sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Um canto em forma de Abril - Homenagem a Adriano Correia de Oliveira



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 18 de outubro de 2023

 




Abril depois de Abril, com Paulo Vaz de Carvalho (guitarra), Pedro Guedes Marques (canto), Manuel Pires Rocha (violino).
 
 
Poema "As balas", de Manuel da Fonseca 
 
Dá o Outono, as uvas e o vinho, 
Dos olivais, azeite nos é dado. 
Dá a cama e a mesa o verde pinho, 
As balas deram sangue derramado. 
Dá a chuva o Inverno criador, 
Às sementes dá sulcos o arado. 
No lar a lenha em chama dá calor, 
As balas deram sangue derramado. 
 
Dá a Primavera o campo colorido, 
Glória, coroa do mundo renovado. 
Aos corações dá o amor renascido, 
As balas deram sangue derramado. 
Dá o Sol as searas pelo Verão, 
O fermento no trigo amassado. 
No esbraseado forno cresce o pão, 
As balas deram sangue derramado. 
 
Dá cada dia ao Homem novo alento, 
De conquistar o bem que lhe é negado. 
Dá a conquista um puro sentimento, 
As balas deram sangue derramado. 
De meditar, concluir, ir e fazer, 
Dá sobre o mundo o Homem atirado. 
 
À paz de um mundo novo onde viver, 
As balas deram sangue derramado. 
Dá a certeza o querer e o construir, 
O que tanto nos negou o ódio armado. 
Que a vida construida é destruir, 
As balas deram sangue derramado. 
Essas balas deram sangue derramado, 
Só roubo e fome e o sangue derramado. 
Só ruína e peste e o sangue derramado, 
Só crime e morte e o sangue derramado.

Abril depois de Abril

 

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