sábado, 5 de outubro de 2019

Pedagogias Inovadoras




Relatório















Sumário

Os relatos aqui apresentados exploram novas formas de ensino, aprendizagem e avaliação para um mundo interativo, e pretendem orientar os professores e os responsáveis pela educação nos processos de inovação. O sétimo caderno propõe dez modelos inovadores que já estão a ser postos em prática, mas ainda sem grande impacto na educação. Para elaborar este caderno um grupo de investigadores do Institute of Educational Technology da The Open University colaboraram com investigadores da Norway’s Centre for the Science of Learning & Technology (SLATE). Propusemos uma longa lista de novos termos educativos, teorias e práticas. De seguida foram reduzidos a dez, que possuem o potencial para provocar importantes mudanças nas práticas educativas. Por fim, desenhámos, a partir de textos publicados e inéditos os dez esboços de novas pedagogias que podem transformar a educação. Estes serão resumidamente descritos de seguida por ordem de imediatismo e escala temporal para implementação generalizada. 


1 Aprender brincando: Existem diversas vantagens do jogo na aprendizagem, tanto em crianças como em adultos, uma vez que não se trata de uma atividade cujo único objetivo é o desenvolvimento infantil. Brincar provoca criatividade, imaginação e felicidade, e traz benefícios durante toda a vida. Aprender brincando foca-se mais no processo do que no resultado e permite a abordagem de diversos assuntos a partir de diversas perspetivas. Aprender brincando pode ser suportado de diversas formas, tais como o ensino baseado no brincar, a criação de jogos digitais para a aprendizagem, e o desenvolvimento de valores do jogo através da participação em espaços que permitem a experimentação e o erro. Brincar oferece um contraste importante com o ensino que se baseia na memorização, teste e desempenho, fatores que reduzem as oportunidades para o aluno explorar ativamente o conhecimento. 


2 Aprender com robôs: As conversas que facilitam e permitem aprendizagem são uma parte essencial da educação. Os professores experientes envolvem-se em conversas frequentes com os seus alunos. Estas interações requerem tempo, mas os softwares inteligentes e os robôs podem ajudar Estas máquinas definem novas expectativas para o que pode ser alcançado. Podem, por exemplo, ajudar um aluno a compreender algo sendo um companheiro sempre disponível para conversar. Podem ajudar os professores a responder rapidamente a questionários ou ajudá-los com a avaliação. Isto liberta os professores para tarefas que requeiram capacidades humanas, como julgar ou prestar apoio emocional. Os robôs também estão a tornar-se capazes de aprender através da interação e conversa com um tutor humano. Quando compreenderem os humanos suficientemente bem, esta abordagem pode ser usada para avaliações baseadas em competências. 


3 Descolonização da aprendizagem: O currículo fornece formas de identificar o conhecimento que valorizamos. Estrutura as formas como somos ensinados a pensar e a falar sobre o mundo. A educação está a tornar-se cada vez mais global, as comunidades têm desafiado o pressuposto generalizado de que o conhecimento mais valioso e as formas mais valiosas de ensino e aprendizagem vêm de uma única tradição europeia. A aprendizagem descolonizadora leva-nos a considerar tudo o que estudamos a partir de novas perspetivas. Chama a nossa atenção para a frequência com que o mundo apresentado ao aluno é masculino, branco e europeu. Não se trata apenas de remover conteúdos do currículo e substituí-los por novos – trata-se de considerar múltiplas perspetivas e criar espaço para pensarmos naquilo que valorizamos. A aprendizagem descolonizadora ajuda-nos a reconhecer, compreender e desafiar as formas como o nosso mundo é moldado pelo colonialismo. Também nos pede que examinemos as nossas práticas profissionais. É uma abordagem que inclui conhecimento indígena e formas de aprender, permitindo que os alunos se explorem e explorem os seus valores para que sejam eles próprios a definir o que é o sucesso. 


4 Aprendizagem baseada em drones: Os drones são pequenos aparelhos que podem ser controlados remotamente e foram criados para realizar diversas tarefas. Enquanto voam ou em terra, normalmente são usados para tirar fotografias ou fazer vídeos. Os alunos podem usá-los para observar lugares inacessíveis ou ver uma paisagem sob diferentes perspetivas. Ao usar os drones os alunos conseguem recolher dados de locais perigosos ou de difícil acesso. O uso de drones ajuda os alunos a desenvolver novas capacidades, como planear a rota e interpretar pistas visuais da paisagem, o que enriquece a exploração de espaços físicos. A aprendizagem baseada em drones também estimula a discussão sobre a forma como as tecnologias emergentes podem ser utilizadas de forma responsável em ambientes fora da sala de aula. 


5 Aprendizagem através do encantamento: Um acontecimento deslumbrante como um arco-íris brilhante ou uma cascata majestosa, cria uma experiência que provoca interesse e curiosidade. Ao questionar e investigar acontecimentos do dia-a-dia, o desejo da criança em compreender leva-a ao desejo de aprender. Uma caminhada na natureza pode revelar padrões, tais como espirais, fractais, ondas, bolhas, e rachas que são ao mesmo tempo bonitas e abertas à modelagem matemática. Ilusões visuais e truques mágicos com objetos familiares podem provocar questões de causalidade, ação à distância e e livre arbítrio. Tais encantamentos motivam os alunos a verem um fenómeno de muitas perspetivas diferentes. Os professores podem incluir o encantamento em atividades de aprendizagem através de espetáculos de magia, aulas usando objetos, tabelas de natureza, armários com curiosidades e questionários ao ar livre, bem como através da literatura que evoca o maravilhoso. 


6 Aprendizagem ativa: A aprendizagem ativa é uma abordagem baseada no trabalho de equipa para o desenvolvimento profissional dirigida a problemas reais e imediatos. Esta abordagem foi desenvolvida para a aprendizagem no local de trabalho e está a ter uma utilização mais alargada. Os seus objetivos são melhorar as competências existentes e resolver problemas significantes para os envolvidos. Os alunos trabalham em pequenos grupos com um facilitador capacitado. Os grupos são constituídos por pessoas com interesses e experiências distintas. Cada aluno apresenta um problema ou preocupação. Porque se reúnem regularmente e partilham diferentes perspetivas, os membros do grupo encontram e aplicam soluções, colocando questões, partilhando experiências e refletindo nas suas ações. 


7 Estúdios virtuais: Os estúdios virtuais são, atualmente, um tópico de grande interesse. Apesar de existirem como conceito há algum tempo, o entendimento de como se processa a aprendizagem em estúdios tradicionais e virtuais tem-se vindo a desenvolver, e há uma confiança crescente associada à utilização e compreensão dos estúdios alternativos. Os estúdios virtuais não são apenas uma versão dos estúdios físicos. Possuem o seu valor educativo e oferecem novas possibilidades. O estúdio está a mudar, permitindo a emergência de novas formas de educação. Por exemplo, torna-se uma possibilidade a existência de um estúdio global para o design, especificação e fabrico – isto torna-se possível no design e também na educação. Já se conhecem exemplos comerciais. Agora é importante que os educadores reflitam na melhor forma de usar esta tecnologia emergente. 


8 Aprendizagem situada: O local onde os alunos estão num determinado momento influencia o que eles experienciam, os seus sentimentos e a sua maneira de pensar. Estas oportunidades são limitadas se o estudo acontece sempre no mesmo lugar, como a sala de aula, a sala de estudo ou a biblioteca. A aprendizagem situada considera o local como sendo impulsionador da aprendizagem e uma parte ativa na forma como as pessoas aprendem. É uma abordagem que envolve a procura de oportunidades de aprendizagem na comunidade local e tira partido do ambiente natural como fonte de inspiração para os alunos. Pode alicerçar a aprendizagem de disciplinas como Cultura e História, Geografia e Ciências. As tecnologias móveis estão a criar novas oportunidades para a aprendizagem situada, uma vez que oferecem um vasto conjunto de ferramentas que podem ser usadas para apoiar o estudo fora da sala de aula. Também permitem que informação virtual seja acrescentada a cenários físicos. 


9 Tornar o pensamento visível: A aprendizagem torna-se mais eficaz quando os alunos conseguem visualizar os seus pensamentos. Isto inclui a definição de objetivos, registo das etapas para resolver um problema e fazer anotações. Os professores beneficiam ao ver quais são os objetivos dos seus alunos, conceitos e progressos. Tornar o pensamento visível ajusta-se a uma visão da aprendizagem como uma atividade construtiva. Os alunos criam conhecimento interagindo com ferramentas e recursos. Ao fazê-lo deixam rasto do seu raciocínio nos registos escritos e nas interações com os meios digitais, como vídeos. A avaliação baseada na tecnologia permite que o aluno mostre o seu trabalho à medida que vai resolvendo os problemas e receba feedback imediato. Alguns sistemas permitem que o aluno coloque questões e discuta com o seu professor e colegas durante a atividade de aprendizagem. Estes registos das aprendizagens pessoais e sociais podem tornar-se fontes de reflexão. Permitem que o professor possa acompanhar o progresso dos alunos sobre um determinado tópico e também quais os obstáculos, dificuldades que enfrentam num determinado assunto. 


10 Raízes de empatia: Roots of Empathy é um programa desenhado para ensinar empatia às crianças. Prepara as crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 13 anos para interagir com os outros de forma saudável e construtiva e para lidar com diferentes relacionamentos na sua vida. Este programa baseia-se no princípio de que quando as crianças compreendem como se sentem e como os outros se sentem, é-lhes mais fácil lidar com situações sociais. O programa Roots of Empathy desenvolve a compreensão emocional das crianças. As avaliações desta abordagem mostram que diminui o comportamento agressivo das crianças, melhora o seu comportamento social e devido à importância dada às ações e sentimentos dos bebés, aumenta o conhecimento que as crianças possuem sobre o desenvolvimento infantil.


Fonte:
Ferguson, R., Coughlan, T., Egelandsdal, K., Gaved, M., Herodotou, C., Hillaire, G., Jones, D., Jowers, I., Kukulska-Hulme, A., McAndrew, P., Misiejuk, K., Ness, I. J., Rienties, B., Scanlon, E., Sharples, M., Wasson, B., Weller, M. and Whitelock, D. (2019). Innovating Pedagogy 2019: Open University Innovation Report 7. Milton Keynes: The Open University.


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