"Desde então [as sufragistas], é verdade que a mulher, no mundo ocidental (não esquecendo a dura realidade que estas enfrentam, sem qualquer liberdade, em outros países), conquistou o direito ao voto, ao estudo e, mais do que isso, o direito ao emprego. Mas é curioso, no entanto, olharmos para reportagens e peças noticiosas do início da década de 90 e percebemos como, por exemplo, em Portugal se discutia, ainda numa altura muito recente, os possíveis efeitos da empregabilidade feminina na maternidade e no cuidado com os filhos.
Simone de Beauvoir, autora do Segundo Sexo, escreveria o seguinte:
“É pelo trabalho que a mulher está a diminuir a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.”
Mas esta frase foi escrita numa altura em que a mulher não tinha pleno acesso ao emprego remunerado e, por isso mesmo, se encontrava economicamente dependente de um homem vendo, por essa razão, a sua liberdade reduzida ou anulada.
Aqui também teremos de pensar sobre o significado da palavra trabalho, uma vez que o trabalho doméstico também é trabalho concreto. Como sabemos, não foi através da sua realização, muitas vezes, até, aliado a trabalho árduo no campo nos meios rurais, que lhes trouxe respeito, independência e autodeterminação.
Mas será que o “trabalho/emprego”, nos dias de hoje, trará mesmo essa liberdade?"
Ana Monteiro (jornalista) in Comunidade Cultura e Arte
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