. Andamos aqui tão preocupados em nos adaptar ao ‘novo normal’ da pandemia que ainda não percebemos o que mudámos e o que mudou à nossa volta. Há dias, numa manhã de outono fria, lembrei-me de que era por aquela hora que costumava ouvir cedo pela janela onde trabalho e espreito a cidade um assobio descontraído a caminhar pela rua. Já não.

O assobiar sempre me intrigou. E era coisa sobre a qual já tinha pensado. Na atualidade, enquanto ato público, encontrava-o em duas situações. Pela manhã, um assobio satisfeito, rouxinol matinal, antes de ir para o trabalho, e que mais do que “felicidade pobrezinha” parecia antes uma forma para abstrair de pensamentos — “quem assobia seus males espanta” — de pessoas com ofícios manuais (obras e afins). E o assobio de chuveiro de ginásio, esse sim de felicidade pós-treino, quando há aquela tal libertação de endorfinas e mais não sei quê. Um balneário de ginásio era um recanto muito assobiador. Acho que “o assobio alarve” já caiu em desuso e para chamar táxis também. Aliás, o assobio associou-se a uma certa falta de urbanidade. E, por questões culturais, sempre algo do domínio do masculino.

Vá-se procurar informação sobre “porque é que os humanos assobiam” e, mais do que ligar a uma forma de comunicação, remetem logo para a música e para a criação e reprodução desta. E alertam para o extraordinário facto de podermos não saber uma nota musical, cantar horrivelmente, mas o cérebro sabe dar ordens para controlar o ar, os pulmões e o seu fluxo de modo a que consigamos reproduzir um hit musical acabado de ouvir. Hoje, poucos sabem assobiar com os dedos, mas também porque as crianças não têm quem as ensine, é um ‘dom’ que não serve para nada de ajuizado.

O assobio foi sempre uma linguagem. Basta ver a utilização do assobio como meio de comunicação nos pastores, mas também em certas comunidades de montanha que desenvolveram uma linguagem de assobio para conversar a quilómetros de distância aproveitando o eco dos vales. A mais conhecida é a das Canárias, mas já vi um documentário com outra na Turquia. E as mulheres são exímias. Os telemóveis já a estavam a extinguir e duvido que usem máscara anticovid de tão isoladas que estão.

Falo das pequenas mudanças. Não ouvi o assobiador. Duvido que este ano ouça o amolador com a flauta de Pã que já devia ter passado. Dir-se-á que o estranho era ainda haver isso no centro da cidade. Mas a pandemia está a mudar tantas grandes coisas que não notamos as pequenas. E se notamos há logo quem diga: “E isso que interessa?”

O meu médico, como o de todos, diz-me para caminhar, dado estar tanto tempo em casa (não basta fazer exercício ‘normal’). E todos os médicos estão a dizer isso a todas as pessoas. O que faz com que multidões vão caminhar com o único objetivo de caminhar e acabe a fazê-lo nos mesmo locais (beira-rio, parques, jardins) onde em duplas ou sós avançam com grande determinação para lado nenhum que não gastar o tempo ou a distância pré-planeada. Algumas, muitas, levam phones com música ou podcasts, o que as retira sensorialmente do lugar em que estão. A caminhada, no meu dicionário mental, era suposto ser um deambular. Um ir sem se saber para onde. Em 2008, já se escrevia um livrinho sobre “A Arte de Caminhar” em que se falava sobre a natureza filosófica e transcendental desse ato, uma forma de paulatinamente se atingir um estado alterado de consciência — acredito que os peregrinos a Fátima aceitem isso. Mas havia aqui uma necessidade de absorver o meio. De observar. Estamos no campo da estranha ‘inglesidade’ do século XIX mas também na especificidade nórdica que agora nos fascina. Os noruegueses terão 50 palavras para outros tantos tipos de caminhar. Não sei se é verdade. Vem-me agora à memória que os tuaregues terão não sei quantas dezenas de palavras para tipos de areia e os esquimós outras tantas para tipos de neve. Os noruegueses para caminhar. O que mostra a tara, perdão, o amor e dedicação à caminhada. E esse desejo por caminhar era tal que se tornou um desporto competitivo que ainda hoje sobrevive sabe-se lá como nos Jogos Olímpicos na Marcha, que é assim, digamos, algo que se tem dificuldade em compreender.

Caminhar sem destino pela cidade é hoje bizarro. Em locais ainda apinhados de gente, as pessoas, de máscara, baixam a cabeça e esforçam-se por evitar entrar no espaço das outras, num ato de suposto respeito de não as contaminar. Sair a caminhar por conta própria é transformar-se no ‘outro’. Entra-se num bairro, que mesmo assim aparenta uma normalidade mais sossegada, e já não se é o “tipo que passeia”, o “turista de ocasião”, mas o estranho que pode estar a carregar o vírus. E assobio às botas e dou meia volta.

Dizem que tudo voltará a ser o que era. Não acredito. Pelo contrário, esforço-me por não esquecer. De manhã, às vezes, há menos de um ano, ouvia um assobiar trinado pela janela de alguém que ia para o trabalho. Parecia feliz, mas talvez fosse alguém a abstrair-se dos pensamentos do dia. Era o normal. Hoje seria o absurdo.

Luís Pedro Nunes. O mito Lógico - A morte do assobio. E-Revista Expresso, Semanário #2507, 13 de novembro de 2020. 


sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Fake-News | Quiz verdade ou mentira

 

Jogo pedagógico de combate à desinformação






Podcast | Nada será como Dante

 




SINOPSE DESTE PODCAST:


"Nenhum vivo pode substituir um morto, Nenhum de nós é verdadeiramente vivo nem verdadeiramente morto" - é com as palavras d´ O Ano da Morte de Ricardo Reis que Filipa Leal e Pedro Lamares dão o mote para um dueto imperdível.

João Botelho, cineasta, e Pilar Del Río, Presidente da Fundação José Saramago, sentam-se à conversa sobre a adaptação do livro do Nobel de Literatura ao cinema.

Em reportagem, partimos do livro O sexo da música, de Étienne Liebig, para ouvir o que tem a dizer o maestro e compositor Miguel Graça Dias sobre este tema.

Nos "Gigões e Anantes" desta semana, Pedro Lamares traz-nos a Maria dos Prazeres, de Gabriel García Márquez.

Por sua vez, Filipa Leal sugere "Descer à Cave" com Luís Miguel Nava.



Bullying & Cyberbullying: Realidade espelho em tempos de pandemia








Dois membros fundadores da AjudAjudar à conversa sobre bullying e cyberbullying, suas diferenças, intervenientes, sinais de alerta, impactos negativos, como estes fenómenos se manifestaram durante a pandemia e soluções para os identificar, intervir, prevenir e combater.


Luís Fernandes, tem coordenado e supervisionado vários projetos na área do bullying e violência na escola (STOP Bullying, Bullying 360º e Bullying Não!!!) e mais recentemente integra a coordenação do Projeto “Outubro – Mês de Prevenção e Combate ao Bullying e Cyberbullying” em todo o país. É coautor dos livros "Plano Bullying - Como Apagar o Bullying da Escola", "Diz não ao Bullying - Não deixes que te façam mal!" e "Cyberbullying - Um Guia Para Pais e Educadores". Membro fundador da AjudAjudar. 

Tito de Morais, fundador do Projeto MiudosSegurosNa.Net. Representa a iniciativa no Centro de Segurança Familiar da Google e no Centro de Segurança do Facebook. Foi avaliador externo do projeto “Cyber Training – Taking Action Against Cyberbullying”, uma iniciativa financiada pela Comissão Europeia que produziu um manual de formação para formadores no domínio do cyberbullying. É coautor do livro "Cyberbullying - Um Guia Para Pais e Educadores". Membro fundador da AjudAjudar.


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Cidadania Global | Maratona de Cartas 2020


É o maior evento de ativismo do mundo, organizado pela Amnistia Internacional.

Com a Maratona de Cartas, o mundo inteiro atua em defesa de um conjunto de casos selecionados e esse movimento global permite, muitas vezes, mudarmos as vidas dessas pessoas. Lutamos juntos. Vencemos juntos.



A Maratona de Cartas é o maior evento de direitos humanos. Nela participam milhões de pessoas em todo o mundo. 

No ano passado, a nossa escola atingiu quase as mil assinaturas e as quatrocentas cartas. 


Vamos ultrapassar estes números este ano?


Desafie todas as pessoas que conhece (familiares, amigos, conhecidos)  a assinarem a petição da Amnistia Internacional em defesa dos defensores de direitos humanos em risco e ajude a divulgar a iniciativa (use as suas redes sociais).


O código da nossa escola para a assinatura da petição é :

FBEZ


Na sala de aula, basta um telemóvel, o código da escola e o QR de acesso.







Também pode escrever cartas de solidariedade.


Se quiser enviar uma mensagem digital de solidariedade para quem precisa de saber que não está sozinho(a), escreva-a AQUI.






Vamos conhecer os seis os defensores dos direitos humanos que precisam da nossa solidarietadae pró-ativa


Germain Rukuki, Burundi


Germain é um defensor de direitos humanos no Burundi. Contudo, devido ao seu trabalho pacífico, foi injustamente acusado e condenado a 32 anos de prisão. Está neste momento numa prisão sobrelotada e nunca conheceu o seu filho mais novo.




Jani Silva, Colombia


Jani nasceu na Amazónia colombiana e dedicou toda a sua vida à defesa das árvores, das terras e de todo um ecossistema fundamental para as vidas de todos nós. Mas o seu ativismo pacífico e coragem colocaram-na em disputa contra grandes empresas que pretendem lucrar com a exploração de recursos naturais. Por defender este território, Jani encontra-se em perigo de vida.


Grupo de Solidariedade LGBTI+, Turquia


Desde o primeiro dia que os estudantes de biologia Melike Balkan e Özgür Gür se dedicam a defender os direitos LGBTI+ na sua universidade, na Turquia. Mas tudo mudou quando as autoridades reprimiram violentamente um dos seus eventos pacíficos. Hoje, vários estudantes arriscam-se a ser presos. Melike e Özgür são dois deles.




Nassima al-Sada, Arábia Saudita


Nassima é uma das corajosas mulheres que fez campanha pela liberdade das mulheres na Arábia Saudita. Agora, perdeu a sua. Detida desde 2018, Nassima foi vítima de maus tratos e colocada numa pequena cela, em regime de solitária, durante um ano. Tudo pelo seu trabalho pacífico em direitos humanos.





El Hiblu 3, Malta


Quando um navio que resgatou migrantes e refugiados no Mediterrâneo ameaçou que os devolveria à Líbia, três jovens fizeram a diferença: agindo como intérpretes, ajudaram a pôr fim ao pânico que se instalou a bordo. Mas agora, simplesmente por terem agido para proteger as suas vidas e as de todos os envolvidos, arriscam-se a serem presos.




Paing Phyo Min, Myanmar


Paing Phyo Min é um jovem que faz parte de um grupo de poesia satírica no Myanmar. Por ter criticado os militares do país durante uma das suas atuações, foi condenado a seis anos de prisão. Neste momento, está numa prisão sobrelotada e com elevados riscos de contágio de COVID-19.


Saber+  


A Maratona de Cartas decorre até ao dia 15 de janeiro.


domingo, 8 de novembro de 2020

Cidadania na Era Digital

 


Os princípios de um bom cidadão estão alinhados com o bom comportamento no mundo virtual: os princípios de cidadania – ser respeitoso, responsável e contribuir com a comunidade – também se aplicam à cidadania digital. Os alunos precisam de desenvolver essas habilidades para serem bem-sucedidos na escola, no trabalho e nas suas comunidades.


+Leitur@s | Alterações climáticas

 

              @ElyxYak


Assinados em 2015 pelos 193 Estados-Membros das Nações Unidas, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definem um quadro comum de ação para todos: estados, comunidades, empresas e cidadãos. 

A luta contra as alterações climáticas é uma prioridade, estes objetivos fornecem orientações concretas para a ação. Com sua abordagem global, os ODS oferecem uma visão partilhada para 2030. 

Como embaixador digital das Nações Unidas, a Fundação Elyx ajuda-nos a compreender dez questões centrais à crise climática, que nos preocupa a todos nós. 

02 – CLIMATE FINANCE AND CARBON PRICING
03 – INDUSTRY TRANSITION
04 – NATURE BASED SOLUTIONS
05 – CITIES AND LOCAL ACTION
06 – RESILIENCE AND ADAPTATON
07 – MITIGATION
08 – YOUTH AND PUBLIC MOBILIZATION
09 – ECONOMICAL AND SOCIAL DRIVERS
10_ZERO-WASTE FASHION


As 10 questões sobre a crise climática podem ser consultadas aqui

Concursos | Clássicos em Rede 2021

 




As inscrições no concurso Clássicos em rede terminam dia 27 de novembro.


Temas propostos para este ano:


A jovem atriz Sara Barros Leitão apresenta o  vídeo de Celebração 2019-20 | Lançamento 2020-21



As inscrições podem ser realizadas através deste formulário.